{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Capítulo 290

Narrado por Fernanda
No outro dia acordei com cólica, mas levantei, tomei um banho e vesti uma legging e blusa de malha fria com manga cumprida, meias e desci pra tomar café antes de tomar algum remédio.

— Bom dia Maria, muita chuva?
— Mulher... tá chovendo e frio também, vim toda cheia de roupa. 
— Eu imagino, aqui dentro eu estou de meias e legging.
— Thor nem veio me receber quando cheguei, hoje está um tempo mais gelado e úmido.
— Nem me fale, eu não gosto de dirigir na chuva. –falei servindo café na minha xícara e tomando bem quentinho.– Eu dormi bem, sabe? Mas meu corpo está tão mole. Aquela vontade de ficar deitada o dia todo, tô muito safada Maria.
— Tem dias que acordamos assim mesmo. Olha só... quentinho, quentinho. –disse mostrando o bolo de pão de queijo que ela estava tirando do forno.– Helena pediu pra mim ontem. E esse aqui é pro Luan. –era um bolo de mandioca que estava com cara de estar uma delícia.
— Aí que delícia, eu quero um pedaço de cada...
— Claro, agorinha... –Maria foi minha companhia durante o café da manhã, aproveitamos até mesmo para definir o que seria o almoço. Depois disso subi para o meu quarto, procurei minha bolsa e peguei na necessarie que estava dentro dela um comprimido. Tomei e deitei mais um pouco.
— Nanda? –escutei uma voz bem de fundo chamando, grunhi e virei pro outro lado, minha cabeca latejou na hora.– Ei... –era o Luan.
— Oi amor, bom dia.
— Cê tá bem? São 10h37, não vai hoje?
— Hm não, tô com enxaqueca amor e cólica.
— Quer um remédio?
— Não, eu já tomei e não melhorei.
— Quer tomar café?
— Não amor, eu tomei. Levantei cedo, mas não tô legal. Quero ficar aqui quietinha.
— Tá bom, vou ficar quietinho com você então. –disse abraçando minha cintura, o quarto estava bem escurinho, barulho de chuva... dormi outra vez.
Papai tá na hora do almoço já e você nem tomou café, Maria fez até bolo. –acordei com a Helena dando uma dura no Luan que estava acordado, ainda deitado e fazendo sinal pra ela falar baixo.– Mamãe?
— Bom dia filha.
— Já tá de tarde, Maria fez até almoço. 
— Deixa eu ver se consigo adivinhar... Hm... Bife acebolado com batata frita e salada.
— Sim! Ela fez. –respondeu toda empolgada.– Papai?
— Deita aqui com o papai um pouco, só um pouquinho pra você esquentar que tá muito frio.
— Não quero deitar não, quero comer comida, vem papai... vamos.
— Rapaz, tá com fome é?
— Não, quero comer batatinha papai, vamos.

Helena não deu paz enquanto Luan não levantou e não desceu com ela. Enquanto eu me mantive preguiçosa, levantei apenas para ir ao banheiro e voltei pra cama. Peguei o celular, respondi algumas mensagens, olhei o email e voltei a dormir.



Narrado por Maria Luísa
(...)

— Oi paizito, boa tarde. –falei dando um beijo no rosto dele.– Oi, e tchau.
— Oi, e tchau? Onde você já vai indo e sem avisar?
— No meu namorado.
— Maria Luísa... tá chovendo, tá frio. Sossega em casa.
— Ué pai, ele vem me buscar de carro. Vai parar aqui na porta.
— Nada de dormir lá viu, pode voltando pra casa.
— Tá bom senhor Rafael, tá bom. Tchau.
— Tchau, avisem quando chegar lá.

Peguei o celular em cima do sofá, dei tchau pro Thor e fiquei esperando na porta. Assim que Henrique encostou eu fui pro carro, sentei no banco do carona ao lado do motorista e nos beijamos.

— Tenho que voltar pra casa ainda hoje. –falei e ele deu risada.– É sério.
— Oi Malu, estou bem também.
— Desculpa. –pedi.– Oi, estava com saudades.
— Eu também. Oh, pra você. –disse pegando uma sacola no banco de trás e me entregando.
— O que é isso?
— Presente, abre aí. –a sacola era pequena, de uma loja de jóias. Abri com todo cuidado e dentro tinha uma caixinha, abri e fiquei apaixonada.
— Sério isso? Ah, que lindo Rique. Eu amei, lindo.
— Pra entrar no clima da viagem. –disse dando-me um selinho. 
— Um berloque de soldado da Inglaterra, um mimo, tão delicadinho.
— Achei também.
— E você foi comprar com quem?
— Meu pai. 
— Sua mãe não quis ir junto?
— Era um passeio de homens, pai e filho.
— Ah que fofo. Ele ainda sai com o papai.
— Teve jogo, fomos assistir e depois passamos no shopping. Ele viu uma gargantilha na vitrine da loja e quis entrar pra comprar e dar de presente pra minha mãe.
— Seu pai é bem romântico, acho tão lindo.
— Minha mãe foi a primeira namorada dele.
— Tá brincando?
— Não, é sério. Ela está acostumada a ser mimada por ele.
— Assim como eu por você, obrigada pelo presente. Eu estou bem animada com a viagem. Você já falou com os seus pais?
— Falei com a minha mãe, ela escutou a gente conversando e depois veio falar comigo. 
— E o que ela disse?
— Que é uma bela oportunidade, você fez bem em aproveitar. 
— Tenho vontade de conhecer vários lugares do mundo, sabe? 
— Sei. –disse apertando meu nariz.– E eu vou com você. 
— Sua mãe está em casa?
— Sim, esperando a gente pro almoço.
— Seu pai também?
— O homem de negócios está fora hoje, em Campinas.
— Sério? Volta hoje ainda?
— Nada, daqui quatro dias. –respondeu enquanto manobrava o carro e por fim estacionava.– Chegamos.
— Rapidinho. –falei descendo e entrando na frente.– Oi sogra!
— Malu, querida. Tudo bem? –perguntou vindo me abraçar.– Como está linda.
— Obrigada. Estou ótima, e você?
— Muito bem também, obrigada. Cadê o Henrique?
— Aqui dona Luísa, entrando. Terminou o almoço?
— Ah sim, a mesa está posta. Vamos lá?

Fomos para a sala de jantar, tudo preparado. Ela havia feito couve-flor recheada com frios e gratinada, carne assada e um arroz fresquinho. Nós sentamos, servimos nossos pratos e começamos a comer. Minha sogra além de um amor de pessoa era muito comunicativa, tanto que passamos o almoço inteiro conversando inicialmente sobre a nossa viagem e o assunto se estendeu por muitos outros, acabamos falando sobre a culinária.

— Se me dão licença, irei me ausentar. Comportem-se crianças.
— Vai deitar?
— Ligar pra sua tia. 
— Tá.
— Tem torta de limão na geladeira, comam a vontade. –disse seguindo em direção as escadas.
— Vai querer?
— Agora não, estou satisfeita.
— Eu quero, vou lá pegar. –levantei tirando a louça suja da mesa e levando pra pia, enquanto o bonito estava com a geladeira aberta, pegando o doce. Esperei e fomos para a sala de estar.– Tá muito bom, tem certeza que não quer?
— Tenho Rique, tô cheia demais.
— Só pra experimentar, toma. –encheu a colher e colocou na minha boca, estava saborosa, bem docinha.
— Delícia.
— Quer mais?
— Não, obrigada. E aí, preparado para o próximo semestre?
— Sim, parece que fiquei sessenta dias de férias. Preciso de uma rotina.
— Mas você aproveitou bem suas férias.
— Demais. Arrumei até meu quarto depois da minha mãe ter falado um monte.
— Sua mãe?
— Não queira ver a dona Luísa brava, ela vira o cão.
— Não fala assim da minha sogra.
— Estou falando sério. Comprei um jogo novo de luta, joga comigo?
— Outro jogo de luta?
— Esse dá pra personalizar os jogadores, esperei pra jogar com você.
— Depois vamos assistir filme?
— Eu quem vou escolher.
— Não, você quem escolheu a última vez e você só sabe escolher filmes de terror, eu não gosto. –falei fazendo bico, ele riu e veio me beijando. Um beijo todo gostosinho, com gosto de torta, não lembro de ter visto ele colocando a travessa com o doce em qualquer outro lugar, mas suas mãos estavam livres para segurar a minha cintura.– Ei, calma... estamos na sala viu.
— E beijando na boca só, vem cá... –me puxou entre as pernas dele e voltamos aos beijos quentes e cheios de toque, sem que ele diretamente tocasse minha calcinha eu já estava pulsando e sentindo sua ereção me pressionando. Coloquei as pernas em volta da cintura dele me encaixando e abracei seu pescoço.– ... com uma chave dessas.
— Para, eu vou sentar no outro sofá.
— Não vai nada, vai ficar aqui agarradinha comigo. –disse voltando a me beijar e por ali ficamos uns tempão, ele não quis saber de jogo e eu muito menos. A sensação de calor só aumentava, assm como nossas carícias, era muito bom namorar o Henrique, nossa senhora! 
— Vou contar pro meu irmão que você fica me agarrando.
— Ah é? Tem certeza?
— Ele surta, tadinho do Art. Fica doidinho com esse monte de mulher na cabeça dele.
— Eu também ficaria. Quer jogar agora?
— Sim, vamos ver o tal do jogo. –disse levantando e ele fez o mesmo, mas assim que ajeitou a bermuda eu arregalei os olhos pelo volume que estava presente.– Henrique!
— Quer ficar roçando a bunda e achando que não ia dar em nada, não tinha como não ficar excitado.
— Aí, meu deus! Que vergonha e se sua mãe aparece? Cobre isso!
— Relaxa, vou no banheiro e te encontro lá em cima. –abri a boca e ele riu.– Mijar, Maria Luísa! Mijar. Não vou bater punheta não.
— Podre. –disse arremessando nele uma das almofadas.
— É sério, tô apertado mesmo. E tenho que soltar os cachorros.
— Na chuva?
— Aqui dentro e você não gosta deles.
— Claro, não posso confiar.
— Medrosa. Sua mãe tinha um tigre.
— O Lupy era da família, era dócil.
— Bem maior que um pitbull Malu.
— Você não ia no banheiro? Tchau, vai lá. –falei pegando meu celular e subindo para o quarto dele, larguei em cima da cama e fui usar o banheiro, quando voltei levei um susto com o cachorro em cima da cama.– Ai, mentira. Sério isso? –falei com medo.
— Ei garotão, fora. Desce daí. –e ele foi numa boa, Henrique fechou a porta.– Pronto. 
— Obrigada. –disse tirando os chinelos e subindo na cama.
— Meias de ursinhos?
— Sim, dos ursinhos carinhosos. 
— Esse desenho é antigo.
— Mas eu gosto dos personagens. –dei de ombros deitando e pegando o travesseiro dele, enquanto Henrique ligava o videogame e entrava no jogo.
— Vai jogar ou vai dormir?
— Jogar. Deitei porque sua cama está quentinha. –falei me aninhando toda, ele me entregou o controle e sentou encostado na cabeceira.
— Deita aqui e puxa o edredom. –indicou o meio das pernas e eu assim fiz.– Vou criar o meu personagem primeiro, depois você cria o seu. 

Henrique e meu irmão eram bem parecidos no assunto games. Ele explicou direitinho cada uma das funcionalidades das teclas neste jogo, fez todo um passo a passo e depois de eu seguir e conseguir montar minha lutadora nós começamos a jogar e ficamos horas ali brincando.

— Seu celular tá tocando. –ele disse vibrado na televisão.
— Tá aí do lado, pega pra mim, por favor. –ele pausou o jogo e me entregou.– Oi pai.
— Oi Malu, estamos indo pra casa da sua vó.
— E ela vai fazer o que de gostoso pai?
— De gostoso ela já fez, eu. Agora de jantar eu não sei. Vai ir pra lá ou vai ficar aí?
— Vou ficar aqui, manda um beijo pra vó.
— Se comporta, juízo.
— Tá bom pai, pode deixar. –e desliguei.– Vou dormir aqui.
— Seu pai quem ligou?
— Sim, pra avisar que está indo na minha vó.
— Não quis ir?
— Não, quero ficar com você. Grudada. –falei tirando a pausa do jogo para continuarmos.
— Toc, toc. –Luísa bateu na porta e girou a maçaneta, entrando em seguida.– Henrique, não disse que ia levar a Malu em casa? Está de noite já. 
— Eu ia, mas ela vai dormir aqui hoje mãe.
— Ótimo. Estou saindo, volto amanhã depois do almoço. Ainda tem comida aí ou vocês podem pedir algum delivery, só não fiquem sem comer.
— E posso saber onde a senhora vai? –dei uma cotovelada nele.
— Encontrar algumas amigas.
— A noite toda?
— Menino, sua mãe sou eu viu. Boa noite pra vocês.
— Boa noite. –falamos juntos.– Tá afim de dar uma volta?
— Volta onde? Estou de meia e chinelos.
— Pizzaria, drive thru.
— Então vamos. –falei levantando e indo fazer xixi outra vez.– Pronto, vamos?
— Que rápida.
— Sim, vamos logo. –disse pegando meu celular e descendo na frente, lembrei dos cachorros quando estava na ponta da escada, mas os vi deitados, dormindo.
— Desce na frente, apressadinha.
— Não enche. 
— Eu falei pizza, mas podemos comer outra coisa. O que você quer?
— Beirute com fritas e Coca Cola.
— Nossa, tem uma lanchonete aqui perto que tem um daora. Podemos comer lá mesmo, e depois vamos comprar minha pizza.
— Como quiser guloso.

Henrique dirigia tão tranquilo e concentrado que tirei até uma foto, ele nem percebeu. Rodamos uns vinte minutos até a tal lanchonete, estava movimentada, mas não muito cheia. Ele estacionou e descemos, esperei ele dar a volta e entramos de mãos dadas.

— Meu irmão já me trouxe aqui uma vez, eu e a Julia. –falei lembrando.– A batata aqui é sensacional.
— Os lanches também, tem um que é tipo x-tudo, é muito bom. Acho até wue vou pedir ele. 
— Eu vou no beirute, deixa eu ver o cardápio. –escolhi um de contrafilé com queijo, presunto, alface, tomate e ovo. As fritas com catupiry e bacon, e minha coca bem gelada.– E você?
— O número 27, com hambúrguer artesanal. E um guaraná de 600ml.
— Você está indo pra academia?
— Não. Tô precisando?
— Todo mundo precisa se exercitar. Quero ir. –comentei.
— Pra fazer musculação, aeróbico ou luta?
— Luta e musculação. 
— Boxe ou muay thai?
— Muay thai. Faz comigo?
— Sério mesmo? Você não vai desistir na primeira semana?
— Não. –respondi rindo.– Mas tem que ser de tarde, de manhã eu estudo e de noite quem estuda é você.
— Tá, vou ver os horários lá na academia e te mando.
— Não tenho roupa de academia, você vai ter que ir comigo comprar.
— Na academia vende, dá pra escolher lá.
— Melhor ainda. Tênis eu tenho. –falei.– Mas agora eu quero mesmo é devorar meu lanche, olha que lindo, dá até dó de comer.
— Eu como pra você.
— Não, sai fora. –disse pegando os talheres e cortando o primeiro pedaço, foi eu colocar na boca que ele começou a filmar.– Você é igual meu cunhado, nossa. –resmunguei.– Leo que faz isso.
— Tudo você tira foto.
— Esqueci, tira uma bonita pelo menos. –peguei o prato e fingi morder o lanche.– Deixa eu ver. –ele entregou o celular e eu mesma publiquei me marcando.
— "alimente sua princesa" eu nem te chamo de princesa.
— É, me chama de Malu. 
— Não tenho criatividade pra isso não.
— Bruto.
— Por acaso você me chama de príncipe?
— Não, chamo de Rique, meu amorzinho. –falei fazendo bico.– Come vai, tá esfriando o lanche.

Comemos o lanche de boa, falando das pessoas que estavam na lanchonete também e depois de pagar e pegar meu milkshake saímos de mãos dadas, felizes.

— Sabe dirigir?
— Não tenho idade pra isso, nem vem.
— Se quiser eu te ensino, o carro da minha mãe é facinho. –falou pegando as chaves e balançando na minha frente.– Quer ir com o carro?
— Você confia mesmo? Tá de noite, asfalto molhado...
— Confio. Eu vou te ensinar. –entramos no carro, ele me explicou três vezes, girei a chave no contato e fui bem devagarinho, muito devagar mesmo.– Oh dá seta e entra aqui a direita, isso aí.
— E agora?
— Vem pelo canto, devagar... olha aqui no retrovisor e entra a esquerda no drive thru. –entrei de boa, segui a fila bonita pagando de gatinha no carrão da minha sogra, fizemos o pedido e enquanto não ficava pronto ficamos namorando no carro.– Quer tirar sua carta aqui ou lá?
— Aqui.
— Antes de viajar? É. Mas o ruim é que pra eu tirar a carta tenho que ter dezoito, então só nas minhas férias do segundo ano de curso.
— Bem lembrado. Inglaterra, tenho que comprar uma mala falando nisso.
— Outra?
— Uma maior, vamos pra lá no inverno, colocar até duas cuecas.
— Não precisa de tudo isso não. –falei.
— Boa noite, pedido 1463. Certo?
— Sim, é o nosso. 
— Tenham uma boa noite. –falou entregando as duas caixas e o refrigerante.
— Obrigada. –o rapaz saiu e eu olhei pro Henrique de boca aberta, ele pediu duas pizzas.– Tudo isso é fome?
— Vai que bate uma fominha na madrugada.
— Péssimo. –falei ligando o carro outra vez.– Pra que lado fica sua casa?
— Vamos sair daqui e seguir reto, no final da avenida pega a esquerda e direita depois até o final.
— Nem sei que rua é essa.
— Duas pra cima da escola. É pertinho. –segui as orientações e chegamos, mas eu estava suando de nervoso.– Foi bem em piloto.
— Tirando a mulher que eu quase atropelei.
— Porque ela entrou com tudo na frente do carro. Você foi bem. –disse me incentivando. 
— Obrigada. –disse dando um beijo nele.– Ainda que jogar?
— Quero assistir filme, sem terror dessa vez.
— Amém. Vai levar isso aqui pro quarto. –ele assentiu.– Então vai pegar prato, copo, talher e pano de prato.
— Pano de prato?
— Vai encher os móveis de gordura? Por isso sua mãe xinga. –ele riu e foi buscar enquanto eu seguia. Entrei no quarto, coloquei tudo em cima da mesa do videogame e fui tirando a blusa de frio ficando só de blusinha de alcinha.
— Tem roupa sua na minha gaveta.
— Quero um shorts só. –falei indo pegar, achei um de pijama, tirei minha calça e fui vestindo o shorts.
— Poderia ficar sem, eu não iria ligar.
— Não, engraçadinho. –dobrei minha roupa deixando em cima da cadeira e indo pra cama.– Rique.
— Hm... –respondeu segurando minhas coxas.
— Quer comer ou namorar?
— As duas coisas. –disse sorrindo. Prendi os cabelos de novo e deitando por cima dele, beijando sua boca sem pressa e com muita vontade. Suas mãos subiram para a minha bunda, pressionando-a ao encontro dele que estava bem animadinho, continuamos o beijo e viramos na cama, foi o momento que meu celular e o dele foi pro chão.– Merda. Calma aí. –disse levantando da cama e pegando os celulares, os colocou do lado da TV e voltou pra cama sorrindo como um predador.
— Olhando assim parece que me devorar.
— E vou. –ele prendeu minhas pernas com as dele, segurou minhas mãos e voltou a me beijar, boca, pescoço e seios. Eu estava quente, ofegante e ansiosa pelo que viria a seguir e não demorou muito, Henrique me deixou nua sem que eu nem percebesse e seu rosto estava entre as minhas pernas, beijando meus lábios e eu entregue, tão entregue que quando seus dedos me tocaram eu gozei e ainda assim ele não parou. Fechei os olhos e faria o mesmo com as pernas tentando conter os espasmos musculares. Nossa! Ele segurou meu rosto entre as mãos, beijando minha boca e voltamos do início, beijos intensos e demorados, toques precisos, agora ele estava me penetrando lentamente erguendo as minhas pernas para ir mais fundo.
— Henrique... –chamei seu nome ofegante, seus lábios tocando meus seios, respirar fundo só intensificava tudo, contrair fazia com que ele se excitasse ainda mais. Nosso ritmo ficou um pouco descompensado e foi quando ele gozou, deixando seu corpo cair por cima do meu e ele rolar para o lado. Olhei e seus olhos estavam fechados. Joguei minha perna por cima da dele, que segurou minha coxa e ficou quietinho.– Está tudo bem? –ele assentiu.– Então porque está mudo? –ele deu um sorriso sacana e nos beijamos, que beijo bom.
— Está tudo perfeito. –beijou meu ombro.– Estava esperando meu corpo voltar ao normal, meu coração parecia que estava saindo pela boca.
— O meu também. –sorri deitei a cabeça no peito dele. Ficamos mais uns minutos deitados antes de ele sair da cama e ir para o banheiro, pensei se iria colocar uma roupa, mas na verdade meu corpo precisava de um banho e foi o que eu fiz. Bati na porta e entrei.– Preciso de um banho, pega uma toalha por favor?
— Não vai nem perguntar se eu quero ir?
— Você quer tomar banho? –ri um tanto sem jeito, mesmo a bastante tempo namorando Henrique e eu não tínhamos o hábito de tomar banho juntos, eu fugia em toda e qualquer oportunidade. 
— Com você, sim. –disse entrando no box junto comigo e foi muito gostoso, tirando o fato de o meu cabelo ter ficado todo molhado.– Quer um secador?
— Não, só uma outra toalha seca. –falei depois de vestida e sentada na cama.– Que filme vamos assistir?
— Maratonar Harry Potter?
— Você vai dormir antes mesmo do primeiro filme acabar.
— Quer apostar que não?
— Eu assisto todos. Tem certeza que quer apostar?
— Sacanagem, você é fã.
— Meu pai é fã, eu acompanhava. –o corrigi.– Ou podemos assistir os filmes da Barbie. Barbie e as doze princesas bailarinas, vamos? –pedi toda animada e ele me olhou como se eu fosse uma criança de cinco anos.
— Você tem dois estados de espírito.
— Sim, neste momento sou a menininha que quer assistir desenhos. Só esse vai... por favor?
— Te deixei escolher, trato é trato. Vou buscar a toalha, põe aí o filme. –procurei e não demorei a encontrar, quando Henrique voltou troquei de toalha, ele apagou as luzes e veio pra cama junto comigo. Dei play e nos deitamos para assistir.








~.~

sexta-feira, 18 de março de 2022

Capítulo 289

Narrado por Fernanda
Acordei muito disposta no dia seguinte e meu marido também, porque eu o acordei com beijos e foi aquele sexo gostoso da manhã que dava ânimo para enfrentar qualquer obstáculo do dia. Sim, eu e a palavra sexo temos uma ligação fenomenal que nada explica, nada mesmo. Deixei Luan dormir mais um pouco e fui tomar um banho, e adivinhem senti um desconforto bem no pé da barriga e pra não ter surpresa após o banho coloquei um OB e fui para o closet me vestir. Semana quase acabando, sem reuniões presenciais, minha escolha foi uma calça jeans, tênis branco e uma blusa social na mesma cor do tênis. Pulseiras, brincos e meu relógio. Estava pronta.

— Bom dia filha, dormiu bem princesa?
— Bom dia mamãe, sim. Hoje é dia de ir pra escola?
— Não meu amor, só semana que vem. Fez xixi?
— Sim. –respondeu coçando os olhos, olhei no relógio e ainda estava bem cedo.– Queria um leite mamãe.
— Espera aqui que eu vou pegar tá? –coloquei ela de volta na cama, e desci. A bolsa ficou no sofá, Thor veio abanando o rabo, dei "bom dia" e ele puxando minha calça com os dentes.– Ei, espera que eu vou trocar suas coisinhas. –e segui para a cozinha.– Bom dia Maria.
— Bom dia Fernanda, acordou mais cedo hoje. E está muito bonita.
— Maria, meu marido é incrível. Namoramos muito ontem a noite, namoramos hoje de manhã. Olha essa pele. –falei me aproximando dela, Thor latiu.– Tem neném mais manhoso que esse?
— Fui chegar perto da comida e ele rosnou pra mim.
— Tá carente. Vem Thor, vamos trocar a comida vem. –no cantinho onde estavam as coisas dele lavei, coloquei ração nova e água fresquinha.– Pronto, vai.
— Café está fresquinho.
— Eu aceito, estou com fome. Mas antes fiquei de levar um leite para a dona Helena.
— Ela voltou ontem?
— Sim, e voltou achando que hoje tinha aula. Nem deixei ela descer.
— Toma um cafézinho enquanto eu preparo o café dela. –Maria preparou uma bandeja com pães de queijo, leite com chocolate, cortou uma maçã e um pedaço de bolo de iogurte.– Prontinho.
— Por isso elas não te largam, você é maravilhosa Maria. –agradeci terminando minha xícara e seguindo com a minha missão. Entrei e acendi a luz, ela estava cochilando.– Helena, acorda filha.
— Tô acordada mamãe.
— Seu café da manhã, Maria quem preparou do jeitinho que você gosta.
— Tem até bolo!
— Sim. Senta direitinho pra comer. –ela sentou, tomou o leite, comeu os pães, o bolo, a maçã, agradeceu e voltou a dormir. Apaguei a luz, mas deixei as cortinas abertas antes de sair do quarto e voltar para a cozinha. Tomei o meu café e segui cm minha agenda, fui no meu carro dessa vez e cheguei bem mais cedo que o costume. Nem mesmo as recepcionistas estavam no prédio.
Oi Fê, bom dia. Tudo bem? Minha mãe não passou bem essa madrugada, ficamos no hospital e ela segue em observação. Posso ficar em home hoje?
— Gabi, bom dia. O que ela tem? Não, imagina. Tire o dia de folga, minha agenda está atualizada e eu consigo me virar. Fica tranquila, e melhoras para a sua mãe.
Uma intoxicação alimentar, estou cuidando dela. Muito obrigada, e pode me acionar caso precise, estou com o celular e meu note. Obrigada mesmo.
— Tudo bem, beijão. –olhei minha agenda, e hoje eu estava em paz, dia muito tranquilo mesmo. Análise de papelada, verificar alguns emails e acompanhar os índices. Quase que um dia livre.– Dalila você tem um compromisso comigo hoje e eu não aceito não como resposta, iremos almoçar juntas. –mandei um áudio.
E você não sabe da maior, passei o dia todo ontem com o pensamento em você. Mas a Sofia não estava bem e acabei não mandando mensagem amiga. Como estão as coisas por aí? Claro que irei, Coco Bambu?
— Sim, eu topo. O que minha bonequinha tem?
Eu não sei, mas acho que ela não quer voltar pra escola. Não sei bem, mas ela está numa manha que só. 12h30?
— Enquanto Helena acordou achando que tinha aula. –ri.– Combinado então, te encontro lá.

Parei de bater papo e tratei de adiantar as minhas coisas, o que foi ótimo, pois a manhã passou voando e ao meio-dia eu estava com a minha carteira, celular e chave do carro, saindo da sala.

— Meninas, estou indo almoçar. Volto mais tarde. Não tenho nenhum compromisso agendado, mas se por acaso aparecer alguém estou no celular. A Gabi hoje está de folga.
— Bom almoço chefe. –chamei o elevador e fui. Embora estivesse nublado, o dia estava gostoso, cheguei no restaurante faltando dez minutos para o horário combinado, pedi uma mesa para duas pessoas e então me acomodei.
— Amiga!
— Estava com muitas saudades de você. –disse e levantando e abraçando-a bem forte.– Amiga, nossas fofocas fazem falta.
— Sem dúvidas. –disse sentando à mesa.– Podemos beber?
— Óbvio que sim, não muito porque estou dirigindo.
— Eu também. –deu de ombros.– Por favor, duas taças de vinho rosé.
— Vendemos somente a garrafa.
— Pode trazer, por favor. 
— E como pratos principais o camarão e a lagosta Coco Bambu. –pedi. O garçom saiu e nós começamos a fofoca.
— Você está mais bonita, como consegue?
— Hoje eu acordei radiante, o que é estranho porque estou menstruada e geralmente ficamos um caco. Porém, meu marido tem cuidado muito bem de mim, não que ele tenha me negado sexo, mas de uns dias pra cá tem sido surreal, me senti... Deus que me perdoe amiga, mas quando eu traía o Murilo... nossa que sexo gostoso.
— Quem que me dera eu sentisse todo esse tesão, meu sonho. 
— Amiga, eu te conheço.
— Eu também me conheço, não estou conhecendo mais meu marido. Tem semanas que nós não transamos e não tô falando de uma super transa, estou falando do básico, papai e mamãe.
— Como isso?
— Cada dia uma desculpa. Um dia é o trânsito estressante ou dia o trabalho cansativo ou a rotina.
— E você tentou mudar alguma coisa?
— Nanda eu comprei um glitter pra passar no cu e nada. –o garçom arregalou os olhos, e saiu depressa assim que deixou o vinho e nossa comida.– Fiquei com tanta raiva que nem e masturbar eu masturbei. Não sei o que se passa. –falou.
— Já sentou com ele pra conversar?
— Sim, hoje pela manhã. Vim do estúdio de fotografia. 
— E aí?
— E aí que eu acho que ele está me traindo.
— Por que Lila?
— Intuição, uma mulher sabe quando está levando chifre. Mas não vim para falarmos disse, quero saber como você está...
— Vivendo muitos momentos novos, a fase adulta dos meus filhos. Arthur pai, Melissa se preparando pra subir no altar e a Maria Luísa se preparando para estudar em outro país.
— Oi? Outro país amiga? Tá brincando!
— Ela contou pra mim e pro Luan ontem mesmo, estava toda nervosa tadinha. Mas ela foi bem clara e eu não tenho muito o que fazer.
— Claro que tem, só falar que ela não vai.
— Deixa de ser doida amiga, você passou muitas temporadas viajando outros países.
— Trabalhando, não estudando.
— Realizando o seu sonho, era seu sonho na época.
— Sim, mas eram outros tempos. –disse se servindo de mais vinho.– Você reagiu bem?
— Falei pro Luan ontem que eu estou bem pilhada, mas porque quero que ela aproveite o melhor dessa experiência e com segurança e sem preocupações que tirem ela do foco.
— Você é doida. Eu surtei com o Rodrigo deu um apartamento pro João Pedro, imagina ele chegando e falando que quer morar fora? Eu não aguentaria.
— Preciso dar um voto de confiança, ela quer muito. Ou vai dar muito certo e ela vai seguir com o plano, ou vai ser menos que as expectativas e ela irá mudar os planos.
— E o Luan?
— Foi tão bonitinho, ele admitiu que estava receoso, mas disse que apoiaria porque quando foi com ele os pais fizeram o mesmo. Mas nada de imediato, temos um ano e alguns meses. 
— Só vocês dois sabem?
— E o namorado, agora você que vai fazer cara de surpresa quando ela anunciar.
— Sim. Farei claro. E a Mel?
— Outra surpresa também, chorei muito essa semaba e ainda cuidei de neta.
— Eu amo quando você paga sua lingua Fernanda, amo. –disse saboreando um pouco mais da comida.– Mas qual o motivo do choro?
— Ela me mostrou a casa onde vai morar. O condomínio é uma graça, a casa é a cara deles.
— Luan foi também? 
— Hm, não. Ela disse que faria uma surpresa quando fosse apresentar a ele. Não faço ideia do que ela está aprontando.
— E o Arthur, Fernanda?
— Julia deu uma dura nele esses dias, a ficha está começando a cair agora. 
— Judiação e vacilo né. Tudo bem que a gente engravidou nova, mas a faculdade estava concluída. Amiga sabemos que faculdade suga as nossas energia e o bom humor, nossa... imagina com uma bebezinha.
— Uma bebezinha manhosa, minha neta é linda, mas quando cisma... Lila não tem quem a faça parar de chorar.
— E acha que sai casamento?
— Sinceramente, ele precisa decidir o que ele quer pra vida dele. O Luan foi pai mesmo, presente... quando a Melissa veio morar com ele, que ela tinha que ter uma rotina, precisava de cuidados e atenção... quando ela era uma responsabilidade dele.
— Eu também fui assim amiga.
— Sim, mas a mulher amadurece em menos tempo tem todas as mudanças físicas e psicológicas. O homem não.
— E convenhamos ele foi muito mimado, falo isso porque os meus também foram e ainda são, enfim...
— É, o problema é que agora eu não posso me meter.
— Nunca pôde não é mesmo? Se metia de abelhuda e pura implicância.
— Mas alguma crítica dona Dalila?
— Não. –riu.– Quanto a isso estou tranquila. Mas a neném ainda é bem novinha e eles vão passar por muitos novos momentos.
— Sim, estranhei que ele não quis juntar as escovas de dente ainda.
— Pra voce ter outro surto? E eu não acho certo. Se for pra casar e os pais continuarem sustentando,  porque nenhum dos dois trabalham, melhor continuar no namoro.
— Coisa que eu concordo. Elas passam uns dias em casa, em outros ele vai pra casa delas e tem sido assim.
— Desencanou então amiga?
— Sim. Graças a Deus que ele está com ela e nenhuma outra folgada.
— Amém né. –riu. O celular tocou e ela atendeu fazendo careta.– Oi... não, eu sai... sim, com uma amiga... não dá pra conversar agora, em casa a gente se fala, tchau. 
— Que tal uma segunda lua de mel?
— Larguei todos os meus contatos no auge da juventude por ele e ele fazendo graça. Mas ele vai achar o dele amiga, ah vai.
— Lila não faça nenhuma besteira.
— Vou sumir uns três meses e ele vai ver.
— Sumir?
— Fechei um cruzeiro.
— Amiga e a Sofia.
— Vai ficar com os meus pais.
— Voce é maluca.
— Não, eu não sou. Sentei com os meus filhos, falei que estava em uma crise e eu precisava desse momento pra mim.
— E o seu marido o que achou disso?
— Não falei com ele. Se ele estava procurando problemas no nosso relacionamento agora ele vai ter. Começando pela falta de diálogo.
— Quando você embarca?
— Daqui dois ou três dias.
— Eu fico preocupada com você, vai me dar notícias?
— Sim, e postar muitas fotos. Prometo.

Dalila sempre teve jeito louco, mas único. Nosso almoço rendeu duas ótimas horas, mas eu tinha que voltar para a empresa. Então nós nos despedimos, desejei uma ótima viagem e voltei aos meus compromissos.

— Chefe, visita pra você. –Brenda disse assim que eu atendi o ramal.– Disse que é surpresa.
— Surpresa? Pra mim? É meu marido?
— Não, mas se ele quiser ser o meu eu não ligo. –disse baixinho.
— Estou indo aí. –coloquei o fone de volta no gancho e levantei curiosa pra saber quem era.– Mentira que você lembrou que tem uma amiga.
— Estava aqui perto. –falou ajeitando a camisa social e vindo até mim.– Tudo bem?
— Tudo ótimo, esse dia só melhora. –falei ficando na ponta do pé para abracá-lo.– Vem, vamos até minha sala.
— Não quero incomodar.
— Você nunca na vida será um incômodo. –falei puxando-o pela mão e indo até minha sala.– Acredita que hoje almocei com a Dalila?
— Outra doida, ela está bem?
— Ótima, de viagem marcada inclusive. Mas e você? E minhas nenéns?
— Estou bem, elas também, estão com a Karina viajando.
— Ficou sozinho em São Paulo.
— Tinha uns trabalhos agendados. –contou.– Um deles era perto daqui, resolvi passar.
— Tá bonitão, bem homão mesmo.
— Mais velho, voltei atuar. E hoje estava fazendo umas fotos.
— Que delícia, bem movintada a agenda. Vai em casa quando fazer uma visita?
— Eu fui, tomei café com a Maria e o Thor, porque você estava viajando. Ah, sabe quem eu encontrei?
— Não, quem?
— Lucila.
— Mentira, onde? Ai não acredito. Tenho tanta saudade dela.
— Continua do mesmo jeitinho, amou conhecer as meninas.
— Elas são lindas, uns amores. Thata volta às aulas quando?
— Semana que vem, Gabi também.
— Você trate de ir me visitar.
— Ah você também sabe onde eu mora, aparece lá pô.
— Vou mesmo. 
— Bom, tenho que ir, passei só pra dar um "Oi." mesmo. Mas a gente combina alguma coisa com mais tempo.
— Claro que sim, vamos marcar. –falei me levantando para acompanhá-lo até o elevador.– Davi um beijo pra você e pras meninas também.
— Não vou mandar beijos pro seu marido que fica estranho, mas um abraço com certeza. –me deu um beijo no rosto, um abraço e foi embora.
— Chefe, que homem!
— Muito bem casado viu meninas, mas um gatão não é?
— Eu não tenho ciumes.
— Esse Brenda não tem limites.
— Meninas, acho que vou pra casa.
— Aproveita pra fugir da chuva.
— É mesmo, farei isso.

Esses eram os meus planos, mas meu pai a quilômetros de distância sabe quando quero dar o cano e me colocou em uma videoconferência que terminou às 19h27. Só eu e os porteiros no prédio, peguei meu carro, liguei o som e fui pra casa.

— O que é isso? –perguntei ao ver Helena correndo pela sala de calcinha e meias.– Helena!
— Mãe eu não sei o que deu nela hoje, mas ela não quer vestir roupa. –Melissa disse sentando no sofá com o pijama na mão.
— Você já está uma mocinha pra ficar correndo sem roupa pela casa, vem vestir seu pijama agora.
— Mamãe eu estava só brincando.
— Helena, agora. –ela veio e ela mesma vestiu a roupa.– Viu só?
— Eu falei sério com ela.
— Igual seu pai falava sério com você. E falando nisso cadê ele?
— Deitado, disse que está com dor de garganta.
— Vocês jantaram?
— Sim, Maria fez couve flor recheada.
— Vou tomar banho e descer pra comer. –falei subindo para o quarto, abri a porta e Luan estava deitado dormindo, coberto até a cabeça. Deixei minha bolsa em cima da cadeira e fui ver se ele estava bem.– Amor?
— Oi vida.
— Tomou remédio?
— Tomei.
— E está melhor?
— Só a cabeça que está doendo.
— Descansa um pouco, vou tomar banho. 

Tomei banho e desci para jantar. Melissa me fez companhia, depois subimos e cada uma foi pro seu quarto descansar.

— Amor?
— Hmm... 
— Boa noite, te amo. 
— Eu também amo você vida, boa noite. –e dormimos.







~.~

Capítulo 288

Narrado por Fernanda
Luan parecia grávida quando não encontra posição pra dormir e fica virando de um lado para o outro da cama. Isso tinha nome, preocupação. Ele não dormia, eu não dormia. 

— Amor...
— Eu vou levantar, não tô conseguindo dormir. –deu um beijo na minha testa e levantou e saiu do quarto. Eu não conseguiria dormir bem sabendo que ele iria acordar cedo sem ter descansado, então eu levantei, calcei meu chinelo, peguei o roupão e fui atrás dele.
— Deveria ter pego pelo menos uma blusa. Tá frio.
— Desculpa te acordar.
— Não tem problema. Quer um chá? Vou fazer um pra mim.
— Aceito. –fomos para a cozinha, coloquei as xícaras na cafeteira, as cápsulas e procurei no armário alguns biscoitos.
— O que tanto te preocupa?
— Tô com a cabeça cheia, pensando na agenda de dezembro, a confraternização e agora essa história da Maria Luísa... fiquei pensando nisso desde que deitei, eu até dormi, mas acordei logo.
— Não disse que estava quase tudo acertado?
— Está, Arleyde propôs uma folga do dia 19 ao dia 26 de dezembro. Ai fechar as datas dos dias 27, 28 e 29. No dia 30 de dezembro eu entro de férias, volto só no dia 12 de fevereiro. 
— E qual o problema?
— A parte financeira, recesso e afins. 
— Por quê? –ele explicou que parte da equipe técnica que cuida de toda a infra dos shows recebe por diária e que a diária na virada é quase o dobro, e que mais dias parados o retorno financeiro é outro.– Entendi amor. O problema não é dinheiro, sua conta tem, a minha, a nossa em conjunta. Põe do seu bolso. Faz um levantamento dos últimos cinco anos, pega a média e paga esse valor. E se a ideia é um cachê maior, escolhe o dia 27 em uma casa de shows aqui em São Paulo e 28 e 29 no Rio de Janeiro que é mais movimentado na virada do ano. O que você acha?
— Que você deveria trabalhar comigo.
— Tô falando sério amor. 
— Eu gostei da ideia, me manda no whats pra eu não esquecer vida.
— Tudo isso que eu falei?
— Não, só o resumo princesa.
— Tá. E a confraternização, você já não tinha decidido que seria no parque aquático?
— Eu ainda não sei.
— Tudo bem, eu vou te ajudar. Quando você voltar de viagem marcamos uma reunião aqui em casa que é um ambiente mais descontraído e vemos isso. E quanto a nossa filha... amor, amanhã tá logo aí. Conversamos com ela no final do dia ou você passa pra buscar ela no horário do almoço e a gente se encontra pra almoçar.
— Almoço.
— Seu chá. –falei entregando a xícara a ele.– Tem um cheirinho tão bom e com esse biscoito fica uma delícia.
— Tem gosto de mato.
— Melhor que tereré que é horrível e você toma sorrindo.
— Não fala assim do terás... –falei fazendo careta e ele riu.– Quer terminar de tomar no quarto?
— Não, vai ficar farelo e encher de formigas.
— Como quiser dona Fernanda. –fomos para a sala, nos acomodamos no sofá, terminamos de tomar o chá e ele dormiu no meu colo comigo fazendo carinho no cabelo dele. Dormi também e acordei com o dia clareando, Maria estava fechando a porta.
— Bom dia Fernanda.
— Bom dia Maria, tudo bem?
— Sim. Graças a Deus, e vocês? Dormiram no sofá, foi?
— Meu bebezão estava com insônia, descemos, tomamos um chá e fiquei com dó de acordar ele.
— Fez bem em descansarem aqui, esse sofá é muito confortável.
— Sim, demais. –Luan se mexeu e acabou acordando.– Bom dia amor.
— Bom dia, que horas são? 
— Bem cedo, Maria acabou de chegar. Vamos subir?
— Sim. Bora. 

Fomos pro quarto, ele deitou e eu fui tomar o meu banho. Estava com tempo, então lavei os cabelos e passei uma máscara, usei um óleo corporal com enxágue e sai exalando limpeza e calmaria. E meu marido? No celular.

— Não ia dormir mais? Tá no celular falando com quem?
— Uai, tô no Instagram. Quer ver?
— Não, tenho que me trocar. E você?
— Eu o que?
— Não tinha reunião?
— Pelas dez da manhã.
— Quer começar a reunião às 10h e ir almoçar que horas? –ele revirou os olhos e eu não falei mais, entrei no closet e fui me trocar. Body manga cumprida, saia cintura alta, blazer e salto.
— Você fica tão linda brava.
— Não fico não. Você tem que ser mais organizado com horários e isso eu falo sempre pra você.
— Amor, toda vida você soube que eu nunca fui diurno.
— Não falo mais. Beijos, tô indo tomar café.
— Vai nem me esperar?
— Hoje não amor, manda mensagem quando estiver indo pra lá.
— Tá bom, bom trabalho.
— Boa reunião, te mando mensagem ao chegar na minha sala. –falei saindo do closet, pegando o celular, a bolsa e descendo.– Maria eu tenho um marido muito enrolado.
— Ele é noturno, acordar cedo muda todo o fuso horário.
— Não defende não Maria. –ri.– Ele tem compromisso às 10h. Por favor, se der 09h e ele não tiver descido, chama ele pra mim?
— Chamo sim, pode deixar.
— Obrigada. –agradeci e comecei a comer. Maria foi minha companhia para o café da manhã, em seguida fui para o trabalho e cheguei cedo, o que me deu tempo para adiantar algumas coisas e me preparar para a manhã e slides e discussões.– Gabi estou livre a tarde, não estou?
— Sim, como ontem adiantamos alguns compromissos... os de hoje eu mantive para o horário da manhã, depois do almoço não tem nada marcado.
— Seguinte, fecha a minha agenda presencial. Irei sair de tarde, estarei disponível no celular e caso precise... também estarei com o notebook.
— Certo. Peço para transferirem as ligações para o meu ramal.
— Pode ir pra casa se preferir, fica home. 
— Posso?
— Pode só reforça com as meninas da recepção.
— Pode deixar. Quer acrescentar mais alguma coisa?
— Sim, mas não pra hoje e nem precisa ser correndo tá. Preciso de uma cotação para confraternização com pelo menos três clubes.
— Clubes?
— Sim, piscinas, buffet self service e coisas assim.
— Anotado. Ér... a sala de reuniões está preparada. Os clientes na primeira recepção.
— Encontro eles na saída do elevador, pode deixar subir. –falei me levantando e indo ao banheiro, quando voltei o elevador havia acabado de sinalizar que estava no andar.– Ah, não acredito! 
— Nanda, quanto tempo não nos vemos.
— Muito tempo, vamos lá? –cumprimentei a mulher que estava com ele e fomos para a sala. Encontrar com clientes antigos me deixava feliz e mais confiante de que tudo ia bem, e os negócios estavam fluindo. 




Narrado por Maria Luísa
Meus pais chegaram tarde e nossa conversa acabou ficando para o dia seguinte. Acordei umas nove da manhã, mas levantei mesmo era mais de dez. Dormi tarde conversando com o Rique sobre um filme que inventamos de assistir por acesso simultâneo. Ainda levantei sem pressa, escovei os dentes e lavei o rosto, calcei os chinelos e desci.

— Bom dia Maria!
— Bom dia Malu, acordou mais tarde hoje. Está tudo bem?
— Sim, dormi tarde assistindo filme. Ninguém levantou ainda?
— Sua irmã e sua mãe foram pra empresa, seu pai pro escritório e a pequena Sophia que está com a Julia tomando um solzinho.
— Sol nem está esquentando. –ri.– E meu irmão?
— Desceu pra tomar café e disse que dormiria mais um pouco, parece que a neném passou um tempo da madrugada acordada.
— Ela ama dormir tarde.
— Criança faz muito isso de trocar o dia pela noite. Mas depois ajeita viu. Oh, fiz um bolo de iogurte fresquinho, achei que Nena estava aqui.
— Tá na minha vó, não sei nem quando ela volta. 
— Tem que passear mesmo, aproveitar que nessa idade tudo é festa.
— Concordo Maria. 

Tomei café na melhor companhia, nem percebi a hora passando. Por volta de meio-dia a Gabi, secretária da minha mãe ligou dizendo que tinha agendado um Uber pra eu ir encontrar a bonita na Company, estava agendado para às 13h. Ou seja, eu tinha que me arrumar. 
Voltei pro quarto, tomei um banho, arrumei o cabelo e fui procurar o que vestir. Peguei uma calça jeans preta, tênis na mesma cor da calça, regata e um moletom por cima, estava pronta.

— Posso saber onde você vai.
— Encontrar a mãe.
— Vão sair?
— Almoçar.
— Só as duas?
— Não, meu pai vai também. –falei e ele ficou indignado, de boca aberta na escada.– O que foi?
— Os pais realmente tem os seus preferidos.
— No caso da nossa família, você, o bibelô da mamãe e o garotão do papai. –disse apertando as bochechas dele.– Tchauzinho, beijos, fui. –falei indo para o carro, quarenta minutos no maior papo com o motorista.– Obrigada Carlos, bom trabalho. –falei descendo do carro e entrando na Company.– Boa tarde, eu vou no andar da diretoria.
— Nome?
— Maria Luísa.
— Não tem nada agendado aqui, não posso te liberar. 
— Ta bom, eu espero aqui. –falei sentando na poltrona que tinha em frente, mandei mensagem e fiquei esperando. Vinte minutos depois minha mãe desceu.
— Malu você poderia ter subido.
— A recepcionista não deixou, não discuti. Vamos mãe?
— Vamos, seu pai está chegando.
— Ele ainda esta com o seu carro?
— Hoje ele está com o dele. Sabe como ele é.
— Exibido (risos). –aguardamos um tempo na recepção, minha mãe cumprimentando todo mundo que passava até o bonitão chegar na maior pose, buzinou e nós fomos.– Oi pai.
— E aí minhas lindas, bora?
— Estou com fome mesmo. Mandei o endereço do restaurante, Gabi reservou pra gente.
— Ela tem suas senhas?
— Apenas do cartão corporativo.
— A Gabi é a faz tudo da minha mãe, nunca vi. –falei.
— Minha secretária, ué. Pergunta pro seu pai quem resolve tudo pra ele.
— Agora não é mais ele amor, contratei uma novinha.
— Ela sabe que você tem quatro filhos e uma neta?
— Mas dou um caldo vida.
— Pra mim que tenho a sua idade. –riu.– Vira a direita amor.
— E agora?
— Quarta esquerda e chegamos.
— Hamburgueria? Em plena semana?
— Gabi pensou que você fosse gostar. Eu gostei.
— Adorei, vamos antes que a senhora mude de ideia.

Meu pai deixou a chave com o manobrista, minha mãe falou sobre a reserva e fomos para uma mesa no andar superior, longe de todo e qualquer barulho. Sentamos, olhamos o cardápio, escolhemos o que iríamos comer e pedimos também as bebidas.

— Eu sei que estão curiosos, e eu tô bem nervosa pra falar então não me pressionem tá?
— Fica a vontade filha, relaxa.
— Bora comer então uai. –assim que as bebidas chegaram e as primeiras porções, eu respirei fundo e comecei a falar.
— Eu quero dividir com vocês que eu escolhi qual curso quero fazer, que é fisioterapia... –falei sobre estar em dúvida entre pediatria e fisioterapia, e como acabei escolhendo.– ...é uma área que foge de qualquer profissão na nossa família, mas eu me identifico, eu amo e tenho vontade de estudar. E não é só isso. Eu também sempre quis fazer intercâmbio e acabei não fazendo, tive minhas experiências internacionais e eu descobri que quero estudar em outro país. –eles estavam atentos a cada palavra que eu dizia.– Eu sei que vai ser tudo novo, um mundo novo, eu vou estar praticamente sozinha em um outro país... mas eu quero viver isso. Mas não vou e nem quero ir contra a vontade de vocês, até porque eu sou completamente filhinha de mamãe e papai, sou sustentada por vocês... quero estudar na Inglaterra, em New Castle. É isso. –soltei o ar que parecia estar prendendo esse tempo todo, respirei fundo, tomei todo o meu suco e fiquei olhando para os meus pais que nada diziam.
— Calma, vamos por partes filha. –minha mãe disse.– Você está na segunda metade do ensino médio, ainda tem mais um ano, o último. Então tem aí um ano e meio de preparo e tudo mais. Você pesquisou outras universidades? Pensou em ir pra New York? Afinal seus avós moram lá e...
— Mãe, eu quero ir pra Inglaterra. Eu sei que vou estar sozinha lá, mas eu pesquisei e foi a universidade que mais me encheu os olhos e é referência no curso que eu escolhi.
— Não estou colocando empecilhos, só quero ter segurança de que você sabe o que está fazendo.
— Eu sei que a maneira de ingressar é outra, que o idioma é completamente diferente, a moeda do país, o costume, o clima e que é muito longe daqui. 
— Sim, nunca passamos mais de dois meses sem se ver. –falou com os olhos marejados.
— Mãe ainda tenho um ano e meio, e nem sei se serei aceita. Mas eu tenho me preparado, psicologicamente inclusive. Pai?
— Rapaz cê me pegou de surpresa. –ele já estava chorando.– Cara, eu nesse mundo fui turista, em mais de quarenta anos nunca morei fora ou passei mais de quatro meses morando em outro lugar. Foi sempre viajando, então essa experiência de estudar fora eu sou completamente leigo. Mas eu jamais te diria não sabendo que é o seu sonho, porque eu segui meu sonho e os primeiros a me apoiar foram os meus pais.
— Isso foi um sim?
— Da minha parte sim, mas eu preciso saber que vai ficar bem sem eu e sua mãe. 
— Ai Malu, filha... eu já quero chorar. Como minha bebezinha vai morar em outro país? 
— Mãe são só algumas horas daqui.
— Eu fiz intercâmbio e é uma experiência que eu recomendo a quem tiver dúvida ou receio, de verdade. Mas encarar uma faculdade é muito foda, a estrutura de ensino é outra e uma série de coisas. Olha, sou uma mãe superprotetora, porém vou te apoiar no seu sonho. 
— Sério?
— Sim, mas com uma condição... –fiquei quieta.– Que me deixe por dentro de toda essa organização. Estadia, custos fixos e variáveis, e toda a parte burocrática da coisa. Tudo bem?
— Combinado! Ai eu amo vocês. –falei os abraçando pelo pescoço.– E só mais uma coisa.
— Tem mais?
— Quero passar dez dias lá, dez dias agora em dezembro nas minhas férias.
— Natal e ano novo? –minha mãe perguntou.
— Não, antes. E o Henrique topou ir comigo.
— Mas...
— Ele também faz parte da minha vida pai, e eu dividi essas minhas ideias com ele. 
— E ele filha?
— Mãe, eu falei pra ele que não posso e nem vou pedir pra ele largar tudo aqui e seguir o meu sonho junto comigo. Mas que eu ficaria feliz se ele fosse comigo.
— É o que Maria Luísa?
— Pai, não estava nos meus planos namorar tão cedo. Assim como também não está nos meus planos eu colocar namoro na frente dos meus estudos. E isso ele entende, conversamos sobre futuro com frequência e de um jeito não convencional. De qualquer forma pensamos nisso hoje, eu não sei se estaremos juntos até lá... olha muita coisa pode acontecer em um ano e meio.
— Aí que orgulho. Isso mesmo filha, certinha né amor?
— E se estiver? Ele vai pra lá com você?
— Se for uma vontade dele, sim pai. Isso muda o seu sim pra mim?
— Claro que não, mas que eu teria uma conversa eu e ele, isso eu teria sem você e sua mãe perto.
— Eu te amo, sabia? Amo vocês dois.
— Você já pesquisou as coisas da viagem?
— Sim, só falta fechar.
— Vemos isso na próxima semana, fechado?
— Vocês vão me deixar ir? 
— Sim, né amor?
— É, mas eu tô de olho. 
— Ai obrigada, obrigada, obrigada! Vocês são os melhores pais do mundo. –falei toda feliz, empolgada mesmo e louca pra sair gritando que tinha dado certo e eu não morri de ansiedade.– Vocês não imaginam o quanto eu estou feliz, sério.
— Te deixamos com medo de contar?
— Não é medo mãe, é que meus irmãos não mudaram nem de cidade pra estudar e eu quero mudar de país. Aqui sempre será o meu lar, mas eu estarei em outra casa. 
— É, eu ainda estou surpresa, vou levar um tempo pra digerir tudo e assimilar também. Mas saiba que pode contar com a gente em tudo. Foi como o seu pai disse, quando ele teve um sonho, os pais dele foram os primeiros a apoiar e nós estaremos aqui.
— Por você e pra você. –meu pai disse completando.
— Eu não sei o que dizer.
— Nem eu. –disse limpando as lágrimas.

A minha sensação era de ter tirado um peso enorme das minhas costas, real. Meus pais sempre se apresentaram a nós muito responsáveis com os estudos e com as profissões, mostrando total dedicação se aperfeiçoando e tudo mais. Então a cobrança nos nossos estudos sempre foi grande, principalmente da parte da minha mãe que herdou isso dos meus avós. A fisioterapia me escolheu, e eu demorei pra decidir, primeiro pensei que fosse apenas pra desviar o foco do rumo que minha família estava seguindo. Nada contra administrar os negócios da família, mas sim em querer algo diferente pra mim. 
Dividir isso abertamente com os meus pais foi muito bom, eu estava com receio de não ser aceita, ninguém escolheu a área da saúde na minha família, as profissões eram sempre voltadas aos negócios, exceto minha bisavó que era bailarina. Bom, agora que meus pais sabem e disseram "Sim." posso falar mais sobre as minhas descobertas, pensar nas minhas metas e me preparar para essa minha nova etapa. 

Ficamos por mais um tempo no restaurante, meus irmãos se convidaram pra nos encontram lá, meu pai também chamou meus avós e virou um passeio em família que se estendeu até a noite e chegamos em casa mais de meia noite.

Malu está tudo bem? Você sumiu o dia todo. -escutei o áudio do Rique, ia responder, mas ele estava me ligando.– Estava quase indo aí. Está tudo bem?
— Está, muito bem por sinal. Conversei com os meus pais hoje sobre nossa viagem de férias é sobre estudar na Inglaterra.
— E aí, como foi? O que eles disseram?
— Que sim. –dei um grito.– Me deram total apoio, mas com algumas condições.
— Condições?
— Vou resumir porque passamos uma tarde inteira conversando e eu estava tão, mais tão nervosa que até desceu pra mim. –contei.– Mas assim, eles perguntaram o tempo todo se era isso mesmo que eu queria, e também que querem ter certeza de que eu vou ficar bem. Falei também que não iria sem o apoio deles porque não sou independente financeiramente, sou sustentada por eles e tenho muito consciência disso. Ah, e meu pai teve um pequeno ataque quando falei da viagem e que você iria comigo, o que levantou outra pauta, que foi como iria ficar nosso namoro a distância.
— Caralho, teve mais coisas?
— Você quer que eu conte agora?
— Lógico, fiquei o dia todo andando de um lado pro outro, minha mãe até chamou minha atenção dizendo que eu faria um buraco no chão de tanto andar pra lá e pra cá. 
— Tá, vou só trocar de roupa, escovar os dentes e te ligo de chamada de vídeo. –falei desligando em seguida. Corri para o banheiro, escovei os dentes, fiz xixi, depois coloquei meu pijama, pulei na cama e liguei pra ele.– Você está todo despenteado.
— Passei o dia mexendo no cabelo. –sorriu.– Você está linda.
— Estou feliz. Leve. Radiante. Tô tão assim que nem sei se vou ter sono essa noite. Rique, você não tem ideia de como eu estava ansiosa para essa conversa acontecer o quanto antes... –ele estava nem atento a cada palavra que eu dizia e tão expressivo quanto eu nas reações no decorrer do assunto, eu contei tudo em detalhes e ele vibrando junto comigo.
— Sempre falei pro seu irmão que você era muito pra frente, que parecia ter mais maturidade que ele.
— Eu era curiosa, e minha mãe sempre e sempre foi muito aberta. Então acho que isso ajudou, enfim... meu pai ficou receoso sobre morarmos juntos.
— Por que?
— Pelo óbvio, não somos casados e não vamos nos casar só pra morar juntos em outro país. 
— Sim, isso é. 
— E eu falei o mesmo que conversamos aquele dia sobre os seus sonhos e planos, sobre o tempo e todas essas questões. Em um ano e meio podem acontecer muitas coisas, não estava nos meus planos namorar e tem sido incrível, você é meu amigo e muito parceiro, falamos sobre tudo, além da química, da intimidade... eu te amo e amo muito. E justamente por te amar que não vou te colocar contra a parede e falar ou você segue os seus sonhos ou você vem comigo e continuamos juntos. 
— Você é a namorada perfeita, eu te amo.
— Eu sou mesmo, igual a mim você não arruma outra não. Valoriza hein.
— Eu valorizo, e minha mãe também, nunca vi elogiar tanto.
— Sua mãe me ama. Eu sou a nora que ela sempre pediu.
— Tem até o mesmo nome. –falou rindo.– Tá tarde, precisamos dormir.
— Não tô com sono.
— Também não, mas é para as horas passarem logo e eu estar aí beijando essa sua boca. 
— Então vai dormir logo, boa noite.
— Boa noite, amo você e estou feliz que tudo esteja dando certo.
— Eu também te amo, obrigada por exatamente tudo. –beijamos a tela do celular, acenamos e encerrei a chamada. Apaguei as luzes, deixei o celular de lado e dormi.


Narrado por Fernanda
A sensação de ter feito do jeito certo vem quando tenho momentos como estes com os meus filhos. Passamos a vida inteira ensinando, instruindo e em algum momento eles irão caminhar com as próprias pernas. Mesmo com o nervosismo a Malu mostrou convicção no que estava dizendo e foi bem incisiva em suas escolhas, ao mesmo tempo que fiquei preocupada, fiquei emocionada e feliz. Minha menina estava crescendo e com dezesseis anos mostrou ums maturidade que eu com a idade dela não tinha, em partes.
Sei que foi um dia e tanto, Luan e eu voltamos em silêncio pra casa e ao chegar tomamos um banho e cama.



Narrado por Luan
Fernanda estava muito feliz e mesmo preocupada estava orgulhosa. E eu mais pensativo, sim, é o sonho dela e não deixarei de apoiar... mas vai ser difícil, eu sei que ainda falta tempo, mas é minha menina que vai mostrar em outro país durante alguns anos.
Chegamos em casa e fomos tomar banho juntos, algumas carícias, mas não passou disso e logo estávamos na cama.

— Amor, você tá quietinho. –falou virando de frente pra mim.– O que foi?
— Não posso ser negativo, mas vida... quem vai defender nossa filha em outro país.
— Tenho essa preocupação também, mas também penso que se aceitamos deixá-la ir podemos buscar meios de nos assegurar.
— Dando uma arma. –falei.
— Não amor, podemos sugerir ela fazer luta, auto defesa. 
— A menina estudando pra vestibular e você querendo que ela faça luta.
— É. Uma horinha por dia e tá perfeito. 
— Você está tranquila?
— Não totalmente. Eu sei que a Malu é responsável, é centrada e muito determinada, quanto a isso não teremos problemas. Ela nunca nos deu trabalho na escola. Em contrapartida nunca cobramos dela coisas que ela terá que fazer quando estiver morando sozinha. Ela vai precisar arrumar a casa ou apartamento ou o quarto, vai ter que se virar com comida, lavar roupas, essas coisinhas de casa.
— Veio pensando nisso no carro?
— Estou pensando nisso desde que ela contou pra gente. Eu estou com a cabeça fervilhando, pensando na moeda que é usada lá e plano de saúde. Amor, eu estou com a cabeça cheia de questionamentos, juro que se eu perguntasse pra Malu tudo o que eu quero saber ela iria desistir de morar fora só pra não ter que ficar me explicando, eu sou chata com isso. –falou disparada, dei risada.
— Rapaz... tá muito avançada.
— Sim. Quando eu fiz intercâmbio foi um mês, mas minha mãe ficou um ano antes na minha cabeça me enchendo de perguntas, acertando detalhes...
— Viajei a trabalho, de férias... estudar eu estudei aqui mesmo.
— Porque seu foco era outro, talvez que seguisse a biologia estaria nos Estados Unidos, por exemplo.
— Sim. Vida?
— Oi amor.
— E se a gente for pra lá conhecer? Mas em segredo.
— Duas semaninhas?
— Isso.
— Sim amor, eu adorei. Eu topo.
— Acho que vou ficar menos preocupado. 
— Podemos ir nas suas férias, aliás... o que vocês decidiram sobre o final do ano?
— Dei a sua sugestão e todos estão de acordo. Fechamos 27 em São Paulo, Espaço das Américas, 28 e 29 no Rio de Janeiro, Espaço Hall. 
— Onde iremos passar nossas férias em família?
— Quero ir pra Campo Grande vida, passar uns dias por lá.
— A virada de ano vai ser lá então?
— Por mim, sim. Quero sossego.
— Tá senhor quero sossego, vamos dormir bem agarradinhos? Suando juntos?
— A noite inteira. –falei abraçando sua cintura e colocando o nariz no meio dos seios dela.– Ô muié cheirosa.
— Você também é, pele de neném sabia?
— Ainda mamo como um. –falei e ganhei um tapa no braço.– Tá com sono?
— Uhuum...
— Não quer namorar não é?
— Hmmm um mamãe e papai, eu deitadinha?
— É, só quero sentir você. –falei subindo sua camisola, apalpando sua bunda e levando uma das mãos até a frente do seu corpo, tocando seu sexo e massageando.
— Amor sem preliminares, eu quero você! –deixei ela de barriga pra cima, segurando suas mãos acima da cabeça com uma das minhas. Abaixei a cueca e ela abriu as pernas em receptiva, deixando eu me encaixar e botar com força.– Isso Luan, de novo.
— Rápido?
— Não a-amor... –falou grunhindo.– Assim...

Fizemos amor aquela noite, bem gostoso, devagar e muito intenso. Fernanda não se conteve em ficar no papai e mamãe, montou em cima de mim espalmando as mãos no meu peito e rebolou sem piedade, em uma lentidão torturante e muito excitante. Essa mulher era uma deusa da sedução, mesmo gozando não parou até eu gozar, abaixou a cabeça deixando seus lábios se encontrarem com os meus, nos beijamos por longos minutos e fomos dormir.







~.~

Não sei o que falar, só sentir! 
Oi amores, como vocês estão? Que saudades que eu estava de escrever e compartilhar com vocês cada palavra de um novo capítulo. Sei que estive ausente, tive meus motivos (quem me acompanha nas redes sociais sabe bem), mas estou voltando aos poucos e com a cabecinha cheia de ideias. Sei também que vai levar tempo para todas chegarem na mesma página, comentarem e está tudo bem. Espero vocês nós próximos capítulos, grande beijo. Amo vocês! ❤️

quinta-feira, 17 de março de 2022

Capítulo 287

Narrado por Melissa
Os pais do Leo viajaram e ele ficou encarregado de cuidar da Cecília e da Sky. E eu por ainda estar de férias passava um tempo com eles, brincando com as meninas e namorando meu noivo.

— Tá animado pra amanhã? –perguntei depois de colocar a Ceci na cama.– Eu sim, tá me dando até dor de barriga.
— Já está tudo acertado, vamos assinar os papéis.
— O primeiro juntos. –disse sentando em seu colo.– Tá feliz?
— Tô muito não. –respondeu sério e eu cruzei os braços emburrada.– Brincadeira loira, tô felizão.
— Vamos nos casar!
— E morar juntos e transar todos os dias.
— Leonardo!
— A melhor parte. –riu.
— Isso que passa pela sua cabeça?
— Passa muitas coisas. Vou casar com a minha melhor amiga. Construir minha família. Ter nossa rotina.
— Penso nisso também, mas penso que não itri morar mais com os meus pais e isso é muito novo pra mim.
— Acha que é cedo?
— Não Leo, é que é super diferente. Minha casa sempre foi cheia. Primeiro com os meus avós, meu pai e a tia Bruna. Depois minha mãe, o Lupy e meus irmãos... e agora seremos só eu e você...
— Até chegarem nossos filhos. –disse me beijando.
— Sim, até eles chegarem. Mas até lá poderíamos ver um bichinho de estimação, o que acha?
— Grande?
— Não sei, a gente procura. Quero adotar.
— Adotar?
— É. –ficamos conversando sobre até eu lembrar que tinha esquecido de ligar pra minha mãe, afinal queria que ela estivesse conosco no momento da assinatura.– Mãe?
— Só lembra dela Melissa?
— Oi paizinho, boa noite.
— Paizinho é?
Luan me dá meu telefone. Oi Mê, tudo bem filha?
— Sim, e a senhora?
— Com muito sono, mas bem. Você vem hoje?
— Hmm não mãe. Vou ficar aqui, deixa eu te falar... amanhã eu e o Leo iremos fazer uma coisa importante e eu queria que a senhora viesse com a gente.




Narrado por Fernanda
(...)

— E que horas isso?
— De manhã, marcamos às 08h30.
— Ai meu deus Melissa, você tá grávida? –perguntei assustada e Luan na hora soltou um palavrão.
— Não mãe! Eu não estou grávida, é outra coisa.
— Cedo assim? Você tem certeza que não é uma consulta com a obstetra? Filha você já é uma mulher adulta, não vamos brigar com você.
— Eu vou junto. –Luan disse.
— Não mãe, só a senhora por enquanto.
— Amor, tenho que ir sozinha. –falei e ele ficou todo bicudo.– Ih Mê tá aqui todo bicudo.
— Deixa eu falar com ele mãe. –entreguei o celular e aproveitei pra ir fazer xixi, quando voltei os dois ainda estavam se falando.
— Não me convenceu não, mas fazer o que né... Te amo filha, boa noite. –e me devolveu.
— Te encontro amanhã mãe, beijo te amo.
— Eu também te amo, boa noite. –e desliguei.– O que foi?
— Ela tá grávida. 
— Ela falou que não.
— Então que tanto segredo é esse comigo? Fernanda...
— Amor também não sei o que é.
— Se for isso você vai me contar?
— Claro amor, eu conto. Agora desmancha esse bico, vamos deitar que eu estou cansada. –falei tirando o meu roupão e indo pra cama.– Boa noite amor, te amo.
— Te amo mais. –disse beijando minha boca e não demorou para estarmos dormindo, eu realmente estava cansada e acordaria bem cedo no dia seguinte. 

Dormir abraçadinho era uma delícia, com o meu marido então eu amava. Mas às 06h45 meu despertador tocou, dei um beijo nele e levantei, tomei meu banho sem pressa e deixei minhas coisas prontas. Desci, tomei café com as meninas, subi me troquei e sai pra ir encontrar Melissa.
Coloquei o endereço no GPS e segui por alguns minutos, não estava mostrando ser longe e eu estava curiosa pra saber o que era.
O lugar era lindo, um condomínio classe média e menor que o nosso, porém muito receptivo. Passei pela portaria, segui por algumas ruas e por fim estacionei.

— Tia Nanda! –Cecília correu para me abraçar.– Bom dia.
— Bom dia princesa, até você acordou cedo?
— Sim, o Nado que acordou tia. –contou.
— Bom dia casal.
— Bom dia sogra, tá gatona hein. –disse me cumprimentando.
— Vou contar pro meu marido que você está me chamando de gatona. –ele riu e então se afastou para eu cumprimentar minha filha.– Tá tudo bem?
— Ai mãe, tô tão ansiosa. E feliz também que a senhora está aqui. –disse me abraçando.– Mãe, essa é a Marcela. E Marcela, essa é a pessoa que estava faltando chegar. –falou pra moça que estava toda de social com uma pasta de documentos.
— Prazer. –falei assim que nos cumprimentamos.
— Vamos lá, podem entrar com o pé direito. –e assim fizemos logo que ela abriu a porta com batente pivotante maciça, linda.– Vamos para um tour? Como podem ver aqui temos uma sala de estar e jantar com um pé direito de três metros, a cozinha que foi integrada à área social, lavabo, banheiro social, lavanderia com depósito, quintal de serviço com entrada independente e duas vagas com cobertura. –conforme falava, Marcela mostrava cada um dos cômodos.– Como podem ver o quintal panorâmico para lazer, inclusive piscina... à esquerda podemos ver o espaço gourmet com churrasqueira. O que nos leva ao andar superior, por favor me acompanhem... –e foi subindo.– ... temos o corredor que dá acesso aos quartos. À esquerda temos a suite master com varanda e espaço para amplo closet, e à direita mais dois dormitórios com vistas lindas que podem ser adaptados em home office.
— E aí mãe, o que achou? 
— Eu amei, aqui é lindo. Arejado, bem iluminado, tem jeitinho de lar e sei que serão muito felizes aqui. Eu não sei nem o que dizer.
— Na verdade viemos assinar o contrato de compra e minha vontade era que a senhora estivesse aqui. –quando Melissa terminou de falar eu já estava chorando emocionada.– Mãe não chora.
— Estou tão feliz por vocês. –falei.– Muito!
— Aprovado pela mãe da noiva, vamos às papeladas? –Marcela sugeriu e voltamos à sala de estar onde um balde com uma champanhe nos esperava, Cecília ficou comigo enquanto o casal assinava os papéis, e sim, eu fotografei esse momento. Após, abrimos a garrafa, enchemos as taças e brindamos a nova vida dos dois. Marcela entregou as chaves e se despediu. E nós, tiramos uma foto, nós abraçamos e fomos para a entrada.
— Mãe, quero fazer uma surpresa pro meu pai, não conta.
— Melissa ontem mesmo ele quis me deixar louca com isso.
— Eu sei, mas é o tempo de eu organizar tudo só. Um mês ou menos, por favor... promete pra mim?
— Eu prometo, mas quero ajudar na surpresa.
— Falamos sobre isso depois. Obrigada por ter vindo. –agradeceu me dando outro abraço, Leonardo fez o mesmo, Ceci não ficou atrás e eu depois de me despedir segui para a empresa.
— Bom dia Fer, atrasada! –Isa disse assim que entrei na minha sala ainda extasiada.– O que aconteceu?
— Minha filha vai casar, tem noção disso?
— Tenho, o padrinho dela se acabou de chorar outro dia em casa. Mas isso não é pra agora, ano que vem ainda.
— Mas parece tão próximo, sabe aquela sensação de que ela ainda é uma bebê? Estou me sentindo assim, nostálgica.
— Ainda bem que meus bebês são bebês. –riu.– Chegou em cima da hora para a primeira reunião, vamos?
— Cliente chato?
— Não, ele é empresário de um grupo de pagode. Animada?
— Muito, vamos! 

Isadora esteve comigo durante todas as reuniões do dia, inclusive com os gestores de cada departamento. Sim, passei o dia na sala de reuniões. E no final do dia eu estava cansada, queria minha casa, banho e cama. Não quis nem dirigir, peguei minha bolsa, pedi um Uber e fui pra casa.

— Obrigada, boa noite. –agradeci ao motorista e desci do carro. Abri a porta, as luzes estavam acesas, mas tudo permanecia em silêncio.– Ei mãaae, cadê meu bebê? –logo Thor apareceu abanando o rabo e latindo.– Só tem você em casa filho? –ri.
— Rapaz tava quase indo te buscar muié.
— Ai amor, tô tão cansada hoje. –disse deixando Thor no chão e indo dar um beijo no meu marido.– Foi tudo bem por aqui?
— Não escutei o barulho do seu carro.
— Vim de Uber, estava cansada até pra dirigir. –dei um selinho e fiquei abraçada ao seu pescoço.– Já jantou? Cadê a Nena?
— Ficou com a vó dela.
— Ela quis ficar ou você deu a sugestão?
— As duas coisas, minha mãe vai pra Aparecida amanhã e ela quis ir. Eu não ia levantar de madrugada pra levar ninguém.
— Preguiçoso. –falei.– Mas amor, com que roupa ela foi?
— De frio. Tá frio vida.
— Eu sei, mas é numa viagem e ela não pode ir de qualquer jeito.
— Tem roupa dela lá, relaxa. –falou despreocupado.
— Julia foi embora?
— Estão os três no quarto.
— Melissa não voltou?
— No quarto da Malu, de segredos.
— Henrique foi embora então?
— Antes do almoço. Algo mais que a senhora deseje saber?
— Não, eu... preciso de um banho amor. E dormir. Vamos?
— Tomar banho?
— Não que eu sei que você já tomou, tô falando dormir amor.
— Daqui a pouco, vai lá. 

Subi para o meu quarto, entrei no closet já tirando os sapatos, guardando minha bolsa e tirando a roupa. Fiz um coque, procurei um pijama e fui tomar um banho quente. Não lavei os cabelos, também não fiquei fazendo hora. Sai seca e vestida, passei hidratante corporal, estendi minha toalha e me deitei na cama.

— Toc, toc.
— Entra amor, tô deitada.
— Nada de dormir sem comer, fiz seu prato.
— Não disse que comeu na sua mãe?
— Mas a Maria fez comida, feijão, arroz e uma carne de panela.
— Hm, parece estar gostoso.
— Rapaz tá bom viu, muito bom. Eu experimentei.
— Gordo. –falei me ajeitando na cama, sentei com as costas encostadas na cabeceira, e o jantar que estava uma delícia.
— Ô vida, cê disse que ia me contar a surpresa lá.
— Nada disso, eu disse que contaria se ela estivesse grávida. E ela não está.
— E aquele negócio de não ter segredos entre o casal?
— Amor, é coisa deles, não posso contar. E não adianta ficar de bico.
— Tô chateado sabia?
— Não fica vida, você vai amar quando eles te contarem.
— Num vou amar nada.
— Deixa de ser ranzinza. O que você vai fazer amanhã?
— Escritório.
— Rober também vai?
— Sim, teremos uma reunião pra decidir as coisas de fim de ano já.
— Tenho show fechado?
— 24, 26, 29, 30, 31 e 01.
— Você sabe o que eu penso sobre isso.
— Amor, é o meu trabalho.
— Quando nossos filhos quiserem viajar nos feriados de final de ano você também não reclama. –falei deixando meu prato de canto.
— Agora você vai ficar com raiva de mim?
— Estou te pedindo pra não marcar nenhum show, só isso. E é a primeira vez que te peço isso em dezesseis anos de casada.
— Eu sempre viajei, isso nunca foi um problema.
— É o primeiro natal e ano novo da nossa neta, é o último ano antes da nossa filha mais velha estar casada... mas tudo bem, quer marcar shows marca.
— Não vai viajar comigo se eu for?
— Não. –respondi tranquila e ele fechou a cara, levantou da cama, pegou a bandeja com o meu prato e saiu do quarto. Coloquei meu celular para carregar, virei pro lado e dormi.



Narrado por Luan
Fernanda tinha hora que cismava com as coisas do nada, e aquela noite foi uma delas. Pra não discutir sai do quarto, levei a louça suja pra cozinha e depois sentei no sofá.

— Pai? Aqui sozinho? –Malu perguntou terminando de descer a escada.
— Sua mãe chegou atravessada hoje, quero mexer com ela não. –falei pegando o controle da TV.
— Nem vi minha mãe chegando, ela chegou tarde?
— Tem uma horinha, disse que estava cansada e subiu.
— Ai pai, vocês dois quando estão na pilha do trabalho meu deus, tudo brigam.
— Eu só falei pra ela que amanhã tenho reunião que vamos fechar as datas de fim de ano.
— Como todo ano, o senhor passa a virada do natal com a gente e a virada do ano novo trabalhando, a gente já sabe. –deu de ombros.
— Isso é ruim?
— Já acostumamos pai.
— Acostumar não quer dizer que deixa de ser ruim.
— É ruim, mas é o seu trabalho. Sei lá...
— Falei a mesma coisa pra sua mãe e ela disse que esse ano é o último antes da sua irmã casar e o primeiro da Sophia. Agora não sei.
— De um jeito ou de outro... a minha mãe vai estar grudadinha com você.
— Disse ela que não vai viajar comigo.
— Ela não vai te deixar sozinho pai. Eu conheço minha mãe.
— E eu conheço minha esposa. –demos risada.– E você, sem sono?
— Estava vendo um negócio com a Melissa e fiquei com sede. 
— Tão aprontando né?
— Não pai, relaxa. –beijou minha testa e foi pra cozinha. Achei um documentário sobre bichos e fiquei assistindo, passou um tempo e o Arthur desceu com a Sophia chorando.
— Ei princesinha do vovô, o que foi?
— Fome não é, nem a fralda...
— Dá ela aqui. –Arthur me entregou Sophia e ela com o beicinho toda pidona.– É vovô, eu tô cansada mesmo. –ela resmungava. Levantei, fiquei com ela pela sala, abaixei a TV, cantei uma música de ninar e ela foi ficando quietinha. Arthur dormiu sentado no sofá, e minha Sophia ainda acordada.– Tô vendo que cê gosta é de passar a noite acordada. –falei e ela deu uma risada gostosa, passando a mão no meu rosto e tentando puxar meu cabelo.– Tá sapeca tamém.
— Ih pai, falando sozinho? –Melissa disse e ela parou pra prestar atenção.– Ei titia, ainda acordada?
— O pai dela dormiu, mas ela que é bom...
— É bom ter vô né Sophia? –ela gargalhou outra vez.– Pai... faz uma vitamina de abacate?
— Agora?
— É, agora.
— Rapaz é quase duas da manhã Melissa.
— Eu tô com fome, por favor pai?
— Bora lá.

Fomos para a cozinha, troquei Sophia de colo e preparei o creme de abacate, fiz barulho, sujei umas coisas e deixei tudo na pia. Coloquei na taça de sobremesa e sentamos ali nos bancos da bancada mesmo.

— Pai acho que ela quer. –coloquei um pouquinho na ponta da colher e dei a ela.
— Fez careta. Olha isso Mel.
— Dá mais pai.
— Só mais um pouquinho hein... 
— Ei vovô eu quero mais. –ela comeu mais, mas não muito. Deixei a taça longe da vista dela e dei a chupeta.– Dormiu pai.
— E o pai dela falando que não era fome. 
— Nem ele sabe quando ele tá com fome pai. Vou dormir tá, obrigada, te amo. –beijou meu rosto e saiu da cozinha. Deixei as taças na pia, apaguei as luzes e voltei pra sala.
— Arthur... –chamei baixinho.
— Hm.
— Ela dormiu.
— Hm.
— Acorda aí preguiça... –cutuquei e ele levantou todo se espreguiçando.– ...vai, toma aqui.
— Que horas são?
— Hora de ir pra cama. –ri.– Bora cara.

Desliguei a TV, apaguei as luzes da sala e subimos.
Arthur agradeceu a ajuda e entrou no quarto, e eu fiz o mesmo. Tirei a camisa, deitei na cama e quando ia trocar de lado Fernanda jogou a perna por cima da minha e deixou a mão no meu peito.

— Você demorou. –sussurrou.
— Tava fazendo Sophia dormir.
— Hm... boa noite vida. –me deu um selinho e voltou a dormir.

Dormi algumas horas e foi o suficiente, quando acordei Fernanda estava no banho e as cortinas do quarto todas abertas. Levantei com preguiça, nem olhei a hora... calcei os chinelos e fui para o banheiro.

— Bom dia vida.
— Bom dia amor. –respondeu.– Já levantou?
— Queria mijar. –falei levantando a tampa do vaso e mijando.
— Ah tá. –desligou o chuveiro, abriu a porta do box e saiu nua.– Para de me olha como se eu fosse um pedaço de carne, ainda estou brava com você.
— Tô te admirando. Cê tá linda, cheirosa... molhadinha.
— E com horário pra sair de casa, nem vem. –disse pegando a toalha, enrolando e saindo. Restou pra mim ir tomar banho, lavar os cabelos e sair.– Certeza Mari? –riu.– Ele me falou ontem de noite... Sim... Filha, você se comporta, obedece seus avós e não solta da mão dela que você é pequena... Eu sei meu amor, boa viagem... Mari qualquer coisa me liga, tá? Bom passeio, beijo. –e desligou.
— Chegaram lá?
— Não, mas estão perto. –disse voltando para o closet, fui atrás e dei de cara com ela vestindo a calcinha.
— Tudo isso pra ir trabalhar?
— Você está um pervertido Luan, o que foi hein?
— Cê que tá brava comigo sem motivos, vamos fazer as pazes amor. Vamos conversar.
— Não tem conversa, você deixou isso bem claro ontem.
— Mulher, você quer brigar comigo?
— Eu só te pedi uma coisa. É difícil?
— Não depende só de mim vida, é isso que eu tô explicando.
— Ai para, para que todo e qualquer funcionário que trabalha em feriado dá pulos de alegria quando está de folga nessas datas comemorativas.
— Vou ir pra reunião e mais tarde passo pra buscar você.
— Vai ir me levar por acaso?
— Vamos de Uber, e eu fico com o seu carro.
— Não vou sair daqui meio-dia não, tenho horários.
— Então termina de se arrumar esquentadinha. –dei um tapa na bunda dela e fui me vestir.

Peguei um jeans escuro, polo vermelha, cueca boxer e meias. O tênis estava debaixo da cama, peguei pra vestir depois que tinha secado o cabelo e passado meus perfumes.

— Você vai tomar café na rua, porque eu já pedi o carro.
— Rapaz cê tá braba mesmo.
— Você demora demais amor, não consigo te acompanhar. –disse calçando os saltos e ajeitando o vestido ao levantar.– Vamos. –pegou a bolsa e foi na frente, e eu só peguei o celular, minha carteira e desci.
— Bora muié. Bom dia Maria.
— Bom dia Luan. Dormiu bem?
— Rapaz muito bem, do lado de uma gatinha.
— Fez besteira e agora tá me adulando.
— Sou inocente. 

O motorista do Uber chegou e foi muito engraçado quando ele viu que eu era eu. Foi o caminho todo batendo papo, tirou foto e tudo mais. Chegamos na CDM, entrei com a Nanda de mãos dadas, assustei a Isadora como de praxe e fomos para a sala dela.

— Tem horário pra sair hoje?
— Pretendo sair às 19h. E vou almoçar com a Lila hoje.
— Algum motivo específico?
— Sim, saudades da minha melhor amiga. 
— E volta pra cá?
— Sim, preciso trabalhar. Te amo, boa reunião.
— Tá me expulsando?
— Você é quem está testando minha paciência hoje amor. E ainda está atrasado.
— Eu sou o chefe. –falei brincando.
— Tinha que ser o primeiro a chegar. –disse vindo até mim e entregando as chaves do carro, me beijou e abriu a porta.– Vejo você mais tarde.
— Te amo, se comporta. –sai, dei tchau pra minha cunhada e fui pro estacionamento. O escritório não ficava longe, cheguei em vinte minutos.– Jujuba!
— Bom dia chefe. Saudades. –disse vindo me abraçar.– Animado para as próximas viagens?
— Rapaz, sempre. E você tá bem?
— Ótima, semana que vem entro de férias. E s estagiária que ficará no meu lugar chega em trinta minutos.
— Atrasada?
— Não, ela entra às 10h mesmo.
Padrinho! –escutei alguém chamar e quando olhei era o Bernardo.– Aqui é bem grande.
— Veio trabalhar com o seu pai hoje é?
— Eu e a Manina! Tá lá na sala grandona.
— Aé? E seu pai?
— Trocando a fralda, ela cagou de novo. –disse tapando o nariz.
— Bora lá ver ela. –fomos para a sala de reuniões, Rober estava lá com a Marina no colo e ela chorando.– Ô dindo, vem cá no colo.
— A culpa é minha. Não mandei os dois pra escola porque ela está todo manhosa e também não pode faltar.
— Aqui tem espaço pros dois se acabar de brincar, relaxa boi. 
— Tá bem Marininha? –ela deitou a cabeça no meu ombro e ficou.– Ih tá dengosa.
— Pra caralho, não dormiu bem essa noite não.
— Algum dorzinha?
— Isa deu remédio, mas acho que não. 
— Tia!
— Oi Bê, bom dia.
— Bom dia tia Lê! 
— Você está bem? Já tomou café?
— Sim, a mamãe me deu. 
— E esse princesa? –Arleyde veio brincar, mas Marina continuou deitadinha.– Eita que só quer o dindo dela. Tudo bem Luan?
— Tô bem e você?
— Cheia de planos para nossos três últimos meses.
— Então bom. Trouxe o que pra gente comer?
— Teremos um coffee senhor só penso em comida.
— Muié não deixou eu tomar café não, ficou me acelerando.
— Bem feito, Fernanda cumpre horários. 

Tomamos café, as crianças ficaram na sala onde ficam as pelúcias sob a supervisão da Juliana e nós demos início a reunião. Ficamos as primeiras três horas de reunião entre discussões e dúvidas, paremos para almoçar fora e ao retornar mais informações, fechamos algumas datas e chegamos no último mês do ano.

— Então vamos lá, o que você quer? As propostas nós temos, os valores dos cachês também, a infra e tudo mais... falta uma resposta nossa para fecharmos as datas.
— Quero prolongar as minhas férias, fechar a agenda uma semana antes do natal.
— E retornar só em fevereiro?
— É isso, depois do aniversário da mamusca.
— Quase dois mês diretos sem shows. E a agenda de entrevistas? Radios?
— Desde que sejam em São Paulo eu não me oponho.
— E se negociarmos alguns shows entre os dias 27, 28 e 29? Um no Rio, dois em São Paulo ou o contrário. E encaixamos as entrevistas nestes mesmos dias. Organizamos pra você ter uma folga por exemplo do dia 19 a 26, depois 30 a 12/02.
— Estés três seriam cheios?
— Um pouco corridos, mas já organizamos sua agenda com muito mais compromissos e você deu conta. Obviamente você irá cansar, mas é uma opção. 
— Até porque estamos em tempo de fazer uma divulgação bacana, organizar promoções e sorteios... 
— Mas estamos apenas na logística do calendário, como faremos com a parte financeira de tudo isso? 

Mais uma pauta levantada e nós quebrando a cabeça para resolver como tudo seria feito, e por fim... marcamos uma nova reunião para o dia seguinte. 
Me despedi da galera, dos meus afilhados e fui buscar a Nanda. Cheguei e o escritório estava menos movimentado, fiquei na recepção batendo papo com as meninas que mais suspeitavam do que falavam comigo.

— Tudo mentira meninas, não acreditem. –Fernanda disse se aproximando.– Oi amor, chegou cedo.
— Deixamos pra bater o martelo amanhã, hoje quebramos muito a cabeça.
— Hm, entendi. Meninas, estão liberadas, vou ficar mais um pouco... mas minha secretária está aí. Bom descanso pra vocês.
— Obrigada. –disseram juntas.– Tchau seu Luan.
— Bom descanso minhas lindas. –falei seguindo minha esposa.– Você parece tão séria. Chega até ser excitante.
— Eu sou séria amor, muito séria. E meu beijo?
— Pra já muié. –dei uma juntada, apoiando minhas mãos no seu quadril e beijando sua boca.– Gostosa.
— E muito excitada. 
— Molhadinha pra mim?
— Como em todas as vezes em que sinto seu cheiro.
— Tá me dando vontade de tirar sua roupa.
— E me deixar de quatro em cima dessa mesa?
— Só de calcinha e salto alto.
— Não vai nem trancar a porta antes?
— Já está trancada. –desci o zíper de seu vestido e ajudei Fernanda sair dele e dar uma voltinha apenas de calcinha e salto alto.– Senta. –ela me empurrou na poltrona e foi abrindo minha calça, ergui o quadril e ela fez o resto, tirou a cueca descendo até os joelhos e se ajoelhou na minha frente.– Safada.
— Só com você. –disse umedecendo os lábios e lambendo minha cabeça antes de colocar tudo na boca e chupar com vontade. Aquela boca me levava ao delírio, assim como suas mãos me massageando e levando ao ápice em poucos minutos.– Gostoso. –Fernanda beijou minha boca e me deixou massagear seus seios, segurou meus ombros e sentou contraindo a boceta e apertando meu pau.
— Porra Fernanda.
— AH! –gemeu no meu ouvido enquanto rebolava devagar me torturando.
— Porra, você...
— Shiiiiiu não fala, me beija amor, me beija. –pedia sedenta, rebolando mais rápido e começando a quicar. Segurei sua cintura e mandamos ver, ela não se cansava e nossos corpos pediam cada vez mais.– Ãn ãn ãn... Hm... Isso... –toquei seu clitóris e esfreguei a ponta dos dedos devagar, ela não aguentou e gozou gemendo gostoso o meu nome.
— Agora de quatro amor, por favor. –ela levantou ficando de joelhos na poltrona e de costas para mim, tirei o tênis e toda parte debaixo da roupa, voltei minha atenção a ela que estava se dsndo prazer e gemendo baixinho, querendo mais. Meus dedos se juntaram aos dela pressionando mais e espalhando bem sua excitação. Devagarinho me encaixei entre suas pernas e penetrei. Entrando e saindo devagar, aumentando aos poucos para acompanhar seu ritmo, dei um tapa naquela bunda empinada e permanecemos assim até ela gozar outra vez e se escorar na parede. Sentamos eu e ela, nos beijamos e fui descendo os beijos até ir de encontro com a parte mais sensível, quente e molhada, passei a língua e minha gatinha grunhiu, foi se ajeitando e se abrindo como uma flor. Seu gosto era único, seu pulsar excitante, me perdi tomando aquele mel. Fernanda bagunçou meu cabelo todo e quando não aguentava mais tentou fechar as pernas, mas as mantive abertas e suguei até a ultima gota.
— Preciso vir te buscar mais vezes no trabalho.
— Prometo ser sempre receptiva. –disse ainda deitada e de olhos fechados.– Meu Deus! Minha secretária. –foi ela falar e o telefone tocou.– Atende amor.
— Luan?
— Oi, é só pra avisar a Fê que já estou indo caso ela não precise de mais nada por hoje.
— Precisa vida? –ela fez que não com a cabeça.– Bom descanso Gabi, nós também já estamos indo.
— Obrigada, igualmente. –e desligou.
— Ela sempre vem na minha sala se despedir.
— Hoje você estava ocupada. –beijei sua boca e fui me vestir.– Vai dormir aqui mesmo?
— Amor, você me cansou... minhas pernas estão trêmulas, estou sem forças pra ficar em pé.
— Eu te ajudo, assim que terminar aqui. –e foi. Terminei de me vestir, ajudei Fernanda se levantar, ela colocou o vestido e jogou a calcinha na minha cara.– Cheirosa.
— Guarda pra você.
— Eu vou. –falei colocando no bolso.– Vamos?
— Vou no banheiro antes, e você abra essas janelas, essa sala está cheirando a sexo. 
— Como quiser.

Ela demorou uns dez minutos no banheiro e eu no celular. Quando ela voltou estava mais perfumada, maquiada e cabelos presos.

— Tô pronta. Ah amor, sua mãe ligou.
— O que ela queria?
— Falou que seu pai foi buscar o Lucas pra brincar com a Helena, ela vai dormir lá hoje também.
— Então podemos jantar fora?
— Eu adoraria. Mas tenho que saber como estão meus filhos.
— Ah amor, eles são grandes.
— Não tem essa, são meus filhos. –falou pegando a bolsa.– Liga lá amor.
— Tá. –entrei no grupo e fiz uma chamada de vídeo.– Pergunta rápida. Estão todos bem?
— Oi pai, sim. –Mê respondeu.
— Sim paizinho, por quê? –Malu perguntou.
— Estamos de boa. –Arthur respondeu mostrando Sophia na câmera.
— Vou sair com a mãe de vocês, beijos. Amo todos.
— "Bom passeio." "Vocês dois não param." "Divirtam-se seus lindos." –disseram e eu desliguei.
— Preguiçoso. –falou desbloqueando o celular.– Malu, você está em casa? ... Eu e seu pai estamos indo jantar... Não vamos demorar porque amanhã temos compromisso... O que a Maria fez? ... Sua irmã vai dormir na sua avó, tchau. –e desligou.– Era só fazer isso.
— Vamos minha vida, vamos.
— Tá me mandando calar a boca é?
— Jamais, nunca na minha vida. –peguei a bolsa dela e fomos para o elevador, trocamos uns beijos e fomos para o carro.– Quer dirigir?
— Não, fica a vontade. 
— Tô com vontade de comer uma coisa...
— Eu estou satisfeita. –disse dando risada.– O que você quer comer?
— Comida japonesa.
— Então vamos no rodízio. 

Conhecia um restaurante bom e não era longe, mas precisava de reserva, pedi pra Nanda ligar enquanto estávamos a caminho. Deu tudo certo, estacionamos e entramos.

— Boa noite senhores, rodízio?
— Sim, dois rodízios, por favor. –pedi.– Uma coca com gelo e limão, e uma água com gás, gelo e limão também. Obrigado. 
— Coca cola, é?
— Uma lata pra curtir o jantar com a minha gata.
— Cara de pau. Como foi hoje?
— Corrido. –começamos o jantar conversando sobre como havia sido o meu dia e o dela, demos risada, mudamos um pouco de assunto e seguimos assim curtindo a companhia um do outro.
— Não quero festa, dá muito trabalho.
— E o que você quer fazer?
— Fretar um bus e ser um dia todo em um clube, fim.
— Clube?
— É amor, igual aquela vez que você foi. Meu pai ainda estava se recuperando do acidente, você conheceu meu ex.
— Ah tá. Ah é legal, vai estar calor.
— Nossa que animação. –revirou os olhos.
— Estava aqui pensando no que fazer com a minha equipe também.
— Todo ano você se reúne com eles.
— Mas todo ano parece ser mais do mesmo, sei nem se eles gostam.
— Ninguém nunca reclamou.
— Quem é que reclama pro chefe?
— Eu falava pro meu pai.
— Exatamente por isso, ele era o seu pai.
— Caixa de sugestões, sempre funciona.
— Vai colocar uma na CDM.
— Não. Ou melhor sim, irei dar três opções de clubes. 
— Sem festas temáticas?
— Pensei em um mini festival com os artistas que fecharam conosco durante o ano, estou animada.
— E a infraestrutura?
— Por isso viu procurar um clube que comporte além dos funcionários, o show.
— E eu vou poder ir?
— Não amor.
— Maguou. –riu.
— Eu tenho minha lista VIP. Enfim... mandei mensagem pra Gabi já.
— Deixa a menina descansar.
— É pra eu não esquecer, mandei no corporativo amor. Se fosse urgente eu ligaria ou eu mesma faria.
— Sei. Ela é bem de boa né?
— Sim, falei isso pra você quando foi feito a contratação no começo do ano. Mas você não me dá ouvidos as vezes. –falou fazendo bico, franzi a testa, peguei o celular e entendi tudo quando olhei a data. Fernanda estava de TPM.
— Eu esqueço, é muita coisa na minha cabeça.
— Sim, concordo. Gostoso demais esse aqui.
— Couve crispy, é muito bom.
— Camarão empanado também. Amor...
— Oi vida.
— Eu sei que falta um ano, mas... já pensou o que iremos dar de presente de casamento pra Melissa?
— O casamento.
— E a viagem de lua de mel?
— Isso é você com a madrinha dela, até parece que vou escolher o lugar de onde pode ser que venham os meus netos.
— Você faz um drama, amor é uma viagem de casal.
— Tivemos várias viagens dessas.
— Você parece tão ranzinza falando assim, estamos no século XXI amor. Os filhos transam antes do casamento, e falam sobre sexo abertamente com os pais.
— Você com as nossas filhas, elas não falam de sexo comigo.
— Mas o Arthur sim. Tô mentindo?
— A resposta é não, não farei parte disso.
— Chato.
— Sensato. Onde já se viu um negócio desses.
— Por mim esse casamento já estaria todo organizado. Mas não, ela vai fazer igual no aniversário de 15 anos e me deixar maluca... –aquele assunto rendeu, Fernanda voltou pra casa falando do casamento. Parou de falar porque fomos tomar banho e ela foi na frente, apenas.– Te amo tanto, sabia?
— Eu também te amo minha vida.
— Separa minha camisola?
— Quer meias também? 
— Sim. –e entrou no banheiro. Respirei fundo, tirei o tênis e quando ia me jogar na cama alguém bateu na porta.
— Nossa pai que cara de acabado. –Maria Luísa disse séria, não aguentei e dei risada.– O que aconteceu?
— Quando você casar você vai entender.
— Eu hein... cadê minha mãe?
— No banho.
— Preciso falar com vocês dois juntos.
— Certo, o assunto pode estar minha ducha?
— Ta cansado né? Amanhã eu falo, boa noite pai. –beijou meu rosto e saiu. Levantei peguei no closet o que a Fernanda tinha pedido, minha cueca e voltei pro quarto.
— Quem estava aqui amor?
— Malu, falou que quer conversar com a gente.
— E dias sobre o que era?
— Não, e disso que eu tenho medo. –ela deu risada.– Não sei o que tanto você acha graça.
— Você se preocupa a toa, ela nem disse o que era e você está todo tenso. 
— Não estou podendo passar por fortes emoções tenho mais de 40 anos Fernanda.
— Exagerado, vai tomar seu banho vai.
— Eu vou mesmo. 

Entrei, tomei meu banho e quando voltei Fernanda estava deitada e no celular. Apaguei as luzes, deitei e fiquei encarando o teto.

— Amor, deixa de ser ansioso. Está tudo bem.
— Daqui a pouco eu tô de cabelos brancos.
— Vai ficar o maior gato. –beijou meu rosto.– Boa noite amor.
— Boa noite, amo você.
— Eu te amo. –e dormiu em questão de segundos. Demorei um pouco mais que ela e adormeci também. 









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