Narrado por Fernanda
Amanheceu o dia e me surpreendi por ter despertado antes mesmo do Arthur. Luan ainda dormia até mesmo por não estar acostumado acordar tão cedo, a menos que fosse realmente necessário.
Fiquei ali olhando-o dormir, acariciando seu rosto, mexendo em seus cabelos. Ele ficou incomodado e virou para o outro lado. Alisei suas costas nuas e fui distribuindo beijos por sua pele lentamente, ombros... pescoço... mandíbula... e quando estava chegando nos lábios fui surpreendida com as suas mãos segurando meu rosto e dando início à um beijo de bom dia com direito a mordida no final.
_ Promete me acordar assim todos os dias? -assenti sorrindo.- Bom dia, princesa.
_ Bom dia (bocejei).
_ Tá cedo, né?
_ Muito. Arthur nem acordou ainda. -falei me cobrindo por inteira.- Aí que preguiça de levantar.
_ Volta a dormir. -abraçou minha cintura e me deu um beijo na testa.-
_ Não posso seu preguiçoso. -disse saindo de seu abraço.- Vou tomar um banho.
_ Eu até iria se não estivesse com tanto sono. -riu e fechou os olhos voltando a dormir minutos depois.
Como pode um ser humano dormir tanto assim? Esse Luan me surpreende.
Joguei uma água rápida no corpo e bem morninha, porque estava muito calor e quando saí corri pro closet.
_ Ôh Fernanda!
_ Pois não...
_ Arthur acordou...
_ E?
_ E tá chorando, tô com sono poxa... -revirei os olhos e ainda enrolada na toalha fui até o quartinho dele.-
_ O que foi meu amorzinho? -o peguei no colo.- Tá com fome, príncipe? -ele chorou mais ainda.- Ôh môdeuso, mamãe tô querendo tomar um banho. -ri enchendo-o de beijos.- Vem com a mamãe amor.
Voltei pro quarto e fui me trocar, isso com ele no colo. Foi difícil? Foi. Mas, consegui depois de quase meia hora. Primeiro troquei sua fralda, amamentei e o coloquei de pé pra arrotar e então descemos. Lupy estava na sala, parecia aqueles tapetes de pele (risos). Lucila estava por lá lendo seu livro e não se importou de segurar o pequeno enquanto eu me alimentava.
_ Pensei que estaria viajando...
_ Eu também Davi, mas acabei optando por ficar.
_ Você ou ele escolheu por você? -perguntou puxando a cadeira e se sentando perto de mim.- Vejo que você é feliz com ele, que se amam... Mas, não mude quem você é. Super personalidade é única e suas vontades também. -se levantou dando um beijo na minha testa.- Pensa nisso gatinha. -e saiu deixando eu e a Luci sem o entender.
_ Por que será que todo mundo vive me aconselhando? Eu mudei tanto assim?
_ Mudar é bom, mas as vezes causa estranheza.
_ Entendi muito viu, Luci. -ri e voltei a comer.
(...)
Eu sabia que a Mari acordava cedo, assim como meu sogro e a Mê. Então liguei para eles assim que terminei de dar banho no Arthur e os convidei para "nos visitar" e disse que poderia até fazer um almoço, chamar a Bru. Eu precisava me distrair e o Luan só queria saber de dormir.
Eles toparam e se encarregaram de ligar pra Bruna. Liguei pra Lila, Isa e o Rober também... Dudu e a Soraya, e acabou que um simples almoço se tornou um churrasco entre amigos ou como dizem, uma resenha.
_ Luan, acorda! -pulei em cima dele.- Vai, amor!
_ Saí, Fernanda! Saí!
_ Delícia da minha vida, vamos levantar. -tirei a coberta dele, deixei as costas dele à mostra.- Amor... -arranhava suas costas suavemente.-
_ Meu, se eu levantar daqui...
_ Vai me encher de beijos, não é? -ri e me inclinei mordendo seu ombro.- Luan... -sussurrei.-
_ Fernanda deixa eu dormir...
_ Amorzão, gostoso da minha vida. -ri.- Dá um beijinho, dá?
_ Saí fora. -ficou se mexendo até me derrubar e subiu em cima de mim.- E agora, hein? Vai fazer o que? -dei um selinho e fui passando a língua em seus lábios até que ele abriu a boca e eu pude roubar um beijo decente.-
_ Acordou, amorzinho?
_ Agora sai, tô cansado.
_ Vou colocar o menor biquíni que eu tiver, postar uma foto de costas e dizer que estou carente porque o meu noivo não quer me dar atenção. -e levantei indo para o closet.-
_ Porra! -falou baixo.-
_ Olha a boca.
_ Fica quietinha, fica. -e o vi passar indo para o banheiro.-
(...)
Luan ainda demorou pra se arrumar, tanto que eu desci e fui ver se a Martinha queria ajuda, depois fui com a Luci dar uma ajeitada nas coisas lá fora. Ainda fomos à feira e quando chegamos ele ainda estava no banho, banho demorado ou ele voltou a dormir. Fico com a segunda opção. Sei que chegamos, fui avisar o Davi do churrasco e ele disse que iria pensar, acredita nisso? Subi e fui me trocar, coloquei um maiô, um shorts, chinelos, óculos escuros e desci.
_ Chegamos. -meu sogro abriu a porta, colocou Melissa no chão e ela veio correndo.-
_ Mamãe! -sorria, toda linda minha princesinha estava crescendo tanto.-
_ Tudo bem com você meu anjo? -a peguei no colo e nos abraçamos outra vez.- Como você tá?
_ Tô bem, eu tava com gripe a vovó disse. Aí não posso tomar sorvete. -fez bico.-
_ Poxa, filha. -fiz o mesmo.- Oi sogrinha, oi sogro lindo. -os cumprimentei com um beijo no rosto e um meio abraçado por Melissa estar comigo ainda.- Nem preciso falar para ficarem à vontade, já são de casa.
_ Vou ir acendendo a churrasqueira.
_ Por favor, sogro. Porque seu filho é uma vergonha, uma negação!
_ Por que coitado?
_ Mari, o Luan tá no quarto ainda.
_ Não mais, estou na escada ôh linguaruda. -riu vindo até nós e cumprimentando seus pais.- Não ganho abraço mais não? -Melissa passou pro colo dele e eu fui ajudar a Mari levar os doces para cozinha. Porque minha sogra é um anjo e preparou tudo com muito, muito amor.- Cadê a Piroca, Xumba?
_ Estava indo tomar banho ainda, e faltava arrumar a Laura. Perguntei se ela queria carona, porque eu e seu pai já estávamos entrando no carro. Mas, ela não quis não.
_ Ah se fosse eu. -risos.- Chamou mais alguém? -sua pergunta foi respondida vinte minutos depois, quando os outros resolveram chegar juntos e com os filhos.-
_ Amo essa casa cheia. -falei abraçando um por um, as meninas principalmente e o Rober é claro. Não é menina, mas é o baixinho que eu mais amo.-
_ Já deu de abraço, né? Tá ótimo... -entrou no meio de nós dois.- Saí fora Testudo.
_ Tio! Tio... -Melissa e Manu foram correndo e se penduraram nas pernas do Rober enquanto eu cumprimentava a Isa.-
_ Amiga! -risos.- Quanto tempo né?
_ Super, desde... Três dias atrás. -risos.- Está melhor? -neguei.- Mas, vai ficar. -sorriu me dando um abraço apertado e sincero.- Cadê o mini Luanzinho?
_ No colo de alguém. -ri.- Entra... Fica à vontade.
_ Fala isso não, que se ela for folgada igual o namorado estamos lascados.
_ Luan, se comporta. -Mari o repreendeu nos causando risos.- Eduardo Borges...
_ Xiii lascou.
_ Na minha casa você não aparece, né? -ele coçou a cabeça e riu junto com o Luan.- Tô de olho viu.
_ Ôh Mari, tô te devendo uma visita, né?
_ Muitas. -risos.-
_ Ele nem de casa saí, eu viajo mais que ele.
_ A diferença é que eu trabalho. -disse ganhando um tapa nas costas.- Agressiva.
_ Ridículo. -risos.-
Encostei a porta e fomos todos lá pra fora, abri dois guarda-sol por causa dos bebês (Laura e Arthur) e falei pro Luan montar a piscina pequena para as crianças: meus afilhados, Manu, Melissa e Nicolas. Enquanto meu sogro quis ficar de olho na churrasqueira e nós mulheres fomos nos sentar, deixando os homens se virarem para colocar a mesa.
_ Hm... Que sol gostoso, ótimo pra queimar a bunda. -Soraya falou e concordamos rindo.-
_ Queria entender porque está de maiô, cunha...
_ Não tô pronta pra usar biquíni. Tô me sentindo inchadinha.
_ Querida, que inchada o que...
_ Tô sim Mari, mas vou fazer um exercício assim que der. -risos.-
_ Eu dizia o mesmo, e o único exercício que eu faço é carregamento de peso. -Dalila disse rindo.- Meus meninos pesam demais...
_ Eles cresceram né amiga e estão lindos.
_ Aí vejo vocês falando de filho e dá até vontade de ter um. -Isadora dizia sorrindo.- Mas, ainda acho cedo... Nem casei.
_ Eu tinha planos também, mas deu ruim. Brinquei demais e o resultado foi uma barriga.
_ Não sei qual. -risos.- Pensei que fosse para os States...
_ Na verdade eu queria, Sô. Mas, pra evitar brigas eu fiquei. -disse sorrindo sem jeito e elas entenderam e logo mudaram de assunto.
O intuito era eu me distrair e pelo menos por enquanto estava dando certo. Conversas, comida e pra eles, bebida... Fotos escrotas, algumas até que bonitinhas... E uma tarde gostosa na piscina depois do almoço.
_ Martinha, sua comida é a melhor. -Dudu dizia de boca cheia, Rober e Luan concordavam.-
_ Tá vendo sogra, deixa esse bando de safado passar fome.
_ Vou deixar mesmo. -falou causando resmungos.-
_ A comida das duas pode ser boa, mas a minha. -falei brincando.- É a melhor comida caseira. Haha.
_ Come aqui e morre em casa. -Rodrigo disse e voltaram a rir.-
_ Aí seus bestas.
_ O povo que ama uma bagunça. Bora fazer um som, bora?
_ Agora?
_ Já rapaiz...
Luan achou um violão dentro de casa e voltou nos juntamos todos e passamos o dia assim, na tranquilidade e de certa forma isso me fez muito bem. Muito mesmo.
Narrado por Luan
Conforme foi anoitecendo fomos entrando e alguns se despedindo. Dudu foi o último a ir embora, Rober e Isa dormiram por aqui mesmo.
Melissa estava mais que cansada, brincou o dia todo na piscina e estava esgotada. Lhe dei banho, jantamos e ela quase caindo em cima do prato.
_ Amor, sobe ela... -Fernanda pediu e eu o fiz. Deixei ela em seu quarto, cobri com o edredom, liguei o abajur, beijei sua testa e antes de sair apaguei a luz e deixei a porta encostada.- Ela não acordou?
_ E nem vai... -disse me sentando.- Brincou tanto que está desmaiada.
_ Ela cresceu hein boi. Daqui a pouco tá é namorando.
_ Namorando com o meu cinto, isso sim. -falei sério e ele riu.-
_ Esse Luan é tão iludido, acha que tá fácil assim... Se ela puxar sua teimosia, você tá lascado.
_ Se puxar a sua eu estarei lascado em dobro.
_ A Nanda não tem cara de quem é muitoooo teimosa.
_ Ha! Cê num conhece não Isinha, isso aqui é um perigo. -falei e ela fez careta.-
_ O papo tá bom, mas tô indo nessa que eu vou dormir cara. Tô cansadão.
_ Boa noite. -falamos juntos e o casal foi para o quarto de hóspedes.-
Fernanda e eu continuamos na sala. Ela deitada no meu colo, quieta e um tanto longe. Toda molenga com os meus dedos em seus cabelos, estava relaxando e ao mesmo tempo distante... Muito distante.
Fiquei até mesmo um pouco mal, porque sabia que ali em silêncio e em sua casa ela estava pensando na dona Olga.
_ Uns dias em Ubatuba não seriam ruins, não é? -pensei alto.-
_ Hm?
_ Viajar...
_ Ah tá... Pra onde?
_ Ubatuba amor...
_ Prefiro um hotel fazenda com piscina e cachoeira, cavalos e muito verde. -suspirou.- Ela gostava tanto de cavalgar... -fechou os olhos.- Eu sei que tenho que seguir em frente e estou tentando, mas... Parece ser tão difícil. -senti suas lágrimas molharem minha bermuda.-
_ Chora princesa, não segura o choro não... -a abracei.- Vou falar pra você igual falei com a Mê. Tente se recordar sempre dos bons momentos, os sorrisos, os conselhos... Tenho certeza que vai ter muita vontade de sorrir ao invés de chorar.
_ É que as vezes eu acho muito injusto pessoas assim como ela, terem uma morte tão horrível. Porque me dói saber que é algo que não tem cura pela medicina.
_ Você não deveria pensar assim... -falei calmo e tentando procurar as palavras certas.- As coisas acontecem por uma razão, é Deus quem permite. Nós não entendemos, até mesmo questionamos... Mas, é preciso.
_ São em momentos assim que vejo que o dinheiro não tem valor nenhum. Porque não adiantou a fortuna dos meus pais, nem mesmo a dela... Aí são tantos pensamentos que eu fico perdida. -me apertou ainda mais no abraço e voltou a ficar em silêncio.-
_ Vai ficar tudo bem princesa. -beijei sua testa.- Vamos subir?
_ Queria ficar um pouco lá fora... Você vem?
_ Tenho uma ideia melhor... -ela voltou a se sentar no sofá e eu me coloquei de pé.-
_ E qual seria ela?
_ Cantar. -sorri.- Isso sempre me acalma, pode ser que ajude aliviar o seu coração também. -ela ficou me olhando e sorrindo.-
_ Não sou muito boa cantando, Luan. Arthur que o diga, Melissa também...
_ Não é muito afinada não, mas eu amo escutar. -ri e ainda tive que desviar para não ser acertado com uma almofada.- Deixa de ser agressiva.
_ Ridículo você, Luan. Como você é ridículo.
_ Saudades de você me chamando assim. -me inclinei.- Agora vem logo, antes que meu sono chegue.
_ Não são nem (bocejou) dez da noite...
_ Mas, você já está com sono...
Lhe dei a mão e depois de pegar o violão nós fomos pro quintal, nos sentamos perto da piscina e fui ensinar ela tocar.
_ Tá de parabéns, quer me ensinar no escuro.
_ Sou muito bom. -riu.-
_ Super... Muito bom, em tudo. Menos me ensinar, porque sou uma negação com qualquer instrumento. Meu negócio é dançar e não me lembro de você dançando comigo muitas vezes.
_ Só danço no palco que lá eu não tenho vergonha. -disse sincero.-
_ Você nunca fez a linha tímido.
_ Sempre fui. -começou a me dar sono e ela bem tranquila olhando a lua e pouco que se enxergava das estrelas. Nessas horas que eu sinto falta de estar em Campo Grande, no meio do mato mesmo, perdido em meio as árvores e desfrutando de um céu imensamente estrelado.-
_ Acho que perdi o sono...
_ Eu te faço dormir, bora lá pra cima.
E fomos. Nos deitamos e entre beijos e carícias nos amamos intensamente e depois disso ela não demorou a dormir, assim como eu.
Na manhã seguinte levantei bem cedo, queria fazer algo diferente. Então saí da cama iria dar 7 da manhã, desci as escadas sabendo que encontraria com a Martinha chegando e não deu outra, lá estava ela com seus fones de ouvido colocando as sacolas de compras sobre a bancada e virada de costas para a entrada da cozinha, o corredor.
Fui até ela lentamente e abracei sua cintura fazendo com que ela desse um grito e por impulso um pulinho.
_ Bom dia minha linda. -beijei seu rosto.-
_ Olha aqui menino, eu não tenho sua idade não. -colocou as mãos no peito.- Eu ainda morro com um susto desse, tem juízo não?
_ Pouquinho só. -ri.- Vai me dar bom dia dona Marta?
_ Bom dia, e o que é que tu tá fazendo acordado essa hora? Tá é cedo demais... Ou ainda não dormiu?
_ Dormi um pouco. Queria preparar dois cafés da manhã, mas para pessoas diferentes.
_ Hm... Diga logo.
_ Para as minhas princesas, Martinha. E uma delas acorda daqui uns 15 minutos.
_ Eu te ajudo...
(...)
Martinha caprichou com as duas bandejas de café da manhã, e eu fui seu auxiliar e ainda levei muita bronca por beliscar uma coisinha e outra.
_ Pronto, agora é só entregar. -sorriu e eu subi pro quarto da Melissa e pontualmente ela estava acordando, olhei no relógio que estava na parede e marcavam 7h17min.-
_ Bom dia minha princesinha. -ela coçou os olhinhos, bocejou e estava sem coragem para se sentar.- Fala bom dia pro papai...
_ Tô com sono papai, eu só quero fazer xixi. -"Igualzinha a mãe, sabe quebrar um clima como ninguém."-
_ Calça o chinelo e vai lá no banheiro, antes que faça nas calças.
_ Sou uma mocinha, não faço xixi na cama papai. -e foi pro banheiro toda nervosa, bufando. Essa minha menina viu.- Ôh papai...
_ Eu.
_ Não é eu que fala, é senhora. Igual eu chamo minha vó e meu vô. -dei risada.-
_ Senhora.
_ Tá doendo quando vou fazer xixi.
_ Doendo o que?
_ Meu xixi...
_ Deixa eu ver...
_ NÃO! Chama minha mãe, você é menino! -gritou e quando abri a porta ela fechou as pernas pondo a mão na frente. Ôh menina ligeira viu.-
_ Sua mãe tá dormindo...
_ Não tô não. -olhei pra trás e ela estava bocejando, descabelada e com a minha regata, só com a regata.- Bom dia amor. -selou meus lábios e entrou no banheiro.-
_ Mamãe tá doendo.
_ Deixa a mamãe ver, deixa... -e num passe de mágica tudo se resolve. Neguei com a cabeça e saí deixando-as mais à vontade.-
_ Tá tudo bem aí?
_ Não sei o que, vamos ter que levar ela no médico porque ela está toda vermelhinha, pode ser alguma alergia. -falou saindo do banheiro com o bebê de cinco aninhos no colo.-
_ Sabe se o médico deles atende hoje?
_ Acho que sim. É só ligar e ele vem numa boa. -falou despreocupada voltando a colocar Melissa na cama.-
_ "É só ligar e ele vem numa boa." Como assim, Fernanda?
_ Como assim o que?
_ Nada não. -fiquei quieto.-
_ Nossa filha café na cama é? -brincou se sentando ao lado dela.-
_ Era um pra cada, mas não deu muito certo...
_ A gente come juntinhos, vem cá amor. -peguei a dela e tomamos café ali juntos, na cama da Melissa.- Aí você sujando toda sua roupa.
_ Tem problema não mamãe, relaxa...
_ Relaxa né sua cara de pau... Vamos tomar um banho já já que eu vou ligar pro Dr. André pra ele vim aqui te ver.
_ Ah não, ele sempre me dá remédio ruim.
_ Mas, você fica boa logo. Então funciona. -riu.- E você?
_ O que tem eu?
_ Não vai tomar um banho não? -piscou e eu dei risada.-
_ Vou, mas preciso de ajuda pra lavar os cabelos.
_ Vai indo que eu já chego pra te ajudar.
Não preciso dizer o que rolou no banho. Digo que foi muito bom, por mim começaria todas as manhãs assim. Depois do banho ela foi se vestir e pediu para que eu pegasse o celular e ligasse pro tal médico e ele atendeu todo sério, profissional... Gostei disso, profissionalismo. Ele disse que passaria aqui antes de ir para o escritório, desliguei.
_ Que foi que tá com essa cara?
_ Ciúmes. -ela riu e voltou a pentear os cabelos.- Ele vem aqui muitas vezes?
_ Quando você viaja ele vem todas as noites e me ensina algumas coisinhas de anatomia.
_ Ah é... Vou mostrar a anatomia do soco pra ele.
_ Bobinho. Bate nem na Melissa. -riu.- Vai por uma roupa.
_ Quero ficar pelado, não posso?
_ O corpo é seu neném. -e saiu do quarto.
Me arrumei, fui pro quarto da Melissa e ela estava chorando. Fernanda estava com ela, mas parecia que a tal da dor havia piorado.
_ Tá dando febre nela. -disse preocupada.- Acho que não vamos viajar hoje.
_ Calma, que o Dr. daqui a pouco está aí.
_ Viajar pra onde, papai?
_ Hotel fazenda, o que você acha?
_ Tem cavalo? -assenti.- Então eu quero.
_ Só se o médico te liberar.
_ Droga. -ficou emburrada.-
_ Sem ser malcriada. -Fernanda disse.-
Demorou um pouco até que o tal do André chegou, e de cara de pediatra não tinha nada. Tava mais pra Jack, cara de canalha e todo bombado, iria ficar bem de olho e se ele aprontasse alguma eu o jogaria pela janela.
Narrado por Fernanda
Mais exagerado que o Luan, só dois Luan. André chegou e examinou nossa pequena, ficamos de olho é claro por ela ser uma criança, ser menina e ele um homem... Enfim... Depois que terminou tudo, ele conversou conosco e disse que não era nada demais. Era uma irritação por causa do papel higiênico, mas passou um remédio para prevenir uma infecção na urina e depois foi embora.
_ Vou poder viajar?
_ Vai não, vamos ficar todos em casa. -Luan disse e ela ficou cabisbaixa, tadinha.-
_ É mentira dele filha, nós vamos. Mas você tem que ficar bem logo.
_ Eu já tô.
_ Tem que parar de arder a florzinha.
_ Florzinha?
_ É meu anjo, mais bonito que falar periquita. -ela riu tapando a boca.-
_ Tá bom. -sussurrou.-
_ E aí moças, vamos descer?
_ Podem ir, vou dar de mamar pro pequeno e aí nós descemos.
_ Ele tomou banho?
_ Ainda não. -fiz careta.-
(...)
Melissa quis ficar no quarto, no meu quarto vendo minhas coisas. Deixei, afinal o que ela poderia fazer?
(...)
_ Mamãe, olha! -desceu os degraus e quando chegou na sala, Luan não se aguentou e riu muito, fiquei olhando.- Tô bonita? -ela estava com as minhas coisas, uma blusa que ficou um vestido, pôs um cinto, meu salto e fez uma meleca que chamou de maquiagem e ainda pegou uma bolsa.-
_ Tá linda! -Luan disse e ria mais ainda.- Igualzinha sua mãe...
_ Idiota. -o bati.- Você mexeu nas coisas da mamãe, é?
_ Tava vendo uma que cabia, e quase que eu não achei. Tive que tirar tudo...
_ Aé, e agora ficou bagunça lá?
_ Poquinho. O papai ajuda eu depois... Vou brincar tá?
_ Cuidado pra não cair princesa... -falei e ela saiu rumo à sala de jogos.-
_ Eu não lembro dela tão arteira assim, tô aqui imaginando a bagunça que ele fez no meu closet.-
_ Depois cê arruma.
_ Depois você arruma gato.
Deixamos ela ir brincar e se divertir por lá e ficamos na sala vendo filme enquanto Arthur dormia no bebê conforto mesmo. Trocamos alguns beijinhos, e eu acabei dormindo no colo do Luan. Acordei com ele inquieto.
_ O que foi hein?
_ Ela vai estourar as cordas do meu violão desse jeito. -escutei umas "notas".- Mas, não quero estragar a brincadeira.
_ Onde ela tá?
_ Biblioteca. -me levantei e devagar fui até ela.-
_ Não, não e não. Tá tudo errado! Começa dinovo. -e tocava mais e mais.- Vai, e vai logo! -ela estava imitando o Luan. Ri tanto que atraí sua atenção.- Vem mamãe, vem assistir meu show. -entrei e sentei no chão mesmo, de perninha de índio.- Hoje vou cantar uma especial!
Eu até chorei com ela cantando uma música do Jorge e Mateus, Luan até filmou da porta. Ela cantou e "tocou" a música ciclo inteirinha, toda linda.
_ Chora não coleguinha. -sorri e ela veio me abraçar.- Te amo mamãe.
_ Eu que amo você minha filha.
_ E quem ama o paizão aqui?
_ Nós duas. -e foi um abraço coletivo.- Agora é hora da senhorita tomar um banho, pra mamãe passar o remédio na sua florzinha.
_ E tem aí?
_ Tem um monte, pomada é o que não falta porque Arthur ganhou de monte também.
_ Mais vai sair minha make, tô diva assim mamãe.
_ Diva? Onde cê escutou isso?
_ Eu vi no snap do Gloss...
_ Fernanda! Como que você deixa ela seguir o Bruno? Ele fala muita besteira.
_ Ela nem entende. -ri.- Amor, relaxa. Você tá meio ranzinza, eu hein... -dei um selinho nele e saímos dali indo direto para o quarto, dei outro banho nela e depois de lhe secar passei a pomada com cuidado e fui falando que ela não podia ficar pondo a mão e que quando fosse ao banheiro que me chamasse, mesmo que fosse fazer xixi. Aproveitei e dei o comprimido para previnir a infecção.-
_ Batata frita! -comemorou só de sentir o cheiro ainda descendo as escadas.-
_ Você gosta né pequena?
_ Amo, mamãe. -falou pulando os quatro últimos degraus e indo correndo pra cozinha.- Martinha!
_ Sua filha tem a mente de gordo igual você.
_ Eu que como mais que um boi, né?
_ Mais que um elefante. -ri indo para a cozinha também.- Arthur, lindo da mamãe. -Luan estava com ele no colo, ainda estava acordado com os olhos bem atentos.- Que vidão hein, colo o dia inteiro. Quero ver acostumar no berço depois porque quando você tá aqui a coisa mais difícil é ele estar no berço.
_ É saudade muié.
_ Saudade, é? Não vou falar é nada.
(...)
Melissa custou pra dormir aquela noite e Arthur foi na onda. Deixei os dois juntos no quarto dela, ele no bebê conforto e ela sentada na poltroninha brincando de boneca e eu deitada na cama quase dormindo.
_ Cê num acha que tá na hora de dormir não?
_ Não, quero brincar.
_ Amanhã você brinca mais filhota. Vamos dormir, vamos?
_ Sem falar com o papai do céu? -e foi aí que oramos e depois de ler uma história de uma princesa qualquer ela dormiu. Arthur também, mamou e dormiu.-
_ Acho que perdi o sono, ôh crianças viu.
_ Quer um chazinho?
_ Se for de picão eu aceito. -ele engasgou com a própria saliva me fazendo rir horrores.- É brincadeira amor. Vamos deitar e dormir bem agarradinhos.
_ Muito?
_ De conchinha.
_ Quentinhos?
_ E suados. -ri.- E não esquece que amanhã...
_ Tá, já sei. -disse fechando a porta e apagando a luz.- Juro que vamos para um hotel fazenda?
_ Acho muito bom, melhor para as crianças.
_ Beleza então patroa. -nos deitamos e depois de desejar boa noite um ao outro dormimos.
~.~
O dia a dia deles sendo apenas pais é tão lindo. Amo essa família...