{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

terça-feira, 10 de julho de 2018

Capítulo 263

Narrado por Fernanda

(...)


_ Que tanto você se mexe nessa cama, Luan? Não tô conseguindo dormir. -reclamei, sentando e puxando o cobertor.
_ Desculpa, mas tô preocupado. Melissa não chegou e já está tarde.
_ Ela não mandou mensagem?
_ Se tivesse mandado eu não estaria preocupado, né Fernanda... -falou o óbvio.- Também já liguei no celular e só dá desligado.
_ Ela não é de sair na semana e agora tá solteira, então não tá com o Leo.
_ Não tem o número de nenhuma amiga dela?
_ Luan, calma. Melissa sabe o número de casa... vai ver passou em algum lugar antes de vir embora.
_ De madrugada? -escutamos um barulho de carro e ele correu para a janela, não demorou e desceu descalço mesmo, voltou uns cinco minutos depois todo desconfiado.- Disse que passou no drive thru, eu não engoli isso não.
_ E posso saber por que?
_ Eu conheço aquela cara, vida. Melissa tava aprontando, o carro ficou uns minutos aqui na frente e não era do Leonardo não.
_ Não me surpreende, eles não estão juntos.
_ Mas eu preferia, ele tinha juízo, respeito por mim.
_ Luan, vem deitar amor.
_ Perdi o sono, vou descer.
_ De novo? Deita aqui, deita...
_ Pra ficar acordado?
_ É, mas aqui comigo. -Luan voltou para a cama e nos beijamos, beijos com carinho e mãos bobas, não passamos disso.
_ Tava aqui pensando, vida... Melissa te contou porque terminou o noivado?
_ Contou sim.
_ E você não me disse nada, é?
_ Agora eu até posso, mas assim... não temos que cobrar satisfações dela.
_ Não é bem assim né, era um bom rapaz e... tá bom, pode falar. -contei e por mais que ele não dissesse nada, estava bastante nervoso.- Melissa não vai aprender nunca?
_ Vai ver ficando com o Murilo ela perceba que não vale mais a pena, que ela queria tanto isso e não foi como ela realmente esperava.
_ Quer dizer o que com isso?
_ Quando os dois estiveram juntos foi gostoso porque ela era mais nova e era um romance proibido. Graças à Deus nossa filha cresceu e está tomando um rumo na vida e ama aquele menino loiro que mais que um noivo é amigo dela.
_ Tá e precisava terminar com o noivo pra descobrir isso?
_ Talvez, né amor. Eu vejo hoje a "relação" dela com o outro lá, a mesma coisa que eu e os meus casos antigos. Era uma coisa bem física, carnal mesmo. Só sexo, sem sentimento algum... só pra satisfazer o corpinho aqui.
_ Pensando assim, também tive essa fase.
_ Sim, e aprendemos com ela.
_ Muito. -me beijou e deitou a cabeça no meu peito.- Mas eu rezo para que tudo se resolva.
_ Também estou nessa mesma torcida. -falei acariciando os cabelos dele, a barba e dando beijinhos rápidos entre um sorriso e outro.- Tá me dando fome, sabia?
_ Bora lá na cozinha.


  Nós nos levantamos, colocamos os chinelos e descemos para procurar o que comer. Atacamos a geladeira mesmo, bolo de paçoca com creme de doce de leite. Trufas e um mousse de maracujá.

_ Tô vendo que vamos engordar, né?
_ Nem ligo mais, tô casada mesmo. -ri.
_ Eu te largo hein.
_ Quem vai te querer? Quase cinquenta, pai de muitos filhos...
_ Tenho meu charme vai, um talento irresistível.
_ Só comigo, não funciona com nenhuma outra mulher. -falei passando a colher com doce na boca dele e tirando com a língua, brincando.- Essa barba tá grande, tá me arranhando.
_ Quer que eu tire?
_ Dar uma aparada as vezes é bom, né?
_ É mesmo minha ursinha?
_ Eu não tô peluda, Luan!
_ Não é? Deixa eu ver.
_ Ridículo.
_ Também amo você. -me abraçou e ficou beijando meu rosto.
_ Tô comendo meu amor, comendo.
_ Então come, come bastante.
_ Só de pensar em sábado eu tenho mais fome ainda.
_ Arraial bom demais da conta, do jeito que a gente gosta.
_ Será que ela vai gostar?
_ Vai sim, o importante é ela brincar com os amiguinhos.
_ Convidei todos da sala dela e as duas professoras.
_ E eles vem?
_ Espero que sim, Leninha ficou toda feliz.
_ Ela é linda. -sorriu.- Só fiz filha bonita.
_ E um meninão pra ninguém colocar defeito, porque meu filho é lindo demais.
_ Parece comigo, por isso. -piscou.
_ E é mesmo, sua cara. Carreguei nove meses, nove... pra sair sua xerox.
_ E esse que vem aí vai ser a mesma coisa. -abaixou a cabeça e beijou minha barriga.- Demorei pra acreditar, tô feliz demais cara.
_ Também, um bebê é sempre bem vindo.




Narrado por Melissa
  Uma noite muito bem dormida, acordei cedo e disposta. Olhei no celular e haviam algumas mensagens do dia anterior, mas antes de respondê-las bloqueei o número do Murilo e exclui sua única e última mensagem. As outras eram as meninas da faculdade perguntando se estava tudo bem comigo e a Tacy pressentindo que eu estava fazendo besteira, pedindo que eu ligasse para ela.
  Por fim levantei e fui tomar um banho, lavar os cabelos, o rosto e escovar os dentes. Terminando isso, segui para a tarefa difícil de escolher o que vestir. Calça jeans, blusa de renda e um blazer. Nos pés sapatilhas, algumas pulseiras e o relógio.


_ Bom dia, bom dia. -cumprimentei meu pai, Maria e minha mãe.- Tudo bem com vocês?
_ Bom dia. -responderam os três.
_ Caiu da cama? -meu pai brincou enquanto eu me servia.
_ Acordei mais cedo pra lavar o cabelo. -dei de ombros.
_ Tá bonita. Vai ir trabalhar sem maquiagem?
_ Uhuum. -respondia tomando meu leite com café.- A senhora vai mais tarde hoje? -perguntei ao ver que ela ainda estava de pijama.
_ Tenho consulta, acordei cedo só pra tomar café.
_ Paizinho, me dá uma carona.
_ Olha Melissa, você vai sair de férias e vai ir tirar sua carteira de habilitação.
_ Nossa pai, que pressão hein.
_ Cinco carros na garagem minha princesa.
_ Eu sei, tentei aprender. Mas o Leo não teve tanta paciência, quase entrei com o carro no lago.
_ Misericórdia, nem sua mãe é ruim de volante.
_ Sou piloto de fuga, meu amor. -mandou beijo se gabando.
_ Por isso meu pai te deixa pegar a Ferrari, né?
_ É sim. -riu.- Tô indo trocar de roupa, quando eu descer a gente já vai. Não demora. -se levantou, deu um beijo na minha testa e saiu da cozinha.
_ Mê?
_ Oi, mãe.
_ Quem veio te trazer ontem? Seu pai disse que você chegou mais tarde... aconteceu alguma coisa?
_ Sim e não. -ri.
_ Tava aprontando mesmo né?
_ Não foi bem aprontar, mãe. Estava resolvendo uma coisinha, só isso.
_ Resolvendo uma coisinha?
_ Lembra que conversamos sobre pôr um ponto final no passado? Então, fiz isso ontem. Sem brigas, sem discussões, sem choro.
_ Tá brincando, né? Mas... aí já quero saber de tudo.
_ Ele me mandou mensagem, não sei como, mas ele conseguiu meu número. Disse que queria conversar e eu fui, nós fomos pra cama... -falei baixinho.- ... mas o tempo inteiro eu pensava em como o Leo fazia diferente, como ele fazia assim, como os beijos dele eram diferentes.
_ Melissa, deu pra um pensando em outro?
_ É, mãe. E não estava pensando no Leo por me sentir culpada, e sim porque percebi que com ele tinha sentimento. Não foi só sexo, desde a primeira vez. Com ele não, anos atrás tinha todo um sentimento, uma pequena história... ontem foi uma transa. Muito bem feita, gozamos e acabou.
_ Meu deus, minha filha. -ela estava de boca aberta, completamente pasma.
_ A senhora queria saber, eu contei.
_ Eu sei. -sorriu.- E como você se sente?
_ Ah, muito bem. Aliviada em ter certeza dos meus sentimentos.
_ Meu genro vai voltar então?
_ Quem vai voltar pra onde? -meu pai chegou na cozinha já perguntando.
_ O senhor vai voltar pra cá depois que me deixar na empresa. -pisquei para minha mãe sem que ele percebesse.- Vamos?
_ Bora. -me levantei, dei tchau para as minhas meninas e fomos para o carro.- Tá tendo aula ainda?
_ Até dia 02 de julho.
_ E tá fazendo como pra vir embora?
_ Uber. Minha fatura do cartão só vem isso.
_ Vamos fazer assim até suas férias, eu te levo e busco.
_ Fechado paizinho lindo. -beijei o rosto dele.
_ E nas férias você e seu irmão tiram a habilitação.
_ Fechado também.
_ Ótimo, agora chega de assunto. Põe uma música aí.


...

   A semana teve seu fim e sábado à tarde uma festa junina me aguardava. Aniversário da minha irmã caçula, festa temática e pelo som que já estava montado seria animação do começo ao fim.
  Os convidados chegando, a maioria amigos de anos, outros mais recentes e dentre eles um e outro eu não conhecia.
  Estávamos em uma mesma mesa eu, a Lari, Taciane, Cacá e a Nay, meu irmão e a Julia, Malu e o Henrique, Camila e Matheus. Bruno estava em uma festa com a família dele e não pôde ir, a família do Leo havia chegado e ele não. Senti falta, mas não perguntei o motivo de ele não estar presente.


_ Mê, por favor. Sobe lá e pega a vela, deixei em cima da bancada junto com os canudos coloridos.
_ Tá bom, vou lá. -subi e achei a vela, peguei os canudos por precaução e para não perder a viagem. Quando estava passando pela porta de vidro escutei a campainha, Thor já veio correndo e pulando. Abri a porta e o caipira mais bonito da festa estava na minha frente.- Leo! Pensei que você não viria. -não dei tempo dele falar, apenas o abracei e fui muito bem retribuída, ele me tirou do chão.
_ Oi loirinha. -beijou meu rosto e me colocou de volta no chão, ajeitando a roupa.- Que recepção.
_ Desculpa, eu... eu... -comecei a ficar vermelha.- Aí droga... estava com saudades e não nos falamos mais, então... -falava rápido, atropelando uma palavra e outra.
_ Também tenho sentido sua falta. -beijou minha testa.- E não perderia o aniversário da minha outra pequena.
_ Ela já me perguntou de você umas quatro vezes.
_ Demorei no banho, aí me largaram em casa e sem o carro. Vim andando.
_ Vem, entra.


  Não era tão comum assim cumprimentar com beijos no rosto quem já estávamos acostumados receber com um beijão na boca, bem gostoso. Mas tudo bem, eu tinha que entender que estávamos nessa situação por uma decisão "nossa".
  Fechei a porta, ele me esperou e descemos com o Thor pulando na perna dele de degrau em degrau até chegarmos lá embaixo.


_ Uau, que caipira gato. Tudo bem, Leo?
_ Ótimo, sogra. -beijou o rosto dela e foi falar com a minha irmã.
_ Sogra? Eu perdi alguma coisa?
_ Não perdeu nada mãe, não estamos juntos. Toma. -entreguei as coisas e fui sentar.
_ Aquele é seu ex? -Larissa perguntou.
_ Sim, ex e melhor amigo.
_ Com todo respeito, muito bom gosto. Ele é lindo.
_ Lindo demais. -concordei.
_ Mê vem tirar foto comigo e com o Leo.
_ Mas eu já tirei foto, Nena.
_ Igual eu tirei com o Art e a namorada dele, vem... -e saiu do puxando.


  Tiramos fotos nós dois e ela, depois com a Analu e a Ceci. Maria Luísa como não perde a oportunidade veio pra foto também e arrastou meu irmão pro meio.

_ Pronto, pronto. Chega, né? -falei saindo de trás da mesa.- Muita foto já.
_ Me senti uma celebridade.
_ Quase isso. -ri.
_ Pensei que ia abandonar hein. Duas semanas sem vir aqui em casa. -Malu disse me deixando vermelha de vergonha.- E nossa amizade fica onde? -deixei eles conversando e voltei para a minha mesa.
_ Que cara é essa?
_ Tá um clima estranho. Quer dizer, eu tô toda estranha.
_ Vocês conversaram?
_ Não.
_ Então é isso né linda... não tem como as coisas estarem normal se não rolar aquela conversa. -Nayara disse com toda naturalidade do mundo e Cacá concordando com ela.
_ Vocês funcionam bem juntos, ele te ama muito loira.
_ Morena. -brinquei.- Eu também o amo muito.
_ Ah então amiga, não perca tempo.


  Fiquei pensando nisso, mas não deixei de aproveitar a festa. Brinquei no touro mecânico, comi mais que minha boca, dancei quadrilha e fora a cama elástica, boca do palhaço, piscina de bolinhas. Festa, né?
  Cantamos parabéns eram quase 22h.    Depois disso algumas pessoas foram se despedindo e outras bebendo mais, comendo mais e dançando mais. Larissa disse que precisava ir e eu a acompanhei até a porta. Depois foi a vez do meu casal preferido, em seguida a Tacy e aí como eu estava de vela mudei de mesa.
  Na verdade fui dançar um forró com o meu vô Amarildo e depois sequestrei o Bernardo do colo do meu padrinho.


_ Mê, eu já tô indo pra casa. -Ceci veio até mim.- Mas eu já tô com saudades. -abraçou minhas pernas.
_ Eu também minha princesa.
_ Quando você vai lá em casa hein? Tenho que mostrar uma coisa pra você.
_ Aé? Que coisa?
_ A Sky. Minha cachorra nova, o Leo não te contou? Eu falei pra ele mandar a foto. -olhou para o irmão de cara feia, cruzando os braços.
_ Faz assim, eu vou te ligar e ai vou lá ver a Sky e você. Pode ser? -falei e ela desfez o bico toda linda.
_ Pode. -concordou mexendo no cabelo.
_ Então fechado. -dei um beijo no rosto dela, me despedi dos seus pais e o Leo acabou ficando por último.- Tchau, se cuida tá?
_ Eu quem deveria estar te falando isso. -beijou minha testa, me deu um abraço forte e se afastou.- Tchau loirinha.
_ Tchau Leo.
_ Acho tão bonitinho o jeito que ele te trata. -minha avó disse pondo a mão no meu ombro.- Todo carinhoso. Seu avô é assim comigo. -falou se sentando, a acompanhei.

 Vó realmente sabe das coisas. Impressionante! Nós conversamos sobre meu "tempo" com o Leo e mesmo sem saber do que eu tinha feito, minha vó me deu muitos conselhos e disse coisas tão bonitas relacionadas à nós dois... cheguei a ir dormir com um sorriso no rosto.
  Amanheceu e era domingo, domingo pós festa. O que significa que não acordei tão cedo, mas acordei em tempo de pegar a mesa do café montada, meus pais e a Malu sentados e comendo.

_ Bom dia família.
_ Bom dia. -responderam.- Dormiu bem?
_ Olha, eu teria dormido mais numa boa. Mas, a fome falou mais alto. -pisquei para o meu pai.
_ Reloginho, tic tac. -brincou meu pai.
_ Cadê meu irmão?
_ Jogar bola, vida dele é essa de domingo.
_ Até porque se estivesse aqui estaria dormindo dona Fernanda. -ri.- O que faremos hoje?
_ Já está de férias?
_ Quase, mãe.
_ Seu pai quer ir pra chácara. -minha mãe comentou.
_ Tá, podem ir.
_ E você vai ficar aqui sozinha, filha?
_ Não tem problema não, mãe. Vou estudar ainda essa semana e meu pai tá de folga. Sacanagem vocês ficarem apenas por mim.
_ Mas você vai me mandando mensagem, né?
_ Todos os dias, podem ir tranquilos.


  E eles foram antes mesmo do final da tarde. Esperaram o Arthur chegar, arrumar a mala dele e foram.

(...)

  Usei a semana "livre" para resolver algumas coisas relacionadas à faculdade  e adiantar meu serviço, levando em conta que estaria de férias a partir da semana seguinte.
  Tinha também o negócio da auto escola, mas iria esperar meus pais voltarem de viagem. Aproveitei que não iria sair no sábado para ir visitar a Cecília, tomei um banho, tomei café e fui andando mesmo.


_ Bom dia, doninha! -encontrei ela deitada na grama em frente a casa.- Tudo bem?
_ MELISSA! Você veio. -levantou e me deu um abraço.
_ Eu vim. O que você tá fazendo aqui fora?
_ A Sky fugiu do meu braço e o meu irmão foi correndo atrás dela, mas não tá voltando ainda. -dei risada imaginando a cena.- Você não viu a Sky ainda né?
_ Não, ela é bonita?
_ Ela é linda minha cachorra. -falou toda vaidosa, arrumando a franja.- E grande também.
_ Grande, é? -sentei ao lado dela e ficamos uns cinco minutos esperando e nada do Leo.
_ Olha ele lá, Mel! -ficou de pé, pulando igual pipoca.
_ Melissa? -ele estranhou ao me ver lá, fiquei sem graça, mas me levantei.
_ Oi, tudo bem Leo?
_ Tô bem e você? -veio me cumprimentar, mas a Sky entrou na frente lambendo meu rosto.
_ Oi pra você também Sky, linda! -beijei seu focinho.
_ Linda e bagunceira. Porra, corri pra caralho atrás dela. -disse ainda ofegante.- Cecília. -ela olhou toda desconfiada.- Não pega ela sem a coleira, porque se ela sair correndo de novo você quem vai atrás.
_ Combinado. -concordou e eu dei risada, sem ser escandalosa.
_ Vem Mel, vamo entrar em casa. -saiu me puxando pela mão, entramos e ela correu para o sofá.
_ Nada disso, chuveiro e agora. -ela não discutiu, já foi indo na frente e subindo as escadas.- A gente já volta, tá?


  Os dois subiram e na sala ficamos só eu e a Sky, que estava tomando água e depois deitou no tapete. Peguei o celular e fiquei no instagram como de costume, Leonardo demorava pra tomar banho sozinho, imagina dando banho na irmã.

_ Pronto, Mel. -Cecília desceu e pulou boa sofá.
_ Tô no quarto, qualquer coisa... -Leo falou do meio da escada e subiu.
_ Ele disse que ia jogar. -ela deu de ombros, pegando o controle da TV e ligando.- Sky!
_ Ela dormiu. -falei olhando-a de olhos fechados, bem tranquila.
_ É uma preguiçosa (risos). Mel você já tá de férias?
_ Ainda não, tô quase.
_ Que chato. Queria que fosse com a gente.
_ Pra onde?
_ Goiás minha mãe falou.
_ Vai passar as férias lá?
_ É, mas o meu irmão não queria não.
_ Por que?
_ Disse que não quer ficar de babá e vela. -dei risada e ela me olhou toda desconfiada.- O que é ficar de vela?
_ É quando você não namora.
_ Mas você não namora meu irmão?
_ A gente é amigo agora. -falei.
_ Só amigos? -Ceci era bem mais curiosa que a minha irmã e a Analu juntas.  Conversamos sobre as férias, assistimos um episódio de Patrulha Canina e ela me chamou pra brincar no quarto. E nós brincamos muito de casinha, de cabeleireiro e ela dormiu de cansada que estava.
_ Leo? -bati na porta e fui abrindo devagar.
_ Fala aí. -continuou jogando, nem olhou pra porta.
_ Sua irmã tá dormindo, tá?
_ Beleza.
_ E eu já estou indo embora. -falei e ele passou o jogo, me encarou.- O que?
_ Vai ficar fugindo de mim?
_ Fugindo?
_ Não precisamos nos tratar como dois estranhos, como se você só fosse uma amiguinha da minha irmã caçula.
_ Não é isso, é que... eu não sei Leo.
_ Fica mais um pouco? -pediu.
_ Fazendo o que?
_ Companhia. Tô sozinho, toma. -estendeu o braço apontando o controle pra mim.
_ Videogame?
_ Podemos brincar de salão, o que você acha amiga? -zuou.
_ Besta. -entrei e não fechei a porta. Ele estava deitado na cama, de bermuda e regata, cabelos bagunçados e muito a vontade.- Tá jogando o que?
_ FIFA.
_ Af. Tinha outro não.
_ Não curto Just Dance não. -sentei na ponta da cama dobrando uma perna e deixando a outra pra fora.- Prefiro jogo bruto. 
_ Sei bem... -dei risada. Ele reiniciou a partida e começamos a jogar, mas em silêncio e isso estava me incomodando, pausei o jogo.- Ainda tá chateado comigo, não é?
_ O que você acha? O cara aparece depois de três anos e você fica toda esquisita.
_ Eu não fiquei esquisita.
_ Ah não, foi eu quem me distanciei e coloquei a culpa nos compromissos.
_ Mas você sabe que não menti.
_ Eu também trabalho e estudo. E aí?
_ Você não entende.
_ Não mesmo, ainda não engoli o beijo.
_ Eu já expliquei como aconteceu.
_ Tá explicou sim e eu entendi. Mas o que realmente me chateou foi você não ter insistido mais em não darmos um tempo.
_ Mas Leo, você estava desconfiado.
_ E acha que eu fiquei como depois? Achando que estava tudo bem?
_ Eu te liguei, eu te mandei mensagens... você não quis falar comigo.
_ Se coloca no meu lugar. Você me atenderia?
_ Não.
_ Respondido. -voltou a jogar, mas eu não engoli e pausei outra vez.
_ Tudo bem, eu errei.
_ Pra caralho. Porra Melissa, esse cara já afastou a gente uma vez e nem éramos namorados ainda.
_ Eu sei e já me desculpei por isso.
_ Outra vez "desculpa".
_ Leo, eu te contei achando que iríamos nos entender como aconteceu da outra vez.
_ Quando você viajou com as meninas, a diferença é que o cara você encontrou por lá, não era um ex namorado seu que fodeu com a sua vida.
_ Temos pontos de vista diferentes.
_ Tô vendo que sim. Mas o importante é que você teve tempo pra se resolver com ele, não é?
_ Sim, colocamos um ponto final.
_ Hm... ele não quis mais nada? -perguntou todo irônico.
_ Eu falei pra ele que amava outro. -ele ficou quieto.- Nós ficamos e não teve sentimento.
_ E precisou ficar com ele pra saber, sou muito trouxa mesmo. -falou levantando da cama e indo até a janela.- Fiquei a porra de uma semana inteira chorando com fim do nosso noivado e você na cama dele.
_ Não você não é trouxa. Leo, eu errei muito com você. Mas não diminui o amor que sinto e eu quero ter a chance de recomeçar.
_ Pra ele falar que tem saudades e você ir correndo.
_ Não, agora é diferente.
_ Diferente por que? Fala...
_ Diferente porque é você quem eu amo, é em você que eu penso todos os dias quando acordo e antes de dormir também. -falei.- Porque amo estar com você mesmo que não estejamos nos beijando ou fazendo amor, mas porque você me faz rir, me faz companhia a qualquer hora... além de um puta de um noivo, você é o meu melhor amigo. Você me trata com carinho, cuida de mim.
_ Quase um pai. -revirou os olhos.
_ Não deixa de ser. Mas principalmente porque enquanto eu estava com ele, era em você que eu pensava. 
_ Caralho, eu não consigo ter raiva de você.
_ Só diz que me perdoa?
_ Depende... -olhei pra ele vermelha, de vergonha por ter dito esse monte de coisas.- ... vamos ter que começar do namoro ou já podemos marcar a data do casamento?
_ Eu te amo, Leonardo. -o abracei.
_ Também amo você, Melissa. E como amo. -levantei a cabeça sorrindo e ele me beijou e posso dizer com certeza que foi o melhor. Um beijo cheio de saudades, um beijo longo, intenso e com muita pegada.- Não dá vontade de parar mais.
_ (risos) Não para. -pisquei, ele me pegou no colo e foi me levando para a cama.- Ei... com calma, né? Sua irmã está dormindo, seus pais não estão em casa e a porta está aberta.
_ Cecília não vai acordar tão cedo, a porta a gente tranca e meus pais estão viajando.
_ Também? -perguntei e ele não tem entendeu.- Passei a semana sozinha em casa.
_ Deveria ter me chamado pra te fazer companhia. -chupou o meu pescoço, sorrindo.
_ Leo...
_ Eu sei que você quer, seus olhinhos não negam loirinha. -voltamos a nos beijar e ele ele foi me deixando nua em cima da cama, primeiro a parte de cima. Sua boca abocanhou meu seio, fechei os olhos, mordendo o lábio inferior. Aquela língua circulando meu mamilo e puxando com o dente antes de ir para o outro seio e descer dando mordidinhas até chegar na minha calcinha. Dedos hábeis, macios assim como sua boca.
_ Leo...
_ Hm... -ele juntou minhas pernas e tirou minha calcinha devagarinho, abriu bem minhas pernas e passou a língua da minha coxa até a virilha.
_ Leo... -coloquei as mãos ao lado do corpo, tateando o lençol.- ...por favor.
_ Quero te beijar muito hoje.
_ O quanto você quiser.


  Não haveriam palavras que descrevesse nosso momento, nossa volta. Foi lindo, foi intenso, foi amor. Leo sempre foi, é e tenho certeza que continuará sendo um cara incrível. Que me ama e principalmente não desistiu de mim, mesmo eu tendo pisado na boca mais de uma vez. Sou mais que agradecida e de agora em adiante serei inteiramente dele, assim como ele sempre foi meu. Meu namorado, noivo e melhor amigo.

_ Tô muito feliz sabia? -falei quando já estávamos deitados, fazendo carinho um no outro.
_ Eu também. -beijou meu rosto.
_ Dá vontade de ficar aqui o resto do dia.
_ Noite né? Olha lá fora. -virei a cabeça e olhei em direção à janela, vendo o breu que estava lá fora.
_ Tenho que ir pra casa.
_ Vai ficar lá sozinha?
_ Uhum...
_ Então fica aqui com a gente, podemos jantar fora. Tô com a barriga roncando.
_ Não sabe cozinhar não?
_ Sei ferver água, fazer miojo, fazer gelo também.
_ E seus pais vão ficar fora quantos dias?
_ Duas semanas e meia. Tô fodido, pode falar.
_ Também não é assim Leo. Sua irmã é um amor.
_ Ela é uma bagunceira, isso que ela é. Sem contar que ela acorda cedo todos os dias, tem horário pra comer e tomar banho e mais um monte de coisas.
_ Toda criança tem horário, quer dizer... lá em casa todo mundo tem horário pra tudo, você sabe.
_ Sua mãe fala que não, mas ela é bem mais regrada que seu pai.
_ Agora né, porque antes era totalmente o contrário.
_ É a idade.
_ Realmente, Maria Luísa está namorando com 15 anos. Já começa por aí.
_ Mas a Malu é tranquila, vai.
_ Eu também era.
_ Claro, muito. -começou a rir.- Vou tomar um banho, tô suado demais.
_ Vou tomar banho na minha casa, que eu já troco de roupa.
_ Deixou a casa aberta por acaso?
_ Não que eu me lembre, mas preciso voltar e acionar o sistema de alarme.
_ Num tem o aplicativo instalado?
_ Não Leonardo, não tenho.
_ Cabeçudinha. -deu um croque.- Já venho. -ele levantou da cama e foi para o banheiro. E eu? Fiquei comemorando na cama mesmo, nua e gargalhando sozinha, sem acreditar.

  Quando passou minha afobação, levantei e coloquei minha roupa, estiquei a cama e a bonitinha da Sky entrou com tudo no quarto e subiu na cama.


_ Oi meninona!
_ Não, não, não. Desce Sky! -falou saindo banheiro.
_ Você não gosta de cachorro, é?
_ Eu gosto, mas ela solta muitos pêlos e ainda sai mijando pela casa.
_ Ela é uma neném ainda, Leo. -falei sentando no chão e abraçando-a.- E é toda linda.
_ Claro que é, mas dá um trabalhão. -falou indo se trocar, fiquei olhando ele tirar a toalha e se vestir tranquilamente.
_ Leo? -escutamos a Ceci chamar da porta.- Eu dormi... -bocejava.- ... e a Mel foi embora.
_ Foi não, entra aí. -ela entrou e procurou pelo quarto, me achando sentada no chão.
_ Descansou, Ceci?
_ Um pouco. -subiu na cama e deitou outra vez.
_ A gente vai sair Ceci, pega uma blusa de frio e põe o tênis.
_ Mas eu não quero não. Tô com sono.
_ É coisa rápida, Ceci. -falei.- Ainda vamos comer pizza.
_ De brócolis!


  Leonardo ficou quase meia hora pra colocar uma bermuda de moleton, camisa de manga comprida, meias e chinelos. Pegou a carteira, as chaves e nós descemos. Sky iria ficar por lá e nós iríamos para a minha casa, eu precisava de um banho e roupas mais quentinhas.
  Desci secando os cabelos e ele olhou sorrindo.


_ Pronto, só vou colocar isso lá fora. -me referi a toalha.
_ Fechou tudo lá em cima? -assenti.- Então liga a central de alarme.
_ Tô indo lá agora. -falei passando por ele e indo para a varanda, estendi a toalha, voltei para a cozinha e tranquei a porta. Acionei o alarme e me encontrei com eles na sala.
_ Mel, cadê o Thor?
_ Foi para a chácara também.
_ Ah tá. A gente já vai embora?
_ Sim, vamos.


  Nós saímos, fechei a porta e guardei as chaves no bolso. Entramos no carro e fomos para a pizzaria, em seguida voltamos para a casa deles.
  Jantamos, assistimos um filme e a Cecília dormiu no meu colo, abraçando minha cintura.


_ Ela estava com saudades.
_ Também fiquei com saudades dela. -disse mexendo em seus cabelos.- E de você também.
_ Seu pai me disse. Malu me ligou... até com o seu irmão eu conversei.
_ Tudo pelas minhas costas, coisa feia.
_ Nada a ver, vai. Deixa eu levar ela pro quarto. -deixei que ele subisse e aproveitei para levar as coisas para a cozinha, desliguei a tv e subi também.- Já quer dormir.
_ Tá frio lá embaixo.
_ Meu quarto está quentinho. -disse no meu ouvido, beijando minha nuca.
_ Nem vou te falar onde está quente. -brinquei.
_ Posso até adivinhar. -me virou de frente para ele e fomos nos beijando até entrarmos no quarto, ele encostar a porta e irmos para a cama.- E esses olhos brilhando aí?
_ Vontade de você, minha mãe sempre diz que não podemos perder oportunidades. -falei um pouco sem graça.
_ Não mesmo, vem cá... -nos abraçamos e voltamos a nos beijar, deixando nossas mãos passearem ao passo que o beijo ganhava intensidade, crescia o desejo e trazia mais calor. Seus dedos tocavam meus seios por cima da regata, massageando-os de um jeito ritmado, descendo os beijos por todo o meu pescoço e ousando colocar a língua entre eles. Levantei os braços e ele foi rápido em tirar minha blusa, abaixar a taça do sutiã e me beijar bem ali. Tocando meu mamilo com a ponta da língua geladinha, me excitando e deixando-me inquieta. Segurei seu rosto e  voltei a me concentrar no sabor de seu beijo, suas mãos apertavam minha cintura e pressionavam meu corpo contra o dele, fazendo com que eu sentisse uma excitação tão crescente quanto a minha. Fiquei de joelhos na cama, empurrando seus ombros e deitando-o sobre o travesseiro, segurando suas mãos acima da cabeça sem deixar de beijá-lo.- Você gosta de me provocar.
_ Uhum... -fiz um coque nos cabelos e voltei minha atenção a sua cintura, espalmando minhas mãos em seu abdômen, rebolando lentamente até ele estar ainda mais excitado. Tirei sua bermuda e a cueca, tocando-o primeiro com as mãos, depois com os meus lábios. Sentindo-o não só na minha língua como também no fundo da minha garganta, pulsando... preenchendo todo e qualquer espaço.
_ Porra! -o coque se desfez quando ele colocou as mãos na minha cabeça e me manteve ao seu ritmo até chegar ao clímax. Sai de cima dele, sentando na cama e tirando o que me restava de roupa, ainda ficava sem graça em estar com a calcinha encharcada sem ele ao menos me tocar. Ele ficou de joelhos e abraçou minha cintura, cheirando meu pescoço e apalpando minha bunda. Levantei as pernas, cruzando em volta dele e nos encaixando.- Acho que assim não vai dar muito certo. -riu.- Fica de costas pra mim, isso... empina um pouco mais. -ele segurou minha cintura penetrando com vontade, fazendo com que eu sentisse cada centímetro até suas coxas encostarem nas minhas.- Assim tá bem melhor.
_ Uhuum... -respondi apoiando os cotovelos na cama, sentindo cada movimento bem fundo e preciso e rápido, uma vez e outra e mais outras. O calor continuou crescente, a respiração voltou a acelerar e os espasmos musculares denunciavam o clímax chegando. Ele pegou no meu cabelo puxando para trás e beijou minha boca, tocou meus seios com uma das mãos e com a outra fazia movimentos diretos no meu clitóris até que cheguei ao orgasmo, chamando por ele e sentindo minhas pernas trêmulas.- Leo... -ele me virou de frente pra ele, de um jeito meio desajeitado, me deitou no colchão e continuou dando bombadas, afastando mais minhas pernas e indo mais fundo até ele gozar e deixar que seu corpo caísse sobre o meu.
_ Porra, isso foi...
_ Não fala. -o beijei com carinho, agradecida.- Tô toda suada.
_ Mas continua cheirosa...
_ Isso sempre (risos). Tô com sede, já volto. -me levantei passando por cima dele e pegando sua camisa para vestir, calcei os chinelos e desci rapidinho.
_ Com sono?
_ Não, mas estou cansada. -falei pegando as coisas do chão e subindo na cama outra vez.- E você? -dei um selinho.
_ Queria jogar, bora?
_ Essa hora? -ele deu de ombros.- Tá, mas eu escolho o jogo.
_ Como quiser... não sendo minicraft eu topo qualquer um.
_ Até o dos cavaleiros?
_ Pode ser, mas acho ele sem graça.
_ Ah, então escolhe você. -ele escolheu e jogamos o resto da noite.




Narrado por Luan
  A semana na chácara foi um belo de um descanso, aproveitamos muito mais do que se tivéssemos ficado em casa. Desligamos um pouco dos celulares e fazíamos tudo juntos, desde tomarmos café até brincar na cachoeira, acender fogueira à noite e fazer aquela toda de viola.


_ Faltou a Mê aqui hein. -Arthur comentou durante o jantar.
_ Também achei. Coitada da minha irmã, é uma adulta cara.
_ Aí que exagero, Malu. É que agora ela tem responsabilidades, né?
_ Não vejo a hora de terminar a escola e começar logo minha faculdade, aí que daora.
_ E você já sabe o que quer fazer?
_ Voltado para a medicina, pai. Fisio ou pediatria, sou apaixonada. -dizia com os olhos brilhando.
_ Ah é? E gosta de estudar, por acaso? -Arthur perguntou rindo.
_ Mais que você que só pensa em bola de futebol. -revirou os olhos.
_ É o que eu gosto, educação física é minha vida. -dizia ele.
_ Eu vou ser bailarina. -Helena falou em alto e bom tom.
_ Tem tamanho de uma mesmo, bem pitica. -Malu dizia.
_ O que é pitica, mamãe?
_ Pequena, meu amor.
_ Ah tá. -e voltou a comer.
_ Arthur, tava falando com a Melissa... vocês precisam tirar a carta cara.
_ Eu já sei dirigir, Melissa sabe abrir a porta. -falou rindo e nos fazendo rir.
_ Menino abusado, não fala assim da sua irmã.
_ Pelo amor de deus, Melissa tem 23 anos já. Eu aprendi antes dos 18.
_ Ah vai ver ela não quer gente, tem algum medo... sei lá.
_ Verdade Maria. -concordei.- De qualquer forma, vocês precisam.
_ Quando eu terminar a escola né?
_ Agora, nas férias.
_ É férias, pai. Quero viajar.
_ Outra viagem? Caramba, tá boa a vida né?
_ Cuida Maria Luísa, cuida.
_ Nossa o tanto que viagem, minha nossa senhora.
_ A gente tem casa na praia pra isso, quase não vamos mesmo. -ele deu de ombros.
_ Vocês tem que aproveitar mesmo, a cada está lá para ser usada.
_ Quero ir também. -ela disse.
_ Comigo que não, chamei uns amigos da escola.
_ Mãe!
_ Malu, filha... são os amigos dele.
_ Meu namorado é amigo dele, e com certeza vai.
_ Aí é você e ele. -Fernanda deu de ombros.
_ Você não vai chegar o Henrique, né?
_ Ele disse que vai que podia contar com ele.
_ Filho da mãe.
_ É irmãzinha, acontece.
_ Só fala isso porque eu não sou muito amiga da sua namorada, mas aí ter volta viu. -disse seria e voltou a comer. Jantamos, ajeitamos a cozinha e fomos nos deitar.
_ Melissa não ligou hoje, nem mandou mensagem. Será que ela saiu? -Fernanda perguntou.
_ Melissa sair?
_ Tomar uns drinks, sair e dançar. Dormir na casa de alguma amiga... ela deveria, né?
_ Ela tá bem em casa, não precisa sair pra beber não, nem dançar. -falei tirando a camisa e me sentando na cama.
_ Aí que horror, deus me livre Luan.
_ Ela disse que ia ficar por causa da faculdade, então... ela ficou pra estudar, não pra ficar saindo.
_ Eita ciúmes, desgruda um pouco Luan.
_ Nunca. -encostei na cabeceira e estiquei as pernas.- Deixa eu ver essa barriguinha aqui...
_ Crescendo. -comentou toda feliz, levantando a blusa do pijama e vindo até mim.- Tá querendo aparecer já. -sorriu e não resisti em lhe dar um beijo muito do gostoso.
_ Você me surpreende mais a cada dia, te amo mulher. 
_ Também amo você meu homem. -me deu um selinho e seguiu para o banheiro, saiu de lá com o rosto todo verde.- Não fica olhando com essa cara, é máscara.
_ Misericórdia, coisa feia.
_ Faz bem para a pele, você deveria passar. Olha essa espinha aí, imensa.
_ E ela vai ficar aqui, porque você não vai cutucar é nada.
_ Você vai dormir e você tem o sono pesado.
_ Fernanda, brinca não muié. Brinca não.
_ Então me deixa com os meus cremes. -e deitou.
_ Vai dormir assim? A não, vai melecar tudo o travesseiro... -comecei a lista de reclamações e ela vencida pelo cansaço voltei no banheiro e tirou tudo, saiu de lá, apagou a luz e deitou na cama.- Nem um boa noite?
_ Boa noite amor.
_ Boa noite vida. -beijei seu ombro e dormimos agarradinhos.


  Na manhã seguinte acordamos cedo, descemos para a cozinha e ajudei arrumar a mesa de café da manhã. Domingão, sol começando a aparecer.

_ Essa chácara é uma delícia, fala a verdade. -Fernanda disse sentando de frente para a varanda, olhando o quintal.
_ Paisagem que traduz tranquilidade, desde que temos ela eu já perdi as contas de quantas vezes vim pra cá.
_ Muitas vezes, umas cinco, seis ou até mais por ano.
_ Isso agora né que também vamos pra praia. Quando dá viajamos pra fora.
_ Sim, mas aqui em especial é o lugar que eu mais gosto. E que mais lembra nosso começo de namoro.
_ Pensei que o Guarujá seria esse lugar... -falei me sentando ao lado dela, abraçando sua cintura de lado.
_ Lá também, mas não nosso começo de namoro. Aqui em lembro que viajamos uma vez e eu fiz sozinha meu primeiro bolo.
_ Ficou bom demais, eu lembro. Choveu aquele dia.
_ E nós tomamos banho de chuva (risos). Tá ouvindo? -fiquei quieto e escutei um barulho de carro, levantei e fui olhar pela sala.- Quem é?
_ PAI! -vi Melissa acenar de longe, franzi a testa e fixei mais o olhar.
_ Melissa. -falei.
_ Melissa? De carro? -acabou levantando e vindo olhar também.- Mas meu deus...
_ Acho que temos um genro de volta. -comentei rindo, enquanto Leonardo descia do carro e ia abrindo a porta de trás.- Um cachorro? 
_ Bem bagunceiro por sinal. -falou ao ver ele correr pela grama, de um lado para o outro enquanto ele tirava as bolsa de dentro do porta malas e Melissa vinha na frente com a Cecília.
_ Bom dia. -nos cumprimentou.- Tentei avisar que estávamos vindo, mas ninguém atendeu.
_ Já está de férias é? -perguntei.
_ Sim, pai. Na empresa e como só tinha aula mais hoje, faltei. -deu de ombros.
_ Bom dia tia Fê, bom dia tio Luan.
_ Bom dia princesa, fica a vontade. -beijei seu rosto.
_ Tá esquecendo de falar alguma coisa? -perguntei cruzando os braços.
_ Olha pai. -mostrou a aliança de noivado.- Nós voltamos! -ela e a mãe gritaram, comemorando.
_ Escandalosas. -falei.- Mas isso é bom, estava preocupado com isso.
_ É pai, no fundo eu também. Mas deu tudo muito certo. -abraçou meu pescoço, se pendurando.- Cadê o povo dessa casa?
_ Dormindo.
_ Bom dia, bom dia. -entrou cheio de coisas.
_ Agora sim rapaz, assim que eu gosto.
_ E aí sogrão, beleza? -nos abraçamos.- Oi sogra, tudo bom? 
_ Tô ótima, muito feliz. -beijou o rosto dele.- Vão ficar a semana toda?
_ Sei lá, tô de férias. Ceci também. -falou sentando no sofá.- Estamos curtindo a viagem, não é?
_ É. -falou deitando no colo dele.
_ Aquele cachorro é de vocês? -perguntei.
_ É sim, pai. É a Sky.
_ Ela?
_ Ela, a terrorista do condomínio. -Leo falou rindo.- Corre pra cacete.
_ Ah, então aqui ela vai cansar... porque é grande viu.
_ Amém (risos).
_ Querem tomar café? -Fernanda os chamou.
_ Eu quero tirar essa calça, tô com calor aqui... em São Paulo estava até chovendo. -Melissa comentou pegando a mochila.- Vem Leo, vou colocar as coisas no quarto.
_ Tô cansado, daqui a pouco loira.
_ Loira?
_ Ela só pintou o cabelo de preto, mas continua minha loira.
_ Sua uma ova, a filha é minha rapaz.
_ Claro sogrão, eu só pego emprestada. -riu.
_ Tudo que meu pai queria, Leonardo de volta nas viagens. -revirou os olhos.- Vem Ceci, colocar um biquíni larga seu irmão aí. -e subiram.
_ Agora o casório sai?
_ Ô se sai. Não largo mais não...
_ Homem apaixonado fica besta, né?
_ Pra caralho.
_ Tão cochichando o que aí?
_ Que seu café tá cheiroso, sogra.
_ Mentiroso. Nem fiz (risos).
_ Encontrei minha irmã de aliança no corredor, vocês voltaram né?
_ Sim, senhora.
_ Que ótimo, eu tava com saudades de você. Melissa fica um nojo longe de você, pronto, falei. -ele cochichou alguns coisa no ouvido dela e os dois riram.- Amém, continuem assim.
_ Bom dia, bom dia, bom dia. -Arthur desceu e não demorou para Helena também acordar e juntos fizemos a primeira refeição do dia.








~.~

  As coisas pareciam estar estranhas no começo, veio a festa da Leninha e o casal Menardo esteve cara a cara... mas a DR mesmo veio em uma visita para a pequena Cecília e olha... acabou muito bem né? Menardo voltou! Achei lindo, lindo, lindo. E adorei que eles também tenham ido para a chácara para curtiram juntos as tão esperadas férias! Uhuuuuuuul. Bora pro próximo capítulo. rs

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Capítulo 262

Narrado por Melissa
  Muito antes do meu irmão voltar de viagem eu sabia que minha mãe estava estranha, estranha no sentido de esconder alguma coisa. Então não foi bem uma novidade quando ela contou da gravidez, pelo contrário foi uma confirmação.
  Eu não estava muito confortável, mas se meu pai e ela estavam felizes não seria eu a filha chata e mimada que iria reclamar, ficar destilando minha opinião.
  Terminamos de almoçar e fiquei para retirar a mesa e organizar a cozinha, Julia se ofereceu para me ajudar e fizemos isso conversando sobre a viagem dela com o meu irmão.


_ É uma capital incrível, a primeira vez que eu fui era bem pequena. Depois voltei lá um pouco maiorzinha, mas o fascínio é o mesmo... a empolgação, contagem regressiva e etcetera. -falei.
_ Seu irmão é sossegado até pra isso, eu surtava quando encontrava uma personagem e outra e ele todo calmo.
_ Arthur é todo lento na vida, não sei nem como transa. -brinquei, dando risada.
_ Pra isso ele não é nada lento, não (risos).
_ Aproveitaram a lua de mel, é?
_ Não, acredita? A gente chegava tão, tão cansados que eu nem queria saber de sexo. Depois da janta era um banho e cama.
_ Tá brincando, né? Vocês não fizeram nada em 11 dias sozinhos? Julia!
_ Fizemos, claro. Mas não todos os dias, eu não tinha pique né. -contou rindo.- Ah, foi muito bom. 
_ Eu bem imagino, deu uma saudade do Leo agora. -fiz bico.- Tem um tempinho que nossos corpos não se conversam.
_ É ruim, né cunhada?
_ Péssimo. -fiz careta.
_ Acabaram aí bonitas?
_ Missão dada é missão cumprida! -falei deixando o pano em cima do vidro do fogão e virando de frente pra ele.- Tá gatinho hein, e essa barba aí?
_ Gostou?
_ Se não fosse meu irmão hein...
_ Pegava fácil. -mordi sua bochecha.- Quer ir pra casa? -perguntou pra Julia.
_ Aí, eu quero. Vou ligar pra minha mãe vir me buscar.
_ Não precisa, meu pai e eu te levamos.
_ Tá bom, então vou indo... Tchau, Mê. -nos despedimos e ela saiu da cozinha, fui ao banheiro e quando voltei para a sala só estavam Helena e Maria Luísa.
_ Que cara é essa?
_ A de sempre. -respondeu emburrada, quis dar risada.
_ Tá assim por que a mãe tá grávida?
_ De novo, né? Esses dois só sabem fazer filhos... -revirou os olhos.- ... não existem contraceptivos eficazes nesse caso.
_ Nossa, que estresse. É só um bebê.
_ Não sei se você percebeu, mas assim... nossa irmã mais nova tem só seis anos e nossa mãe quarenta e quatro.
_ Ah, sei lá... eles estão super felizes. Você tá é com ciúmes.
_ Claro que sim, se sem neném minha mãe já esquece do meu aniversário imagina com um né. -dizia toda séria, colocou os fones de ouvido e me ignorou.
_ Nena?
_ Que foi Mê?
_ Vamos passear com o Thor?
_ Vamos! Vou pegar o chinelo. -e desceu correndo do sofá indo em direção a escada. Levantei e fui na varanda buscar a coleira, prendi o Thor e esperei por Helena já na porta.
_ Mê?
_ Oi.
_ A mamãe vai ter mais um bebê, não vai?
_ Vai sim, por quê?
_ E como vai ser? Eu não vou ser a mais pequena, né?
_ Mais pequena não, é a menor. -corrigi.
_ É isso aí, mas... não né?
_ Não, mas você já é uma mocinha não é verdade?
_ Sim, já faço quase tudo sozinha.


  Nosso passeio pelo condomínio foi tranquilo e cheio de assuntos aleatórios, minha irmã falava muito e comentamos até das árvores que cercavam as casas.
  Voltamos pra casa e eu estava com sede, toda suada e de cabelos presos.


_ Melissa?
_ Oi, mãe.
_ Sabe o que deu na Maria Luísa?
_ Não, o que ela fez?
_ Se trancou no quarto.
_ Adolescência, todo mundo passa por isso mãe.
_ Até eu passei (risos). Sua vó foi embora que você nem viu.
_ Não mesmo, pensei que eles fossem ficar mais tempo. -disse soltando os cabelos e prendendo outra vez.- Meu pai não voltou ainda?
_ Não, ia passar no Dudu ainda.
_ Coitado do Arthur, deve estar querendo dormir e meu pai batendo pernas.
_ Tá com uma carinha. -sorriu.- Todo lindo com aquela barba.
_ Dezoitão, né mãe. Tá um homão, meu irmão. -falei cheia de orgulho.
_ Mê, brinca com a gente?
_ Cinco minutinhos, você espera?
_ Vou fazer cocô então. -disse largando Thor no chão e saindo.
_ Vai lá. -ela saiu e minha mãe negou com a cabeça.- Vergonha não é o forte dela. -dei de ombros.
_ Não mesmo. -riu.- Aliás, de nenhum de vocês.
_ Eu sou discreta, não sei do que a senhora tá falando.
_ Ah é sim, super discreta né Melissa. -ria sozinha.- Aí, chegaram.
_ Tchau, vou dormir que eu tô podre cara.
_ Vai lá maninho, depois quero saber da viagem.
_ O que você quiser. -beijou meu rosto e subiu.
_ Cansou, Luanzinho?
_ Tô de boa, rapaz. E minhas meninas como estão?
_ Com calor, toda suada. -falei sentando no sofá e colocando as pernas pra cima.
_ Uai, suou dentro de casa é?
_ Não, né pai. Fui levar as crianças para darem uma volta, Leninha adorou.
_ Thor também, tá até cansadinho. -dizia minha mãe olhando para o cachorro deitado no piso frio com a barriga pra cima e língua pra fora, bem a vontade.
_ E a Helena, cadê? -meu pai perguntou.
_ No banheiro.
_ Eita organismo bom, é comer e ir pro banheiro, na certa.
_ Queria ser assim. -falei colocando as mãos na barriga.- Mas até meu intestino é preguiçoso, nossa senhora.
_ O meu não, graças a Deus.
_ Não mesmo. -disse meu pai rindo.
_ Palhaço, pode parando.
_ Nem falei nada.
_ Ah, mas pensou. Engraçadinho.


  Ficamos um tempo ali e quando minha irmã voltou Thor já estava dormindo, e ela foi para o colo do meu pai. Peguei o celular e fui falar com o meu noivo, que estava em casa e se arrumando para ir estudar.

_ Amanhã não tenho aula, queria ver você.
_ Mas eu já faltei hoje, não posso faltar amanhã. 
_ Almoçamos juntos, te levo na faculdade... o que você acha?
_ Pode ir me buscar também e a gente vem aqui pra casa. -terminei de gravar o audio e meu pai me olhando, ri.- O que foi pai?
_ Tá muito na poca vergonha, Melissa. 
_ Ué, o que tem demais ele dormir aqui? Já veio tantas outras vezes. -falei despreocupada.
_ Por isso mesmo. Já pensou se sua irmã resolve fazer o mesmo?
_ Ah, mas ela é menor de idade.
_ Não interessa, continuo achando errado.
_ Eu durmo na casa dele, tá paizinho? -ele riu.
_ Sem vergonha, tô de olho Melissa.
_ Pode ficar, mas não muito. -pisquei e continuei conversando com o Leo, até ele dizer que iria comer e não voltar mais.


  Acabei subindo para tomar um banho, depois estudei por algumas horas e dormi antes mesmo de jantar. Não estava com fome.

(...)

  Mais alguns dias e o mês de maio chegou ao fim. Pensei que passou depressa, mas estava mais que animada porque junho era o mês das melhores festas juninas e as férias estariam mais próximas. Tudo o que eu queria e precisava, estudar e trabalhar estava me desgastando muito e eu já não estava tendo tempo para quase nada. E quando digo quase nada é não ter tempo nem de encontrar meu noivo ou passar um fim de semana com os meus avós.

_ Melissa, topa dar uma volta depois daqui?
_ Eu até queria, mas tenho faculdade daqui... -quando ia olhar a hora, recebi um e-mail dizendo que havia sido cancelada a aula.- ... Cancelado.
_ É um sinal. 17h30 eu tô passando aqui, beijo.
_ Tchau.


  Ela saiu da sala e eu dei continuidade ao que fazia e no horário combinado estava pronta para ir embora. Saímos em quatro mulheres, tínhamos como destino fazer algumas compras, então rodamos por várias lojas e as meninas decidiram ir embora em seguida. Como estava com tempo livre, andei mais um pouco. 
  Passei em uma loja de brinquedos e acabei pegando um brinquedo novo para a minha irmã, minha sobrinha e cunhada. E antes de ir pedir um Uber parei para comer uma sobremesa, deixei as sacolas debaixo da mesa e peguei o celular pra avisar que estava viva e iria embora dali uns minutos.


_ Melissa? -senti o toque de uma mão no meu ombro e olhei pra trás bem rápido.- Oi.
_ Oi, o que você tá fazendo aqui? -ele sorriu e levantou a sacola, deduzi que também estivesse fazendo compras.
_ Sozinha?
_ Estou indo embora na verdade. -falei tirando a mão dele da minha e empurrando um pouco a cadeira.
_ Mas você acabou de chegar, te vi entrando. Posso te acompanhar?
_ Murilo, por favor...
_ Só queria conversar, nos vimos tão rápido aquele dia e... bem... -não soube o que dizer.
_ Não temos o que conversar.
_ Você está linda, sabia? -se sentou de frente para mim, olhando nos meus olhos.
_ Obrigada. -falei seca, estava ficando tensa.
_ Eu senti sua falta.
_ Isso tem tanto tempo, pra que falar disso agora? Nós dois seguimos em frente...
_ Mas não da maneira que queríamos, infelizmente.
_ A escolha em me deixar foi sua, inteiramente sua. E eu respeitei isso, mesmo me questionando o "por quê". -balancei a cabeça, negando.
_ Não precisamos brigar, eu só queria ter a chance de me explicar... você entendeu tudo errado.
_ Você me deixou, Murilo. Já estava em outra quando eu ainda estava na sua. -falei me referindo ao nosso último encontro, quando o vi com outra mulher minutos antes de sofrer um acidente.- Não quis saber de mim, sumiu da minha vida.
_ Queria que eu fizesse o que? Você saiu correndo, não quis me escutar... quando cheguei naquele hospital eu não tive a chance de me aproximar de você.
_ Você esteve lá?
_ Claro que sim, eu me preocupei com você.
_ Não foi o que pareceu. -cruzei os braços.
_ É difícil de acreditar, eu sei que sim. Mas não deixei de pensar em você e mesmo longe eu queria saber como estava... eu...
_ Para com isso, por favor. Não me faça de idiota, fala a verdade.
_ Estou sendo sincero, nunca menti pra você Melissa...


  Parte de mim dizia para eu levantar e dar costas e outra me dizia para continuar ali e escutar o que ele queria me dizer. Eu sei que parece ingratidão, mas eu queria colocar de vez essa pedra no meu passado... assim como disse aos meus pais que tinha feito, assim como disse a minha mãe que eu não sentia nada por ele.

_ Se eu te deixei foi pensando no que seria melhor pra você.
_ Melhor? E não podia dizer isso de maneira honesta, olhando nos meus olhos?
_ Desculpa, fui um covarde. Eu sei.
_ Se sabe porque está me falando isso tudo agora? O que você quer afinal?
_ Não sei. Eu só...
_ Isso não vai dar certo, não vamos ser amigos, muito menos... olha não dá. Eu tenho minha vida, estou noiva. E você, bom... você tem um alguém também e uma filha.
_ Noiva?
_ Sim, e eu o amo muito. Ele foi a melhor coisa que me aconteceu depois daquele acidente, esteve ao meu lado.
_ Eu entendo, eu só... não queria você tão distante de mim.
_ Como não? No que você pensou? Que iria voltar e eu estaria aqui pra você? -ele não respondeu.- Olha, eu tô indo embora. -abri a carteira deixando uma nota em cima da mesa, peguei minhas coisas e sai em direção ao estacionamento. Precisava de ar. Passei pelas portas de vidro e senti suas mãos me tocarem outra vez, continuei de olhos fechados.
_ Me perdoa?
_ Não precisa me pedir perdão por isso, não era a sua obrigação ficar. Foi uma grande besteira tudo isso.
_ Você sabe que não.
_ Murilo, passou.
_ Fala isso olhando nos meus olhos... -abri os olhos e nos encaramos e ele me beijou. Eu não esperava por isso, não retribui por muito tempo, apenas me afastei e continuei andando sem dizer nada. Atravessei e segui em passos largos até o ponto de táxi e fui direto pra casa, cheguei e o Leo estava encostado no carro conversando com o meu irmão. Paguei o motorista e desci, em seguida outro carro parou atrás, o motorista desceu e meu coração gelou de puro desespero. 
_ Sai daqui, vai embora. -falei firme.
_ Não vai falar nada?
_ Não deveria ter acontecido e você sabe disso.
_ Murilo? O que você tá fazendo aqui? -escutei Leo perguntar e fechei os olhos imaginando a merda que daria.- Melissa, o que esse cara tá fazendo aqui?
_ Não é o que você tá pensando...
_ Não tô pensando nada, tô esperando você me falar. -fiquei nervosa, continuava tensa.- Anda, fala de uma vez.
_ Não aconteceu nada, ele já está indo embora. -Murilo não disse nada, entrou no carro e saiu cantando pneus.
_ Melissa?
_ Ele me beijou. -falei aos sussurros, quando estávamos um de frente para o outro.
_ Te beijou? Como assim te beijou, Melissa? Você me traiu?
_ Não! Eu jamais faria isso com você, só aconteceu. Eu não estava esperando, ele disse que queria conversar...
_ Vocês foram se encontrar?
_ Foi tudo por acaso.
_ Por acaso, e eu sou algum idiota? Pra mim você não tem tempo, agora pra encontrar esse babaca você tem? -falou se afastando.
_ Não foi assim que as coisas aconteceram, você precisa me ouvir.
_ Eu tô cansado de desculpas! Eu tô cansado desse cara! Você ainda gosta dele, é isso?
_ Vamos entrar?
_ Eu vou pra minha casa, Melissa.
_ Leo.
_ Não tô com cabeça pra conversar não. -entrou no carro e foi embora.


  Eu já estava chorando. Meu irmão ficou olhando, mas não disse nada. Eu entrei em casa e fui direto para o quarto, deitei na cama e chorei mais, bem mais e por horas. Ligando no celular do Leo e nada dele atender, chamando e caindo na caixa postal.

_ Mê? -Arthur entrou no quarto, veio até a cama e ficou me olhando.- O que tá acontecendo hein? O que aquele cara tava fazendo aqui?
_ Ele entendeu tudo errado, tudo. -falei limpando as lágrimas.- Ele não quis me ouvir, ele vai terminar tudo comigo.
_ Não, não é assim. Ele só está de cabeça quente, você precisa dormir e amanhã vocês conversam.
_ Não consigo dormir... nem parar de pensar no que aconteceu.
_ Chega mais pra lá... -ele ficou descalço, subiu na cama e me trouxe para o peito dele, abraçando minha cintura e dizendo que tudo ficaria bem.
_ Art, liga pra ele...
_ Não, você precisa dormir. -beijou minha testa e ficou lá comigo, até eu cochilar... porque pegar no sono mesmo eu não consegui. Levantei às 05h23 e não dormi mais, tomei um banho e fiquei sentada olhando para o celular. Mandando uma mensagem atrás da outra e nada de respostas.

  O dia amanheceu e nada dele responder. Não fui trabalhar, não atendi minha mãe e também não desci pra tomar café. Meu irmão acordou e foi pro quarto dele, eu entrei no banheiro para jogar uma água no rosto e quando sai Leonardo estava parado na porta me encarando.


_ Leo...
_ Eu passei a noite toda acordado, querendo não acreditar no que ouvi... e louco de raiva, porque ninguém veio fazer fofoca. Foi você quem me contou, me contou que ficou com outro e foda-se se foi ele que te beijou, pra mim não importa. Se você não sente nada por ele não tinha nem que ter conversado. Por que não veio embora?
_ Não foi um encontro marcado. Ele apareceu lá, a gente conversou, ele insistiu e por mais que eu me cobrasse essa explicação, eu sabia que não era honesto com o relacionamento que eu tenho hoje. Levantei e estava vindo embora, não esperava que fosse acontecer esse beijo.
_ Melissa, você não sabe mais empurrar um cara?
_ Não foi recíproco, eu não senti nada.
_ Eu vi o jeito que vocês se olharam ontem, ninguém me contou, eu vi. E é por isso que eu tô aqui agora. Não sei o que você vai falar e pra ser bem sincero... não quero ouvir, já tivemos essa conversa antes. 
_ O que você quer dizer com isso?
_ Não podemos ficar juntos se você não tem certeza de que é isso que realmente quer. Eu levo nosso relacionamento a sério, e pensava que você fazia o mesmo.
_ Mas é claro que sim.
_ Não Melissa. Toda vez que esse cara aparece você fica estranha, fica tensa, fica distante. Não posso te obrigar a não sentir nada por ele, mas também não posso ficar com você sabendo que está confusa.
_ Leo, você não pode...
_ Fica bem tá? -se aproximou beijando minha testa.- Eu te amo.
_ Leo, não.
_ Não estou me despedindo, só acho que a gente precisa se dar um tempo.
_ Um tempo?
_ Sim, pelo menos eu preciso. -tirou a aliança e deixou em cima do meu travesseiro e saiu do quarto.


  Se a minha noite havia sido uma merda, meu dia foi dez vezes pior. E a semana seguinte foi mais dolorosa ainda. 
  Eu não poderia simplesmente parar minha vida, mas seguir fingindo estar tudo bem parecia ser pior. 
  Eu não largava o celular esperando por uma mensagem de "bom dia" que não veio ou aquela ligação no meio da tarde dizendo estar com saudades ou de noite ver aquele rostinho de sono me esperando assim que eu cruzava o portão da faculdade. Estava sendo muito ruim não ter meu noivo e melhor amigo pertinho.


_ Melissa, não vai jantar?
_ Não mãe, obrigada.
_ Olha, não sei porquê vocês terminaram, mas você precisa se cuidar. Dormir direito, comer direito. Tá é arrumando um jeito de ficar doente.
_ Isso chama saudades. -suspirei.- Mas continuo pensativa, confusa não.
_ É o que Melissa?
_ Mãe, o Leo terminou comigo porque o Murilo me beijou. 
_ Você tá louca, Melissa? Você não tinha me falado que não sentia mais nada por ele.
_ E não sinto, eu sei disso mãe.
_ Então... 
_ A senhora quer mesmo saber... eu conto. -ela sentou e eu contei tudo, vírgula por vírgula, até a minha conversa com o Leo.- Eu não implorei pra ele ficar, porque sei que no fundo ele não está errado.
_ Então você está confusa?
_ Eu não esperava que ele viesse atrás de mim. Mexeu comigo, mas não do jeito que o Leo pensa.
_ Aé? E foi de que jeito então?
_ Mãe eu estava firme na minha decisão, mas eu queria ouvir o que ele tinha a me dizer. Não queria ficar me remoendo com essa dúvida, seria muito pior.
_ E sua conclusão foi?
_ Nenhuma, não terminamos a conversa. Fim.
_ E vai ficar aí chorando pelos cantos?
_ Está me sugerindo que eu vá atrás dele?
_ Não, estou dizendo que você ficar parada não vai mudar sua situação. Pensa nisso. -piscou e subiu, me deixando na sala.


  Mais uma semana se passou e não chorava mais, porém estava ainda mais difícil estar longe. O aniversário da minha irmã estava chegando e eu sabia que o veria, mas ainda não estávamos nos falando. Segui com a rotina, trabalho e faculdade. Trabalho e faculdade, e no tempo livre eu ficava no quarto.

_ Meu esse tempo de vocês já está durando tempo demais. Quero meu casal de padrinhos de volta, nossa mano. Meu tio não tinha nada que te procurar e foder com tudo, vocês estavam tão bem.
_ Ah amiga, não sei. Aconteceu porque tinha que acontecer, só que ficamos de vez no impasse.
_ Odeio te ver triste assim, nossa, acaba comigo. Ainda mais agora que você mascara tudo com a desculpa do cansaço, ai Melissa não dá.
_ Eu tô bem, fico feliz que o Leo esteja bem também.
_ Ele está bem, mas não saiu muito com os meninos. Tá bem mais focado na pós e no escritório.
_ Meu loirão. -sorri.
_ Se você não se ligar vai ser o loirão de outras.
_ Valeu amiga, valeu mesmo.
_ Tenho que sair, vou com a mãe ver o negócio do meu vestido.
_ Tá bom. Vai lá e manda foto depois, vou voltar do almoço... até mais tarde.
_ Até, Mê.


...

  Três dias antes do aniversário da Nena eu recebi uma mensagem do Murilo dizendo que tinha conseguido meu número e queria saber se a gente poderia se encontrar, coisa "rápida". E eu fui, sem consultar ninguém, sem contar a ninguém. Fomos somente eu e ele.
  Ele me buscou na faculdade no horário de intervalo e seguimos para a casa dele, aproveitando que a filha dele estava na avó. Murilo estacionou o carro, nós entramos e ele me pediu para ficar a vontade enquanto ele ia guardar não sei o que.


_ Fiquei surpreso quando aceitou meu convite. -falou se sentando ao meu lado no sofá.- Soube que terminou o noivado também.
_ Parece que sim. -olhei para a mão, agora sem aliança, mas sentindo a falta dela bem ali.- Ainda é estranho pra mim. -falei chateada.
_ Imagino que sim. -coçou a garganta.- Aceita beber alguma coisa?
_ Sim, o que você sugerir. -falei engolindo seco e ele foi buscar, voltou com duas taças de vinho, fomos tomando.- Você continua sozinho? -perguntei curiosa, a casa parecia ser grande.
_ Eu e a Eduarda, só. A mãe dela e eu não estamos mais juntos, ela me deixou com a guarda.
_ Sei bem como funciona. -falei tomando um pouco mais da bebida.- Você... voltou tem um tempo, não tem? Por que me procurou só agora?
_ Três anos já se passaram, eu não sabia como me aproximar sem parecer ser invasivo. Foi uma surpresa te encontrar na casa dos meus pais. -sorriu.- Tão bonita, agora uma mulher...
_ Você sempre tão... galanteador.
_ Sincero. -falou.- Quer conhecer a casa?


  Eu sabia bem onde esse tour nos levaria e tive a certeza quando ele acendeu a luz de seu quarto e encostou a porta. Sua boca tocou minha nuca e seus braços abraçaram a minha cintura, fiquei excitada. Senti o calor percorrer meu corpo e ser crescente ao passo em que nos aproximamos da cama confortável e espaçosa, onde rolamos por algumas horas em um sexo vazio e embora estivesse sendo prazeroso, não estava me satisfazendo por completo. Atingimos o orgasmo, mas ainda sim meu pensamento estava longe. Eu não o amava mais, e tive a certeza ali naquela cama enquanto silenciosamente cada "por quê" ia sendo respondido.

_ Eu preciso ir. -falei me sentando, cobrindo os seios com o lençol.
_ Fiz algo de errado?
_ Não, eu só... -respirei fundo.- Foi maravilhoso, mas não sou aquela aluna apaixonada do ensino médio.
_ Eu sei que não. -alisou meus cabelos, beijando meu pescoço.
_ O que tivemos foi especial, mas o sentimento hoje não existe mais. -falei com sinceridade, buscando olhar nos olhos dele.- Não demos certo antes, também sei que não daríamos agora.
_ Eu entendo, não é a mim que você ama.
_ Não, eu não te amo. Mas tenho carinho pelo belo momento que tivemos, o que ficou de bom. E sei que isso não é o suficiente, me desculpa por isso.
_ Não tem que se desculpar por ser sincera com os seus sentimentos. Está tudo bem, acho essa foi nossa despedida.
_ Sim, nosso ponto final. -falei em paz, me levantando e indo me vestir. Encarando meu rosto no espelho e ajeitando os cabelos, decidida a voltar para casa e recomeçar minha história com o homem que realmente amo.


  Sai do banheiro, calcei os sapatos e desci para esperar por ele na sala. Peguei minhas coisas, fomos para o carro e ele me levou até em casa. Nós nos despedimos com um último beijo e eu entrei, fechei a porta e fiquei encostada nela por alguns segundos.

_ Onde é que você estava? -escutei meu pai perguntar.- Seu celular só estava dando desligado e olha a hora.
_ Vindo embora, passei num drive thru com as meninas da facul. Meu celular acabou a bateria.
_ Tem certeza, Melissa?
_ Tenho, pai.
_ Aquele carro não era do Leonardo.
_ Já estou em casa, pode dormir tranquilo.
_ Cê tá aprontando.
_ Juro que não, só preciso de um banho e dormir a noite toda.
_ Melissa, Melissa.
_ Boa noite, pai. Te amo. -e subi.






~.~


  Merilo teve seu fim, sei que muitas não esperavam que fosse assim... Foi "real" e um real que deu uma dorzinha no coração de escrever, mas saiu. Um final amigável e agora eles poderão realmente seguir cada um o seu caminho, sem mágoas ou ressentimentos. Não é?

Volto logo, bj.



PS: A vida sem Wi-Fi está complicada, viu? Depender dos dados móveis então nem se fala. Tô muito em falta com vcs e não tenho nem respondido os comentários, af tô péssima. Mas não vou abandonar, até porque estamos realmente finalizando! #CHOREMOS