Narrado por Fernanda
(...)
_ Meu deus, Luan! O que foi isso? -levei um susto daqueles quando o vi com a camisa toda suja, vermelho feito um pimentão e com muita raiva.- Luan...
_ Ele andou se desentendendo com o Murilo, foi isso Nanda. -Rober disse na maior naturalidade e meu susto foi ainda pior, os dois se estranhando.- Mas agora está tudo bem.
_ Como bem? Ai meu deus, ele te bateu amor? -me aproximei tocando seu rosto, ele negou com a cabeça.- Você está bem? Por quê está com a roupa toda suja? Luan...
_ Eu... eu tô bem Fernanda, e preciso de um banho. -soltou os ombros que estavam tensionados.-
_ Seu rosto está muito vermelho... -acariciei sua barba, ele pegou minha mão levando-a até sua boca e depositando um beijo.- Eu levei um susto, sabia? -sussurrei.-
_ Eu tô bem... é nós precisamos ir pra casa.
_ Não, mas... quem vai ficar com ela?
_ Ela não pode ter acompanhante, voltaremos amanhã cedo... o médico quem disse. -coloquei as mãos no peito preocupada, ele beijou minha testa.- vai ficar tudo bem... vamos?
_ Vamos, eu...
_ você precisa descansar, foi um dia muito cheio para todos nós e... precisamos colocar um pouco da cabeça em ordem.
_ Luan, tem imprensa aí fora... você...
_ Não vou falar com ninguém, não estou com cabeça pra nada disso agora. -falou pegando sua blusa de frio e vestindo-a, pegou minha mão e fomos em direção a entrada onde estavam estacionados os carros. Luan e eu fomos com o Amarildo que deixaria primeiro Nayara para que fôssemos para sua casa.
Durante o caminho tentamos nos distrair ouvindo uma rádio qualquer, mas o clima ficou tenso quando o radialista comentou sobre o acidente. Ainda bem que pelo horário não demoramos tanto, e quinze minutos depois de deixarmos a menina nós chegamos em casa. Abri a porta e entrei encontrando Helena mais que acordada, estava conversando com a avó enquanto Maria Luísa dormia no sofá e Arthur vinha da cozinha, descalço.
Mari ainda estava na sala com os três assistindo um filme infantil, lhe cumprimentamos e depois de um breve descanso contei o que de fato aconteceu e sobre o posicionamento do médico, ainda falamos sobre o estado atual da Mê e qual o horário da visita no dia seguinte. Levantei para ir ao banheiro, passei pela cozinha para tomar um pouco d'água quando Puff veio pro meu lado todo faceiro, e foi assim que lembrei que o pobre do Thor estava sozinho naquela mansão enorme.
_ Agora você vai ganhar um amiguinho além do Tobias. -falei me abaixando para pegá-lo no colo, ele veio todo agitado mas com meus carinhos em sua cabecinha foi sossegando.- O Thor, que está lá em casa. -Puff deitou a cabeça, ficou quietinho.- Não fica assim, ainda vai continuar sendo meu primeiro amor canino. -beijei seu focinho e o coloquei de volta no chão para que corresse até a sala.-
_ Querem ir jantando? Amarildo subiu para tomar um banho, mas vocês devem estar azul de fome.
_ Aí sogra... -fiz bico e ela se levantou sorrindo, me conhecia bem demais.-
_ Está uma delícia, não diga não para a minha comida. E tenho certeza que os dois não comeram ainda.
_ Mãe, eu não tô com fome.
_ Papai não podi fica de fome. Tem que papar tudo a vovó disse. -Helena que estava em seu colo lhe advertia com aquele jeitinho delicado, nada eu.-
_ Estou né? Comer já... -falou entrando na cozinha.-
_ Vamos ficar aqui né?
_ Não posso, deixei o Thor sozinho.
_ Thor? Quem é Thor, Fernanda? -franziu a testa.-
_ Um filhote que recebi de presente.
_ Presente? Quem anda te dando presentes? -ri.- Não achei graça... quem foi?
_ Com ciúmes amor? Olha minha idade.
_ Isso não respondeu minha pergunta. -falou mais sério, todo rabugento.- Não vai falar?
_ Melissa me deu ele. Satisfeito, senhor ciúmes? -me aproximei segurando seu rosto e dando um beijo em sua testa.- E ele está sozinho desde que a Lila foi me buscar. Não sei se está com fome, sede ou se mijou no meu tapete... -falei imaginando a zoa que deveria estar no meu quarto.-
_ Filhote do que?
_ Da sua raça, canino.
_ Haha. Palhaça. -mordeu minha bochecha e se levantou indo para a cozinha ainda com Helena em seu colo. -Olhei para o lado e Arthur estava todo largado, olhando para a Tv.-
_ Filho, cadê suas coisas?
_ No quarto do meu pai. Por quê?
_ Nós vamos pra casa, precisa pôr blusa né? Pegar sua mochila da escola...
_ Ah não mãe, não queria ir amanhã... quero ver minha irmã, minha vó falou que ela foi atropelada.
_ Ela vai ficar bem meu anjo e logo estara em casa conosco. -respirei aliviada, menos apreensiva.- Vamos?
_ A senhora não ia comer?
_ Danadinho, nada de dormir hein.
_ Até a Maria já dormiu.
_ Eu sei. -ri.- Dormiu sem tomar banho ainda, olha a cor desse pé no sofá da sua vó.
_ Ela nem liga, minha vó nem briga com a gente... Nunca.
_ Não é por isso que vocês tem que abusar.
_ Fernanda! -ouvi Luan me chamando da cozinha, levantei de perto das crianças e segui para o cômodo mais gostoso de toda casa. A cozinha. Mari havia feito arroz, feijão e frango cozido com quiabo.- Não vai jantar?
_ Só um pouquinho, meu apetite está zero.
_ Sei viu. -brincou ele. Sentei-me ao seu lado, peguei o prato colocando pouca coisa de comida e jantei.- Estava uma delícia, nossa.
_ Obrigada querida.
_ Vamos amor, vai ficar ainda mais tarde. -falei.-
_ Pensei que fossem ficar por aqui, arrumei até as camas.
_ Não podemos mamusca, agora temos um cachorro que não conhece a casa e ficou mais de três horas sozinho.
_ Um au au?
_ Sim. -respondeu apertando o nariz dela.- O Thor.
_ Ôh tadinho, deve estar chorando muito.
_ Espero que não, viu. Até porque eu preciso dormir. -dizia rindo.- Dá tchau pra vovó, amor.
_ Tchau vovó, manhã eu venho. Tá?
_ Tá bom minha princesinha, até amanhã. Boa noite.
_ Isso. -riu.- Papai vamo.
Retirei as louças que havíamos usado e rapidamente passei uma água e deixei no escorredor que ficava em cima da pia.
Luan estava arrumando o carro, subi e peguei as três mochilas das crianças e sai do quarto. Mari estava com Helena descalça no colo, sem calça e dando risada.
_ Helena. -chamei sua atenção.-
_ Oi mamãe.
_ Cadê sua roupa e seu chinelo?
_ Fiz xixi e minha vó tirou.
_ Tá sem vergonha né mocinha, quase na hora de sair das fraldas.
_ Sô moxinha mamãe.
_ Isso mesmo, a mocinha da mãe. -beijei sua testa e fui guardar as coisas no bagageiro. Luan estava ajeitando a cadeirinha, ajudou pegando Maria Luísa no colo e levando-a para o carro. Helena beijou o rosto da avó e veio para o meu colo, Arthur repetiu o gesto e entrou na porta de trás já colocando o cinto.- Deixa eu prender direitinho.
_ Ah não, faz dodói no pecoço mamãe.
_ Faz nada, anda. -ela ficou de bico, beijei sua testa e me afastei fechando a porta e assumindo meu lugar.
Não morávamos longe dos meus sogros, mas isso não quer dizer que não demoramos para chegar em casa, o que aconteceu meia hora depois.
_ Thor!? -o chamei assim que abri a porta e acendi as luzes da sala, entrando em casa.-
_ Totó né mamãe? -fiz que sim com a cabeça.- Totó, tade você?
_ Ele é pequeno? -Arthur perguntou subindo no sofá.-
_ Por enquanto, porque ele deve crescer bastante. -disse.-
_ Na escada, mamãe!
Thor vinha com a língua pra fora e abanando o rabo, achei lindo e soltei Helena no chão para brincar com ele.
_ Totó, vem cá.
_ Amor, ele é menor que o Puff. -Luan comentou abraçando-me por trás.- Mas é bonitinho.
_ Cadê a Malu?
_ No quarto dela, dormindo.
_ Ouviram né? -falei para Arthur e Helena que me ignoraram, dois sem vergonhas.- Arthur Santana.
_ Mãezinha linda, eu não tô com sono e também não quero ir amanhã pra escola.
_ Tamém não quelu ir, é chato!
_ Você vai pra escola fazer desenho e brincar, você vai sim senhora.
_ Quelu o Totó! -deitou-se abraçada ao Thor que mexia as patinhas querendo sair daquele aperto.- Fica queto!
_ Coitado desse cachorro, porque essas meninas vão matar ele em menos de uma semana. -falou sério.- Thor! -ele levantou a cabeça e voltou a pôr a língua pra fora.- Rola...
_ Ah, vai dormir menino. Amanhã você tem aula.
_ Mãe...
_ Aconteceu alguma coisa lá que você não quer ir?
_ Não, eu só queria ficar em casa.
_ Vou pensar, agora pra cama... já.
_ Mamãe, quelu o Atur.
_ Você tá atrás de bagunça. Não, nós vamos para o seu quarto mocinha.
_ Mamãe... -fez beicinho, toda fofa.-
_ Levanta princesinha linda, papai te põe pra nanar.
_ Quelu o Atur, papai.
_ Amor...
_ Filho a mãe vai tomar banho, quando ela dormir avisa seu pai. -beijei a testa dele e subi deixando o Luan com os três nenéns.
Jogar uma água no corpo foi relaxante, a temperatura quente parecia me massagear e tirar um pouco da tensão que estava em meus ombros.
_ Passou neném, deixa o papai ver...
_ Ele fez dodói ni mim papai. -escutei minha pequena chorar, desliguei o chuveiro e ao sair enrolada na toalha dei de cara com os quatro no quarto. Thor no colo do Arthur e Helena deitada no colo do pai, toda manhosa.-
_ Foi de brincadeira, nem machucou.
_ Mãe, ele arranhou a cara da Nena.
_ Deixa a mamãe ver, filha. -ela mostrou o rosto, tinha sido um arranhão grande e nela que era branquinha ficou bem vermelho.- Tá doendo?
_ Bicho feio!
_ Não filha, ele é amiguinho... ele estava brincando com você.
_ Totó faz dodói, não quelu brinca não. -voltou a deitar a cabeça no peito do pai. Entrei no closet e me vesti com um pijama, sequei um pouco os cabelos e voltei para o quarto.- Mamãe, quelu tetê.
_ Agora, filha? -ela fez que sim com a cabeça. Calcei meus chinelos, pedi pro Luan colocar meu celular pra carregar e segui até a cozinha onde preparei a mamadeira para a bonitona.-
_ Mãe, tô com sono. Boa noite. -beijou meu rosto e foi pro quarto dele.-
_ Helena, filha...
_ Tetê.
Ela que já estava bem a vontade na minha cama, tomou toda a mamadeira, deitou e dormiu. Luan tomou banho e juntou-se a nós na cama e dormimos por algumas horas.
Na manhã seguinte acordei cedo e fui chamar as crianças, primeiro coloquei Arthur para tomar banho... "Até porque ele não gostava de eu dar banho nele, porque estava crescendo!" ... já as meninas eu não tive problemas em dar banho nas duas juntas e trocá-las para irem à escola.
_ Eu não quelu! -Helena resmungava de olhos fechados, era toda chatinha pela manhã.-
_ Mãe, deixa eu ir pra escola dela... -Arthur brincou.-
_ Não! -franziu a testa, ri.-
_ Ôh mãe, deixa eu ir na casa de uma amiga hoje?
_ Não vai na casa de amiga nenhuma Maria Luísa, vai ir pra casa da vó comigo.
_ Você não é meu pai, nem a minha mãe.
_ Tá vendo mãe, ela não me respeita.
_ Vocês dois começam cedo hein, podem parando.
_ Mas mãe... -disseram juntos.-
_ Malu, você pode sim ir na casa da sua amiga. Mas eu tenho que conversar com os pais dela antes tá? -Arthur olhou indignado, prendi o riso.- E filho, sua irmã te respeita. Mas não é por isso que você tem que mandar nela, falar o que ela pode ou não fazer.
_ Essa história de cuidar é tudo balela.
_ Meu homenzinho, mamãe te ama viu. E sei que você quer cuidar das suas meninas, mas vai com calma. -beijei sua testa.- Leninha, vamos comer tudo amor?
Após o café da manhã todos os três foram escovar os dentes. Os deixei na sala vendo TV e subi para trocar de roupa, coloquei um shorts e uma blusinha e nem me dei o trabalho de pôr um sutiã. Peguei meu celular e desci.
(...)
De volta em casa, Luan ainda dormia. Aproveitei e dei uma geral nos quartos, sala e cozinha. Tomei café e liguei pra Isa avisando que não iria para a empresa e pedindo que ela fizesse o favor de remarcar todos os compromissos da semana.
_ Ei garotão, você já acordou? -ele latia e pulava, querendo brincar.- Eu nunca tive cachorrinho, sabe? -o peguei no colo.- Mas deve ser mais fácil que ter um tigre, não é? -ele ficou com a cabecinha de lado me olhando e quando sorri, ele lambeu minha boca.- Safadinho. -ri.-
_ Falando sozinha?
_ Amor, eu sei que você está em casa, que estamos sozinhos... mas nem por isso você precisa desfilar pela casa pelado. -ele riu.-
_ Você nunca reclamou. -deu-me um selinho.- Bom dia.
_ Ele mole não tem nenhuma utilidade para a minha pessoa meu amor, nenhuma.
_ Nossa, que descarada você minha gatinha.
_ Gosto dele bem duro, sabe? -risos.- Não vai tomar banho?
_ Tô com sede, e não ia tomar água do banheiro.
_ Aí meu deus, pelo amor. Vai logo, estou te esperando.
_ Tô com fome.
_ Seu café está pronto, tudo na bancada. Vai se ajeitar, antes que eu saia sem você. -ele fez careta, me beijou e foi para cozinha.- Luan?
_ Pois não senhora...
_ Queria um docinho.
_ Hm... e?
_ Nossa Luan... tá vendo né Thor?
_ Para vai, para de drama sua danadinha. -voltou trazendo bombons de chocolate branco e crocante.- Vou subir pra tomar banho.
_ Não demora!
_ Para de ser chata, eu hein...
_ Tá vendo Thor, aí assim que esse safado me trata. -ele riu e depois de me roubar um beijo, subiu.
Eu estava pronta, minha bolsa estava no carro desde cedo. Luan não demorou, logo desceu e assim que acabou de comer lavou, secou e guardou a louça suja. Demos comida pro Thor, pegamos as coisinhas dele e o colocamos no carro porque hoje ele iria conhecer a vovó e o irmãzinho.
_ Aí que coisa mais linda, Fernanda. -o pegou no colo.-
_ Muito fofo, vontade de morder muito.
_ Preciso ter ciúmes?
_ Só do professor da academia, um puta de um negão. -brinquei e ele ignorou, entrou na casa da mãe voltou depois de uns cinco minutos, comendo.- Luan.
_ Bolo de milho. Ainda tem, cê quer?
_ Eu quero ir logo ver a Melissa.
_ Já estamos indo. Tchau mamusca, continua rezando ai. -beijou minha sogra e foi para o carro, me despedi e fiz o mesmo depois de deixar um beijo no focinho do Thor.
O hospital onde Melissa estava era um pouco longe da nossa casa e mais ainda da casa dos meus sogros, coisa de 45 minutos. Assim que chegamos formou-se um pequeno tumulto, porque haviam alguns "curiosos" fotografando, querendo colocar microfone na nossa boca e essas coisas ridículas.
Entramos com a ajuda da segurança do hospital, pegamos os crachás de acompanhantes e entramos para vê-la.
_ Luan, Fernanda. Bom dia.
_ Bom dia doutor, tudo bem?
_ Tudo. Podemos ir até a minha sala? -senti meu sangue esfriar, um calafrio enorme.-
_ C-claro, por favor. -Luan beijou minha mão e sussurrou que tudo ficaria bem.
Entramos, nos sentamos e ele continuou com sua feição normal, sem expressões.
E então ele disse simplesmente que nossa filha não havia acordado mesmo que eles houvessem cortado a medicação que a mantinha sedada. Luan me abraçou forte e eu não disse nada.
_ Voltamos com a medicação antiga para que ela tenha uma reação, mas ainda é cedo para termos algum diagnostico. Na verdade, iremos refazer todos os exames e...
_ Eu quero transferir minha filha de hospital, quero que ela fique no hospital onde somos conveniados. -falei séria, mesmo que estivesse interrompido o médico.- Não é nada pessoal, eu apenas me sentiria mais segura... se me entende.
_ Perfeitamente, irei providenciar a papelada agora mesmo. -disse virando-se para o PC.-
_ Nós podemos vê-la? -ele assentiu, ligou para alguém e em poucos segundos a porta se abriu, uma enfermeira entrou e pediu que fôssemos com ela.- Filha...
_ Amor, ela só precisa de mais tempo. Está tudo bem, tá?
_ Luan... -falei com a voz embargada.- Nossa filha. -o senti me abraçar e fechei os olhos. Ficar ali dentro não estava me fazendo bem. Melissa estava imóvel, olhos fechados e respiração fraca, um tanto pálida e com os batimentos cardíacos devagar. Tudo tão... estranho. Melissa foi um bebê calmo, mas desde que aprendeu andar não sabia o que era sossego e nos deu menos sossego ainda quando aprendeu a falar, era uma menininha linda e bem peste, mas um amor.
Beijei sua testa e sussurrei algumas palavras em seu ouvido, alisei seu rosto e me sentei ao lado dela, encarando-a para tentar entender o que havia acontecido. Porra! Estava tudo caminhando para ir bem. Eu e ela estávamos nos entendendo, aquela carta... Ah! Aquela carta... como ela me trouxe recordações gostosas de sempre lembradas. Confesso que derramei algumas lágrimas, mas logo as limpei... aquilo não seria um longo status. Apenas uma passagem e logo minha filha estaria bem, estaria em casa e fazendo pirraça outra vez.
Narrado por Luan
Nem nos meus piores pesadelos me imaginei em um momento como esse. Sabe, isso pra um pai é horrível. E como marido é pior ainda. Minha filha em uma cama de hospital e minha esposa sofrendo calada.
Fernanda estava perdida em seus pensamentos, silenciosamente se perguntando coisas que eu nem imaginava. E sabe? Eu também estava me sentindo assim, parte de mim estava faltando. A minha maior parte eu diria. Melissa é minha primeira filha e a que me apresentou ao mundo de um jeito especial. Ate porque eu amar meus pais, meus familiares, meus fãs, minha mulher... não se compara ao amar meus filhos, meus sobrinhos.
Eu dou a vida por eles se preciso for!
Muitas vezes eu chorei porque um deles estava chorando com cólica ou com a vacina ou até mesmo por ter que viajar e deixá-los. Mas ela sentiu tudo isso com muito mais intensidade. Acompanhou os meus maiores momentos, as quedas emocionais também. Só que ela me fazia querer ser o melhor a cada dia... chegar em casa depois de uma rotina cansativa de shows e querer receber aquele abraço gostoso e brincar de bonecas, casinha, salão de beleza. Lógico que poucas pessoas sabiam desse lado "pai de menina" que deixava ela encher minha boca de batom e pintar minhas unhas de rosa, vermelho, preto... "Ah Melissa! Como você cresceu filha. E posso falar? Está um mulherão, devo admitir com o maior respeito e orgulho do mundo. Seu maior... erro, foi entregar algo tão puro a um vagabundo da pior espécie. Como eu me odeio por não ter dado fim naquele infeliz quando ele bateu na sua mãe."
Sai um pouco da sala em que ela estava e liguei pro Testa, trocamos uma ideia e ele disse que iria deixar Isadora em casa e que viria pra cá. Agradeci o apoio e me sentei em um banco para olhar as mensagens do meu celular, que eram muitas.
Não respondi muita gente, na verdade foram apenas os mais próximos, como: minha irmã, o Dudu e a Lêzinha. Guardei o celular e fui ao banheiro, quando voltei Fernanda estava no celular do lado de fora da sala, com o nariz vermelho e semblante abatido. Devagar me aproximei e abracei sua cintura, ela desligou e virou para retribuir o gesto.
_ Era meu pai. -disse baixinho.-
_ Como ele está?
_ Todo preocupado, né amor. Se dependesse dele, ele já estaria aqui.
_ Ele se apegou demais à ela.
_ Difícil encontrar quem não tenha esse apego todo. -sorriu.-
_ Como ficou a transferência?
_ Ela vai agora no começo da tarde, vai para o mesmo hospital que meu pai ficou quando sofreu o acidente de avião.
_ O melhor da região. -beijei sua testa.-
_ Eu não gosto de hospitais, amor.
_ Eu sei minha princesa, mas é preciso né. Iremos sair daqui logo, você vai ver.
_ Se Deus quiser!
Narrado por Fernanda
No início da tarde realizamos a transferência da Mê, e foi o momento em que Luan e eu decidimos dar um parecer sobre o assunto. Não que tivéssemos essa obrigação e sim em respeito e consideração aos fãs que a todo momento mandavam mensagens positivas, questionavam e ligavam na central atrás de notícias. Não sabíamos o que dizer, também não queríamos dramatizar demais e parecer algo apelativo.
Arleyde nos orientou a escrever no instagram e acabe o assunto ali mesmo, sem dar margem para mais e mais boatos.
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fermarques Primeiro em meu nome e do @luansantana queremos agradecer por cada mensagem positiva, cada telefonema e pela preocupação com a nossa "pequena". Pois mostra o quanto ela é amada por nós e mais ainda por vocês. E em segundo, nós queríamos dividir com vocês o que está acontecendo. Melissa sofreu um acidente ontem pela tarde e permanece hospitalizada, a situação é delicada, mas sabemos que ela é forte e logo estará em casa. Obrigada por todo carinho, amamos muito vocês.
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_ Antes de eu dar qualquer diagnostico iremos refazer todos os exames, avaliar os medicamentos e somente após os resultados que teremos uma certeza.
_ E em quanto tempo isso?
_ O mais breve possível. -concordamos.- Peço que não pensem o pior, a paciente sente. Ela está dormindo, ela os escuta e não precisa escutar o óbvio... -sorriu.- ...ela é jovem. Qualquer que seja o quadro ele tem grandes chances de ser revertido. (...)
Nós pouco falamos, mas eu estava um pouco mais tranquila. Até entramos para vê-la outra vez, mas tivemos que sair para a realização dos exames. Luan e o proprio médico sugeriu que fôssemos para casa e que ele ligaria caso alguma novidade aparecesse. Lógico que eu não queria ficar, mas o que nós iríamos fazer ali? Luan queria ir buscar as crianças e eu o disse que me sentiria melhor se ficasse na casa da Lila. Precisava conversar e ela era minha melhor amiga, não que meu marido não fosse meu amigo... é apenas a maneira que cada um tem de lidar com a sua propria dor.
~.~
Foi um capítulo bem completo, embora um tanto vago. Melissa internada é muito triste, até porque era ela quem agitava os melhores acontecimentos na casa e na família. Enfim... nossa casal está abalado, a família está começando a sentir... mas os pequenos ainda parecem tranquilos, Ester mandou mensagem, mas ainda não apareceu. E agora hein? O que sera que vai rolar?
Espero vocês no próximo. Beijos!