{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Capítulo 282

Narrado por Fernanda
   Mesmo sabendo que havia adiantado muitas coisas na empresa e que iria trabalhar de casa não acordei tarde, o primeiro despertar do celular eu já estava levantando e indo para o banheiro. Lavei o rosto com a água bem fria, escovei os dentes e penteei meus cabelos. Voltei para o quarto, peguei um robe e depois de calçar os chinelos desci.

_ Bom dia Maria, tudo bem?
_ Bom dia filha, graças a Deus e você? Não vai trabalhar hoje?
_ Hoje eu vou trabalhar de casa, porque eu vou precisar organizar algumas coisas da Malu e da Nena para a viagem de férias.
_ Elas já vão amanhã, não é? Eu vou ficar é cheia de saudades delas.
_ E elas de você, tenha certeza disso. 

   Maria e eu conversamos um pouco durante o café da manhã, aproveitando a companhia fui listando coisas que precisaria fazer e terminei coincidentemente quando Helena apareceu na cozinha, toda preguiçosa, dando "bom dia" pra Maria e vindo sentar no meu colo.

_ Dormiu bem minha princesa?
_ Sim, mas acordei com saudades do papai. -disse deitando a cabeça no meu colo.
_ Mamãe também está com saudades dele.
_ É, mas eu ainda vou viajar mamãe, as férias toda...
_ Quer ligar pra ele?
_ Agora não, ele está dormindo. Papai nunca acorda cedo. -disse rindo, mexendo nos meus cabelos.
_ Escovou os dentes? -ela negou.- Lavou o rosto? -fez que "Sim." com a cabeça.- Então senta direitinho pra tomar café, senta.
_ Quero tomar leite só.
_ E não vai comer nada?
_ Não.

   Preparei seu leite, esperei ela tomar sem pressa e subimos para o quarto dela. Enquanto coloquei a bonita pra tomar um banho fui arrumando a cama, peguei a mala e verifiquei se estava tudo em ordem, separei os documentos e a roupa que iria vestir para passar o dia.

_ Mamãe, a Malu foi pra escola?
_ Não. Está dormindo.
_ Por quê?
_ Porque ela precisava arrumar a mala dela.
_ Ah tá. Posso acordar ela?
_ Com cuidado, sem gritaria viu Helena.
_ Tá mamãe, combinado.

   Foi o tempo de eu entrar no meu quarto que em seguida Helena entrou correndo, rindo e atrás Maria Luísa toda descabelada pegando ela no colo e enchendo de cócegas.

_ Eu vou fazer xixi nas calças, para Malu!
_ Filha, chega. Bom dia.
_ Bom dia mãe, tô cansada! E não são nem dez da manhã. -deitou de bruços, fechando os olhos.- Por que vocês acordam tão cedo em dia de folga?
_ Porque temos coisas para resolver, aliás e sua mala?
_ No fundo do guarda roupa.
_ Isso mesmo, você vai passar um mês lá viu.
_ Mãe, a senhora vai me ajudar não é?
_ Eu?
_ Ah por favor mãezinha!
_ Ajudo, mas sem enrolar hein.
_ Então vamos. -ela levantou e saiu me puxando pelo braço, entramos no quarto dela e a bagunça estava feita. Nunca vi filha tão bagunceira quanto a Malu, igualzinha ao pai. Ficamos quase três horas ajeitando mala, Helena já estava reclamando de fome e tédio. Desceu até antes para ajudar Maria com o almoço.
_ Chega né, tudo pronto.
_ Sim. Vai deixar os documentos da Helena comigo?
_ Vou deixar tudo com a sua irmã.
_ Só porque ela é mais velha? E se ela não fosse?
_ Aí ficariam com você. Vem, vamos comer.
_ Não chamou minha vó mãe?
_ Não, vamos jantar com ela hoje.
_ Ah é?
_ Sim.
_ E a senhora nem me fala nada? E se eu fosse sair?
_ Só ir ué, eu e sua irmã iremos da mesma forma.
_ Nossa mãe, nem vai insistir pra eu ir?
_ Filho depois que cresce e começa a namorar não quer sair com mãe mais, só com o namorado. -falei e ela deu risada.- Tô mentindo?
_ Nada a ver mais, eu saio mais com a senhora do que com o Henrique.
_ Você ainda é menor de idade, por isso.
_ Aí nada a ver mãe. -revirei os olhos e imitei ela falando.
_ Já tive sua idade viu, e se você acha seu pai chato com essa história de namorado é porque não sabe como era seu avô.
_ Meu pai fala mesmo, o vô Amarildo é bem mais tranquilo.
_ É minha filha, babado. -ri.
_ Mamãe a comida tá pronta.
_ Vamos Malu.

   Descemos para almoçar, Maria juntou-se a nós e as quatro comemos batendo papo, falando das férias inclusive. Combinei com a Maria que ela poderia ficar em casa e vir somente uma vez na semana na parte da manhã e dar uma olhadinha nas coisas, de resto estaria de folga até porque Arthur não parava mais em casa.




Narrado por Maria Luísa
  Terminei a louça e quando subi minha mãe estava penteando os cabelos, trocada e minha irmã dormindo na cama dela.

_ Onde vamos?
_ Na sua vó, mas antes vai deixar a Maria em casa.
_ Tenho tempo de tomar banho?
_ Se for um banho rápido, sim. 
_ Fui.

   Corri para o quarto, fui tirando o pijama e jogando em cima da cama, calcei os chinelos e segui para o box. Nem lavei os cabelos, ensaboei rapidamente o corpo e depois de um bom enxague saí. Calça jeans, camiseta de manga comprida e tênis. Um perfume e estava pronta.

_ Mãe, vamos?
_ Vamos, vai abrindo o carro que eu vou acordar sua irmã. Vê se isso é hora de dormir. -dizia negando com a cabeça. Desci e chamei Maria para irmos pro carro, nos acomodamos, Thor veio para o meu colo e ficamos 10 minutos contados esperando minha mãe e a Nena.
_ Mãe, tia Bruna vai pra lá?
_ Deve ir. -respondeu manobrando o carro.- O Lucas eu sei que não está, nem a Lau.
_ Eles estão viajando com o tio Rafa?
_ Não, estão com os avós, mas seu tio e sua tia estão aqui.
_ Tá bom, beleza. 

   Deixamos Maria na porta de casa e seguimos de lá para a casa dos meus avós. Já cheguei abrindo a porta, soltando Thor no chão e indo procurar minha vó na cozinha. Entrei de fininho e antes que eu desse um susto nela fui surpreendida com o meu pai entrando pela porta da lavanderia, corri e pulei no colo dele.

_ Paizinho lindo, que saudades do senhor. -beijei seu rosto e desci de seu colo.- Amei!
_ Minhas costas que não. -riu.- Eu também estava com saudades de vocês. E aí garotão, beleza? -Thor abanava o rabinho todo, todo e latindo para chamar a atenção.
_ Oi vovó, a senhora tá bem?
_ Oi minha linda, dá um beijo na vó. -Helena nem reparou que meu pai estava lá, talvez ainda estivesse com sono.- Não vai falar com o seu pai não é?
_ Cadê ele vovó?
_ Bem atrás de você. -cochichou e quando ela viu ainda esfregou os olhos pra depois abrir os braços e ir para o colo dele.
_ Como está minha princesinha linda?
_ Eu tô bem papai, tô com sono também.
_ Sua mãe te acordou é?
_ Sim, senão ela ia me deixar sozinha em casa ela disse.
_ Oi Mari, cheguei. -entrou toda sorridente.- Tudo bem amor?
_ Sem beijos, respeitem minha irmã mais nova, por favor. -eles deram risada. 

   Eu já tinha cumprimentado todo mundo na cozinha fui atrás do meu avô e descobri que ele estava dormindo, encostei a porta e voltei para a sala. Não demorou minha irmã e meu pai apareceram, se sentaram e pegaram o controle.

_ Amor, cadê seu pai?
_ Dormindo, chegamos tem meia horinha, ele comeu e foi deitar.
_ E você não quis dormir?
_ Daqui a pouco e você vai comigo. -riu todo sacana e eu fiz careta, rindo em seguida.- Tá rindo de que Maria Luísa?
_ Nada paizinho lindo, de nada.

   Meu pai colocou uma animação para assistirmos e até eu cochilei, acordei com a porta abrindo e meu irmão e a Julia entrando com a Sophia.
Ela estava dormindo, deixaram ela no carrinho e vieram nos cumprimentar antes de se acomodarem no sofá.

_ Nem sabia que você vinha. -falei pegando o celular.- Nem apareceu em casa essa semana quase.
_ Ah tá com saudades, é? -veio para o meu lado, me apertando e mordendo a minha bochecha.- Queria ver vocês antes da viagem.
_ Sei. -soltei o celular e o abracei, deitando a cabeça em seu peito.
_ Arrumou suas malas já?
_ Sim, a mãe me ajudou. Você bem que poderia ir, sempre fazemos as viagens de férias juntos. -suspirei e ele quieto.- Mas eu entendo que agora é tudo diferente.
_ Não fala assim vai, parece que nunca mais vamos viajar juntos.
_ As preocupações são outras. Mas irei de divertir muito na viagem.
_ Henrique vai?
_ Comigo não.
_ Hm... e por que?
_ Ele deve ter te contado, vocês estudam na mesma faculdade...
_ Bom, somos melhores amigos, mas ele sabe que se te dizer chorar a conversa vai ser outra. Você é minha irmã. O que ele fez?
_ Fiquei com ciúmes dele com a Aline.
_ Julia também não gosta dela não. -riu.- Faz careta e tudo.
_ Ela é bonita?
_ Muito. Nunca viu foto?
_ Nunca reparei em fotos. Você tem?
_ Tenho. É essa aqui. -Art pegou o celular e depois de desbloquear foi no Instagram e mostrou o perfil dela. Pele bronzeada mesmo, cabelão cacheado todo preto, um corpo muito bonito, bem cara de safada.
_ Ela tem quantos anos?
_ 23.
_ Eu daria 18 numa boa. Ela é bonita mesmo.
_ Você também é. Linda por sinal. -beijou meu rosto.- Não precisava ter ciúmes, Henrique te ama muito, te respeita muito.
_ Eu sei que sim. Mas eu sou ciumenta.
_ Eu mais do que ninguém sei disso. Julia então...
_ Isso foi antes. -revirei os olhos.
_ Foi sim senhora "sempre fazemos as viagens de férias juntos". Vou ficar com saudades, mas sei que passa rápido.
_ A saudade?
_ Não, as férias. 
_ Ah bom.
_ Ô Maria Luísa, você gruda no seu irmão e a Julia fica chupando dedo?
_ Ela vê meu irmão todos os dias, ele já não me via quase uma semana.
_ Exagerada.
_ Sincera.
_ Sei bem.

   Levantei pra ir ao banheiro fazer xixi. Quando voltei minha vó ainda estava na cozinha preparando algum doce, ainda tomei água e quando cheguei na sala minha sobrinha estava acordada e no colo do vovô.

_ Ela é você todinha. -meu irmão comentou.
_ Sim, linda como a tia. Né Sossô, princesa. -beijou sua cabeça e sentei do lado do meu pai pra ficar brincando com ela.- Vai mais pra lá Nena ou senta no meu colo...
_ Não, eu que tava aqui com o papai. 
_ Eu tô pedindo por favor... pai.
_ Senta aqui na outra perna do papai, filha.
_ Filha? Não é princesa mais?
_ Não é isso meu anjo, vem aqui mais pro cantinho.
_ Não precisa papai, eu vou com a mamãe. -desceu do sofá e foi para a cozinha.
_ "Não é princesa mais?" -imitei minha irmã, rindo.
_ Vai ser ciumenta igual você.
_ Então ela vai ser muito. -dei de ombros.
_ Helena do céu, o que você quer? Fala pra mim? -escutei minha mãe falando da cozinha.
_ Eu quero meu vô! Meu vô não fica brigando comigo.
_ Você volta aqui agora que seu vô está dormindo.
_ Eu vou dormir com ele.
_ Ou você fica aqui comigo ou vai ficar na sala com todo mundo
_ Sua mãe parece que nunca foi criança. -disse respirando fundo, continuei na minha.- Helena!
_ Oi papai.
_ Vem cá, vamos assistir um filme.
_ Não papai, ela ainda não vê desenho.
_ Mas o papai quer assistir com você.
_ Então porque ela está no seu colo?
_ Porque o papai estava com saudades dela também, minha outra princesa, Sophia. -ela continuou em pé do lado do sofá me olhando toda bicuda.- Quer escolher o filme?
_ Não, vou voltar pra lá. -e voltou para a cozinha em silêncio. Eu como uma boa curiosa, levantei e fui atrás.
_ Que bico é esse?
_ Nada vovó.
_ Quer um bolinho?
_ Quero vovó.
_ Vovó vai te dar.
_ Como é bom ser a caçula hein. -falei brincando.- Tá nervosa mãe?
_ Eu não. Sua irmã que estava com chatisse.
_ Eu não tava de chatisse eu queria meu vô.
_ E seu já falei que seu vô está dormindo. Porque você não fica na sala com o seu pai?
_ Porque ele tá com a menina mamãe.
_ Sua sobrinha, a Sophia.
_ Eu não queria, o papai é meu, não dela.
_ Ih mãe. Acho que alguém está com ciúmes.
_ Não é nada de ciúmes Malu é a verdade. -Helena falou toda séria, bicuda.
_ Não precisa disso, vocês são tia e sobrinha.
_ Aí mãe. Helena tem oito anos.
_ Já sabe ler, escrever, falar inglês e está com besteira? Ela já entende, já conversei com ela.
_ Meu pai falou que a senhora parece que nunca foi criança.
_ E ele parece que está tendo o primeiro filho.
_ Ei, ei, ei vocês dois. -falei e ela revirou os olhos.- Vó eu também quero bolo.
_ Claro minha querida, eu vou pegar pra vocês...



Narrado por Fernanda
   Helena estava num ciúmes sem tamanho da Sophia e eu entendia e tentava trabalhar isso nela. Ensinar que a sobrinha não roubaria nunca o lugar dela, nem com o pai e muito menos com o grude do irmão. Mas meu jeito de ensinar, de lidar, era bem diferente do Luan que achava que eu estava sendo dura demais.
  Passamos a tarde na Marizete, ficamos para o jantar e meu sogro juntou-se à nós assim como minha cunhada que veio para o jantar e também se despedir das sobrinhas.

_ Mãe, eu e a Julia já estamos indo. Está ficando tarde. -Arthur disse se levantando e já pegando a bolsa da Sophia.
_ Você vai dormir lá? -perguntei e meu marido me deu uma cotovelada discretamente.
_ Vou, por quê?
_ Queria saber. -sorri amarelo. Ele veio me abraçar se despedindo, fez o mesmo com os outros presentes. Julia o acompanhou e meu sogro os levou até a porta, continuei sentadinha no sofá.
_ Não acostumou né cunhada? -Bruna perguntou rindo.
_ Não. E ainda acho perigoso ele não ter carta e ficar pra cima e pra baixo com elas no carro.
_ Ele sabe dirigir.
_ Não interessa. E digo mais, ele não mora lá, não tem que ficar socado.
_ Aí mãe, de novo esse assunto? -Melissa perguntou cruzando os braços.- Meu irmão já está maior de idade, tem uma filha. Ele sabe o que ele faz.
_ Será que sabe mesmo?
_ Começa a entrar nessa pilha de novo que ele sai de casa de vez. -revirei os olhos e não falei mais nada para não piorar o clima, mas por dentro eu queria retrucar sim e tinha argumentos para isso.
_ Amor, isso é normal, nossa neta é novinha e ele não quer perder nenhum momento com ela.
_ Eu sei, mas não me sinto confortável. -falei me levantando e indo ao banheiro, precisava ficar sozinha. Passei a chave na porta, baixei a tampa do vaso e fiquei lá sentada durante alguns minutos. Ao sair Bruna e Rafael já se despediam, Luan aproveitou o gancho e fomos para o carro.

   Sem trânsito lento, chegamos em casa rapidinho. Helena estava sonolenta, Luan a levou no colo até seu quarto. Malu, Leo e a Mê também foram deitar. Luan e eu ficamos acordados na sala.

_ Fiquei bravo com você mais cedo, por causa do ciúmes da Leninha.
_ Eu sei "parece que eu nunca fui criança".
_ Ô amor, é coisa de criança pequena. 
_ Helena sempre foi o grude de vocês, sempre. A agora ela percebeu que não é mais o bebêzinho, então ela vai ficar mais carente, mais na dela. E hoje ela só fez toda essa manha porque estava com saudades de você e porque ela vai viajar.
_ Eu sei vida, e amo minha bebê. Eu só acho que você fala muito firme com ela.
_ Falo do jeito que ela entende. 
_ Tá bom, não vamos brigar. -me deu selinho.- Quero saber se as suas malas já estão prontas.
_ Eu nasci pronta Luan.
_ Sei. Tô falando sério, amanhã viajamos no horário do almoço.
_ Ah, sério?
_ Sim.
_ Você vai comigo deixar as meninas no aeroporto?
_ Vou.
_ Então vamos dormir?
_ Vamos. -subimos para o quarto, troquei de roupa e fomos dormir depois de eu configurar o despertador. 




Narrado por Luan
   Fernanda estava cansada, assim que deitamos ela respirou fundo e apagou. Eu ainda fiquei no celular, não estava com sono e ainda estava com bateria.
  Passei a madrugada no twitter e instagram, ouvi música e quando me dei conta já estava na hora de levantar de novo.

_ Amor, acorda. -beijei seu rosto e ela virou de bruços, grunhindo.- Vida, levanta...
_ Hmmm não quero...
_ Já desliguei seu alarme. -mexi em seus cabelos, beijei seu ombro e pescoço e quando ia descendo pro meio das costas ela virou de barriga pra cima e me deu um beijo na boca.- Bom dia.
_ Bom dia. Vamos tomar banho?
_ Juntinhos?
_ Não é bem um banho que eu quero pra despertar não, mas... -disse virando e ficando por cima de mim.
_ Pra você não tem tempo ruim. -falei colocando as mãos na bunda dela, sorrindo entre o beijo.- Mas poderia ser no chuveiro ou vamos nos atrasar. Bora nega!

   Levantamos e fomos os dois para o banheiro deixando pelo caminho nossas peças de roupas, rindo por termos deixado a porta do quarto aberta. Passei o trinco na maçaneta do banheiro, liguei o chuveiro no morno quase frio e entrei abraçado com a Nanda que gritou e me bateu dizendo que a água estava gelada e ela com o corpo todo quente.
  E asim começamos o dia, nos amando enquanto a água molhava ainda mais nossos corpos.

_ Deixei tudo delas pronto, sabia? -falou enrolando a toalha no corpo e pegando a outra para colocar nos cabelos.- Até a roupa para colocarem.
_ Minha mãe faz isso comigo até hoje se deixar.
_ Até porque esquece coisa e sai em cima da hora querendo correr com tudo.
_ Não fala assim amor, eu melhorei.
_ Eu sei vida, tô brincando. Se bobear está mais organizado que eu.
_ Não com a minha mala. -sai do banheiro e fui pro closet.- Já vou colocar a roupa de viajar.
_ Tem certeza? -perguntou entrando logo atrás.- Está calor, você vai ficar todo suado.
_ Não tá tão calor assim não, tá até com cara de chuva.
_ Depois não reclama. -disse dando as costas e indo se vestir. Fiz o mesmo, acabei colocando um jeans qualquer, uma camisa do Timão e fui atrás do secador para poder colocar um boné.- Fechya aqui pra mim, por favor. -pediu virando de costas e segurando os cabelos.
_ Tá gatona hein. Tem certeza que só vamos ao aeroporto?
_ Podemos passar no motel se você quiser.
_ É um convite para se pensar. -respondi beijando suas costas nua.
_ Tá velho mesmo viu, se fosse no começo do namoro você daria certeza. -riu.
_ Tô potente, mais que experiente.
_ Sei. Fecha logo amor, tenho que arrumar o cabelo ainda.
_ Vai secar?
_ Não, só pentear. -subi o ziper, ela me beijou em agradecimento e saiu. 

   Fernanda dizia que eu demorava, mas fiquei meia hora esperando por ela antes de irmos acordar a turma. Ela ainda me fez ir na padaria do condomínio com uma lista e pediu pra eu não demorar. Levei Thor comigo e quando voltei encontrei quatro olhares de sono e fome sentados à mesa, disseram "bom dia" e voltaram ao silêncio.

_ Nem está tão cedo assim vai.
_ Fala isso pra minha mãe que faltou me jogar da cama. -Malu respondeu enquanto se servia.- E nem estamos atrasadas, nosso vôo é daqui três horas, pai.
_ Cê sabe que sua mãe é pontual.
_ Sou mesmo e tem mais, se não apresso vocês, vocês ficam uma vida pra levantar e tomar um banho e comer. Menos o Leo que é o mais ligeiro.
_ Você e esse seu genro. -Melissa riu.- Ele nem dormiu na verdade, ficou jogando esse viciado.
_ Durmo no vôo, são algumas horinhas até lá mesmo.
_ E você minha pequena, com sono?
_ Sim papai.
_ Quer dormir um pouquinho? -ela fez que não com a cabeça.- O que você quer?
_ Pão de queijo. E danone.
_ Só come esse dragãozinho, meu deus, como mastiga.
_ Deixa sua irmã Maria Luisa, ela está com sono.
_ Todo mundo está mãe, disso não tenha dúvidas. Não sei nem como meu pai que é meu pai já acordou.
_ Eu nem dormi, estava assistindo vídeo.
_ Aham, sabemos pai. -Melissa disse e os três deram risada.
_ Vamos comer né? Melhor.

...

   Encontramos uma grande movimentação no aeroporto, mas não tivemos problema ao entrar e nem fomos tietados por muitas pessoas. Fernanda pediu que esperássemos e cuidou de todo o check in, esperamos na sala de embarque conversando, pedi que elas tomassem cuidado e olhassem a caçula, e todeo aquele pequeno sermã de pai. Fernanda quando voltou pediu para elas se divertirem e pra Melissa desligar o corporativo. O vôo foi anunciado, nos despedimos e eles embarcaram.

_ Tudo bem? -perguntei ao ver que ela estava quietinha quando entramos no carro.
_ Era pro Arthur estar indo com elas.
_ Ô vida não fala assim não cara, nosso filho não morreu não, só vai mudar o roteiro das férias.
_ Tudo bem, não toco mais nesse assunto. Talvez se você fosse mãe me entenderia. -e não falou mais nada até chegarmos em casa. Ela subiu, e eu fui assistir TV. 

   Acabei cochilando no sofá, acordei com ela derrubando uma bolsa pequena na escada, levantei para ajudar descer as malas. Deixei tudo perto da porta, ajudei fechar a casa, e fomos deixar Thor na minha mãe.

_ Tá tudo bem filho?
_ Deixa quieta, nem mexe. - falei brincando, mas ela escutou e já olhou de cara feia.- Viu?
_ Alguma coisa você fez. Tá lascado.
_ Eu?
_ A mulher é sua filhão.
_ Fernanda acordou muito bem, de bom humor, falei uma coisinha e ela já fez um bico, virou a cara e tá aí.
_ Vão viajar nesse clima?
_ Eu tô de boa uai.
_ Luan, Luan.

   Não falei nada demais e estava com a consciência tranquila. Deixei ela e minha mãe conversarem enquanto eu estava comendo na cozinha, terminei e já escovei os dentes.

_ Vamos? Rober falou que já estão indo pra lá.
_ Bora. Bença mãe, bença pai. Fiquem com Deus.
_ Vão com Ele, se cuidem hein.
_ Pode deixar.







~.~

Férias é vida, não é mesmo? E essas prometem. HAHA!

sábado, 15 de agosto de 2020

Capítulo 281

Narrado por Luan

Mayra Cardi revela por que não quer que a filha Sophia tenha babá ...
Obrigada @juliaandreoli por esse presente tão lindo e tão nosso. Nossa princesa ♥

  Felicidade e orgulho eram duas palavras que estava estampada no meu rosto quando recebi a notícia de que minha primeira neta havia nascido. Recebemos fotos, áudios felizes da Melissa que foi nossa porta-voz enquanto estávamos em casa agurdando por mais notícias. Fernanda estava tão radiante quanto eu e até a pequena Helena estava animada que era titia.
  Assim que o dia amanheceu nós fomos maternidade fazer uma visita e quando vi Arthur sorrindo enquanto olhava a Julia foi como se eu voltasse no tempo e me visse segurando Melissa em meus braços, depois no carro quando ele nasceu e depois reproduzir essa cena outras duas vezes com a Malu e nossa caçula. A paternidade muda um homem, amadurece também e a partir dali eu sabia que ele estava construindo a família dele.
  Saímos de lá e Fernanda sugeriu comemorarmos o restante do dia, e foi o que fizemos.

_ E aí vovô, vamos dormir? -perguntou me abrançando pelo pescoço e sorrindo, fiz bico e ela me deu um beijo.- Eu sabia que minha neta nasceria linda.
_ Puxou a avó.
_ Espero que esteja falando de mim. -respondeu brincando, se levantou e foi tirando a roupa.- Não fiz nada de trabalho hoje, não li um único e-mail.
_ Amanhã você vê isso vai amor. Bora pra um banho e descansar que amanhã temos muito o que fazer.
_ Você não viaja amanhã né?
_ Vou ficar quase o mês todo em casa, mas porque meus compromissos são tudo por aqui. Vamos ter reuniões todos as segundas até Julho.
_ Algum motivo especifico? Vai passar São João todo aqui?
_ Por isso falei quase o mês todo. Na última semana de Junho vou pro nordeste e fico uma semana e meia direto.
_ Que delícia. Não vai me convidar pra ir não? -falou toda bicuda, levantei abraçando-a.
_ Você já tem até figurino se quer saber. -apertei sua cintura e estávamos nos beijando.
_ Papai, dorme comigo hoje? -Helena entrou no quarto deixando a porta escancarada.
_ Vai lá papai, vou tomar banho. -Fernanda falou beijando meu rosto e indo para o banheiro.
_ Tá com sono é? - ela estendeu os braços pedindo colo e foi assim que fomos para o quarto. Ajudei no banho, coloquei o pijama e sentei no chão do lado da cama.
_ Papai?
_ Hmm..
_ O Art não vai mais morar aqui em casa? Agora vai ficar só com a Julia e a Sophia?
_ Não minha princesa, ele continua morando aqui.
_ Mas... ele não é o papai dela?

  Ela além de faladeira era curiosa e levou um tempo para eu explicar e ela se dar por convencida e ir domir. Apaguei as luzes, voltei para o meu quarto e Fernanda já estava deitada, dormindo. Tomei um banho e tratei de fazer o mesmo, tinha acordado cedo e meu corpo estava pedindo cama.
  Deitei e quando estava me cobrindo a porta do quarto foi abrindo bem devagarinho, mesmo cansado eu sabia que era minha pequena. Fiquei quietinho esperando que ela dissesse alguma coisa.

_ Papai, você já dormiu? -falou aos sussurros.
_ Oi minha princesa. Vem cá com o papai, vem.
_ Eu não queria dormir no meu quarto hoje, posso ficar?
_ Sim meu anjo, sobe aqui. Mas tem que ficar quietinha que a mamãe já está dormindo. Tá bom?
_ Combinado. -ela subiu na cama e deitou no meu colo, me abraçou e dormiu em seguida. Fiquei um tempo pensando, alisando seus cabelos e sorrindo.
_ Ela falou que queria dormir com você hoje. -Nanda disse baixinho, pondo a mão no meu rosto.
_ Pensei que estava dormindo vida.
_ Eu estava, mas escutei um "papai você já dormiu?" acabei acordando. Sabe amor, eles podem ser diferentes em tudo. Tudo mesmo, mas o amor e o carinho são exatamente iguais. Soubemos passar isso à eles de uma maneira tão linda.
_ Por quê está me dizendo isso?
_ Eu sempre impliquei com a Julia. Na verdade eu não queria nunca que nossos filhos sofressem, no sentido de encontrar alguém que se aproximasse e só se aproximasse pelo dinheiro, pelo status... enfim, nesse ponto eu errei e muito. Quebrei minha cara. Porque quando eu vi o Arthur com a Julia e a Sophia... -fez uma pausa.- ... foi como se eu visse a gente. Novos, construindo nossa família.
_ Eu sei minha vida.
_ Ela é a nora que eu sempre pedi que ele encontrasse.
_ E precisou um neto para saber disso? -brinquei.
_ Não né. No fundo eu já sabia, só não queria admitir. Mas eu fico pensando...
_ No que?
_ Será que meu bebê vai sair de casa?
_ Ô amor, pensa nisso agora não. Não vamos sofrer antes do tempo.
_ Nós ficamos juntos quando ele nasceu. Eu só...
_ Ele tem maturidade, quando tomar essa decisão nós seremos os primeiros a saber.
_ Eu sei.
_ Então não fique aflita.
_ Não vou. -ficamos em silêncio um tempo, mas eu sabia que ela estava acordada, pensando.- Eu te amo. Você foi a melhor escolha de balada que eu tive na vida.
_ Eu sei. -ri.
_ Obrigada por me ensinar tudo do zero.
_ Aprendemos juntos.
_ Mas você foi paciente comigo.
_ Não, você me permitiu ser paciente com você. Nunca em toda a minha vida eu tinha encontrado uma mulher que me fizesse transbordar. E quando eu te vi, a primeira vez, eu sabia que era você.
_ Com todos os defeitos?
_ E todas as falhas. Você é perfeita pra mim.
_ Eu amo você.
_ E eu te vivo.

  Terminei nossa conversa com um beijo de namorados, amantes, amigos. Ela me abraçou pela cintura deitando a cabeça nas minhas costas e dormiu, e eu fiz o mesmo.

(...)

Nossa rotina voltou. Acordar cedo, as crianças na escola. Ela na empresa e eu no escritório. Estávamos com um projeto novo, a mente fervilhando de ideias e eu animado com o rumo que as coisas estavam tomando.

_ Boi, eu sei que temos que viajar amanhã, mas minha pequena não está bem. Eu...
_ Pô testa, que isso cara. Nem precisa me pedir.
_ Não é que eu não queria te deixar na mão.
_ Quantos dias você precisar, a gente se vira por aqui. -falei tranquilo.- O que minha pequena tem?
_ Ela está chatinha, não tem dormido direito e a Isa não está descansando nada. Ainda tem o Bê. Cê sabe como que é.
_ Você é meu irmão cara. Fica de boa, vai mandando notícias...
_ Valeu mesmo. -falou se despedindo de mim e dos outros e indo embora.
_ Rober já foi? Tá tudo bem?
_ Ô paizão, Marininha não está legal e ele não conseguia pensar em outra coisa.
_ Vamos fazer o quê na viagem de amanhã?
_ Lelê vai estar com a gente, não vai? Fernanda também. Acha que elas dão conta?
_ Certeza que sim. Só precisamos ver o seguinte... -meu pai pegou o gancho e foram mais algumas horas de reunião. Cheguei em casa exausto, tomei um banho e sentei na cama.
_ Pai. -Malu entrou no quarto com a cara de choro.
_ Tá tudo bem minha princesa?
_ Não. Me dá um abraço?
_ Claro, vem cá. -abracei minha menina e deixei ela chorar.- Quer contar o que aconteceu?
_ Discuti com o Henrique hoje.
_ Discutiu? Por quê?
_ Ciúmes. Eu fiquei com ciúmes e comecei uma discussão, não deixei nem ele falar.
_ Mas... Malu...
_ Ah pai, eu não tenho saco pra isso. Não sei fingir.
_ Eu sei minha filha. Você conversou com ele?
_ Não. Eu só chorei, mandei ele não me ligar e desliguei o telefone. 
_ Seria muito perguntar o motivo?
_ Não vai me achar uma idiota mimada? -neguei.- Peguei uma conversa dele com uma menina da faculdade. Ela falando que tinha adorado o tempo que passaram juntos e que ela se sentiu muito melhor depois disso. Pai, eu não quero ver ele na minha frente. Não quero!
_ Ele te traiu?
_ Eu que sei pai? Eu sei que eu confiei nele... -disse chorando ainda mais e eu não sabia o que fazer. Pra mim era novidade e eu fiquei sem ação.
_ Quer tomar um banho? Comer um doce?
_ Não.
_ Quer ir comigo buscar sua mãe?
_ Não pai. Quero ficar aqui.
_ Tudo bem.

Do jeito que estava fiquei até ela se cansar de chorar e dormir. Ajeitei ela na cama, desci pra tomar uma água e foi o tempo de a campainha tocar. Respirei fundo, acalmei o Thor e fui atender já imaginando quem era.

_ Luan.
_ Eu não sei o que aconteceu. Eu sei o que a minha filha me contou.
_ Eu posso explicar.
_ Então começa. Porque eu confiei em você. Abri a porta da minha casa, te respeitei até o momento em que você respeitou os meus filhos. -falei sério, encarando ele que olhava nos meus olhos.- Nunca vi a Malu chorar daquele jeito e ela disse com todas as letras que não queria te ver.
_ Ela entendeu tudo errado.
_ Todo homem fala isso. Joga limpo comigo cara, fala a verdade.
_ Eu amo a Maria Luísa. Jamais faria algo que machucasse a minha namorada.
_ Hm. -ele começou a se explicar sentamos e ele foi transparente contou tudo, me mostrou áudios e eu respirei fundo outra vez, mas me mantive calmo.- Vocês precisam conversar, mas hoje não é o dia.
_ Olha eu...
_ Não estou te falando isso como pai dela, também, mas... ela está chateada, ela descobriu não foi uma coisa que você chegou e contou e isso tem muita diferença. Minha filha é uma menina. Você é o primeiro namorado dela. Não estou te pressionando. Só quero que seja verdadeiro.
_ Estou sendo.
_ Então vai pra casa. Toma um banho, dorme e não liga pra ela pelo menos hoje.
_ Posso vir aqui amanhã?
_ Bom, se ela quiser conversar e te ver, sim.
_ Tudo bem, eu entendi. Estou indo pra casa. 
_ Vai lá, se cuida. -nos despedimos e ele saiu. Não demorou muito Fernanda chegou com sacolas de supermercado, bolsa e falando no celular. Me deu um selinho e subiu para o quarto.
_ Pai.
_ Eu.
_ Quer me dar uma carona hoje pra facul?
_ Se eu quero? Querer eu...
_ Amanhã o senhor viaja hein, aproveita. -falou brincando.
_ Tá atrasada?
_ Não, estou bonitinha dentro do horário.
_ Perfeito. Seja igual sua mãe. 
_ Tô esperando o senhor no carro. -falou e foi saindo. Entrei na cozinha para tomar água e aproveitei pra curiar as panelas e ver o que tinha de jantar.
_ Oi papai. Que você ta fazendo?
_ Nada não minha princesa. E você? Como foi a aula hoje?
_ Chatona. Tive que fazer lição toda hora e nem podia conversar papai.
_ Ah é? E por isso foi chatona?
_ Sim. -respondeu sorrindo.
_ Cadê seu vô?
_ Tá falando com a Mê lá fora.
_ Já foi no banheiro? -perguntei sabendo que ela ficava se segurando.
_ Lá na minha vó eu fui papai. Agora que queria muito uma coisa de comer, mas não tem aqui em casa.
_ Nada disso, não vou te dar doce antes da janta.
_ Mas papai, é um só, a mamãe nem vai saber.
_ Vai sim. -ela ficou toda bicuda e foi para a sala. Deixei o copo na pia e fui pegar as chaves e documento do carro.- Quer ir dar uma volta?
_ Vamos!
_ Então bora.


Narrado por Maria Luísa
Eu procuro não ser uma pessoa chata e invasiva, mas também odeio ficar desconfiada e ultimamente era como eu me sentia. Estávamos em Junho, mês que antecediam as férias, então coincidentemente Henrique e eu estávamos cheios de seminários e outras atividades para fecharmos o semestre. Com isso não estávamos nos vendo com tanta frequência nem mesmo aos finais de semana.
Pouco mais do meio do mês consegui dar uma desacelerada, ficar mais tranquila. E ele por estudar de noite, as vezes me buscava na escola e passávamos a tarde juntos.
Chegamos e o almoço estava pronto. Almoçamos e fomos sentar na sala, assistir um filme e ele acabou dormindo no meu colo. Continuei vendo o filme e o celular dele em cima da mesinha de centro acendendo com as notificações vezes seguidas. A tela acendeu de vez e o nome de uma menina apareceu, "Aline Facul".

_ Ei, seu celular. -falei cutucando ele devagar.
_ Que? -resmungou ainda de olhos fechados.
_ Está tocando, é da faculdade. -ele ignorou e continuou dormindo, e o celular ainda tocando.- Rique?
_ Pode atender, pode atender. -respondeu e eu atendi.
_ Pensei que não quisesse falar comigo. -e riu.- Você está bem?
_ Alô? Aline, né?
_ Sim, e você quem é?
_ O Henrique está dormindo, quer deixar recado?
_ Não, não. É só com ele mesmo... é... e você é o que dele?
_ Se você conhecesse ele saberia quem eu era. -e desliguei, deixando o celular no mesmo lugar.

A semana passou e ele "furou" comigo duas vezes para terminar um seminário. Combinamos de ele me buscar sexta depois da faculdade, mas ele foi beber com o pessoal e eu dormi. 
Acordei sábado de manhã e minha mãe franziu a testa ao me ver ainda de pijamas, prendendo os cabelos antes de dar "bom dia" e me sentar à mesa.

_ Você não ia sair?
_ Ia. -peguei meu copo e fui me servindo. Suco de laranja e pão com presunto e mussarela.
_ Mudou de ideia?
_ Não, o Henrique estava com o pessoal da faculdade, ia ficar tarde pra eu ir pra lá.
_ Hmmm... e você ficou chateada?
_ Não mãe, que ideia. Eu vou pra lá mais tarde. -disse tranquila e voltei a comer.
_ Você está muito quieta.
_ A senhora quer tanto saber, eu falo. Henrique me deu um bolo, foi isso que aconteceu. Quer perguntar mais alguma coisa?
_ Deixa de ser grossa que eu só te fiz uma pergunta. -falou toda séria.- Não precisa vir com estupidez não.
_ Bom dia minhas coisas lindas. -meu pai veio cumprimentando nós duas e percebeu que o clima estava estranho, mas não falou nada.- Sabe quem vem aqui hoje?
_ Não, quem?
_ Sophia. Arthur acabou de me mandar mensagem.
_ Tá todo feliz né pai?
_ Demais, tô cheio de saudades daquela fofura.
_ E que horas ela vem pai?
_ Antes do almoço, vão passar o dia aqui.
_ Ótimo, vou passar o sábado com a minha sobrinha.

Continuamos comendo, falando sobre outras coisas. A cozinha ficou por minha conta, minha mãe só ajudou tirando as coisas da mesa.
Terminado lá embaixo eu subi para tomar um banho, lavar os cabelos e arrumar meu quarto.
Acabei tudo, segundos depois meu celular tocou.

_ Oi. -atendi sem muita animação.
_ Oi, bom dia. Tudo bem?
_ Sim e você?
_ Tô meio estranho, sentindo você chateada.
_ E eu estou. Você sabe que eu não vou te falar nunca para deixar de sair com os seus amigos, eu não ligo. Mas neste último mês quase nem nos vimos, é a terceira vez essa semana que você me deixa esperando.
_ Desculpa.
_ Era só isso?
_ Não eu queria passar aí pra gente almoçar fora.
_ Vem aqui pra casa, Arthur está trazendo a Sophia.
_ Vou tomar um banho então...
_ Tá bom, tchau.
_ Tchau. -desliguei. Deixei o celular em cima da cama e fui para a sala.- Bom dia, bom dia. -falei cumprimentando meu irmão e a Julia.- Oi titia como eu tô linda de calça jeans e tênis. -falei pegando-a no colo e enchendo de cheirinhos.- Tô tão gostosa titia.
_ E manhosa, quer dormir no colo sendo balançada. -meu irmão contou todo besta.
_ E a titia balança, porque a titia pode né bebê?
_ Titia vai te balançar lá em casa né filha? -Julia disse brincando, dei risada.
_ Ela está crescendo bem rápido. -comentei.
_ Ficando de olhos abertos mais tempo e pegando bem mais o peito. -ela tocou no assunto e minha super mãe entrou em muitos outros, meu pai disfarçou e saiu de fininho com o Art.- Eu que acordo ela pra mamar, Sophia é toda tranquila.
_ E não tem cólica.
_ Graças à Deus não. Mas eu não consigo fazer nada muito demorado, mesmo com o Arthur lá comigo. Banho é correndo, dormir é quase que com um olho aberto.
_ É cunhada agora você oficialmente é do time das mães, espírito você já tinha. Chata que só. -ri e minha mãe ficou toda sem graça, vermelha.- Brincadeira cunhada, brincadeira.
_ Bom dia família. -olhei para a porta e era meu namorado quem estava lá, minha mãe olhou pra mim na hora e eu continuei brincando com a Sophia, mas atenta ao que ele fazia. Cumprimentou meu pai e irmãos, minha mãe e a Julia, passou a mão na cabeça da Sophia e falou um "Oi ." dando um selinho.

Passamos o sábado tranquilos em casa e de noite nós conversamos, ele se desculpou e eu fui pra casa dele. Segunda-feira eu não teria aula, então pelo menos até o horário da faculdade nós estaríamos juntos.
Esse era o plano, e estávamos até que bem. Até começarem as notificações, duas ligações, mais notificações e outra ligação e ele fingindo que não estava vendo.

_ Não vai atender? Deve ser sério, porquê não parou de ligar.
_ São os meninos.
_ Não, não são os meninos. É a Aline. -ele se ajeitou no sofá e não atendeu, deixou lá. Eu também não falei mais nada e ficamos assim. Assistimos três filmes entre beijos e mãos bobas, fomos para o quarto e foi uma das nossas melhores vezes juntos. Ainda tomamos banho e fomos deitar. Abracei ele pela cintura, deitei a cabeça em seu peito e dormi. Acordei sonolenta um tempo depois e continuei de olhos fechados, ele estava no celular, mandando áudio pra alguém.
_ Não, não. Nada a ver, não estava conseguindo passar um tempo com a minha namorada e hoje eu tô com ela.
_ Eu sei, mas eu adoro o tempo que passamos juntos. Me senti muito melhor depois. -era a voz de uma mulher, e nada me tirava da cabeça que era a tal da Aline.
_ Que bom, você estava bem tristinha mesmo. -respirei fundo e me virei de costas pra ele.- Bom, tô indo nessa que eu tô bem cansado. Tchau.
_ Tchau, boa noite. Se cuida. -ele deixou o celular perto do travesseiro mesmo, colocou o braço na minha cintura ficando de conchinha comigo e dormiu. Peguei o celular para ver a hora e estava quase amanhecendo, quase cinco da manhã.
Eu não dormi mais, nada me tirava da cabeça que ele estava me traindo e a vontade de chorar era enorme, enorme mesmo. Eu levantei da cama, peguei minhas coisas, me troquei e esperei ele acordar sentada na poltrona.
_ Que horas são? Bom dia. -bocejei passando as mãos pelo rosto e sentou na cama.
_ Vai dar oito horas, bom dia.
_ E você já está pronta? Seu pai ligou? Aconteceu alguma coisa?
_ Eu quero que você jogue limpo comigo.
_ Jogar limpo com você? Do que você está falando Malu?
_ Henrique... quem é a Aline? Você estão ficando?
_ Nós só estudamos juntos e temos alguns amigos em comum, nada demais.
_ Não é nada demais. Ultimamente todas as vezes em que nós estamos juntos ela te liga e você parece que esconde, que não quer que eu perceba. E eu estou odiando isso.
_ Malu...
_ Vocês conversam de madrugada, eu acordei com vocês dois no celular e ela falando que estava se sentindo melhor e que adorou o tempo que passou com você. Ninguém me contou, eu escutei.
_ Você entendeu tudo errado.
_ Primeiro que se ela não é sua amiga ela não ia ter intimidade pra ficar te ligando. Eu não me sinto confortável, eu não gosto dessa sensação.
_ Você nunca foi de ter ciúmes.
_ Eu não tinha motivos.
_ E agora tem? 
_ Eu só te fiz uma pergunta. Uma única pergunta...
_ Eu não fiquei com ela, eu não trai você.
_ Mas vocês saíram juntos?
_ Sim. Mas não desse jeito. Não foi um encontro... eu. -ele coçou a cabeça inquieto e levantando da cama.
_ Eu tô indo embora. E por favor, não vem atrás de mim.

Peguei minhas coisas, sai e pedi um uber quando ja tinha fechado a porta. Iria chegar em dez minutos. Foi o tempo de ele descer trocado, cabelos todo bagunçados.

_ Você vai mesmo ir embora sem antes conversar?
_ Sim.
_ Tudo bem. -respirou fundo.- Eu te levo.
_ Não precisa.
_ Precisa sim. Fui te buscar na sua casa e vou te levar de volta, cancela aí o carro.
_ Não precisa, já está aqui na porta quase.
_ Por favor?

Cancelei, entrei no carro dele e não abri a boca até chegarmos na minha casa. Agradeci, entrei e fui direto para o meu quarto. Passei o dia lá, escutei o barulho da escada e fui para o quarto da minha mãe achando que ela tivesse chegado mais cedo. E nem era ela, era meu pai e eu o abracei, chorei e dormi que nem percebi.

_ Malu? 
_ Hm...
_ Acorda, vem comer. -virei e fui abrindo os olhos devagar.- Está tudo bem? Que carinha é essa?
_ Discuti com o Henrique, nossa primeira discussão mesmo e eu tô péssima. -fui sincera e minha mãe perguntou o que tinha acontecido.- Sabe mãe, eu sou ciumenta, com o meu pai, com a senhora, meus irmãos... não quero ser dentro de um relacionamento. É chato, desgastante e tenho tantas outras coisas para me preocupar... olha... é complicado mãe.
_ Você é muito intensa, sabia?
_ Não mãe, eu amo o Henrique. Mas odeio ficar desconfiada e ele mentiu pra mim, e sem motivos.
_ Tá precisando de um tempo?
_ Não também. Tempo nunca dá certo pra ninguém. Vou tomar um banho e ligar pra ele mais tarde ou amanhã de manhã.
_ Tão rápido assim?
_ As coisas precisam ser resolvidas, né?
_ Isso é verdade, mas vamos jantar antes. Vem, só estávamos esperando por você. -disse se levantando e indo na frente. Eu ainda passei no banheiro, lavei o rosto e depois disso desci e jantamos. Meus pais, Helena e eu.- Amor, a louça é sua.
_ Minha? Ah cara, aí não né.
_ Papai não pode reclamar de fazer tarefa, a mamãe deixa de castigo. -Helena disse descendo da cadeira e indo pra sala.
_ Eu já estou minha filha, já estou. -falou rindo.
_ Ridículo. -disse batendo no braço dele.- Quer ajuda amor? 
_ Sua?
_ Já lavei muita louça nessa vida. Olha a Malu aí sem fazer nada, ajuda lá seu pai.

E eu fui de boa. Limpamos tudo e fomos para o quarto, mesmo estando cedo. Eu continuei de pijamas, ia colocar um filme pra assistir, mas estava com o pensamento em outra coisa.
Sabia que minha irmã estava em aula, mas eu queria falar com ela que depois da minha mãe era quem mais me entendia.

_ Malu? Tá tudo bem?
_ Estou te atrapalhando muito?
_ Não, eu estava esperando responder a chamada pra ir pro intervalo. O que aconteceu? Já chegou em casa.
_ Faz tempo, desde cedo que eu tô aqui. Sabe o que aconteceu... -contei resumidamente a história e conclui dizendo que iria eu mesma ligar pra ele.- ... fiz errado?
_ Não, você não fez errado. Eu te conheço você não é de cismar a toa. Mas também não acho que ele te traiu. Teve um desentendimento aí.
_ Então por que ele mentiu pra mim? Eu nunca abri a boca pra falar de amizade nenhuma dele, nenhuma. Também nunca liguei dele sair sem mim.
_ Não dá pra gente ficar supondo, vocês precisam conversar.
_ Tá, eu vou ligar pra ele. Beijos, tchau.
_ Tchau, se cuida. E vê lá o que você vai falar.
_ Tá advogada dos pobres indefesos.
_ Engraçadinha. Tchau. e desligamos. Respirei fundo, disquei o número dele e esperei atender.
_ Oi, está na aula? 
_ Não fui hoje. -respondeu tranquilo.- Você está bem?
_ Depois de ter chorado muito, sim, eu estou.
_ O que foi que eu te fiz pra você chorar tanto?
_ Mentiu. Você sempre foi transparente comigo, e de uma hora pra outra muda em algumas coisas. 
_ Eu não menti, só achei que não tinha o porquê de contar. A Aline estuda em outro curso e fazemos algumas matérias juntos, e quando eu falo juntos eu falo com outros amigos meus que você conhece também.
_ Tá. Mas...
_ Deixa eu falar... -me cortou e continuou falando.- Ela foi minha dupla em três dessas matérias e nesse meio tempo ela se aproximou como colega. Um familiar dela muito próximo faleceu e ela ficou mal e eu conversei com ela da mesma forma que conversaria com qualquer outra garota da sala.
_ Isso não muda muita coisa. Primeiro ela não era sua amiga, agora você consola ela? Não estou entendendo.
_ Eu falei que quando ela quisesse conversar que ela poderia falar comigo, a hora que fosse.
_ Quando você está com a sua namorada no caso?
_ Eu deixei isso bem claro pra ela. Eu namoro, então não pense que estou dando mole, porque a minha namorada é a Malu. 
_ E onde entra a parte que ela te liga de madrugada? Que vezes foram essas que vocês estiveram juntos? -suspirei.- Desculpa sair te atropelando assim, é que eu não me sinto confortável em sentir ciúmes desse jeito, eu acho ridículo. Se nós namoramos é porque temos confiança um no outro. Mas pela minha idade e experiência, ou falta dela, as vezes eu penso que as mulheres na sua turma vão chamar mais a atenção... e eu não quero entrar em disputa ou dividir sua atenção dessa forma.
_ Não tem muita diferença de idade entre você e as meninas que estudam na minha turma, e ainda assim não olho pra nenhuma delas com o mesmo olhar que eu olho pra você. -ele fez uma pausa.- Eu e você confiamos um no outro porque sabemos que não temos como estar juntos o tempo todo. Temos nossos momentos sozinhos... você na escola, eu na faculdade, você com os seus amigos, eu com os meus e é isso. 
_ Mesmo sabendo disso eu estava preocupada. Você não atender ela na minha frente me deixou com uma pulga atrás da orelha, acordar e escutar aqueles áudios bem fora de contextos também. Não faz mais isso, por favor.
_ Não vou, me desculpa.
_ E quando marcar alguma coisa comigo, cumpra. Quase fiz sua caveira pra minha mãe.
_ Fui aí mais cedo e pensei que seu pai ia me colocar pra correr.
_ Você esteve aqui?
_ Estive, ele me disse que você não queria me ver.
_ Não queria mesmo. Mas acordei melhor, conversei com a minha mãe, com a Mê e aí eu te liguei.
_ Teve toda uma consultoria? -riu.
_ Sim. Eu queria me entender melhor.
_ E conseguiu?
_ Sim. -ficamos em silêncio um tempo.- Não vai falar mais nada?
_ Não tem o que falar. Eu queria mesmo te ver Malu, beijar sua boca e te abraçar forte. Tô com saudade de você sorridente, receptiva e quente.
_ Eu também.
_ Ainda está cedo, posso ir dormir aí?
_ Dormir mesmo né? Meus pais estão em casa.
_ Os meus também estavam, vai ser a mesma coisa.
_ Não mesmo. O quarto da sua mãe é do outro lado do andar Henrique.
_ Tudo bem, a gente só dorme. Tá bom assim?
_ Está ótimo. -fiquei com ele no telefone por mais alguns minutos e desligamos.- Mãe? -bati na porta e abri encontrando ela e meu pai rindo.- Pensei que estivessem dormindo.
_ Não, vamos namorar ainda. -meu pai falou e minha mãe deu risada.
_ Queria falar alguma coisa Malu?
_ Sabe o que é... Henrique está vindo pra cá e vai dormir aqui.
_ Vocês não estavam brigados? -meu pai perguntou franzindo a testa, sério.- Nossa casa não é bagunça não viu?
_ Eu sei pai, nós estamos bem. Se não estivéssemos eu iria falar da mesma forma.
_ Eu tô de olho em vocês dois.
_ Também amo você pai. -fechei a porta e desci para esperar na sala. Thor foi minha companhia e correu pra porta assim que o carro estacionou, ficou latindo, abanando o rabo e indo de um lado a outro da porta.- Calma, ele vai entrar. Espera Thor. -coloquei a mão na maçaneta, abri e ele saiu correndo.- Pega ele aí.
_ Oi garotão, calma aí. -ele não parou até Henrique descer do carro e pegar ele no colo, ficou lambendo o rosto dele.
_ Esse cachorro é um safado. -falei esperando eles entrarem para eu fechar a porta.- Oi né.
_ Oi. -me deu um selinho e fomos para a sala.
_ Veio me ver ou ver o Thor? -perguntei cruzando os braços e fazendo bico.
_ Eu sei como eles são gostam de atenção. Cadê a bolinha pra gente brincar? Cadê? -Thor pulou do colo dele e saiu correndo para a cozinha com a língua pra fora. Henrique levantou e já chegou em mim colocando as mãos na minha cintura e nos beijamos decentemente, com as mãos dele escorregando para a minha bunda e apertando sem nenhuma timidez.- Gostosa.
_ Para com isso, seu safado.
_ Não está mais chateada?
_ Não. Acho que deu pra gente se resolver na ligação, mas que fique claro, isso não vai se repetir.
_ O que? Você me ligar? -perguntou confuso, olhando minha boca enquanto eu mordia os lábios.
_ Não. A gente discutir por ciúmes. 
_ Eu não garanto. Eu tenho ciúmes de você, mesmo sabendo que temos confiança um no outro.
_ Eu sei, não sei o que deu em mim. Esse final de semestre está me deixando ansiosa com tudo e intensa.
_ Percebi. -falou rindo e me soltando depois de uma mordida na bochecha.- Ficou chata.
_ Não fiquei não.
_ Pensei que você fosse me bater no sábado, toda seca, cheguei e você nem pra mim olhou. -contou e eu neguei com a cabeça, rindo.- Tava foda.
_ A culpa foi sua. Se você sabia que eu ia pra sua casa tinha que pelo menos perguntar se eu queria ir.
_ Você nem de bar gosta amor.
_ Eu não gosto mesmo, mas eu queria ficar com você. Na sua companhia, só isso.
_ Minha faculdade fica quase uma hora daqui, o bar fica na mesma calçada cinco passos pra frente. E foi rápido, ficamos uma hora e pouco só.
_ Tá bom, não vou falar nada mais. Vamos subir?
_ E o Thor? -revirei os olhos e ele riu.- Vem cá garotão, Thor... -assoviou e ele vem trazendo a bendita da bola.
_ Agora não é hora de brincar. Eu tô subindo.
_ Caminha Thor, Malu vai bater em nós dois.
_ Palhaço. Fechou o carro? -ele assentiu.- Então vamos. -falei apagando as luzes da sala e subindo na frente.- A caminha dele aqui em cima fica no quarto da Helena.
_ Serio?
_ É. Porque a porta dela costuma ficar aberta.
_ Quase um bebê.
_ Minha mãe trata ele como um mesmo. -falei entrando no quarto e indo direto para a minha cama, puxando o edredom e sentando na lateral.- Nem perguntei se você queria comer.
_ Não, tô de boa.
_ Então vem deitar.
_ Eu vou, eu só... -passou as mãos no cabelo e riu.- ... avisar minha mãe que eu cheguei.
_ Não avisou ainda?
_ É rapidinho. Mãe? -falou ao telefone.- Estava um pouco ocupado... não, que isso dona Luísa... vou dormir aqui sim, beijos. Eu amo você, tchau. -e desligou, colocando o celular no bolso da bermuda e tirando a camiseta antes de passar a chave na porta e vir pra cama.
_ Ela te deu bronca?
_ "Você não disse que me ligava assim que desligasse o motor do carro Henrique?"
_ Bem feito. 
_ Bem feito nada, fui segurar o seu cachorro fujão. -disse apoiando os braços na cama e me dando um selinho. Segurei nos ombros dele e roubei um beijo nada inocente, deitamos na cama rindo e começou toda aquela troca de carícias e amassos, uma mordida na orelha, olha no pescoço, uma mão boba.- Você disse que íamos dormir.
_ Se você não quiser tudo bem, nós dormimos.
_ Nunca negaria isso, não com você.



Narrado por Fernanda
(...)

_ Amor, dorme.
_ Não consigo.
_ Mas você está cansado.
_ E minha filha transando com o namorado no quarto da frente.
_ Você nem sabe se eles estão.
_ Vida... eu não nasci ontem. Sei como os casais fazem as pazes e você também.
_ Um oral bem feito é meio caminho andado. -falei rindo.
_ Pelo amor de deus Fernanda, fala isso não minha nossa senhora.
_ Tô brincando amor. Mas eles estão fazendo as pazes, ela estava toda tristinha.
_ Eu sei, ela dormiu chorando no meu colo.
_ E você não me contou nada.
_ Eu sabia que ela ia te contar. -deu de ombros.- Preciso tomar uma água.
_ Vamos descer, eu vou com você. Tô com fome.
_ Está mesmo?
_ Eu tô. Fome de um docinho, vamos fazer brigadeiro?
_ Essa hora Fernanda?
_ Vamos amor, você toma água e fica me fazendo companhia.
_ Então vamos minha vida. -falou levantando da cama e calçando os chinelos, passou a mão nos cabelos como sempre quando estava nervoso.- Bora Fernanda.
_ Vamos, vamos meu chatinho.

Eu nem estava com vontade de comer nada, queria distrair meu marido. Levantei devagar, calcei os chinelos e descemos de mãos dadas.
Fiquei de olho, ele rodou, rodou, rodou na cozinha pra depois pegar a água. Tomou e ficou em pé.

_ Tá mais calmo?
_ Não. Eu sei que ela faz essas coisas, mas eu tô preocupado.
_ Quer que eu converse com ela.
_ É.
_ Mas conversar o que?
_ Eu não sei.
_ Tá bom amor, fica tranquilo tá? -dei um selinho nele e fui pegar as coisas para fazer o doce. Ficamos lá embaixo e não demorou muito Maria Luísa apareceu na cozinha só de camiseta e meias, e foi ver a gente que ela ficou toda vermelha.
_ Pensei que estivessem dormindo.
_ E quem é que dorme nessa casa com...
_ Queria fazer um docinho, seu pai e eu vamos assistir filme. -o interrompi.- Não é amor?
_ Na sala de vídeo? -ela perguntou e eu assenti.- Ah tá, só vim buscar água. -ela abriu a geladeira, pegou a jarra, um copo e subiu.
_ Luan? Vamos.
_ Eu não quero ver filme nenhum, vamos subir vai.
_ Por que é que você está todo nervoso?
_ Você sabe.
_ Okay, não falo mais nada. Vamos. -subimos de volta para o nosso quarto e eu bem da espaçosa sentei no meio da cama, coloquei o prato de doce no meio das pernas e já fui dando a primeira colherada.- Isso aqui está muito gostoso amor. Quer?
_ Não, obrigada.
_ Fiz com tanto carinho.
_ Eu sei vida. Mas tá é quente, vai me dar dor de barriga. -falou pegando o celular e sentando atrás de mim, abraçando minha cintura.- Gosto tanto dessa sua camisola sabia?
_ Eu prefiro quando estou sem ela. -devolvi o comentário sorrindo sacana e pegando-o de surpresa.- Quando suas mãos passeiam por todo o meu corpo e encontram minha calcinha molhada, pressionando meu clitóris com a ponta dos dedos e eu arfando, começando a ficar quente e ofegante com a sua barba roçando meu pescoço e juntando seu corpo no meu para sentir sua excitação crescente. Hmmmmm eu amo.
_ Porra Fernanda, eu tô duro cara.
_ Muito amor?
_ Como uma rocha.
_ Hmmmm... -deixei meu doce de lado, colocando-a em cima da mesinha que tínhamos ao lado da cama e quando voltei minha atenção à ele estava com as mãos apoiadas em seus ombros, dando-lhe selinhos longos e grunhindo ao sentir seus dedos subirem em direção a minha bunda, pegando na parte posterior das coxas.- Esse seu olhar me excita sabia?
_ Sim. 
_ Sua boca... 

Nos beijamos com toda sensualidade e tesão. Aquele beijo longo que te esquenta o corpo todo e causa arrepios gostosos fazendo-me desmanchar em seus braços completamente excitada e entregue, ansiosa, querendo mais. Por alguns seus lábios deixaram os meus traçando um caminho curto entre o meu pescoço e seios, baixando rapidamente a alça da camisola e encontrando meu mamilo pedindo para ser sugado.
Luan conhecia todo e qualquer lugar do meu corpo, o jeito de me pegar, onde morder ou lamber, me beijar... nossas preliminares eram sempre interessantes, surpreendentes e cheias de expectativas. Éramos tão um do outro que quando houve encaixe meus olhos involuntariamente fecharam e as unhas cravaram  seus ombros desfrutando de um orgasmo enquanto ele bombava forte e fundo segurando minha cintura firmemente com os dedos, sua boca procurando a minha e seu olhar fixo em mim não deixando a intensidade diminuir. Nos permitindo aguentar a madrugada inteira de muito amor e sexo do jeitinho que nós dois sabíamos fazer de melhor. Eu estava exausta, dolorida também e ele completamente apagado, dormindo com as pernas entrelaçadas nas minhas e a cabeça no meu peito.
Demorei um pouco para realmente pegar no sono, mas também não dormi muito porque tinha que ir trabalhar. Então assim que o celular despertou eu levantei e fui tomar um banho.

_ Vida, por que não me acordou? -perguntou com a voz rouca, bocejando enquanto entrava no box.- Eu viajo daqui a pouco.
_ Não era só no final da tarde?
_ Não, mudamos para o horário do almoço. -o beijei.- Queria que você já fosse hoje comigo.
_ Tenho que arrumar a mala das meninas, Helena viaja na quinta-feira esqueceu?
_ Não. Não esqueci. Malu vai junto mesmo?
_ Vai sim. Só não sei do namorado dela ainda, se vai ou não.
_ Não vai desgrudar mais não?
_ Namoro é assim, eu não te largava.
_ Mentirosa. Você já viajou sem mim, eu lembro.
_ Mas...
_ Mas nada. -me deu um selinho e ligou o chuveiro outra vez.
_ Tô indo me trocar, vou tomar café com você viu.
_ Tá, eu não demoro.

Foi o tempo de sair do banheiro, trocar de roupa, fazer maquiagem e cabelo. Coloquei algumas pulseiras, gargantilha e calcei meu salto. Arrumei a bolsa, peguei o celular e desci.

_ Bom dia mãe.
_ Bom dia Mê, tudo bem? -lhe dei um beijo no rosto e cumprimentei Maria com um abraço.- Esse café tem um cheiro tão gostoso, Maria você é maravilhosa.
_ Que isso, imagina. -falou sem jeito e foi para a lavanderia.
_ Tá tudo bem mãe? -perguntou ao me ver sentar com um certo desconforto.
_ Tudo ótimo. -dei risada e ela foi ficando vermelha de tanta vergonha.
_ Mãe do céu, meu deus. Vocês já são até avôs.
_ Ué, o que é que tem? Sou casada, estou na minha casa, nada de errado.
_ Não cansam não?
_ Depois dá aquela canseira sim, estou dolorida inclusive, mas você sabe como que é na hora.
_ Não nessa intensidade mãe. -riu.- Toda um Dorflex.
_ Daqui a pouco eu tomo. 
_ Bom dia princesa, dormiu bem?
_ Bom dia pai. Dormi bem sim, mas não tão bem quanto o senhor.
_ Um homem precisa relaxar.
_ Sei. -riu.
_ O que você andou contando pra ela vida?
_ Nada que ela não saiba. -falei sorrindo e fazendo bico.
_ Bom dia, bom dia. -Malu chegou na sala de jantar nos cumprimentando.
_ Bom dia. -respondemos.
_ Cadê o Henrique? 
_ Dormindo, está cedo né.
_ Cedo mesmo, pensei que nem fosse descer agora.
_ Celular acabou despertando, aí eu levantei pra ir ao banheiro e não dormi mais.
_ Hmm, entendi. -falei e voltei a comer. Estávamos terminando quando Helena desceu descalça, de pijama e cabelo todo despenteado.- Bom dia meu amor.
_ Bom dia mamãe. Eu já tô de férias né?
_ Já meu anjo, já está sim. Já lavou o rosto?
_ Não. -disse indo para o colo do papai, sentou e deitou a cabeça.
_ Eita grude com esse pai viu.
_ Papai vai viajar não vai?
_ E você também, vai ficar uns dias com a vovó, a Louise e o Derick.
_ E eu vou sentir saudades mamãe.
_ A mamãe também meu amor. Mas prometo ligar todos os dias.
_ E ela liga mesmo. -Melissa contou e nós demos risada.- Você também vai né Malu?
_ Sim.
_ Henrique também? -Luan disfarçou, mas estava prestando a atenção na resposta.
_ Disse que se for, vai só daqui duas semanas.
_ Por que tudo isso?
_ Porque ele vai descer pro litoral com uns amigos.
_ E você não vai querer ir mesmo?
_ Prefiro ir pra Nova Iorque.
_ Prefere frio?
_ Estou com saudades do vovô, e falei pra ele que ia.
_ Acho que até eu quero ir. Deixa mãe?
_ Sua gestora não sou eu não viu, se te liberarem lá na empresa.
_ Eu posso muito bem trabalhar de lá. 
_ Vê com ela e me fala. 
_ Vou falar com o Leo também, vai que ele quer ir.
_ Vou ficar sozinha em casa? -perguntei e elas deram risada.
_ Chama o Arthur e a Julia para ficarem aqui com a senhora. Ele vai amar.
_ Deixem a mãe de vocês em paz. -Luan falou e elas deram risada.- Quer que eu te leve vida?
_ Eu até aceitaria a carona, mas meu genro ficou de me levar.
_ E cadê aquele malacabado?
_ Chegando pai e não fala assim dele. -o defendeu.
_ Filha você vai namorar um dia? -perguntou pra Helena.
_ Um dia quando eu tiver bem grandona papai.
_ Só quando tiver grandona?
_ É igual a mamãe. 
_ Isso mesmo minha princesa. -falou beijando a testa dela.- Nada de crescer e ficar defendendo esse tipo de pessoa.
_ Que exagero pai. O Leo é tão tranquilo, o genro que o senhor pediu a Deus.
_ Não pedi nenhum dos dois. -respondeu rindo.- Brincadeira filhota, fica chateada não.
_ Eu sei que vocês se amam.

Terminamos nossa primeira refeição e fomos cada um para os seus afazeres. Melissa e eu seguimos para a empresa com o Leonardo, Luan eu sabia que voltaria a dormir porque a mala dele já estava pronta e a troca de roupa separada, Helena ficaria abraçada com ele até a hora de ele sair e a Malu dividiria a atenção entre o pai e o namorado.

Assim que entrei na minha sala recebi todas as informações de como seria meu dia, em relação às reuniões e assinatura de papeladas. Eu estava lascada, cheia do que fazer. Mas antes de mergulhar de cabeça nos afazeres liguei para o Arthur perguntei sobre a Sophia, depois liguei rapidamente para a minha mãe e aí sim dei início ao meu dia na CDM.

_ Mãe, a senhora já está vindo?
_ Oi Malu, ainda não filha. Está tudo bem?
_ Sim, tudo bem. Meu pai viajou depois do almoço, Arthur veio aqui só buscar roupa e disse que hoje ainda tinha aula e a Melissa não vem pra cá.
_ Quer pedir comida?
_ A senhora vai demorar pra chegar né?
_ Um pouco, estou no meio de uma áudio.
_ Tá bom. Vou pedir pizza. Vai querer Beirute?
_ Sim, dois. Tô com fome.
_ Onde tá o cartão do meu pai?
_ Na gaveta dele de meias. Qualquer coisa me liga, tá?
_ Pode deixar.

Paramos de trocar mensagens e continuei a audioconferência que de estendeu por mais duas horas e meia. Saí do prédio da empresa eram mais de nove da noite, trânsito um pouco lento, cheguei em casa e encontrei apenas a TV ligada. Helena dormia no colo da Malu que também estava dormindo.
Antes de acordar as duas deixei minhas coisas no sofá, tirei os sapatos e fui comer, porque estava azul de fome.
Os beirutes estavam deliciosos, mesmo requentados, e a coca cola gelada estava melhor que chopp. Depois de satisfeita deixei tudo dentro da pia e fui acordar as meninas.

_ Meninas, vamos subir.
_ Mamãe? Você chegou?
_ Cheguei meu amor, vamos dormir na cama.
_ Tá bom. -ela concordou comigo ainda sonolenta, ficou de pé e eu a ajudei. Quando voltei para a sala a Malu ainda estava deitada, no celular pra variar.
_ Tá tudo bem?
_ Tudo com sono e preguiça... -bocejou.- ...a senhora demorou hoje.
_ Nem me fale, eu tô moída e estava com fome ainda.
_ Eu deixei seu beirute no forno.
_ Eu já achei e já comi. -falei sentando no sofá.- Sua irmã não veio mesmo?
_ Passou aqui, encheu bem a barriga e saiu com o Leo.
_ Esses dois viu. -ri.- E o Henrique, estão bem mesmo?
_ Estamos.
_ Ele não vai mesmo com você?
_ Não. Mas está tudo bem. Ele precisa de um tempo com os amigos e eu com os meus avós.
_ Ela quer ir pra Flórida.
_ Eu sei, foi eu quem deu a ideia. Vai ser demais.
_ Sua avó já é uma senhora.
_ Não tem nada demais. Vamos aproveitar do mesmo jeito. 
_ Sua avó faz tudo o que vocês querem. -falei e ela riu.
_ Assim como eu tenho certeza que a senhora vai fazer pra Sophia.
_ Também não é assim, não sou tão babona.
_ Ah é, é sim mãe. Está até amiga da Julia.
_ Não é nada.
_ Se a senhora diz. -riu.
_ Sua mala já está pronta?
_ Não. Mas já fiz uma lista do que eu vou levar.
_ Ótimo. Amanhã vamos organizar tudo isso. 
_ Okay dona Fernanda, podemos dormir agora?
_ Sim. Eu preciso.

Nós duas subimos, fomos cada uma para o seu quarto e nos preparamos para deitar e dormir tranquilamente à noite toda.





~.~

Meninas lindas, perdoem a má edição, mudou todo o layout pelo celular e ficou horrível. Maaaaaaaaas estou muito feliz que ainda consegui colocar a foto.
E aí, todas babando na Sophia? Porque eu sim e muito. haha ❤️

domingo, 12 de julho de 2020

Capítulo 280

Narrado por Julia
  Durante toda a minha gravidez eu me imaginava no momento em que estou agora. Por mais que eu tentasse não focar na dor em si, eu sabia que ela chegaria e não imaginei que eu seria tão forte. As contrações vinham com mais força, e a cada vez eu sentia meu corpo todo se moldando para o momento de respirar fundo e fazer força. Tive a sensação de não saber se estava fazendo certo, olhava para o Arthur buscando um apoio e ele esteve ao meu lado o tempo inteiro.
  Quando Sophia veio ao mundo eu respirei fundo e por fim abri os olhos encontrando-a nos meus braços, chorando e ainda com resquícios do parto mais que recente. Era linda, um pedacinho só nosso. Arthur chorou de felicidade e eu sorri pelo mesmo motivo, ainda mais emocionada.
  Um enfermeiro veio para cuidar da nossa pequena e levá-la para o berçário, Arthur saiu da sala e então ficamos eu e a equipe médica. Eu estava bem, só estava muito cansada e com o corpo dolorido. Mas tanto o médico quanto a enfermeira disseram que eu fui muito bem, havia tirado de letra. 
  Segui para o quarto onde ficaria até receber alta e tudo estava preparado. Havia flores, balões e as lembrancinhas que tínhamos encomendado.

_ Vocês são rápidos. -comentei com a minha mãe.
_ Sua irmã e a irmã do Arthur. -disse sorrindo.- Mas ficou lindo. Como está se sentindo?
_ Cansada. Muito. -bocejei.
_ Mana! Sophia é linda! -Camila entrou toda eufórica vindo me abraçar forte.
_ Camila! Sua irmã acabou de ter neném, menos.
_ Eu sei mãe, é que eu não me aguentei. Tô apaixonada. O vovô babão disse que daqui a pouco está aí, mandei uma foto pra ele... 

Camila estava mais falante que o seu normal, que já era muito. A conversa estava muito boa, mas meu cansaço falou mais alto e eu acabei dormindo.


Narrado por Maria Luísa
  Não consegui encontrar meu boyfriend na sexta-feira à noite e nem no sábado. Porque ele foi pra casa de uma tia e eu fiquei em casa com o meu pai que tinha chegado de viagem. Então jantar na minha vó na sexta e passamos o dia em Ubatuba no sábado e no domingo visitamos a tia Bruna.
  Quando estávamos voltando pra casa perguntei pra minha mãe se teria problema eu dormir no Henrique, e ela disse que por ela não. Perguntei ao meu pai e ele depois de me dar um pequeno sermão disse que tudo bem e até me levou.

_ Tudo bem Luísa? -perguntei assim que ela abriu a porta toda sorridente, e me puxou para um abraço.
_ Que surpresa boa, entra Malu. Já estava perguntando pro Henrique o que ele tinha aprontado que você não veio mais aqui em casa. -dizia me soltando e dando espaço para que eu entrasse.- Inclusive ele subiu pra tomar um banho e descer pra jantar e até agora nada.
_ Só estão vocês?
_ Não, Miguel está no escritório. É outro também. -deixei minha bolsa na poltrona e segui para o banheiro, estava apertada quando voltei encontrei ele sem camisa sentado no chão, brincando com os cachorros.- Malu você é de casa, fique à vontade.
_ Obrigada. Oi.
_ Surpresa boa hein, desci até mais rápido quando a minha mãe me chamou. -falou levantando e me dando um selinho.- Sumida. -apertou meu nariz.- Está bem?
_ Melhor agora falando com você. -pisquei dando risada e dando outro beijo naquela boca.
_ Opa, opa, opa. Boa noite Malu. -escutei o pai dele me cumprimentar e senti meu rosto esquentar de vergonha.
_ Tudo bem?
_ Vou bem, obrigado. Bom te ver aqui.
_ Estava com saudades de vocês.
_ Não precisa mentir, você estava com saudade só de mim. Pode falar.
_ Mentira sogro, seu filho está mentindo.
_ Jovens. -riu.- Irei deixar vocês mais à vontade. -falou indo para a cozinha.
_ Onde paramos? -ele perguntou apertando minha cintura.
_ Não, vamos jantar. Sua mãe estava só esperando vocês dois.
_ Minha mãe sempre nos melhores momentos.
_ Para, vamos dormir juntinhos hoje.
_ Só dormir?
_ Foi o que eu disse pro meu pai.
_ E como uma boa filha obediente é isso que você vai fazer, depois de namorar um pouco. -disse sussurrando no meu ouvido e mordendo a ponta da minha orelha em seguida.
_ Henrique? 
_ Tô indo mãe.
_ Os cachorros vão ficar aqui? -perguntei levantando a sobrancelha.- Soltos?
_ Será que um dia você vai acostumar com eles?
_ Não. -ri enquanto íamos para a sala de jantar.- Chegamos!
_ Espero que goste de molho branco, Henrique queria panqueca de frango. Mas também tem de carne moída com molho vermelho.
_ Não se preocupe, eu como das duas. -falei descontraída, me servindo e sentando em seguida.

  Os jantares na casa do Rique costumavam ser de assuntos paralelos, falávamos sobre viagens e outras culinárias e coisas assim. Permanecemos à mesa até mesmo depois da sobremesa, mousse de ninho com brigadeiro branco. 

_ Se me dão licença, vou tirando a mesa. Mas fiquem à vontade.
_ Eu te ajudo. -falei me levantando e retirando os pratos e talheres. Henrique continuou sentado no celular como se o mundo em volta não existisse. Escutei o celular tocar e ele atendeu na maior felicidade do mundo e eu comecei a lavar louça, mas prestando a atenção na conversa.
_ Não, mas... nada a ver, você não estava bem aquele dia... de boa, de boa... que isso, se cuida. Tchau. -e desligou vindo me abraçar.- Já está bicuda?
_ Não, estou normal. -falei tentando disfarçar, mas eu era péssima nisso.- Terminei aqui, agora você guarda.
_ Escorredor de louças serve pra deixar a louça até ficar seca.
_ Não sei sua mãe, mas a minha não gosta de louça em cima da pia não. Mas você que sabe.
_ Sei que eu tô querendo subir, tá afim?
_ Depois que você guardar a louça quem sabe... -falei fazendo um charme e me sentando na bancada, ele me olhou com cara de tédio, me deu um selinho e foi guardar a louça, que não era muita coisa e subimos.
_ Sua irmã te ligou?
_ Não. Por quê?
_ Arthur tá me mandando mensagem, falou que está indo pra casa da Julia.
_ Ela está bem?
_ Está tendo contrações. Tá indo pra lá ele, sua irmã e o Leo.
_ Nossa, mas... sei lá também.
_ O que?
_ Não é que não sei se ela chegou a completar as quarenta semanas, mas estava tudo bem com a Sophia.
_ Fizeram as pazes?
_ Quem?
_ Você com eles.
_ Eu tô na minha e eles na deles, sequer sentiram minha falta. 
_ Você é mimada, sabia?
_ Sim. A princesa do meu pai, sou mimada desde que nasci e não acho isso ruim.
_ Depende da situação né? Mas não vou falar disso não. -disse segurando minhas mãos acima da cabeça e passando uma das pernas para o outro lado, me prendendo embaixo dele.- Temos coisas bem mais legais para fazer.
_ Tá bem taradão você. Eu vim porque estava com saudades e não porque queria sexo. -ele deu risada e me beijou e que beijo gostoso.- Hmmmmm... deixa eu tirar meu tênis. 
_ Eu tiro pra você. -falou todo prestativo, descendo da cama e tirando meu tênis, meias, puxou minha calça e me deixou só de cropped e calcinha.- Ah, cadê os ursinhos? Sabe que eu gostava... -falou pondo a mão no laço de cetim e eu dei um tapa na mão dele, e cobrindo o rosto.- ... só estamos eu e você, não precisa ter vergonha.
_ Então para de falar das minhas calcinhas.
_ São lindas, deixa eu ver atrás?
_ Henrique!
_ É conjunto com o sutiã?
_ Você está demais hoje. -falei sentando na cama e tirando a blusa, joguei em cima da cadeira e fiquei de pé olhando em direção ao espelho e me achando a maior gata de lingerie de renda.- Aprovado? Disse minha mãe que minhas calcinhas eram infantis demais. Mas eu não ligava. 
_ Te deixavam tão inocente.
_ Ainda sou.
_ Eu sei. Vem cá, deita aqui.
_ Não quero deitar. -falei engatinhando até ele e lhe dando um selinho demorado, puxando seu lábio inferior com os dentes. Passei a perna para o outro lado do quadril dele e sentei, colocando o tronco pra frente e deixando meus cabelos fazerem cortina. Sorri e voltamos aos beijos intensos, longos e excitantes. Henrique levou as mãos até a base da minha cintura prendendo meu corpo ao dele e mostrando o quanto estava excitado.
_ Você brinca fácil com a minha imaginação. -sussurrou beijando meu pescoço e passando a língua na minha orelha. Senti um arrepio gostoso quando suas mãos tocaram minhas costas, ele se sentou na cama e foi rápido ao tirar meu sutiã e continuar distribuindo beijos por um caminho que levava até a renda da minha calcinha.- Cheirosa.
_ Tomo banho, né? -brinquei me deitando na cama e esticando as pernas. Eu sabia bem o que viria, e foi bom demais do começo ao ápice, Henrique intensificou tudo quando não parou quando eu estava gozando e a sensação foi única. Levei alguns minutos para me recuperar, antes de ele colocar um preservativo e irmos para a parte que bem nos interessa. Tivemos uma noite longa, fizemos amor três vezes seguidas e muito bem feitas, eu estava cansada e sorrindo também.
_ Quer tomar um banho?
_ Não, estou bem assim. -respondi virando de lado e esticando o braço para pegar meu celular.- Melissa é maluca sabia?
_ Por quê? O que ela te mandou?
_ Só escuta.
_ Sei que você deve estar bem ocupada aí, mas estamos indo pra maternidade, acho que a Sophia nasce ainda hoje.
_ Bem ocupada mesmo. -riu.- Será que ela nasceu?
_ Não, Melissa teria mandado fotos, certeza. -falei bloqueando a tela e deixando em cima da cadeira que estava do lado da cama.
_ Meu celular acabou a bateria.
_ Hmm e ia falar com alguém? -levantei a sobrancelha, ele me olhou franzindo a testa e depois começou a dar risada.
_ Tá com ciúmes?
_ Não, só queria saber com quem você estava falando mais cedo?
_ Na mesa de jantar?
_ É Henrique.
_ Uma colega da faculdade.
_ Hm...
_ Não pensa besteira não, é que tínhamos um trabalho pra fazer em dupla e ela não estava se concentrando, estava bem dispersa e não foi muito bem não. Aí ela tinha meu número, do grupo que temos na sala e me ligou pra se desculpar. Foi isso.
_ Ela é sua amiga?
_ Não. Não somos amigos, somos colegas de classe. -respondeu despreocupado.
_ Ah tá. E por falar em faculdade, está gostando do curso? 
_ Muito. Mas é estudo pra caramba, nossa.
_ A grade é bem puxada, eu estava pesquisando outro dia.
_ Querendo mudar de curso?
_ Não. Queria entender melhor seu fascínio pela profissão. Não é possível que sejam somente viagens internacionais, tem um a mais e eu queria saber.
_ O mercado internacional é mais rentável e melhor reconhecido, então é um bom investimento.
_ Visionário você. -brinquei.
_ Nem tanto. Meus pais conversaram bastante comigo, me ajudaram a escolher.
_ Sério? Mas como?
_ Eu não tinha uma profissão que sonhava em fazer, estava mais que acomodado em ter pais ricos e eles explicaram que não era bem assim.
_ Era um vagabundinho, né? Achando que a vida era encher a cara, dar festas e ter muitas garotinhas. -falei revirando os olhos e cruzando os braços.
_ Não, eu era sossegado. Meu pai foi bem claro, ele não estava cobrando que eu trabalhasse, mas ele queria que eu tivesse uma graduação e que fosse algo que eu realmente gostasse.
_ Então você estuda por vontade?
_ É. -respondeu se espreguiçando.- Isso aí Maria Luísa. Maria Luísa, nome diferente.
_ Sou diferenciada mesmo. -disse virando de bruços e me apoiando sobre os cotovelos.- Tô ficando com sono.
_ Nem sei que horas são. -falou levantando e pegando meu celular.- 04 horas e 27 minutos.
_ Bem tarde. -falei bocejando e me levantando para ir ao banheiro, e depois de usar e lavar as mãos sai procurando alguma coisa pra vestir. Peguei uma camiseta dele, vesti de volta minha calcinha e peguei minhas meias antes de voltar para cama e encontrar o bonito de cueca, bem a vontade.- Ainda vai assistir filme?
_ Uma partida de videogame, tem coragem?
_ Não vou conseguir levantar no horário pra ir pra escola, e a culpa vai ser sua.
_ Então vamos dormir.
_ Tô brincando, não vou hoje não. Já avisei minha mãe inclusive.
_ E ela deixou de boa?
_ Não foi tão de boa assim, usei muitos argumentos. Que não era semana de provas, as matérias estavam todos em dia, eu quase não tive falta esse bimestre e etcetera.
_ Tudo pra ver o gostoso aqui. -falou me entregando o controle.- Me ama muito.
_ Eu amo mesmo, mas não vou ficar falando toda hora.
_ Por que não bebê? -perguntou imitando meu irmão.
_ Tonto. Qual vai ser o jogo?
_ FIFA! 
_ Sério?
_ Sério.
_ Não posso só te olhar jogar?
_ Eu quero companhia e você vai dormir.

  Nós jogamos o restinho da madrugada e quando o dia estava amanhecendo nós dois dormimos. A impressão que tive foi a de que tiramos um pequeno cochilo, porque abri os olhos no susto quando o celular tocou alto e fez eco no quarto todo. Sentei na cama e fechei os olhos de novo, estava com muito sono e não saberia dizer nem meu nome se alguém me perguntasse.

_ Alô? -escutei Henrique atender.- Não, ela está dormindo Mel... não, tranquilo... não acredito... -riu.- ... não pô, estava esperando ele ligar... vou chamar ela e vamos pra lá... valeu, tchau. Bom dia. -e desligou. Voltei a deitar e abracei sua cintura, encostando o rosto nas costas dele.- Era sua irmã.
_ Uhuum...
_ Ela disse que a Sophia acabou... de nascer. -disse bocejando.
_ Que horas são?
_ Cedo. Bem cedo.
_ Vamos dormir mais um pouquinho?
_ Vou colocar o celular pra despertar... -não escutei mais nada do que ele disse e voltei a dormir.

  Às 10h da manhã o celular despertou com uma música pra lá de escandalosa e nem falei nada. Desliguei o alarme e fui tranquila para o banheiro. Liguei o chuveiro e entrei de cabeça pra ver se minha preguiça iria embora, ensaboei todo o corpo, escovei os dentes e depois de mais alguns minutos debaixo d'água sai.

_ Bom dia. -falei dando um selinho na coisa preguiçosa que estava com a toalha no ombro e encostado no batente da porta.- Agora sim eu estou acordada.
_ Bom dia gatinha. Prometo que não demoro. -e entrou no banheiro.

  Eu não estava com pressa, ainda mais sabendo que Henrique demorava pra se arrumar. Coloquei calcinha e sutiã, a calça jeans e fui secar os cabelos pra não molhar a blusa que eu iria vestir.
  Enrolei a toalha na cabeça, calcei o tênis e sentei pra olhar o celular. O grupo da família estava cheio de mensagens e a foto de perfil tinha sido alterada assim como o nome "Bem-vinda Sophia". Ela era linda, bochechas rosadas e muito cabelo, estava de macacão rosa e faixa na mesma cor.

_ Ainda sem roupa?
_ Só falta a blusa. Sua mãe tem secador de cabelo?
_ Se ela tiver só Deus sabe onde está, porque ela tem é um monte de coisas naquele quarto. Quer que eu veja?
_ Depende, você está com pressa de sair daqui?
_ Não. Vai demorar muito?
_ Não, já tirei o excesso da água. -ele saiu do quarto do jeito que estava e não demorou a voltar dizendo que a mãe tinha se oferecido para me ajudar secar os cabelos. Coloquei a blusa, fui até o quarto dela e papeamos enquanto ela escovava rapidamente os fios.
_ Pronto aí? -entrou no quarto subindo na cama e deitando todo espaçoso.
_ Sim, terminamos e sua mãe faz isso bem melhor que eu. -falei levantando e colocando o cabelo de um lado pro outro.- Muito obrigada. -agradeci.- Podemos ir agora.
_ Sem comer? -Luísa perguntou e Henrique já deu risada.
_ Não mãe, vamos descer e comer primeiro.

  Nós tomamos café, ele pegou o carro e antes de irmos, ele quis passar em uma loja de bebês para comprar um presente para a afilhada. Henrique estava mais besta que meu irmão e saiu de lá com três sacolas, um urso de pelúcia grande e eu quis passar na joalheria que tinha duas ruas à frente e comprei uma pulseira de prata. 
  Voltamos para o carro, seguimos para a maternidade e ao chegar lá encontramos com a minha mãe, minha irmã e meu pai saindo. Nos cumprimentamos rapidamente e subimos assim que fizemos a identificação.

_ Ele falou quarto 203, é aqui. -disse batendo na porta e entrando.- Cheguei. -falou soltando minha mão e indo abraçar meu irmão todo feliz. Cumprimentei a dona Sonia, Camila e minha cunhada, com a amiga dela eu não falei.
_ Pensei que não fosse vir, não respondeu minhas mensagens. -Art disse me abraçando.- Sophia lembra muito você. -beijou meu rosto todo carinhoso.
_ É minha sobrinha, é claro que eu viria. E isso é pra ela. -falei entregando as sacolas.
_ Sabe que não precisava, né?
_ Fala isso para o padrinho da criança. -olhamos e ele já estava com ela no colo.- Parabéns papai.
_ Parabéns tia Malu. -piscou.

  Arthur foi colocar nossos presentes junto com os outros e eu fui ver de perto a caçulinha da família. Os olhinhos bem abertos, branquinha e com as bochechas cor de rosa, gordinha e com os cabelos bem pretinhos e lisos. Minha primeira sobrinha.
  Peguei ela no colo, nós tiramos algumas fotos e até brinquei um pouco com ela antes de a madrinha sugerir tirar fotos com o padrinho e os pais.

_ Você tira a foto pra gente Malu?
_ Claro. -falei pegando o celular e fotografando os cincos, depois eles três e devolvendo o celular pra ela.
_ Acertaram na escolha dos padrinhos, olha essa foto que linda. -Lais falou toda animada, dando zoom na foto.- Quer ver como ficou Malu?
_ Depois. -Henrique me olhou com os olhos arregalados.
_ Posso marcar você, né Rique? -perguntou colocando a mão no ombro dele, toda simpática. 
_ @_hlopes, marca aí.
_ Sem ciúmes Maluzinha. -meu irmão tentou brincar, mas eu continuei de cara fechada.
_ Deixa ela mô.
_ Ela não liga não bebê. 
_ Agora somos praticamente da mesma família, madrinha é tipo segunda mãe.
_ Quando participa da vida da afilhada é mesmo. -falei baixo, mas todo mundo escutou e meu irmão me repreendeu com o olhar.- Posso usar esse banheiro aqui? -perguntei pra distrair e logo fui entrando. Eu sei que não me dei a chance de conhecer a madrinha da minha sobrinha, mas também não faço questão e aí do Henrique se der trela pra ela. 
_ Ué, cadê todo mundo? -perguntei ao sair e encontrar meu irmão, Julia e Henrique.
_ Minha mãe e a Mila foram pra casa descansar um pouco, tomar um banho... a Lais foi no outro banheiro já que você estava usando esse. -Julia respondeu.
_ Entendi. -falei me sentando na poltrona.
_ Você poderia ser mais simpática, o que acha?
_ Simpática com quem Art?
_ Com a Lais, ela é legal. Nossa amiga.
_ Sim, amiga de vocês. Minha não e nem precisa, não faço questão e não insiste.
_ Você quando quer é igualzinha a mãe.
_ Tá falando que a mãe é chata? Eu vou bem contar pra ela.
_ Eu não disse isso. Eu disse que...
_ Briga de irmãos é lindo, até saudável, mas a princesa aqui está dormindo. Relevem, vai. -disse ninando a Sophia.
_ Malu...
_ Ela não é minha amiga, nem tem que ser. Mas fica tranquila que eu não serei inconveniente maninho, relaxa. -respondi e ninguém falou mais nada.



Narrado por Fernanda
  A primeira coisa que fiz ao chegar na maternidade, depois de cumprimentar Sonia e os demais, foi pegar Sophia no colo e apertar muito aquela fofura.
 Que saudades eu tinha daquele cheirinho de neném, aquela pele fininha e os traços delicados. Eu estava toda emocionada!

_ Mamãe deixa eu ver também. -Camila cedeu seu lugar na poltrona e eu me sentei mostrando à Helena sua sobrinha.- Ela tá dormindo mamãe.
_ Não está não, olha a boquinha dela mexendo.
_ Não tá nada. Ô papai, vem ver um negócio.
_ O que minha princesa?
_ Ela tá vermelha na bochecha, ela estava chorando? Por quê?
_ Porque neném só chora e dorme. -falei brincando e ela arregalou os olhos.
_ Deixa eu pegar ela também? 

  Com todo cuidado, Luan e eu ajudamos Helena segurar Sophia no colo e até registramos em foto esse momento delas duas. Em seguida ela começou resmungar bem baixinho e ficar inquieta, queria mamar então devolvi pra mãe.

_ E você Julia está bem? Descansou um pouco?
_ Eu cochilei, mas descansar mesmo não. Não é a mesma coisa de dormir em casa, até o cheiro é outro. -sorriu alisando o rostinho da pequena.
_ Isso é verdade mesmo. Vocês tem previsão de alta? -conversamos um tempo sobre o pós-parto e ficamos por mais uma hora e pouquinho mimando a nossa caçulinha.
_ Licença, oi gente. Tudo bem? -olhamos para a porta e vimos uma menina entrar de bolsa e algumas sacolas.- Cadê a princesinha da dinda? -perguntou sorridente e foi cumprimentar a amiga, abraçou meu filho e foi pegando minha neta no colo.- Ju ela parece uma boneca.
_ Tem o tamanho de uma mesmo. -respondeu o comentário.
_ Falei pra minha mãe que ela tinha nascido e ela ficou toda contente, desejou muita saúde à vocês, uma boa recuperação e muitos beijos.
_ Obrigada, agradeça por mim.

  Luan e eu ficamos de olho em Helena que estava conversando bastante com a Sonia, enquanto Camila se juntou às meninas e Arthur estava no banheiro. Depois nos despedimos e fomos embora.

_ Olha quem está chegando. -falei ao ver Henrique e Maria Luísa se aproximarem, nos falamos rapidamente, eles subiram e nós fomos para o carro.- Não queria ir trabalhar hoje não. Queria comemorar!
_ Comemorar é?
_ Sim. Ligou pra sua mãe, amor? Avisou a Bruna?
_ Pra mamusca eu liguei sim, só não consegui falar com a Bruna.
_ Vou ligar pra ela agora. Não, antes eu vou é ligar pra minha mãe.

  Liguei em casa e minha mãe atendeu. Perguntei se estava tudo bem, como estavam as coisas por lá e depois fui atualizando ela das novidades por aqui e contando tudo sobre o nascimento da primeira bisnetinha. Ela desligou dizendo que iria contar ao meu pai pessoalmente e eu liguei pra minha cunhada convocando ela para uma comemoração, em seguida liguei pra Lila e por último o Davi. Luan esperou chegarmos em casa pra ligar pro Rober, falou com o Dudu e os convidou para assar uma carne e tomar uma cerveja.

_ Maria! Minha neta é linda. 
_ E já nasceu é?
_ Nasceu hoje de manhã, olha que princesinha, parece um panda de tão fofa. -falei pegando o celular e mostrando as fotos para ela.- Esse macacão aqui foi o primeiro que eu comprei pra ela, eu sabia que era uma menina.
_ Muito gatinha, parabéns minha filha. -me abraçou forte, sorrindo.- Nem vai trabalhar hoje, né?
_ Não, hoje eu vou beber. Comemorar!
_ Oh a desculpa, Maria. Olha bem.
_ Ele fala de mim, mas já ligou para os amigos falando de assar carne e tomar cerveja. Cerveja que ele nem foi comprar ainda.
_ Vocês dois não tem jeito mesmo viu. Até a mocinha em casa? Não teve escola hoje não, é?
_ Eu fui com a mamãe e o papai visitar a Sophia, Má. E ela é do tamanho da minha boneca, quer ver? -e saiu correndo para ir buscar.
_ Querem fazer alguma coisa de comida?
_ Nada disso Maria, hoje você está de folga! Panela elétrica está aí pra fazer um arroz e só. Nem esquenta. -falei animada.- Tô subindo para ir me trocar.




Narrado por Arthur

(...)

_ A sós. -falei me sentando assim que os pais dela se despediram, saindo do quarto.- E aí? Quer alguma coisa?
_ Ir pra casa, tomar um banho e dormir na minha cama. -falou se espreguiçando.
_ Eu sei bebê, mas alguma coisa que eu possa fazer agora.
_ Pode ser um beijo? -pediu e eu não neguei. Levantei da poltrona e sentei ao lado dela na cama.- Você está com uma carinha de sono... deveria ter ido pra casa. -falou fazendo carinho no meu rosto, nos beijamos sem pressa.- Quer deitar aqui comigo?
_ Não posso, tô de boa na minha poltrona. 
_ Vou aproveitar que a Sophia está dormindo bonitinha e vou ao banheiro. -disse colocando as pernas para fora da cama, descendo devagar e calçando a pantufa.- Acho que não demoro.
_ Vai fazer xixi?
_ Não. -foi ficando vermelha.- Não gosto de usar o banheiro fora de casa.
_ Eu não tenho esse problema. -falei rindo.- Vai lá, eu vou ligar pra minha mãe. 
_ Tá bom.

  Julia entrou no banheiro e eu peguei o celular. Sem bateria. Procurei na bolsa dela o carregador, depois uma tomada e esperei ligar. Nesse meio tempo tomei água, fui dar uma olhada pela janela e quando ia ligar pra dona Fernanda... Sophia começou a resmungar bem baixinho, tremendo os lábios e mexendo os bracinhos.

_ Isso é um choro, é? -perguntei rindo, me aproximando e pegando-a no colo e esperando que a parasse.- Papai está aqui, mamãe só foi no banheiro fazer cocô. -ri e ela foi ficando quietinha, abriu os olhos.- Você parece muito com a titia Maria Luísa. -ela fechou os olhinhos e sorriu, parecia até que entendia.- Só que você é ainda mais bonita. Linda.
_ Não consegui. -falou saindo do banheiro aparentemente chateada.
_ Você precisa relaxar.
_ Eu sei, depois eu tento outra vez. Ela estava chorando?
_ Não, resmungando só. -respondi.
_ Está na hora dela comer.
_ Outra vez?
_ É mô, ela dormiu a maior parte do tempo.
_ Mesmo no colo.
_ Sim. A enfermeira disse que era pra eu acordar ela pra mamar, porque eles costumam ser preguiçosos nos primeiros dias. -comentou voltando a se sentar na cama e pegar Sophia no colo.- Né mamãe?
_ Quer que eu chame a enfermeira?
_ Ela me explicou mais cedo, não tem segredo. Eu só preciso ficar tranquila.

  Fiquei quieto olhando o momento mãe e filha. Julia tirou o peito de dentro da camisola e Sophia logo abocanhou fazendo a sucção e a mãe fazendo careta, parecia estar doendo, mas ela continuou até nossa filha estar satisfeita.

_ Dói muito? -perguntei.
_ Sim, pode ser que seja a falta de costume. -comentou tranquila, deixando Sophia em pezinha e esperando-a arrotar.
_ Posso pegar de volta?
_ Claro que pode mô, nem precisa pedir. -me respondeu estendendo os braços, Sophia veio para o meu colo sorrindo, mas mantinha os olhos fechados. Deitei ela em meu peito e fiquei sem falar nada, só sentindo seu cheiro.- Papais babões a Sophia tem. -comentou e eu assenti.

  Aquela foi nossa primeira noite com ela e eu estava tão feliz que nem dormi, mesmo estando cansado. Sophia dormiu a noite toda, Julia também capotou e foi acordar no dia seguinte quase às 10h.
  Esperei que ela comesse, amamentasse e ajudei em seu primeiro banho. Não demorou muito a Sonia chegou e me liberou pra ir pra casa tomar um banho e descansar um pouco. Mas pedi pra ela ligar caso as duas fossem liberadas.

_ Bom dia Maria. -falei entrando na cozinha.
_ Oi meu filho, bom dia. Meus parabéns viu? Sua neném é a coisa mais lindinha, falei pra sua mãe ontem. -dizia toda sorridente vindo me dar um abraço.- Deus abençoe com muita saúde e alegria.
_ Obrigado Maria, valeu mesmo. Minha mãe já saiu?
_ Saiu foi nada, estão é dormindo. Os carros estão todos aí, ninguém nem foi pra escola.
_ Dormindo essa hora?
_ Ontem teve foi festa aqui. A casa estava cheia, terminei de ajeitar aqui não tem muito tempo.
_ Tudo é festa pra minha mãe. -falei rindo.- Vou tomar um banho.
_ Você já tomou café?
_ Nada. Tô cheio de fome.
_ Vou preparar alguma coisinha pra você.
_ Obrigada Maria. Daqui a pouco eu desço.

  No caminho até o quarto nem o Thor eu encontrei pela casa, entrei e fui tirando os sapatos e a camisa que vestia. Coloquei o celular no carregador e desabotoei a calça indo na direção do banheiro. Estava exausto. Fechei a porta, tirei a calça e a cueca, liguei o chuveiro e entrei de cabeça.
Estava suado, com calor e precisando relaxar.
  Foi um banho rápido, quando sai tinha uma bandeja em cima da cama. Tirei a tampa e era meu café da manhã. Maria no mínimo percebeu que eu não estava aguentando nem comigo. Fui deixando o corpo, peguei uma cueca e uma calça de pijama pra vestir. Enxuguei os cabelos e fui comer para depois deitar e dormir.




Narrado por Maria Luísa
  Henrique e eu almoçamos e ficamos batendo perna até o final da tarde, quando ele foi me deixar em casa e eu descobri que estava tendo um churrasco. Convidei ele pra entrar e encontramos quase a família toda. Só não estava meu tio Rafael, o Miguel e o Pedro.
  Entramos e meu namorado me largou em questão de segundos, foi sentar junto com o meu vô é o tio Eduardo. E eu subi pra trocar de roupa e quando desci sentei na sala e fiquei no meu celular.

_ Não vai comer não? -Melissa perguntou sentando com o prato nas mãos.
_ Nem sabia que estava tendo churrasco, acabei de comer lanche.
_ Ninguém sabia, a mãe é toda doida.
_ E o pai compra as ideias dela. -demos risada. 
_ E aí, com foi lá? A mãe falou que a Lais chegou quase junto com vocês.
_ Pois é.
_ Foi tranquilo?
_ Ah, sim. Eu não dei trela, não fiquei de muitos sorrisos mesmo e alfinetei também que eu não sou de ferro.
_ Aí Malu você é doida, sabia? A menina não te fez nada.
_ Você já está defendendo e nem estava lá. Tinha que escutar ela falando que "madrinha é como se fosse uma segunda mãe". Nem no chá ela veio, nunca foi em uma das consultas, ficava naquela frescura de "a dinda ama essa princesa" nos comentários. Ridícula.
_ É, ela foi bem ausente mesmo. Mas maninha, deixa isso pra lá vai. Você estava se dando até melhor com a Ju.
_ Disse bem. Estava. Não estou mais.
_ Você precisa ser estudada Maria Luísa. Tá parecendo mulher traída que não supera o chifre.
_ Vai começar? Depois você não aguenta. -falei e ela riu.
_ Eu tô brincando ô coisa chata. Tirou muitas fotos?
_ Não muitas, mas tirei sim. Só não postei nenhuma.
_ Também não, deixa o pai da criança fazer as honras.
_ Eu nem sei pra quê o Arthur tem rede social, ele nunca publica nada. Foto então... -falei entrando no ig dele e vendo a última foto.- No aniversário da mãe, aquela foto que tiramos no chá.
_ Ele sempre foi desapegado a isso. Deixa eu ver as fotos que tiraram. -pulei para o sofá que minha irmã estava e mostrei à ela as fotos.- E a carinha do Henrique, olha que babão.
_ Ele levou um urso enorme! Fora que chegou lá abastecido de sacolas, ele é muito exagerado. -fiquei contando para a Mê como tinha sido nossa primeira visita à Sophia e ela riu muito da minha cara e mais ainda dos choque entre tia vs madrinha.

  Não demorou muito e meu namorado me encontrou, mudei de sofá outra vez e ficamos namorando, trocando carinhos até meu cunhado chegar e ficar zoando, meu tio aparecer e eu resolver subir para tomar um banho e larguei eles todos na sala. 











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  Fiquei bem feliz com a chegada da primeira netinha LuNanda. ♥  Não só eu quanto todos os personagens, não é? E vocês? O que acharam? Como será que as coisas ficam agora hein?