{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Capítulo 259

{...} Um mês depois {...}

Narrado por Fernanda
  Realizar sonhos traz uma sensação boa, surpreendente e ao mesmo tempo inexplicável. Não tinha palavras que pudessem descrever o quão feliz eu estava ao estar perto de completar mais um ano de vida trazendo com este novo ano toda a bagagem de muitos momentos. Momentos felizes, momentos de total aflição, momentos de muito medo, e pensar que cada novo momento me trazia uma nova lição.
  Confesso que nem em meus sonhos mais longos da adolescência eu imaginei que chegaria aos 44 anos sendo uma advogada renomada, uma empresária de muita competência e uma mãe foda! Foda mesmo, porque não é para qualquer uma não! Tudo bem que sacrifiquei noites de sono, chorei feito uma desesperada, errei em algumas decisões... mas entre mortos e feridos, tudo se saiu bem.
  Tive muita ajuda nestes anos todos e sou muito grata a cada um dos que contribuíram na minha chegada até aqui.   Pais mais que presentes e atenciosos, amigos mais chegados que irmãos, um marido espetacular e sem contar meus sogros e minha cunhada que também me ensinaram pra caramba! Não tenho do que reclamar, nem mesmo o que pedir, somente agradecer!


(...)

_ Pai! Que bom que o senhor ligou, eu já estava com saudades. -falei ao atender toda feliz, sorrindo.- Boa tarde.
_ Bom tarde, estou com saudades também. Como você está?
_ Bem graças a Deus, cheguei da empresa tem quase uma hora, estava tirando os sapatos e pondo os pés para cima.
_ Tá sozinha, é?
_ Por incrível que pareça, sim. Amarildo buscou a Nena na escola e ela vai dormir por lá hoje... Maria Luísa foi encontrar com a Melissa no shopping e seu neto não diz não ao futebol, mandou mensagem agorinha dizendo que ta com os amigos da escola.
_ E vai até que horas?
_ Antes das dez, amanhã ele tem aula.
_ Hm... Luan tá viajando?
_ Quase um mês que ele não vem pra casa. -falei com saudades, olhando para as nossas fotos na estante.- Ele não parou depois que voltou da folga de seu aniversário.
_ Eu imagino, andei olhando a agenda dele e acompanhando as notícias pela internet. Tá corrido.
_ Bastante. Mas chega de falar daqui, né pai? Quero saber como estão, como foram de viagem... hein?
_ Sou quase um russo, querida. -riu.
_ Gostou mesmo de lá hein.
_ Olha, foi bom voltar depois de mais de vinte e tantos anos. O lugar continua surpreendente e de tirar o fôlego. -suspirou.- Valeu muito a pena.
_ Aí que linda, eu imagino que sim, pai. Foram ao teatro?
_ Cinco noites incríveis, sua mãe chorou em todas elas. -cochichou.- Mas não conte à ela que eu te disse hein...
_ Segredo nosso. -falei cochichando também.
_ Sem contar que ela queria entrar em todas as lojas que passávamos em frente... -meu pai passou horas falando da viagem e foi muito gostoso, ele estava em casa e minha mãe dormindo.
_ E meu irmão, como foi ficar sozinho?
_ Disse ele que tranquilo, não deu festas, não voltou tarde para casa... fez uma socializinha com uns amigos e estudou.
_ Estudou? Eu no lugar dele teria pausado uma semaninha nos estudos, oh que delícia, pai.
_ Ele é um homem responsável, Fernanda.
_ Meu irmão, né (risos)? E a namorada?
_ Não é namoro, é conhecer mais... disse ele.
_ Que mané conhecer, pai. Ele tá um safado.
_ Trouxe ela aqui duas vezes. Sabia que ela trabalha na CDM?
_ Tá brincando, né? -perguntei curiosa.
_ Não, é sério, ela trabalha no setor de contabilidade. É mais velha quatro anos... tem gêmeos, um casal.
_ Pai! Meu irmão é um bebê ainda.
_ (risos)! Eles se dão bem, ela é uma boa pessoa.
_ Ótima, tô vendo já. -revirei os olhos.- E minha mãe não disse nada?
_ Quando você arrumou namorado não dissemos nada.
_ Só não iam com a cara dele.
_ Hoje nos damos muito bem, não poderia ter tido genro melhor.
_ Agora ficam aí babando um no outro.
_ Sempre fui um sogro espetacular, fala aí filha.
_ Sempre mesmo, meu homem! O que eu mais amo na vida toda.
_ Antes ou depois do seu marido? -riu.
_ Pai, não muda de assunto não. Meu irmão está de namorico com uma mulher muito da experiente, o senhor não acha não?
_ Experiente? -riu.
_ É. Se tem filhos, já foi casada. Se era boa esposa por que largou do marido? E se ela quiser se encostar no meu irmão? Eu mato ela, pai.
_ Sempre desconfiada, né?
_ Cuido dos homens da família.
_ Ela é uma moça de família, não chegou a se casar.
_ E o senhor soube disso em duas vezes que a viu?
_ Não, né... trabalhamos na mesma empresa, mas foi seu irmão quem me contou isso.
_ Não casou? Pai...
_ Ela não é uma encostada, estudou muito e é bastante esforçada. Cuida sozinha dos filhos, mora com o pai, a mãe já é falecida.
_ Hmm... e ela sabe que o Heitor tem uma irmã?
_ Não só sabe como te conhece, por fotos né... todo mundo aqui sabe que tenho uma filha mais velha.
_ Eu mesma. Tem foto dela aí pai? Me mostra...


  Meu pai estava achando engraçada a minha preocupação, meu couro cabeludo estava coçando de ansiedade, nervosismo... sei lá que merda que era.
  Mas nosso assunto não foi só esse, falamos sobre mais coisas! Matei um tantinho da saudade que estava de escutar a voz dele em uma ligação e não por áudio apenas.


_ Paizinho, preciso tomar um banho. E ligar pro Luan, ele deve estar acordando agorinha.
_ Vai lá então, nos falamos depois. Te amo, tá?
_ Também amo o senhor, dá um beijo na minha mãe e no cabeção do Heitor.
_ Pode deixar, manda um abraço pro Luan e beijo para os meus netos.
_ Sim senhor. -falei me despedindo.


  Desligamos e tive um tempinho para tomar um banho enquanto o celular carregava um pouco, vesti um pijama e coloquei meias. Prendi os cabelos e subi na cama, pegando o celular. 
  Liguei, chamou, chamou, chamou e caiu.   Tentei outra vez e nada, mais uma e desligado. Mandei mensagem para o Rober e soube que ele já estava subindo no palco e disse que me ligaria assim que desse. Fiquei bicuda, mas entendia.
  Aproveitei para ligar para as meninas e saber onde estavam, fiz o mesmo com o Arthur que disse estar chegando e tinha esquecido as chaves. Desci para abrir a porta, olhei na rua e ele vindo com outros três ou quatro meninos. 


_ Boa noite, mãe.
_ Boa noite, filho. Oi meninos, boa noite.
_ Boa noite. -disseram em coro.
_ Vão direitinho pra casa, hein. -falei entrando e meu filho todo suado, grudando e todo sujo querendo me abraçar.- Arthur, vai pro chuveiro, vai.
_ Depois a senhora fala que me ama. Só tô suado, pô. -o abracei com força, bem gostoso.- Por isso que eu amo a senhora.
_ Eu sei, também te amo sujeirinha.
_ Sem graça. -apertou meu nariz.- A dupla de M's ainda não chegou é? Cadê a Nena?
_ Não, a dupla está no shopping e a Leninha vai dormir fora.
_ Onde? -perguntou cruzando os braços.
_ Na sua avó, Arthur.
_ Ah bom, é assim que começa. -falou todo "sério".- Mãe, quero viajar no meu aniversário.
_ Viajar? Mas nem são férias... pra onde você quer ir?
_ Orlando.
_ Quer ir pra Orlando sozinho?
_ Bom... não sozinho, né mãezinha. Julia vai comigo.
_ Entendi.
_ A senhora não vai ficar chateada, né?
_ Vou, mas você quer ir... pode ir.
_ Tá brincando, né?
_ Não, não tô brincando. Queria passar seu aniversário com você, meu filho.
_ Mãezinha, olha aqui pra mim... sem ciúmes, eu te amo, tá?
_ Tá. -falei e fui para a cozinha tomar água e ele subiu para tomar um banho.- Alô? -atendi o telefone.
_ Como tá o amor da minha vida? -sorri automaticamente.- Boa noite, vida.
_ Oi meu amor, que saudades! Como você está?
_ Com fome. -riu daquele jeitinho gostoso e todo dele.- E com saudades de vocês, como estão as coisas por aí?
_ Muito bem, graças à Deus. As meninas estão no shopping, Arthur chegou agora pouco e a Nena está na sua mãe.
_ Pondo minha mãe doida lá. -riu.- Lucas e Tobias estão por lá também.
_ Aí minha nossa senhora. -ri.- Helena ama uma farra.
_ Filha de quem né?
_ Minha mesmo (risos)! E o show?
_ Incrível como sempre, bom demais da conta. Atendi uma Fernandinha no camarim hoje.
_ Fernandinha, amor?
_ Ela tem um aninho e meio, beeeeem bochechuda e sorridente, até chorou pra sair do meu colo.
_ Até eu iria chorar, né amor. Como ela é?
_ Gata igual a mãe. -falou rindo da minha cara.- Parece de porcelana.
_ Tem foto sua com ela né?
_ No meu celular e na internet deve ter tamém. 
_ Me manda, né? Quero uma exclusiva pra postar no meu instagram também.
_ Pra mostrar que está por dentro de tudo?
_ Exatamente isso, amor (risos). Já chegou no hotel?
_ Ainda não, é pouco longe. Acho que vamos jantar primeiro... "Lelê, vamos direto ou vamos comer?" "Você que sabe, se formos direto põe aí mais uma horinha... mas também não conheço muita coisa por aqui." "Tanto faz." Vida, não decidimos ainda.
_ Enrolados. -ri.- Tenho muita coisa pra te falar, sabia?
_ Ah é, muita coisa sobre quem?
_ A primeira delas foi que meu pai me ligou e amor, ficamos muito tempo no telefone e falamos de tudo... -disparei a falar e Luan interagia comigo, comentando uma coisinha e outra. Falei de como os meus pais estavam, Heitor e já contei da namorada mais velha e ele só sabia rir da minha cara.- Você ri porque não é seu irmão.
_ Ah, o Rafael é mais velho que a Bruna... tem a minha idade.
_ Ele é homem, é comum o cara ser mais velho. E mesmo assim quando os dois namoraram não tinham filhos...
_ Ah! Então o problema é ela ter filhos?
_ Também, você não entende. Meu irmão tem só 19 anos, não terminou a faculdade, ainda mora com os meus pais, tem ali o ciclo de amigos da idade dele e é tão tranquilo. Aí me arruma uma mulher mais velha, experiente e com dois filhos!
_ Hmmm e qual o problema?
_ Qual é a mulher resolvida da vida e madura, como disse meu pai, que namora um menino que mal saiu das fraldas?
_ Você tá com ciúmes, é isso.
_ Não é ciúmes, é cuidado. E se ela for uma interesseira? 
_ Seu irmão iria descobrir um dia, vida. Acontece.
_ Você não está me ajudando, Luan.
_ Tô sim. -riu.- Não acho certo você ficar detonando a mulher que você nem conhece, seu irmão ficaria chateado assim como o seu filho ficou.
_ Nossa, não precisa falar assim também... estou falando para o bem dele, só.
_ Seria o mesmo que minha irmã ser contra nós dois ou sua mãe não gostar de mim, e ficarem o tempo todo falando mal. Não é legal, por melhor que seja a intenção.
_ Já entendi, amor. Desculpa. -falei toda bicuda, odiava sem repreendida assim.
_ Para de fazer bico, vai. Não tô te dando bronca. -falava todo com jeitinho, calmo, suspirando.
_ Tudo bem, amor.
_ Tudo mesmo?
_ Sim. -falei.- Amor?
_ Oi, vida.
_ Seu filho não quer comemorar o aniversário dele com a família.
_ Não é bem isso, vida. Ele não estava pensando em fazer festa, só.
_ Ah, então você já sabia e não me contou?
_ Ele me procurou, disse que estava pensando em viajar. Pensando, amor. Não tinha dado certeza.
_ Pois agora ele deu, quer viajar com aquela menina abençoada.
_ Julia.
_ Acredita nisso?
_ Quantas vezes nós viajamos juntos?
_ Não no nosso aniversário, eu sempre passo em família. -falei.
_ Os tempos são outros, amor. Eles cresceram e já não querem fazer as mesmas coisas que nós.
_ Você fala assim, tranquilo?
_ Quer que eu faça o que? Ou melhor, que eu fale o que?
_ Não sei, Luan. -ficamos um tempo em silêncio, escutei um barulho de carro e fui olhar na janela. Eram as meninas descendo do carro.
_ O que foi?
_ As meninas chegaram.
_ Essa hora? Onde elas estavam?
_ No shopping, batendo perna desde cedo. Melissa nem pra faculdade foi hoje.
_ Ela que não fica ligeira não, faculdade não reprova, mas tem DPs.
_ Sei. -bocejou.- Chegamos aqui no restaurante, depois te ligo pode ser?
_ Pode amor, boa janta. Te amo.
_ Também amo você, obrigado.
_ Tchau.
_ Tchau. -e desligamos.
_ Mãe! A senhora não sabe, comprei lingeries. -Maria Luísa contou colocando as sacolas em cima do sofá, peguei Thor no colo.
_ Algum motivo especial?
_ Minhas calcinhas são de ursinhos, flores...
_ E o que tem demais nisso?
_ Nada, ué. Mas agora eu compartilho, né mãe.
_ Eu falei pra ela que ia ser bom ter um ou outra na gaveta. -Melissa disse sentando no sofá.- Também comprei umas.
_ Comprou? -perguntei.
_ Sim. Mas irei me desfazer de umas antigas, velhinhas sabe?
_ Sei sim dona Melissa. E trouxeram o que mais?
_ Maquiagem! 
_ Roupas.
_ Alguns sapatos.
_ Muitos acessórios. -disseram juntas, rindo.
_ Escandalosas (risos). 
_ Mãe, essa aqui é muito sua cara. -mostrou uma blusa com as costas toda aberta e uns detalhes na parte da barriga.
_ Não tenho mais idade pra isso não, tô até criando uma barriguinha. -falei mostrando o culote.
_ Tá muito gostosa isso sim, nova. Nem parece que tem quatro filhos e vai fazer 44.
_ Quem me dera. -disse bocejando.
_ Tá com sono, né?
_ Bastante. -falei mexendo nos cabelos.- Vão subir?
_ Sim, subir, tomar um banho e deitar.
_ Também, tô com frio. Quero colocar pijama e pular na cama.
_ Mãe! -olhei e Arthur descia as escadas descalço, de shorts do pijama e sem camisa.
_ Uau, que gatinho hein. -Malu alisou seu peitoral.
_ (risos)! Gostoso, né?
_ Muito. -Melissa falou.- Tudo bem?
_ Ótimo. -respondeu colocando a mão no peito.- Mãe, tô com fome.
_ Não comeu na rua não é?
_ Hot dog. -fez careta.- Ainda tô com fome.
_ Na cozinha tem janta, eu acho.
_ Não queria comer sozinho?
_ Ô carência, gente do céu. Que bebê ele, mãe.
_ Cuida da sua vidinha, cuida Melissinha.
_ Você é minha vida. -beijou o rosto dele e subiu.
_ Boa noite, Art. Boa noite, mãe.
_ Boa noite. -respondemos.
_ E posso saber o que é que você quer comer Arthur?
_ Qualquer coisa feita pela senhora. -beijou minha bochecha e me pegou no colo, indo para a cozinha.
_ Juro que se você me derrubar, Arthur... menino. -ele me desceu e riu.
_ Coisa linda.
_ Agora é linda, né?
_ Tava pensando aqui, mãezinha... quero viajar na semana do meu aniversário, mas vou passar o dia com vocês.
_ Sério, filho? -perguntei com os olhos brilhando, feliz mesmo.- Não tá brincando, né?
_ Não, mãe. Sei o quanto a senhora se esforça para ser presente nas nossas vidas e nos fazer sentir queridos a cada dia, e todo aniversário tem sido assim... foi um dia importante pra você também.
_ Foi, o dia em que vi meu menino pela primeira vez. O primogênito da casa. -ri.
_ Eu mesmo! -nos abraçamos, beijei seu rosto e fui olhar na geladeira o que tinha.

Preparei um lanche com frios e requeijão, tinha suco e enquanto ele comia, eu o acompanhei comendo bolo de paçoca com doce de leite.



Narrado por Luan

[...] Dias mais tarde [...]


_ Pai, que bom que você chegou! -Maria Luísa me abraçou forte, beijou meu rosto e me olhou sorrindo.- Estava com tantas saudades do senhor. -deitou a cabeça no meu peito.
_ Eu também minha princesa, muita. Como você está?
_ Agora estou ótima. -sorriu outra vez.- Fez uma boa viagem?
_ Fizemos, graças a Deus minha filha. Cadê o restante do pessoal?
_ Minha mãe está no buffet com a minha avó Ana, eles chegaram ontem à noite. E a Melissa foi trabalhar, Nena na escola, Arthur foi na Julia... e meu vô Hugo está na minha vó Marizete.
_ Seu tio não veio?
_ Veio e trouxe a namorada e os filhos dela. São tão lindos, tive vontade de morder. E eles nem quiseram ficar no meu colo.
_ Não?
_ Não, o menininho chorou e aí a menina não quis nem conversa.
_ E sua mãe, como ficou?
_ Cheia de ciúmes, ficou num grude com o meu tio. Mas não foi mal educada.
_ Menos mal (risos). Bora lá na sua vó?
_ O senhor não vai querer nem descansar? Ela vem pra cá mais tarde, jantar em família.
_ E ninguém me avisa, é?
_ Mais ou menos, meu vô quem decidiu. Acabou de me avisar por mensagem.
_ Ah sim, vou subir então tá?
_ Não vai nem me contar como foram os shows?
_ Sobe comigo, quero deitar um pouco. -ela assentiu.- Cadê o Thor?
_ Com o seu filho mais velho.
_ Ah tá... Não quis sair hoje?
_ Hmm não, pai. Cheguei morta da escola, vim andando.
_ Andando? Não quis esperar o ônibus?
_ Não, pai. Aquele ônibus demora uma vida, e eu estava louca pra chegar em casa e tomar um banho. Tive educação física hoje.
_ Nojentinha. -ri.- E por que não esperou seu irmão?
_ Porque ele não foi hoje. Aí minha mãe me deixou lá, mas não deu tempo de ir me buscar.
_ Sabe que eu não gosto de você fazendo esse caminho sozinha.
_ São vinte minutos no máximo, pai. Rapidinho.
_ Mesmo assim. -falei.- E o Henrique?
_ Tá bem, por quê?
_ Você em casa sozinha... ele não está aqui...
_ Ele não gosta de vir aqui quando eu estou sozinha, não acha certo. -falou deitando no travesseiro da mãe dela.- Aí eu almocei com a Maria e fiquei na sala até agora.
_ Não vi a Maria hoje.
_ Foi no mercado, deve tá pra voltar. Ela quem vai fazer a janta, meu vô quer comer camarão.
_ Delícia, hein.
_ Muita. Agora deixa de ser preguicinha e me conta das cidades que o senhor foi.

  Era natural eu voltar de viagem e eles me perguntarem como haviam sido os dias fora, mas a Malu era quem mais especulava e queria saber os detalhes das cidades por onde passei. Ela gostava, de ver fotos, vídeos.
_ O senhor bem que podia me levar pra lá nas férias.
_ Mas é inverno, Malu.
_ Campos do Jordão, então?
_ Eu topo, mas é frio viu.
_ Não mais que em Nova Iorque, amo.
_ Prefiro o calor viu, sem dúvidas. 
_ Eu gosto de tudo, tudo mesmo! Só não na TPM.
_ Chatisse. -falei bagunçando os cabelos dela.
_ Pai...
_ Hm... -respondi de olhos fechados.
_ Quero fazer uma tatuagem.
_ Tatuagem, Malu?
_ É. Nada muito escandaloso, na costela.
_ Bom... eu posso até te levar, mas sua mãe tem que deixar né?
_ Pai!
_ Depois ela come meu toco, aí lascou. 
_ Você quem manda nessa casa. -piscou.
_ Ah claro, concordo com você. -bocejei.- Quer dormir um pouquinho?
_ (risos). Não, pai. Fica a vontade, vou assistir Netflix. -falou beijando minha testa e saindo do quarto e fechando a porta.

  Dormi e acordei com a Melissa se jogando em cima de mim, descobrindo meu rosto.
_ Oi, paizinho lindo.
_ Oi.
_ Tudo bem?
_ Uhum, e você?
_ Ótima, não tenho aula hoje. Meu beijo?
_ Sai de cima de mim, sai...
_ Desculpa. -riu.- Minha mãe pediu pra te chamar pra jantar, estamos todos te esperando.
_ Jantar? Que horas são?
_ 18h49. Quase 19h.
_ Tá tão bom aqui.
_ Papai, papai, papai! -Helena entrou acendendo as luzes e correndo para a cama.- Oi.
_ Veio correndo, é?
_ Sim. -cobriu o rosto.- A mamãe tá chamando!
_ Tô descendo já.
_ Vem Nena, vamos esperar ele lá embaixo. -as duas saíram do quarto e eu levantei, lavei o rosto, calcei os chinelos e desci.
_ Boa noite família, cheguei. -falei rindo.
_ Grande Luan.
_ E aí sogrão. -nos abraçamos.- Tudo certo?
_ Tranquilo. -piscou. Cumprimentei minha sogra, Heitor e ele me apresentou sua namorada e os enteados. Falei com os meus pais, Arthur e beijei minha mulher antes de sentar no colo dela.
_ A gente já pode comer?
_ Podem sim, a mesa está servida. -Maria veio nos avisar.
_ Maria, Maria. Tava com saudades, mulher.
_ Oi Luan, veio descansar é?
_ É bom as vezes, né? -disse abraçando-a.- Vai jantar com a gente, né?
_ Não, tô indo pra casa. Boa noite a todos, bom jantar.
_ "Obrigado." "Boa noite."
_ Crianças, lavem as mãos antes de sentarem a mesa.


  Começamos nossa noite ali com todos em volta da mesa, saboreando um jantar daqueles e desfrutando da companhia uns dos outros durante toda a refeição.

_ Vocês são casados há quanto tempo? -a namorada do Heitor perguntou pegando a menininha no colo.
_ 15 anos. -respondi.
_ Papai ela não fala igual a gente por que? -cochichou no meu ouvido.
_ Porque ela é da cidade do vovô, não fala português.
_ E como ela fala, papai?
_ Em inglês, igual aquele que você aprende na escola.
_ Mas eu não tô conseguindo entender direito. -dizia confusa.
_ É porque a conversa é de adulto. O que acha de chamar a Louise pra brincar?
_ E como que fala em inglês? -perguntou toda jeitosa, falei em seu ouvido e ela foi. Deu certo.
_ Os gêmeos tem quantos anos?
_ Três.
_ Louise e?
_ Derick. -respondeu.
_ Eles são grandões, né?
_ Pra idade deles, sim. Mas o pai deles é alto, eu nem tanto... também não sou tão pequena.
_ Está gostando do Brasil?


  Era novidade ter Lívia ali conosco, não eram todos os dias que uma estrangeira vinha nos visitar. Fernanda estava menos azeda e não fazia caretas, conversou normal e poderia não admitir, mas gostou da moça. 
  Meu cunhado que estava radiante, homem apaixonado fica besta demais rapaz. Sempre ali de mãos dadas, trocando carinho, beijos discretos e olhos brilhando. 
Abrimos duas garrafas de vinho durante nosso bate papo. Meus pais foram embora por volta de 00h30. Meus cunhados e minha sogra também haviam se despedido de nós e sobrou Fernanda, Hugo e eu.


_ O papo está maravilhoso, mas eu acordo cedo amanhã bonitos. -dizia ela.- Vão ficar aqui?
_ Vamos, né sogrão?
_ Terminar essa aqui, pode ser filha?
_ O genro é seu. -riu.- Boa noite, pai. 
_ Boa noite minha filha.
_ Boa noite, amor. -trocamos um rápido beijo e ela subiu.
_ Os filhos crescem, não é mesmo?
_ E rápido viu sogro. Tô ficando velho, já.
_ Tá novo ainda meu caro, tem muito o que viver nessa vida ainda. -dizia sorrindo.- Sabe que eu na sua idade pensava assim também.
_ Não pensa mais?
_ Ah, nem tanto. Eu pensei que minha maior realização seria minha profissão... aí casei e me realizei ainda mais quando me tornei pai.
_ Uma sensação única, não é não sogrão?
_ E como, foi o sonho da minha vida que eu realizei sem nem saber que o tinha. E depois disso a coisa só foi melhorando. Já sou avô, seis vezes contando com os de agora. -riu.
_ E o senhor aceitou numa boa?
_ Não. Mas a Ana me fez pensar de um jeito diferente, por mais que também estivesse receosa. -contava.- Fiquei pensando e se fosse minha filha, entendeu? Com dois filhos de um relacionamento que não deu certo e se interessasse por um rapaz mais novo? Pode acontecer, ué.
_ Sim, não escolhemos quem amar.
_ Falou e disse. Se bem que eu escolhi amar minha mulher, e foi só de bater o olho.
_ Gavião hein sogro.
_ Tubarão! -riu.
_ Único defeito hein sogro, ser santista.
_ Não começa não, você influenciou meus netos.
_ Mostrei o que é torcer de verdade, né?
_ Só te respeito por ser marido da minha filha e pai dos meus netos, seu banana (risos).
_ Pô, sogrão. Assim também não, né?
_ Até porque minha filha não ficaria com um homem mole (risos). 
_ Não mesmo, durona do jeito que é.
_ Pulso firme. -tomei mais do vinho.- Ficou com muito ciúmes quando ela começou a namorar?
_ Em todas as vezes. -suspirou.- Fernanda sempre foi tão... livre, mente aberta. Ela não se enxergava namorando e eu pensava que isso era bom, que quando ela optasse por isso escolheria a pessoa certa ou melhor, a que mais me agradasse como pai... E ela tentou e ele foi um filho da puta com ela.
_ Sempre tem um que não vale nada... -meu sogro e eu ficamos naquela sabe boa parte da noite, não nos preocupamos com o horário, nem nada. Havíamos terminado aquela garrafa e aberto outra, finalizamos mais essa e fomos nos deitar.
_ Tá vindo dormir agora, é? -escutei Fernanda perguntar e sorri.- Levantei pra fazer xixi e perdi o sono. -disse voltando para debaixo das cobertas, cobrindo todo o corpo.
_ Estava colocando a conversa em dia com o meu sogro. -falei tirando a camisa e jogando em cima da poltrona.
_ E como foi? -riu.
_ Bom demais.
_ Vai dormir de bermuda?
_ Não queria dormir nem de cueca. -falei e ela deu risada.
_ Tranca a porta, ué.
_ E se a pequena aparecer?
_ Amor, Helena não é mais uma bebezinha... ela não acorda mais de noite, acredita? -falou deitando de lado, virada para mim.
_ Grandona, né?
_ Uhuum... quando acorda é pra ir ao banheiro.
_ E não te chama?
_ Não, ela deixa o abajur aceso. 
_ Uma mocinha já. -falei passando a chave na porta e tirando a cueca antes de deitar.- Agora sim, rapaz.
_ Peladão. -riu segurando meu rosto com as mãos antes de me dar um beijo calmo.- Hm... vocês beberam mais, né?
_ Uma garrafa toda. -abracei sua cintura, deixando minhas mãos irem um pouco mais embaixo.- Sem calcinha?
_ Recomendação médica, juro. -brincou.
_ Sei. Dá um beijo, amor. -pedi.
_ Até mais que um. -disse toda linda, me abraçando e dando um beijão dos bons, sem pressa, com aquela mordidinha gostosa e um leve puxão de cabelo.- Como pode beijar tão bem assim, gente que saudades dessa boca na minha.
_ Sabe que eu também? Meu sonho era viajar por esse Brasil todo e levar minha música, mas a vida nos quartos de hotéis é tão vazia... -confessei.
_ É que você vê cercado de muitas pessoas a maior parte do tempo e quando chega no quarto, sozinho.
_ Sim, só eu e Deus e as lembranças da família. Não me arrependo, mas penso demais em cada um de vocês.
_ Você é um lindo, o marido que eu silenciosamente pedia a Deus sem nem me dar conta. -falou de um jeito tão bom de ouvir que trouxe uma sensação de paz ao meu coração, sorri.- Não sei, mas com essa distância em aprendi lidar.
_ Eu também, amor.
_ É um aprendizado que precisa ser constante, mas é tão bom saber que independente da viagem quando voltar, voltará cheio de saudades... com beijos, abraços e amassos muito intensos. Até me arrepio!
_ Amor e safadeza andam lado a lado, né?
_ No caso de uma mulher casada, sim. Casada, sexualmente ativa e cheia de tesão pelo marido. -ofegou.- Posso te falar uma coisa?
_ Até duas.
_ Sempre fui muito assanhada, sabe? -falou rindo e eu concordando com o óbvio.- Tive outros parceiros sexuais, mas não tinha sentimento... era um sexo vazio, me cansava fisicamente e deixava um buraco. E isso me fazia querer mais, sempre mais, mas quando a gente fez amor a primeira vez... eu tive as duas coisas em uma só. Estava completamente extasiada! 
_ Uau, você nunca me falou isso tão abertamente e olha que nunca tivemos essa de não falar sobre sexo.
_ Isso é verdade. -riu.- É que sei, lá... acho que sempre te amei, mas não me permitia admitir isso.
_ Durona.
_ Amava a minha solteirisse, liberdade que fala? -riu.- Até você cair de paraquedas na minha vida. -me apertou e mordeu minha bochecha.
_ Te amo.
_ Eu também amo você.


  Nossa noite começou dali, um beijo e uma carícia que deu lugar a todo o desejo e excitação que sentíamos. Éramos intensos e isso deixava tudo ainda mais gostoso, em exatamente tudo.
  Fernanda estava mais que acordada, havia realmente perdido seu sono. Estava ajoelhada ao lado da cama usando sua mão para me estimular enquanto me chupava, olhando nos meus olhos pedindo mais. Meu pau duro indo fundo naquela garganta e com as veias cada vez mais saltadas, eu não segurei por muito tempo e nem por isso ela deixou de chupar tão bem quanto vinha fazendo.
  Lhe peguei pelos braços e a coloquei na cama, tirando sua camisola de um jeito apressado e prático, colocando-a de costas pra mim e dando um belo de um tapa naquela bunda empinada.


_ Isso, bate de novo. Com força. -repeti o gesto, outra vez e mais três em sequência.
_ Sempre rosada. -mordi com vontade, passando a língua em seguida.
_ É porque não viu minha... ãn... -gemeu ao sentir a ponta dos meus dedos acariciando sua boceta molhada.- Isso... -mordeu os lábios, contraindo.
_ Não... não fecha as pernas, afasta pra mim. -ela obedeceu, sorrindo.
_ Não quero seus dedos. -falou irritada.
_ Ah, não?
_ Não! E você sabe muito bem disso.
_ Sei?
_ Luan!
_ Calma, tem que ser com jeitinho. -subi em cima da cama, me ajeitando entre as pernas dela e pincelando bem seu sexo.- Devagarinho... -penetrei aos poucos, sem pressa iniciando aquele vai e vem.
_ Ah!
_ Tá bom assim?
_ Ahaam... -seus gemidos eram a resposta, música para os meus ouvidos.

  Ela não disse nada, posicionou as pernas melhor ficando de quatro e aumentando o ritmo, levando seu corpo de encontro ao meu.

_ Delícia!
_ Eu sei. -sorriu sacana, jogando a bunda pra cima e rebolando no mesmo ritmo que eu, estocadas rápidas e precisas.- Isso! -grunhia. Soltei sua cintura e levei uma das mãos até seu clitóris, tocando-o, ela gozou me apertando dentro dela, gemendo meu nome.- Eu quero mais!
_ Mais?
_ Sim. Deita aqui... -trocamos de lugar e eu deitei de costas na cama, com as duas mãos na cabeça, sorrindo.
_ O que você vai fazer comigo?
_ Coisinhas de marido e mulher. -Fernanda sentou de frente pra mim, em cima do meu pau, jogou o corpo pra frente e veio beijando minha boca. Chupava minha língua, sorrindo entre o beijo e foi descendo a medida que sua bunda ficava mais empinada.
_ Ah, Fernanda! 
_ Tá com medo?
_ Nunca. -respondi firme e ela segurou meu pau, passando a língua na cabeça toda e enfiando na boca até onde aguentou, forçando a garganta e voltando. Ergui o quadril querendo encontrar sua boca, mas ela não tinha pressa e estava tranquila, me torturando com aquela língua por muito tempo, tempo suficiente para eu estar quase gozando e ela simplesmente parar. Virou de costas pra mim, sentou com força e olhou pra trás.
_ Tá tudo bem aí?
_ Tudo ótimo, maravilhoso. -ela rebolou por um tempo e começou a dar cavalgadas com vontade, encontrando o ritmo dela. Sentei virando-a de frente pra mim e admirando seus olhos brilhando, seu sorriso satisfeito e seus seios balançar enquanto estava quicando. Beijei seu pescoço distribuindo mordidas de chupadas por ele inteiro, beijando e apalpando seu corpo ao chegar ao ápice.
_ Ah, que delícia! -ela não parou nem mesmo enquanto eu gozava, levou minha mão ao meio de suas pernas, esfregando meus dedos em seu clitóris até que ela gozasse outra vez e com mais intensidade. Suas pernas tremiam, meu nome quase não saiu de sua boca. Fernanda me beijou toda voraz, rebolando gostoso lentamente. Logo voltou a sentar com força e isso se estendeu por boa parte da nossa madrugada. Fomos mudando de posição, nos satisfazendo e quando estávamos ficando cansados diminuímos um pouco o ritmo, ficamos aos beijos e por fim estávamos abraçados. Ela deita em meu peito, eu mexendo em seus cabelos e com a outra mão alisava suas costas.
_ Será possível que um dia eu me canse disso?
_ Acho que não. -riu.- É muito bom.
_ Oh se é. -fechei os olhos.
_ Você está cansado, né? Quer tomar um banho?
_ Banho uma hora dessas? Vamos dormir assim mesmo...
_ Grudando desse jeito?
_ É amor, mais tarde a gente toma uma chuveirada juntinhos.
_ Tá bom, boa noite.
_ Bom dia minha vida.


(...)

_ Bom dia, papai. Cadê minha mamãe?
_ Tomando banho, dormiu bem pequena?
_ Eu sim. -sentou na cama, balançando as pernas.- Papai...
_ Oi.
_ Posso te contar uma coisa? -perguntou toda meiga, mas estava envergonhada, toda vermelha.
_ Sobre você?
_ Sim, papai.
_ Pode falar. -abri os olhos e ela desviando o olhar.- Nena...
_ Eu ganhei um presente na escola ontem, uma flor!
_ Uma flor? E quem te deu uma flor, princesa?
_ O Gustavo, papai. A gente namora.
_ Desde quando?
_ Ontem. 
_ Hm... e como namora?
_ Ah, papai. A gente toma lanche junto... senta perto um do outro.
_ E o que mais?
_ Fica de mãos dadas na fila.
_ E só isso? -Helena ficou vermelha feito um pimentão, deu risada e cobriu a boca com a mão.- Helena, Helena... e o que mais?
_ Beija no rosto, papai. Na boca não, eu já falei que é só namorado grande que pode.
_ Só namorado grande, é? Grande como?
_ Igual a Malu, papai.
_ Tá certo, mas cê sabe né... quem namora não ganha mais brinquedos.
_ Não? -franziu a testa.
_ Não. Nem faz festa de aniversário.
_ Por que papai?
_ Porque já tá grande, uai.
_ Nem brinca no parquinho?
_ Nem isso. -falei "triste".
_ Papai, não quero namorar mais!
_ Tem certeza?
_ Sim... eu gosto de festas, papai.
_ Então tá certo, sem namorado né?
_ Ahaam. -concordou descendo da cama e correndo para fora do quarto. Fernanda saiu do banheiro e eu olhei sorrindo, estava linda. Cabelos presos num coque, descalça e envolta em uma toalha.
_ Bom dia, amor.
_ Ótimo dia, vida. -pisquei.- Como estava o chuveiro?
_ Estaria bem melhor se você estivesse por lá. -devolveu a piscada antes de entrar no closet.- Amor?
_ Oi. -respondi sentando na cama e pegando o celular, sem bateria. Olhei e o carregador estava em cima da estante.
_ Meu aniversário já é amanhã.
_ Eu sei vida, e o que tem isso?
_ Nada não, é que amanhã eu também tenho consulta.
_ Consulta de rotina?
_ É, meu retorno com o ginecologista. Lembra que eu fiz uns exames? Então...
_ Nossa, mas um mês pra ficarem prontos?
_ Duas semanas, só. Fiz todos quando você já estava viajando.
_ E sentiu alguma diferença?
_ Estou acima do meu peso desde o começo do ano. Acima não, né... acima da média que vinha tendo de uns quatro anos pra cá.
_ E isso é ruim?
_ Considerando que eu não esteja mais praticando dança, nem teatro, nem academia... não. Mas tô sentindo que tô mais preguiçosa.
_ Ah é? Ontem nem pareceu. -falei levantando e trancando a porta outra vez, peguei o carregador e fui para a porta do closet.- Uau, que visão.
_ E estou com celulites.
_ Está ainda mais linda. -joguei beijos para ela.- Vira pra mim.
_ Tá vendo essas bochechas?
_ Bem rosadas.
_ Mais ou menos. -riu.- Mas olha, aumentei o tamanho das minhas calças... tem umas que não estão me servindo.
_ Amor, isso acontece até comigo. Não tô mais um garotinho, nem quero.
_ Eu sei, não tô reclamando... só comentando.
_ O que seu médico disse?
_ Pra eu não abusar em uma má alimentação, que seria ideal se eu mantivesse esse peso até mesmo por conta da rotina.
_ Só isso?
_ E estava vendo para trocar meu anticoncepcional.
_ Nem sei porque cê usa essas coisas.
_ Pra não engravidar de ano em ano, já que não usamos camisinha.
_ Já pensou?
_ Estou entrando na idade de ser avó.
_ É, Arthur já poderia nos dar um neto. -falei rindo, sabendo que ela estava enciumada.- O que foi?
_ Palhaço. Quero ser avó quando a Mê estiver casada com o Leo.
_ Do jeito que as coisas estão indo... -ri.
_ Aí que feio, as coisas estão indo muito bem. Ela ainda está estudando.
_ Graças a Deus e minha Nossa Senhora da Aparecida... porque foi difícil.
_ Foi no tempo que tinha que ser. -falou fechando o sutiã e pegando o shorts.- Helena acordou?
_ Acordou, veio aqui me contar que estava namorando.
_ Estava?
_ Falei pra ela que quem namora não ganha brinquedos e não faz festa de aniversário. Ela não quis mais.
_ Aí que besta, Luan. Ela é uma criança...
_ Criança tem que brincar, não tem nada que namorar não... onde já se viu.
_ É coisa de criança.
_ É sim, ela já recebeu até flor. Vou levar ela pra saber quem é esse malacabado.
_ Aí Luan, que besteira. Nunca namorou nessa época não?
_ Já dava até selinhos se você quer saber.
_ Você já era bem pra frente, meu deus.
_ E você não, madre?
_ Eu namorava de ficar abraçados no lanche, só.
_ Desde pequena sempre pensando em comida.
_ Comida une as pessoas. -falou rindo, pegando a blusa e vestindo.- Não vai tomar banho, não?
_ Queria um beijo antes. -falei entrando no cômodo e abraçando sua cintura.- Bom dia, cheirosa. -dei um cheiro em seu pescoço, sentindo minha mulher ficar arrepiada.
_ Para, tô com fome.
_ Eu também. -apertei sua bunda.
_ Não disso, tô falando de comida. -nos beijamos e ela se soltou de mim.- Tô descendo, não demora que eu quero tomar café.
_ Pode ir comendo, precisa esperar não.
_ Precisa sim e não demora.
_ Não vou, amor.


  Ela saiu por um lado, coloquei o celular para dar uma carga e corri pro chuveiro. Água morna quase fria, lavar os cabelos, dar aquele trato na barba e sair enxugando as costas.

_ Pai, bom dia.
_ Bom dia, Malu. Tudo bem?
_ Tudo com fome, né? Minha mãe pediu pra eu chamar o senhor.
_ Não comeram ainda?
_ Minha mãe ama ver aquela mesa cheia, fez minha avó acordar meu vô Hugo... um senhor de idade que foi deitar bem tarde.
_ Foi mesmo, fiquei lá embaixo com ele ainda.
_ Enchendo a cara, que coisa hein. É seu sogro, tinha que manter uma média né?
_ Depois do primeiro mês de namoro isso acaba. Não vê seu cunhado?
_ O Leo já não tinha disso nem quando era amigo, né pai. -riu.- Mas não enrola não, eu tenho fome. -beijou meu rosto e saiu.


  Três filhas mulheres e as três gostam de mandar em mim iguaisinhas a mãe, nossa senhora. Como podem parecer tanto, né? Ri sozinho. Vesti uma roupa qualquer de ficar em casa e desci indo direto para a sala de jantar.

_ Bom dia, bom dia, bom dia. -falei me sentando ao lado da Fê.
_ Bom dia. -respondiam.
_ Cadê meu vô hein? -Melissa perguntou.
_ Aqui, cheguei... bom dia à todos. -meu sogro nos cumprimentou e sentou-se também.
_ Bom dia! -respondemos em coro.
_ Gostei de ver, gostei demais. -riu.- Podemos comer?
_ Por isso que eu te amo vô, o senhor fala as coisas na hora exata. -Malu dizia de maneira exagerada, nos fazendo rir.
_ Eu também te amo minha pequena.
_ Vovô, eu que sou sua pequena! Malu tá grande já, vô. -disse brava, franzindo a testa.
_ Você é a mocinha do vovô. -mandou beijo.- Bem linda, igual a Lolô e o Derick.
_ Já vi que meu pai se deu muito bem com ela. -Fernanda resmungou baixinho. 
_ E você não? Ela me pareceu legal, amor. Conversamos um pouco ontem.
_ Sinal de que seu inglês tá ótimo. -comentou com ironia, enciumada.
_ Tá brava, é?
_ Tem dois dias que ela tá aqui e todo mundo morrendo de amores, acredita?
_ Sinal de que você tá implicando a toa.
_ Não estou não. -revirou os olhos.
_ Tão cochichando, é? -Hugo chamou nossa atenção, brincando.
_ Fernanda disse que tá adorando ter mais uma cunhada. -dei uma cutucada nela com o cotovelo.- Não é amor? -beijei seu rosto.
_ Também estou gostando bastante daqui, queria conhecer mais deste lugar. -Lívia comentou com o sotaque nova iorquino, todo lindo.
_ Bora turistar então muié.
_ Tu ris... Tu ris tar. Seria o que?
_ Passear, aqui tem lugares bacanas para se visitar.
_ A Company, você não conhece a sede aqui.
_ Só através das fotos.
_ Então é isso, vamos conhecer a empresa.
_ Aí vô, que tédio. Que criança gosta de passar o dia em uma sala sem brinquedos?
_ Eles podem ficar, o que acha?
_ Eu preciso trabalhar. -Melissa foi se livrando logo de cara.
_ Eu preciso estudar, fiquei de exame. -Malu respondeu "triste".
_ Ah que frescura, eu fico pô. Vamos todos pra casa da tia Julia.
_ Tia Julia. -Malu revirou os olhos.- Tia, Arthur?
_ Cê é chata hein, não ia estudar?
_ Daqui a pouco, tô comendo.
_ Boquinha só trabalha mastigando. -riu.
_ Isso é ótimo de você não sabe (risos).


  Terminamos de tomar café e saímos da sala de jantar. Quem ainda estava de pijama subiu para se trocar e os já banhados estavam na sala, batendo aquele papo matinal.

_ Você também vai, Luan?
_ Sogrão, não é comigo.
_ Ele vai sim, pai. Podemos almoçar no shopping, vai ser muito bom.
_ Você não estava de folga, Fernanda?
_ É verdade. -respondeu pensativa.- Poderíamos ir passear então, Ibirapuera ou Villa Lobos. O que acham?
_ Parques ecológicos?
_ Sim, poderíamos fazer um piquenique por lá. -sugeriu ela.
_ Eu topo. -falei concordando.
_ Eu também, vou ligar pra Julia.
_ Todo mundo vai? E eu?
_ Não queria estudar? Fica em casa. -Arthur zuou.
_ Nunca, eu vou também... nem vem.
_ Melissa! -chamei.
_ Oi, pai.
_ Vamos fazer piquenique, você vem?
_ Não posso paizinho, mas divirtam-se. E voltou para o quarto.
_ Eu tentei. -falei encostando no sofá e pegando meu celular.
_ Papai.
_ Oi.
_ Quero um abraço. -disse vindo para o meu colo.
_ Tá grande em moça.
_ Mocinha, papai. -beijou meu rosto e pegou o celular.- Tem jogo?
_ Não senhora, me dá isso aqui. Vai lá com a sua mãe se arrumar.
_ Luan!
_ Oi.
_ Nada não, esqueci. -disse voltando a subir as escadas.


  Meu sogro continuou no sofá assim como Heitor e o enteado, ficamos de papo e esperando pelas mulheres da casa para irmos aproveitar o dia.






~.~

Capítulo lindo, né?
Ô gente, teve assunto né non? Amei. <3
Sem contar que dava vontade de não parar de escrever mais. Haha!
Quem curtiu? Bora pro próximo?

domingo, 27 de maio de 2018

Capítulo 258

Narrado por Fernanda
  Domingo amanheceu e meu marido nem mesmo tinha ido dormir, olhei pela sacada e ele estava na piscina deitado na boia e conversando com o Rober, Dudu e o Leo.
  Tomei meu banho, separei a roupa da Helena e fui ver como estava a casa. Melissa já estava acordada e foi quem me disse que só quem dormiu em casa foi a Soraya com o Guilherme e a Manu, Nicolas tinha saído. Isadora com o Rober e o Bê, minha sobrinha Laura e o namorado da Maria Luísa.


_ Ia ser muita gente aqui mãe. -Melissa comentou comigo.
_ Eu sei. -ri.- Eles foram embora tarde? -perguntei me referindo aos convidados que haviam ido embora.
_ Mais de quatro da manhã, os da piscina mesmo nem dormiram. E já estão bebendo. -contou pegando Thor no colo, deitando no sofá.
_ Não tô no pique mais não. -ri.
_ Eu nunca nem estive, meu pai é quem não para.
_ Bom dia, bom dia. -Arthur desceu de sunga e com o Bernardo no colo de sunga e óculos escuros.- Fala bom dia, garotão.
_ Bo dia dinda, bo dia Melissa.
_ Bom dia bebê da dinda. -o cumprimentei toda fofa, imitando voz de criança.
_ Sô rapaz ele falo, dinda. -respondeu todo homenzinho.
_ É meu bebê, isso sim. -falei esticando os braços e ele veio.- Você dormiu na minha casa?
_ Sim. -beijou meu rosto.- Você tamém vai lá na água, dinda?
_ Daqui a pouco, meu amor. -ele desceu e correu de volta para o Arthur.- Passou protetor?
_ Claro que não, mãe. -Melissa disse.- Arthur não passa protetor nem nele.
_ Passo sim, só não fico branco disso. -Arthur respondeu se defendendo, Mê deu risada.
_ Ótimo, vão lá. -os dois saíram e eu voltei a papear com a Mê.
_ Bom dia meninas.
_ Bom dia. -respondemos.- Dormiu bem?
_ Dormi sim, Nanda. Mesmo com o Bê se mexendo muito.
_ E como se mexe (risos). Quer tomar café?
_ Nem se preocupa, eu me viro.
_ Nada disso, vamos lá.


  Toda grávida comia pela manhã e comia muito bem. Então enquanto eu preparava nossa mesa, ela foi comendo uma fruta.
  Tudo pronto, chamamos pela Mê e nos sentamos à mesa.


_ Bom dia, bom dia, bom dia. -Soraya chegou na cozinha já estando trocada, com o biquíni por baixo da roupa que vestia.
_ Bom dia. -respondemos.- Dormiu bem?
_ Dormi, bem demais. Nossa, meu marido nem cochilar, cochilou... tive a cama só pra mim.
_ O Gui não quis dormir com a mamãe? -perguntei enquanto comia.
_ Não, ele e essa irmã dele são um grude que só. Dormiu com ela.
_ E foram dormir tarde, né?
_ É, depois de mim ainda. E olha que ainda fiquei lá fora com os meninos...


  Conversamos ali enquanto íamos enchendo o estômago, aproveitando a calmaria do ambiente. Terminamos e fomos para o quintal, debaixo do guarda sol, próximo aos rapazes.

_ Que delícia de sol. -comentei ao sentir o calor que estava lá fora.- Tá boa a água Bê?
_ Tá dinda, tô gostando. -falou lambendo os lábios.- Olha papai! -disse "mergulhando" com o Arthur, que era seu professor.
_ Lindão hein, mergulha de novo. -Rober pedia.
_ Filho, cuidado com ele viu. -pedi.
_ Relaxa, mãe. Nunca derrubei criança nenhuma na piscina, sou craque nisso.
_ Andou treinando, né? -os homens riam e eu franzindo a testa, causando mais risadas.
_ Vocês não me ajudam, oh a cara da minha mãe já. Fica assim não, te amo.
_ Ama mesmo, filho? -brinquei.
_ Amo minha ciumenta, como amo essa minha mãe doida.
_ Doida seu nariz, engraçadinho.
_ Faz o peixinho, Bê. -Isadora pediu e ele juntou as mãozinhas e fez boquinha de peixe, mexendo de um lado para o outro. Deu uma saudade do meu pequeno naquela idade, todo homenzinho.
_ Cê é besta, deveria ter feito mais um menininho. -Dudu brincou.
_ Luan não me ajudou, só mandou mulher depois.
_ Pagando em vida os pecados, tá foda. As muié tudo grande, namorando...
_ Ih pai, bebe e fica nostálgico, é? -Melissa perguntou e ele riu concordando.
_ É bom lembrar, né? Tô velho, cara. -Luan fez careta.
_ Velho tô eu, meu filho mais novo tá com mais de dez anos. -Dudu disse pensativo.
_ Nicolas tá com quase trinta, caralho. Tempo voa. -Rober dizia.- Daqui uns dias é o Bernardo, cara.
_ Amor, olha a boca. -Isa o repreendeu.
_ Tia Isa toda Lady, e meu padrinho... -riam.
_ Ô gente, tem coisa pra comer?
_ A mesa do café está lá, não vão comer mais não? -perguntei.
_ Vou lá então hein, comer um pouco... tô numa fome braba aqui.
_ É, só quer saber de beber...
_ Jamais, sogra... bebemos na mesma proporção. -piscou.
_ Sei bem, cara de pau. -falei.- Vão lá comer que saco vazio não para em pé.


  Eles enrolaram mais um pouco, mas foram. E nós, curtimos nossa preguiça neste livre e tranquilinho.



Narrado por Arthur
  Aniversário do meu pai, 46 anos. Festa do pijama e um churrasco que não tinha hora pra acabar, não. Nunca comi tanto num final de semana só, bom demais, cara.
  Mal dormi na sexta, descansei sábado e domingo era dia de descansar mais, mas o Bê levantou da cama e foi me chamar pra pular na piscina. Tomei um banho, vesti a sunga e achei mais pro fundo da gaveta uma que tinha sido minha quando eu ainda era moleque. As duas da mesma cor, colocamos óculos escuros, chinelos e descemos depois de passar protetor solar.
  Ainda bem que fazia bastante sol logo cedo, a água não estava tão gelada quando entramos e demorou muito para que ele quisesse sair.


_ Art, a mãe tá perguntando se vocês não vão tomar café. -Malu perguntou da porta da cozinha.
_ Quer comer?
_ Não de comida. -falou bem baixinho.
_ É pão, tomar leite...
_ Sim, vamo!


  Tirei ele da água e sai em seguida, enxugamos o excesso e entramos pela cozinha e nos sentamos à mesa.

_ Arthur você está todo molhado, filho.
_ Tô seco já mãe, relaxa. -pisquei.
_ Ele tá dinda, tá sim. -Bernardo me defendia, ri.
_ Viu só mãe, até ele sabe.
_ Tá ficando sem vergonha, né bebê?
_ Sim (risos). 
_ Não vai jogar hoje, Arthur?
_ Tá louco? Fui dormir tarde pra cacete ontem. E daqui a pouco a Ju tá aí. -falei olhando para a minha mãe que não demonstrou reação negativa.
_ Vão sair? -foi a única pergunta dela.
_ Tomar açaí, vamos de bike.
_ Eu quero ir, Art.
_ Oh seu namorado aí, vai com ele pô.
_ Tá vendo, né mãe? Depois que eu falo que ele namora e esquece que tem irmã...  -ela estava fazendo um drama, toda bicuda. Abracei ela de lado e fiquei beijando seu rosto.- Não vem me agarrando não que você tá errado.
_ Cê não namora? 
_ Quero sair com o meu irmão, ué. -deu de ombros, rindo.
_ Carência, né Maria Luísa?
_ Isso, mãe (risos).
_ Cara de pau. -meu pai disse brincando.- E seu namorado, Maria Luísa? Tá dormindo até agora?
_ Tá, pai. Ele foi inventar de ficar aí com vocês e deitar era mais de três horas. -revirou os olhos.
_ Isso é bom, menos tempo pra aprontar. -falei e ela ficou vermelha feito um pimentão.
_ Bom dia ainda? -Henrique chegou na cozinha puxando a cadeira e sentando do meu lado.- Beleza? -tocou minha mão.
_ É quase boa tarde, viu? -meu pai o lembrou e ele riu.
_ Foi mal aí sogro. -brincou, rindo.
_ Nem um beijo?
_ Que eijo o que, tem que beijar ninguém. -falei "sério" e minha irmã ficou toda bicuda.- Tô brincando, Maluzinha. -baguncei o cabelo dela.
_ Palhaço.
_ O que vai ser o almoço de hoje hein, mãe?
_ Churrasco não! Chega, né? -disse de um jeito engraçado, nos fazendo rir.- Ô gente, desde ontem de tarde.
_ Churrasco e cerveja, tem coisa melhor mulher?
_ Tem Rober, ah tem (risos). Mas ainda tem carne, se quiserem assar.
_ Um arroz, feijão e uma batata frita... carne assada. -tia Isa sugeriu e minha mãe adorou, foi meu momento de sair de fininho antes que a louça sobrasse pra mim.
_ Art, bom dia! -Helena coçava os olhos, tentava subir no sofá de olhos fechados.
_ Bom dia Nena. -beijei sua testa.- Acordou agora é preguicinha?
_ (bocejou).
_ Eita. -ri.
_ Cê tava na piscina?
_ Sim senhora. -falei sentando na escada.
_ Vamo de novo?
_ Mais tarde, pode ser?
_ Você vai esquecer. -disse bicuda, sentando no sofá e me ignorando, dei risada e subi. Cheguei no quarto e meu celular estava tocando, atendi.
_ Oi bebê, bom dia.
_ Bom dia mô, dormiu bem?
_ Mais ou menos, esqueci de fechar a porta e o Bê entrou no quarto.
_ Sério que ele dormiu aí? -perguntou toda empolgada.
_ "Nossa amor, ele te acordou?" tem diferença, pô.
_ (riu) Ah, ele é um fofo. 
_ Muito arteiro também, pulou sem bóia na piscina.
_ Arthur, que perigo.
_ Eu estava lá, bebê. Cuidando do toquinho (risos).
_ Toquinho lindo, amo morder as bochechas dele. -dizia rindo.
_ As minhas também, tô sabendo. -ri.- Mas vem cá, e você? Dormiu bem?
_ Uhuum... -respondeu mastigando alguma coisa.- ... descansei, sim. Só acordei com uma cólica chatinha, tomei remédio e tô aqui no sofá.
_ Só está com cólica, bebê?
_ Aquela dorzinha de cabeça, mas nada grave.
_ Hmmm... você vem almoçar aqui hoje?
_ Almoçar não, mô. Minha mãe já está fazendo o almoço, nem minha irmã ficou na casa do Matheus. -riu.- Acho que ele vem pra cá também.
_ Ah é?
_ Sim, e você está mais que convidado, viu? Só que seu pai está em casa, de folga... acho que você prefere ficar com ele.
_ Com toda certeza, mas tô com tanta saudade de você. -falei sentando na cama, ajeitando o travesseiro e deitando.
_ Ainda vamos tomar açaí, não vamos?
_ Não é bom coisa gelada quando tá com cólica, dor de cabeça...
_ Queria tanto. -disse toda manhosa.
_ Se você estiver melhor, nós vamos. Beleza?
_ Tá bom, pai. -riu.- Mô tenho que desligar, tá? Minha mãe está precisando de uma mãozinha.
_ Cadê a Camila preguiça?
_ Dormindo (risos), tchau, amo você.
_ Eu amo mais, minha bebezinha.
_ Lindão, beijo nessa sua boca gostosa. -e desligamos.


  Larguei o celular um pouco e corri para o banheiro, vesti uma roupa seca, passei o secador nos cabelos e deitei na cama e sem esforços, peguei no sono.
  Acordei com a minha mãe reclamando no quarto que minha toalha estava molhada e em cima da cama, minha sunga pendurada na cadeira e que não sabia como eu conseguia ficar naquela bagunça. Ao primeiro sinal de risada ela cruzou os braços e ficou me olhando.

_ Eu ia arrumar, mãe. Juro.
_ Cara de pau você, né?
_ Tava com um pouco de sono.
_ Ah é, bonito? Vim te chamar pra almoçar, ela acabou fez estrogonofe.
_ Tia Isa?
_ Soraya.
_ Aí sim hein dona Fernandinha.
_ Aí sim mesmo, ela cozinha muito bem. -elogiou.
_ Demais. -continuei deitado.
_ Anda, filho... estamos esperando você.


  Não enrolei no quarto e logo descemos, nos sentamos à mesa e mandamos ver no almoço. Depois que comemos minha mãe me designou para a retirada da mesa, meu cunhado e amigo Henrique se ofereceu para dividir a missão comigo e o loiro folgado iria para a sala, se minha irmã não tivesse falando pra ele me ajudar colocar as louças sujas na pia.
  Trabalho em equipe, rendeu. Sentei na sala e o tio Dudu já estava se despedindo.


_ Pô, Gui. Nem jogamos cara, fica aí...
_ Se quiser ficar, pode ficar... peço pro Nick vir te buscar depois. -a mãe dele disse e não deu outra, fomos para a sala de jogos.




Narrado por Melissa
  Perdi meu noivo para o videogame, nem meu padrinho ficou de fora e meu pai dormindo, dormindo mesmo junto com a Nena.
  Malu e eu estávamos na sala com a minha mãe e a tia Isa, Bernardo se divertia correndo entre um cômodo e outro da casa e elas se divertiam conversando sobre viagens. Minha tia Isadora não viajou tanto quanto minha mãe, mas contou sobre sua experiência de intercâmbio em Londres, e quando conheceu a Times Square pela primeira vez.


_ É um lugar muito, muito, muito movimentado, principalmente à noite.
_ Movimentado e barulhento, mas tem tantas lojas. Tantas! -dizia com os olhos brilhando, mostrando seu lado consumista exagerada.- Eu adorava fazer compras por lá.
_ Meu avô que não, né mãe (risos).
_ Não mesmo, porque era ele quem carregava as sacolas depois.
_ Roberval odeia ficar rodando em shopping e entrando em várias lojas e escolhendo mil coisas.
_ Homens (risos). Luan chega uma hora que toda roupa que eu provo está bonita, combinou comigo...
_ Bom, se o Leo não gosta... nunca me falou nada. -elas deram risada.- É sério, ele só reclamou no dia em que escolhemos nossa aliança de namoro. Do contrário sou eu quem não tenho saco quando ele entra nas lojas de tênis. 
_ Ou bonés.
_ Aí gente, meu namorado me leva no shopping pra comer. -Malu dizia.
_ No começo são tudo flores (risos).
_ Que eu permaneça no jardim então.
_ Oremos. -disse minha mãe juntando as mãos.


  Levantei pra ir ao banheiro e na volta a campainha estava tocando, como já estava de pé, atendi a porta.

_ Oi Ju, tudo bem?
_ Tudo sim, Mê. E você?
_ Bem também, cheia de preguiça. Entra aí.
_ Licença. -fomos entrando, fechei a porta. Ela cumprimentou minha mãe, minha tia e a Malu.- Seu irmão tá lá em cima?
_ Jogando videogame, pode ir lá...
_ Ah não, vou ao banheiro antes. -disse entrando no corredor.
_ Bonita ela, né?
_ Quem a Julia? -escutei minha mãe perguntar e quis rir.
_ É, a namorada do Arthur. Os dois fazem um belo casal.
_ Também acho tia. -comentei.
_ Ela é bonitinha sim, educada também... meu filho gosta dela.
_ Ama, mãe. -Malu completou.
_ É, primeira namorada e primeiro amor da vida dele. -disse tranquila. Julia voltou e acabou indo para a sala de jogos, não demorou e ela mais meu irmão voltaram abraçados.
_ Tão saindo, é?
_ Tomar açaí. -ele respondeu.- Alguém quer ir?
_ Não quero ir não, mas você bem que podia trazer um pra mim.
_ Aí pra mim também. Vai querer tia?
_ Ah, eu quero. 
_ Te mando no whatsapp, maninho... bom passeio cunhada. 
_ Obrigada. -disse ela antes de sair.


  Sentei no sofá e mandei na conversa com o Art o que queríamos, bloqueei a tela e voltei a me inteirar do assunto... o sexo do bebê da minha tia.



Narrado por Arthur

(...)


_ Tá melhor?
_ Hmm não muito. -dizia fazendo careta.- Mas já tomei dois comprimidos, não posso me dopar né?
_ Não, bebê. Tem que esperar fazer efeito.
_ Eu sei, por isso vim andar. Melhora sabia?
_ Mas já desceu pra você?
_ Bem pouquinho, mas pela cólica que eu tô amanhã vai vir arrebentando. 
_ Nem vai pra escola então né?
_ Quero ver eu não ir, eu bem que queria ficar em casa, na preguiça... mas tem aula de física e matemática.
_ Pra ferrar de vez com a vida de um estudante.
_ Você tem uma carinha de estudioso, mas reclama tanto de estudar, mô.
_ Meu negócio é educação física.
_ Na escola, né?
_ Ah, eu vi a grade do curso.
_ Muita anatomia, se prepara.
_ Agora não só ano que vem, bebê.
_ Preguiçoso.
_ Evito fadiga. -pisquei.- Vem cá, vai tomar açaí mesmo?
_ Queria, tô com muita vontade.
_ Beleza. -entramos, fizemos nossos pedidos e nos sentamos para aguardar.
_ E aí, decidiu mô?
_ Decidi o que? -perguntei colocando o celular e minha carteira em cima da mesa.
_ Que dia quer comemorar seu aniversário, no dia mesmo ou no sábado?
_ Nem sei, não sei nem se quero festa.
_ Ah, sério? Por quê mô?
_ A última festa lá em casa não deu muito certo, ainda tivemos que arrumar tudo.
_ Ah, mas agora é diferente né? Seus pais saberão que você está dando uma festa.
_ É, mas festa tem que pensar nos convidados e cardápio... minha mãe que mexe com essas coisas.
_ Ah, sei lá... não precisa ser algo cheio de coisas. Mas comemorar seus 18 anos seria bom, né? Todo mundo comemora.
_ Eu sei, e vou comemorar... não sei como.
_ Você tinha falado que queria viajar também.
_ É, mas pra fora do país.
_ Por que? Quer ir pra onde?
_ Para os parques de Orlando, acho muito foda.
_ O mais longe que eu já viajei para ir em um parque foi para o Beto Carrero, ainda lembro que quando teve excursão na escola para os parques da Disney eu fiquei doente.
_ Não acredito! Meu, é muito incrível... tem uns anos que estou querendo voltar lá.
_ Já foi bastante vezes?
_ Não muitas, mas nas férias fui com os meus avós, minha irmã e meus primos.
_ Ficou por lá as férias toda?
_ Quase, voltei uns dias antes de terminarem...


  Nosso assunto na sorveteria virou em torno de viagens, Julia curtia muito viajar e contava com muita empolgação das viagens mais legais que tinha feito em família e com a irmã.

_ Capitólio, em Minas, foi um dos lugares mais bonitos que eu e a Mila visitamos.
_ Seus pais não ligavam de ir só vocês duas?
_ Não, quer dizer... a gente fechava pacote com a mesma agência sempre. Então quando os dois não podiam ir, deixavam com que fôssemos sozinhas.
_ A única que já viajou sozinha mesmo, com amigos, foi a Mê. Eu e a Malu não, minha mãe nunca deixou.
_ Mas você já quis?
_ Ah, não tentei na verdade. Ela não tem cara de quem me proibiria.
_ Nem tem porquê, né... ela é bem liberal.
_ Até demais, ela nos dá uma liberdade que cara... outros pais não costumam dar.
_ Tipo?
_ O Leo desde antes de namorar minha irmã dormia lá em casa.
_ Sério?
_ Sério. Tá certo que eles eram amigos, mas ela não via malícia.
_ Minha mãe não proíbe, mas também sei que ela não gosta muito. Ainda mais minha irmã que sempre foi mais namoradeira, sabe?
_ Hmmm e você não?
_ Ah, tive uns namoricos... mas nada tão sério assim. Só o meu ex, que foi com quem em perdi a virgindade e apresentei aos meus pais e essas coisas.
_ Af.
_ Não faz essa carinha, mô. -segurou meu rosto e deu uns selinhos.- Fico feliz em ser sua primeira namorada.
_ É, eu também. -nos beijamos.
_ Com licença... -um rapaz veio nos trazer  as sobremesas, saboreamos intercalando com beijos e brincadeirinhas nossas.
_ Tô cheia, não aguento comer mais não.
_ Fraquinha hein, passa pra cá. -terminei o meu, comi o dela e pegamos o caminho de volta assim que nossos pedidos para viagem ficaram prontos.
_ Não acha que vai derreter até lá não, é?
_ Não, é rapidinho pô. Só a senhorita não ir desfilando.
_ Ha ha muito engraçado, besta.
_ Lindinha do Art.
_ Lindinha é o nome da minha cadelinha, mô.
_ Pensei que fosse Belinha, nunca acerto.
_ Desligado.
_ As vezes vai... -andamos mais um pouco e chegamos na minha casa novamente.- Aqui bonitas, comam a vontade.
_ Sempre, passa pra cá maninho. -Melissa pediu.
_ Eles ainda estão jogando? -perguntei.
_ Sim, ainda... nem o Bê quer sair de lá.
_ Tem nem tamanho, vê se pode (risos).
_ Se precisarem de mim, tô no quarto.
_ Com coisa que você vai ouvir, né?
_ Fica quietinha fica. -entrelacei minha mão na da Ju e subimos, entrei no quarto e fechei a porta.- A sós. -segurei sua cintura trazendo-a mais para mim e levando a outra mão até seu pescoço, enfiando os dedos entre seus cabelos e puxando sua cabeça um pouco para trás, para que pudesse beijar sua boca. E o fiz com urgência e intensidade, sentindo minha respiração ofegar e ela retribuir ao beijos, segurando minha camisa e seguindo na mesma voracidade. As mãos deslizaram por seus ombros, as costas e chegaram até sua bunda. Apertei e escutei seu grunhido abafado pela minha boca, contornei a linha do cós do shorts e desci a mão por sua perna, apertando a coxa e subindo os dedos pela frente.
_ Não, mô. -segurou minha mão e eu deitei a cabeça em seu ombro, chateado.- Tô com abs...
_ Desculpa, bebê.
_ Não, tá tudo bem... -respondeu sem jeito, para ela não ficar com ainda mais vergonha voltei a beijá-la com a mesma vontade de antes e fomos caminhando até minha cama, sentados, deitados e eu sem camisa.


  Eu estava cheio de tesão por ela, mas sabia que nada aconteceria. Ficamos então... nos beijos quentes, intensos, com mordidas e chupadas de línguas. Bom demais, nem nos demos conta da hora passando. 
 Minha sogra ligou perguntando se ela dormiria por lá e foi quando nos demos o trabalho de olhar no relógio, passaram-se das 21h. Deitei de barriga pra cima, encarando o teto e ela falando com a mãe.


_ Tá bom, te amo também... tchau, mãe. -e desligou se deitando no meu peito, me olhando e sorrindo.- Que carinha meu deus, que môzinho mais gostoso que eu tenho.
_ Você já vai ter que ir embora?
_ Tenho até às 23h30 pra chegar em casa.
_ Ah é? -alisei seus cabelos.- Afim de ver um filme?
_ Hmmm não, quero só ficar abraçadinha com você, sentindo seu cheiro... sua respiração... -me beijou.- Te amo, sabia?
_ Também amo você, bebê. Muito.
_ Eu sei. -abracei sua cintura.


  Ela não mentiu quando disse que queria ficar abraçada comigo, ficou quieta e de olhos fechados. Cheguei a cochilar, quando acordei estava dando 22h30. Chamei ela com jeitinho, chamei um Uber e descemos.
Meus tios tinham ido embora, os cunhados também e minha mãe não estava mais na sala. Acompanhei Julia até a porta e nos despedimos com um beijo e um abraço. Entrei e meu pai estava indo para a cozinha.


_ Agora, cara?
_ Tava precisando dormir. -falou rouco, coçando a cabeça.- Tá tudo certo por aqui?
_ Tranquilo meu véio. -ri.- Descansou?
_ Sim e não. Tô com dor de cabeça.
_ Isso chama cachaça, paizão.
_ Com toda certeza. -riu.- Tava na Julia?
_ Não, ela que veio pra cá... o senhor já estava dormindo.
_ Dormindo muito por cima, até sua irmã pegou no sono.
_ Helena pipocou esses dias todinhos, precisava descansar né?
_ Naquelas né, tá acordada lá com a sua mãe.
_ Ainda?
_ Ainda, quer ver desenho.
_ Hmmm. -me sentei no banco e descansei os braços sobre o balcão, meu pai se serviu e sentou de frente pra mim.- Pai.
_ Hmm, fala aí.
_ Tava pensando em viajar no meu aniversário.
_ Mas viajar? Pra onde?
_ Para os parques de Orlando, não vou lá desde as minhas férias com a vó Marizete.
_ Tá, mas você tá tendo aula... tá no último ano.
_ Eu sei, mas seria só uma semaninha. Será que minha mãe vai encrencar?
_ Depende do que você disser à ela.
_ Que eu vou sozinho. -cocei a nuca.
_ Sozinho?
_ Tô pensando ainda, minha namorada tá pensando nos estudos... mesmo eu falando que a gente recupera depois.
_ Tá querendo aprontar nessa viagem, não é não Arthur?
_ Juro que não, pai. Oh, deixa eu explicar... eu já queria viajar ao invés de falar festa e hoje conversando com a Ju, ela contou que nunca tinha ido e que tinha vontade.
_ Tá e como eu posso ajudar?
_ Convencendo minha mãe de que vai ser uma boa.
_ Tem certeza de que é isso que você quer?
_ Tenho, pai. Eu quero...
_ Outro aniversário longe da sua mãe?
_ A gente faz qualquer coisinha aqui em casa mesmo.
_ Cê que sabe, cara. Quer fazer nós fazemos.
_ Vou ver, vou ver... tenho mais de um mês até lá.
_ Ô se tem, mas passa voando viu.
_ Eu sei, e antes ainda tem o aniversário dela. E aí, paizão?
_ Sua mãe gosta de festa... amigos, muita música, bebida e comida à vontade... não tem jeito, cara.
_ Então já é bom marcar data. Vai ter tema esse ano?
_ Ela quer festa árabe.
_ Árabe? 
_ Não me pergunte porque nem eu sei.
_ Minha mãe tem umas coisas...
_ É diferente, vai.
_ Muito, né? Mas se ela quer... nós vamos.
_ Assim que se fala.
_ Pai, vou indo nessa... boa noite pro senhor. -beijei seu rosto e subi, estava com sono e queria deitar em tempo de descansar para acordar disposto na manhã seguinte e aproveitar minha semana.






~.~
  Três dias de festa, quem aguenta? Onde desliga esse povo? Haha!
  Luan aproveitou muito a chegada de mais um ano de vida, assim como nos parece que a Nanda irá aproveitar em dobro o dela! Já quero, festa e festa e mais festa!
Será? Bj, até mais. <3


PS: Agradeçam a linda da minha mãe que ligou o roteador. KKKK Continuo sem internet, porém o capítulo já estava pronto e era sacanagem não publicar. Enfim... estamos aí, beijos gatinhas.