Narrado por Fernanda
Minha manhã não poderia ter começo de maneira melhor, mas aqueles cinco minutos voltando no carro me deixaram de rabo virado o resto da manhã, disfarcei um pouco quando fomos deixar o Thor com os meus sogros e assim que o Rober nos mandou mensagem voltamos para casa. Eu subi para trocar de roupa e fechar a minha bagagem de mãos.
_ Amor, está tudo bem?
_ Sim.
_ Certeza? Por que você está assim comigo?
_ Porque eu não posso comentar nada quando o assunto é Arthur e Julia que todo mundo nessa casa fala que é ciumes, que eu sou a chata que não compreende nada e vive pra falar mal na nora.
_ Quem está voltando no mesmo assunto é você. Quem está de bico desde ontem porque ele dormiu na namorada foi você também. Então quem não vai falar mais nada sou eu. -falou todo grosso, seco e continuou sentado no sofá.
_ Vai ficar de grosseria comigo? É isso mesmo? -cruzei os braços e ele pegou o celular e ficou mexendo até o interfone tocar e buzinarem para sairmos. Sai na frente, cumprimentei o motorista, Well e sentei no banco da frente.
_ Vai aqui hoje patroa? Tá tudo bem?
_ Está sim, seu chefe que é de lua.
_ Quando ama é assim mesmo. Ele falou que o aeroporto estava cheio hoje. Foi tudo tranquilo?
_ Até que foi, mas acho que pelo horário também, estaria bem mais cheio se fosse agora horário de almoço... -fui o caminho inteiro no maior papo com o Well, chegando no aeroporto de Jundiaí encontramos alguns fãs paramos rapidamente para conversar, e seguimos de mãos dadas até o Bicuço.- ... o Leo não veio hoje?
_ Por que?
_ Porque ele sempre leva a gente, ué. -dei de ombros.
_ Não sei onde ele tá não. -respondeu soltando minha mão e pegando o celular.
_ Você tá parecendo meu namorado e não meu marido. Dá pra parar?
_ Parar com o que?
_ De pegar esse celular e ficar me ignorando.
_ Quem começou foi você. -rebateu.
_ Amor... -ele continuou na dele e eu deixei. Peguei o celular e liguei para o Arthur.- Oi filho, tudo bem?
_ Tudo bem mãe, e a senhora? Já saíram de casa?
_ Sim, chegamos aqui em Jundiaí agora. Vocês chegaram bem ontem? Sophia dormiu bem?
_ Chegamos graças à Deus, Sophia só teve um pouco de cólica essa madrugada, mas está melhor... dormindo até.
_ Que ótimo filho. Nós vamos ficar uns dias fora, mas manda notícias viu? Já estou com saudades.
_ Eu imagino que sim dona Fernanda. Também vou ficar, e me comportar também.
_ Eu acho muito bom, sabe que ela ainda está de resguardo né?
_ Sério isso mãe?
_ É sério. Muitas mulheres engravidam nessa época.
_ Relaxa, não estamos fazendo nada. Estamos esperando a consulta primeiro.
_ Arthur!
_ Uai, é a verdade. -riu.- Mas fica tranquila, só com camisinha agora.
_ Tudo bem, vou desligar tá?
_ Tá bom, boa viagem. Mandem mensagem quando chegarem. Te amo mãe.
_ Também amo você meu filho. -e desligamos. Entrei no jatinho e me sentei na janela, bem no fundo. Luan demorou uns minutos e quando subiu veio sentar do meu lado, ficou me olhando, passou a mão na minha perna e me deu um selinho que logo se transformou em um beijo de tirar o fôlego.
_ Acordamos tão bem, fizemos um amor tão gostoso naquele chuveiro... vamos ficar bem? Vamos?
_ Desculpa meu mau humor, você sabe que eu...
_ Está na TPM. -me deu outro beijo.- Vou cuidar de você.
_ Eu sei. Te amo.
A viagem foi longa, mas tão gostosa. Aterrissamos em solo bahiano, num calor lindo e de querer arrancar as roupas! Havia um grupo grande de fãs no aeroporto, Luan foi até eles e eu acenei de longe, mandei beijos e segui para o carro.
O hotel não ficava longe, em vinte minutos estávamos lá fazendo o check in e pegando as chaves dos quartos. Quinto andar, último quarto.
_ Amor, que horas é o show? Queria ir na praia.
_ Assim? Já?
_ Tô grudando de calor.
_ As praias aqui são cheias, você não vai conseguir aproveitar tranquila.
_ Então toma um banho comigo?
_ Agora! -disse tirando a camisa, trancando a porta e me levando no colo até o banheiro.- Sempre quis rasgar uma roupa sua, sabia?
_ E não vai ser esse meu body. Nem vem amor. -falei me afastando dele.
_ Depois a gente compra outro. -me puxou de volta pra ele, rindo todo safado.
_ Não, esse eu ganhei de natal do meu avô. -dizia fazendo bico e ganhei uma mordida.
_ Tudo bem, mas a calcinha eu vou.
_ Estou sem nenhuma. -sussurrei passando o pé na perna dele e o abraçando pelo pescoço.- Você vai me amar?
_ Cada centímetro do seu corpo.
Iniciamos nossa estadia muito bem, no quarto, no banheiro, outra vez no chuveiro e foi uma delícia. Eu estava destruída, um sorriso de orelha à orelha, estômago roncando de fome.
_ Vida, eu tô com fome.
_ Eu também, gastar calorias dá fome rapaz.
_ Porque não almoçamos fora? Eu queria tanto.
_ Eu não conheço muita coisa por aqui não muié.
_ Não queria comer aqui no hotel, estou quase que de férias. -falei cruzando os braços, ele respirou fundo, coçou a cabeça e disse que iríamos. Isso depois de um banho decente e trocarmos de roupa.
Meu look verão estava pronto. Um macaquinho aberto nas costas e com um decote em V lindo, todo florido. Rasteirinha, algumas pulseiras e muito protetor solar. Luan estava um gato e sem esforço algum. Vestia uma bermuda clara, polo azul marinho e chinelos.
_ Você é um gato sabia? Eu até molharia minha calcinha se estivesse vestindo uma. -falei rindo.
_ Acho que nossos filhos precisam viajar mais vezes para ficarmos mais tempo sozinhos.
_ Eu amo ser mãe, mas esse sossego aqui ninguém compra.
_ Sossego em partes, logo logo a correria começa. Ta preparada pra virar a noite?
_ Eu nasci pronta minha vida. Nunca te deixei na mão. -falei piscando e pegando o celular.- Tá com a carteira?
_ Sim. Por que?
_ Porque eu não vou levar a minha. Só estou levando o celular para o caso de as meninas ligarem ou alguém da empresa.
_ Vai trabalhar home?
_ Preciso amor. Não tinha como largar tudo, não estamos em época de férias.
_ Eu sei. É que é puxado e cê fica toda estressada e não me dá atenção.
_ Aí amor deixa de ser exagerado. Só irei responder e-mails e participar de uma ou outra áudio. Fica em paz.
Estávamos prontos, Well também, seguimos para um restaurante indicado por uma funcionária do hotel. A especialidade da casa era acarajé e eu não perdi tempo, comi até saciar minha vontade.
_ Amor, tem certeza que não quer? Está uma delícia.
_ Tenho vida, bom apetite.
_ Obrigada.
Almoçamos e não demoramos por lá, Luan estava com sono e queria dormir antes do show. Voltamos ao hotel, ele dormiu e eu depois de trabalhar por meia horinha fiz o mesmo. Tive a sensação de acordar dez minutos depois, Luan me soltou e virou de costas e olhei para o lado e meu celular estava tocando.
_ Oi pai. Tudo bem com o senhor?
_ Oi minha filha. Agora estou ótimo, e vocês?
_ Descansados, quer dizer... Luan está dormindo. -falei.- Eles chegaram? -perguntei curiosa.
_ Sim. Já estamos indo para casa. Todos cansados da viagem, mas foi tudo bem. Helena está dormindo. Nem me viu ainda.
_ Dormindo, pai? Sério?
_ Melissa falou que ela ficou enjoadinha, mas não vomitou nem nada. -levantei da cama para não atrapalhar o sono do Luan e fiquei conversando com o meu pai da sacada enquanto assistia o sol se despedir.- Juízo vocês aí, vou desligar que sua mãe já está me olhando feio. "Fala que eu mandei um beijo também." Ouviu, né?
_ Sim. Amo vocês.
_ Trate de aparecer, estamos com saudades de vocês também.
_ Vou ver quando seu genro terá uma folga mais extensa e iremos sim. Quando vocês irão pra Orlando?
_ Entre amanhã ou depois, tenho que ver com a sua mãe e as crianças.
_ Crianças, pai?
_ Minhas netas para mim são todas pequenas. Pequenas do tamanho da Louise e o Derick.
_ Eu gostaria muito viu. -ri.
_ Se cuida filha, amo você.
_ Também te amo meu velhinho, tchau. -desliguei e eu voltei para dentro do quarto. Fui ao banheiro e em seguida voltei para a cama.- Já estava acordado faz tempo né?
_ Não muito... -bocejou.- ... eles chegaram bem?
_ Graças a Deus sim. Só a Leninha que ficou enjoada durante o vôo, mas não vomitou. Chegou dormindo meu pai falou.
_ Dormindo? Helena adora ficar acordada olhando o céu cheio de nuvens.
_ Ela estava muito ansiosa amor, acordou muito cedo e foi cochilando para o aeroporto.
_ Saudades do vovô Hugo e da vovó Ana.
_ Muita. E meu pai também, disse que não vai para a empresa enquanto elas estiverem por lá.
_ Eu quando a Sophia está lá em casa.
_ Ela está tão gostosa, tá ficando gordinha. Viu a foto que a Julia postou hoje?
_ Não. Ainda não.
_ Ela está de olhos fechados com a língua pra fora.
_ Linda demais, minha nossa senhora. -deixei o celular de lado e me virei para ele, jogando minha perna por cima das coxas dele e abraçando sua cintura.- Quer dormir mais?
_ Não, quero ficar agarradinha suando junto.
_ Tô suado mesmo, tá calor demais rapaz.
_ Eu estou fresquinha, o ar condicionado já está no 20. Você não vai baixar mais, eu vou ficar com frio. -disparei a falar e ele me calou com um beijo.- Tá me mandando calar a boca?
_ Sim. Acabei de acordar. -riu fechando os olhos, bocejando em seguida.
_ A própria preguiça você. E sua roupa? Está separada?
_ Não.
_ Você está muito mal acostumado e tem tempo viu.
_ Cê que gosta de ficar escolhendo roupas.
_ Seu estilo as vezes é meio duvidoso, né amor. Talvez seja isso.
_ Minhas fãs adoram meus looks até hoje.
_ É que você é gostoso né, pode até se vestir mal as vezes, mas é uma delícia. Eu mesmo só reparo no que me interessa.
_ Safada.
_ Sincera. Ai que preguiça! -falei me esticando toda na cama e ele dando risada.- Vamos jantar antes de ir?
_ Tá pensando na janta já?
_ O que acha de pedirmos um açaí? -falei me sentando.- Com bastante frutas, leite em pó e leite condensado!
_ Você sabe que eu não posso ficar comendo essas coisas.
_ Eu posso. -disse passando por cima dele e pegando o telefone para ligar na recepção. Pedi meu doce e fui ligar a TV para assistir alguma coisa já que o meu marido estava no celular assistindo stories.
Quinze minutos depois a campainha do quarto tocou e eu fui atender do jeitinho que estava, o rapaz do hotel ficou me olhando de cima a baixo sem dizer nada.
_ Boa tarde, é o meu açaí? -ele ficou todo sem graça, balançou a cabeça e se desculpou entregando minha taça.- Obrigada, viu.
_ Por nada, precisando meu nome é Marcos.
_ Eu ligo na recepção, obrigada. -entrei e fechei a porta.
_ Tava bom o papo hein.
_ Ah amor, ele ficou me olhando sabe? Me medindo.
_ Também né...
_ Vai começar?
_ Não. Vou jogar uma água que tá quase na hora de eu me arrumar.
_ Tá.
Continuei na cama comendo enquanto ele demorou quase três horas no banho, saiu com os cabelos molhados e a toalha enrolada na cintura.
_ Está tudo bem?
_ Sim. Por quê?
_ Você demorou quase três horas no banho. Aconteceu alguma coisa. Não quer conversar?
_ Agora não amor.
_ Okay.
Não toquei mais no assunto, percebi que ele estava meio azedo. Por fim, fui me arrumar, tomei uma ducha rapidinha sem molhar os cabelos e ao sair comecei toda a produção.
Uma maquiagem básica, cabelos escovados. Um vestido longo de alcinha e com uma fenda que iniciava no meio da minha coxa e sandália. Fazia muito calor e eu queria estar à vontade durante todo o show.
Tudo pronto. Seguimos com o combinado.
_ Está uma noite linda, não é amor?
_ Não tão linda como você. -falou me dando um beijo carinhoso no rosto.- Ficou bonito esse vestido.
_ Eu também gostei, estava dúvida entre ele e um outro... -Luan me deu abertura e eu expliquei até sobre a costura da roupa, e ele mesmo não entendendo muito se mostrou todo interessado. Fomos o caminho todo conversando, mudamos de assunto por algumas vezes e nos calamos conforme nos aproximamos e ele foi notado. Descemos de mãos dadas e nos aproximamos do portão acenando, ele mandando beijo e parando para uma e outra foto. Soltei sua mão e fui até uma senhora que estava mais afastada e olhava concentrada, segurando uma pelúcia e toda sorridente, emocionada.- Tudo bem com a senhora?
_ Estou ótima minha filha. E as crianças como estão?
_ Crescidas viu, tudo passeando.
_ Se não for te atrapalhar, pode entregar pro Luan minha filha?
_ Claro, com o maior prazer. Como a senhora se chama?
_ Elisa. -sorri ao escutar um nome bem parecido com o da minha avó. Dei mais um passo em direção à ela e com jeitinho peguei o presente. Luan passou a mão pela minha cintura, jogou um beijo pra ela e entramos.
_ Tá chorando amor?
_ Pra você, dona Elisa quem entregou junto com esse bilhetinho. Ela não é uma linda?
_ Lembrou da sua avó, não foi?
_ Ela me faz tanta falta sabia? Queria muito que ela acompanhasse as crianças crescerem, conhecesse a pequena. Ai amor, meus avós fazem falta. -falei todos manhosa, e ele me abraçou, beijou minha testa e limpou minha lágrima insistente.
_ Fica assim não vida, eles estão sempre com a gente.
_ Eu sei.
_ Bora patrão?
_ Bora. -seguimos pelo corredor dos fundos, entramos por trás do palco e demos de cara com o camarim. Tudo mais que organizado, bastante espaçoso também. A sala onde os fãs seriam recebidos, o outro cômodo com uma mesa linda cheia de coisas gostosas, sofá e uma parede de espelhos maravilhosa, além de um vestiário espaçoso.- Tem melão amor, quer ?
_ Só se você me der na boca.
_ Mas rapaz, brinca assim não minha linda.
_ Quer Well? Nem se o Lusn estivesse com muita fome comeria isso tudo.
_ Uma frutinha é sempre bom né.
_ Sempre, e o melão está com cara de estar docinho, docinho. -falei pegando um pedaço que já estava cortado. E bem na hora que eu comecei a comer entraram, escondi minha mão disfarçando e sorrindo cumprimentei os rapazes que entraram. Luan parecia os conhecer, já que foi todo sorridente e perguntou até sobre a esposa e filha de um deles.
_ Elas estão pra chegar, a Ester até me pediu pra falar com você. Queria ser a escolhida pra dançar com você no palco. -ele comentou Luan riu, e eu fiquei tranquila. Eles continuaram de papo, o celular do fulano tocou e ele saiu pra ir buscar não sei quem. Até aí tudo ia bem, eu continuava comendo meu melão em paz.
_ Luan! Quanto tempo. -olhei para a porta e ela vinha toda sorridente abraçando meu marido e dando um beijo no rosto como se fossem amigos de infância, primos até.- Quando meu pai falou que você faria show aqui eu cancelei tudo só pra vir te ver. Nossa que saudade que eu estava. -olhei pro Well que deu de ombros e balançou a cabeça, tipo "não sei de nada". Revirei os olhos e esperei todo o cumprimento exagerado acabar.
_ Cê tá bem Esterzinha? Cresceu hein mulher, tá bonitona.
_ Ah eu era adolescente, agora cresci. -riu.- Troquei de número também, perdi seu contato. -comentou mexendo nos cabelos. Fiquei esperando para ver o que ele iria responder, mas ele desconversou e mudou de assunto.- Vou dançar com você hoje né?
Eu parecia completamente invisível aos olhos da tal Ester, olha o nome! Mas fui indiferente, não fiz questão de cumprimentar também. Comi, fiquei no celular, postei uma foto no storie e levantei pra ir ao banheiro.
_ Você não me passou seu telefone. Sua mulher não deixa? -escutei assim que estava para abrir a porta, sei que é feio, mas apaguei a luz e fiquei olhando pela fresta, e a abusada colocando a mão no peitoral dele.- Ela nem precisa saber, prometo só mandar mensagem quando você estiver viajando.
_ Acho melhor não confundirmos as coisas. O que aconteceu já passou, não vai se repetir.
_ Como você é exagerado, eu só te roubei um beijo. Que você nem me correspondeu e ainda pediu pro seu segurança me colocar pra fora. Mas foi uma delícia.
_ Eu era casado, ainda sou. Amo minha mulher e nunca iria trair a confiança dela.
_ Então contou pra ela do nosso beijo?
_ Já deu de assunto não é? Preciso me preparar para o show.
_ Te vejo no palco. -passou o dedo nos lábios dele e saiu. Abri a porta do banheiro e passei direto para o sofá, sentei de pernas cruzadas e peguei o celular.
_ Amor?
_ Hm...
_ Me dá um beijo?
_ Não. -falei séria, ele tirou o sorriso do rosto sem entender.- Por quê não me apresentou sua amiga Ester? Vocês pareciam bem íntimos.
_ Já estive aqui outras vezes, o pai dela é gerente geral daqui e nos conhecemos.
_ Se conheceram, trocaram telefone... ãn, e o que mais?
_ Amor...
_ Você poderia ter me contado.
_ Amor...
_ Para de me chamar de amor. Eu escutei cada palavra que do que ela disse, não foi ninguém que me contou não. Eu ouvi. E mais, tive a sua confirmação.
_ Então agora sabe que ela me roubou um beijo. Um beijo que pra mim não significou nada, que eu não retribui.
_ Um beijo roubado enquanto você era casado comigo, em uma viagem que eu não estava e você nunca me contou. -repeti.- Tem diferença. E você pensa bem no que você vai fazer nesse show. Porque se ela subir naquele palco eu pego as minhas coisas e vou embora, está me entendendo?
_ Fernanda, isso foi há tanto tempo... -dizia nervoso.- Não vamos brigar por isso.
_ Não estamos brigando, estamos conversando.
_ Ela é filha do meu amigo.
_ Que amigo o que Luan, que amigo é esse que nunca nem em casa foi e somos casados há mais de dez anos. Então não vem me falar que ele é seu amigo. No máximo um conhecido. -parei de falar quando escutamos batidas na porta, Well perguntou se poderia entrar e nos avisou que ele tinha dez minutos.- Eu não vim pra discutir. Não estou nem perguntando como esse beijo aconteceu, pra mim não tem a menor importância. Eu só queria que pelo menos hoje, aqui, você me respeitasse. -falei me levantando e saindo do camarim.
_ Está com a pulseira Nanda?
_ Não, acho que esqueci lá dentro. Tem outra aí?
_ Aqui. -Well me deu uma pulseira de acesso ao camarote e backstage, e foi me acompanhar até a entrada.- Não quis ficar lá embaixo hoje?
_ Ah faz tanto tempo que não curto um show assim, de espectadora Well. Dá saudades.
_ Qualquer coisa, tô com o celular.
_ Eu sei, obrigada viu.
Luan atrasou vinte minutos para entrar no palco, e com isso eu tive tempo para tomar dois drinks e encontrar duas ótimas companhias para não ficar sozinha. As luzes apagaram, o show começou e foi lindo. Lindo até o Luan convidar uma "fã" para dançar no palco, e sim foi a Ester. Na hora eu disfarcei perguntando onde ficava o banheiro, quando voltei a música estava em mais da metade. Ainda vi os dois se abraçarem e ela sair.
O show se estendeu por mais uns 50 minutos, e eu continuei por lá em respeito as minhas companhias. Quando terminou, esperamos a galera dispersar e eu as levei comigo para conhecerem o Luan.
Ele as recebeu muito bem, sorridente, educado, simpático e tirou mais que uma foto, abraçou e elas foram embora. Esperei ele se trocar, e fomos para a van. Voltei calada, o caminho todo mexendo no celular.
_ Amor... precisamos conversar.
_ Que começar a conversa aqui? Eu não me importo.
_ Você tem que entender que nem tudo depende de mim.
_ Esse discurso você usava quando a gente namorava, lembra? A desculpa era não se indispor com ninguém e foda-se o que eu penso e como me sinto. -falei séria.
_ As coisas não são assim...
_ Então me explica como são. Vai fala.
_ Eu errei em não ter te contado, mas foi porque pra mim não significou nada, nunca mais pensei que iria me encontrar com ela.
_ Não me pareceu quando ela entrou no camarim se jogando nos seus braços, beijando seu rosto como se fossem melhores amigos. Pra quem achou que nunca mais iria ver você estava com bastante saudade.
_ Não é isso, você...
_ Eu sou louca, eu entendi errado, vi coisa onde não tem. Foi isso não é Luan? Era por causa dela que você estava todo estranho?
_ Não, eu... amor.
_ Eu não quero conversar, você está errado. Acabou.
_ Eu sei que sim, estou te pedindo desculpas.
_ Por ter mentido e escondido ou por ter me desrespeitado?
_ Eu não menti, eu omiti. E não te desrespeitei, eu só...
_ Foi um frouxo. Isso que você foi. Sorte a sua que eu respeito e muito a sua carreira, respeito os seus fãs. Porque eu ia vir embora sim, ah eu ia.
_ Você poderia entender meu lado, amor estamos juntos há mais de anos, temos uma família, já temos até netos.
_ Temos tudo isso e você ainda preferiu me omitir. -falei com toda ironia e deboche.- Odeio ser feita de idiota e foi isso que você fez comigo. Fiquei com cara de trouxa quando aquela vagabunda subiu no palco e ficou se esfregando em você.
_ Não podemos resolver isso no hotel?
_ Quem quis começar o assunto aqui foi você. -respondi.
O climão era palpável. Mas eu não estava nem aí, estava com tanta raiva, tanto ódio. Sei que chegamos no hotel, ele desceu para falar com os fãs e eu esperei entrarmos no estacionamento e pegar o elevador direto para o nosso andar.
Cinco minutos depois ele entrou e depois de fechar a porta ficou me olhando, não dizia nada. O olhei de cima a baixo, revirei os olhos e fui tomar um banho. Não tive pressa nenhuma, tirei todos os acessórios, prendi os cabelos, tirei as sandálias e o vestido. Tomei aquela ducha bem forte que massageia as costas, ombros e lava toda raiva. Sai enrolada na toalha, e ele sentado na cama.
_ Tá mais calma?
_ Você sabe que não. Você me traiu, Luan.
_ Fernanda, você quer saber o que aconteceu?
_ Não me contou antes, também não quero saber agora.
_ Já vi que você não quer papo.
_ Não quero mesmo. Não tem o que conversar, não tem o que eu entender. -falei indo me trocar e ignorando completamente a presença dele. Coloquei uma calcinha, pijama e deitei depois de colocar o celular pra carregar.
_ Não quero dormir brigado com você.
_ Então passe a noite acordado. -falei seca.
_ Não vou passar a noite acordado, nós vamos conversar. -ele falou calmo, mas falou muito sério.- Eu só vou tomar um banho antes.
Foi o tempo de ele entrar no banheiro que eu me sentei na cama e passou um filme das últimas cinco horas na minha cabeça. E eu só conseguia fixar três coisas: ele estranho antes de sairmos do hotel, a tal da fulana no camarim e os dois no palco. Só isso e mais nada, não quando ele saiu do banheiro eu continuei onde estava. Esperei ele vestir uma cueca, secar os cabelos e depois de largar a toalha em cima da cadeira veio e sentou na cama perto de mim.
_ Olha, eu não fiz o certo. Eu sei disso, amor. Sei que se fosse eu no seu lugar eu também não entenderia, não iria querer saber e tudo mais. -respirou fundo.- Mas somos pessoas diferentes.
_ Lembra do Mateus né? Minha viagem pra Balneário com o Dudu e a Soraya. Ou o dia em que eu encontrei um amigo na balada. Ou melhor ainda, lembra do dia que estávamos no seu show e o cara me roubou um selinho no camarote? –falei uma situação atrás da outra, ele respirando fundo, querendo manter a calma e eu só cutucando.– Agora quando é você que erra, "somos pessoas diferentes", o caralho Luan ! –cruzei os braços.- Quando na sua concepção eu estou errada você quer expor meu erro, entrar na minha mente. E quando é com você prefere manter tudo por debaixo dos panos, não quer jogar a sujeira no ventilador. Você sempre foi assim! -ele não falou nada e eu encerrei por ali, não quis discutir mais, estava cansada e sem paciência nenhuma para continuar uma briga que não iria se resolver tão cedo.
O dia amanheceu e junto com ele uma crise de enxaqueca daquelas, levantei para ir até a mala pegar um comprimido e senti tontura. Voltei a me sentar na cama, respirei fundo e resmunguei um belo de um palavrão.
_ Tá tudo bem?
_ Minha cabeça está estourando, estou com tontura.
_ Trouxe remédio?
_ Na minha necessarie. -respondi ainda sentada, de olhos fechados.
_ Toma, aqui. -ele estava com dois comprimidos e um copo d'água.
_ Obrigada. -tomei e voltei a me deitar.
_ Quer tomar café? -fiz que não com o dedo, puxei a coberta e cobri o rosto. Percebi quando ele deitou na cama e me abraçou pela cintura, minha cabeça mesmo coberta estava no peito dele. Eu estava com raiva dele ainda, mas ficar deitadinha assim era tão bom, tão bom que eu voltei a dormir e acordei muitas horas depois.
_ Que horas são?
_ Duas da tarde. Está melhor? -assenti.- Quer comer alguma coisa? -neguei outra vez.- Certeza?
_ Tô enjoada, com cólica... só quero ficar deitada.
_ Eu tenho uma entrevista em duas rádios, mais tarde tem show, mas vai ser tipo festival e eu só vou entrar umas duas da manhã. -explicou.- Você vai comigo?
_ Vou, por quê?
_ Te encontro mais tarde então. Vai me ligar se precisar de alguma coisa?
_ Sim, eu ligo.
_ Te amo, tchau. -me deu um beijo na testa e saiu.
Luan saiu e eu continuei deitada na cama por mais um tempo. Senti minha cólica ficar mais forte e tive vontade de ir ao banheiro, aproveitei e tomei um banho. Ao sair e depois de me trocar o celular começou a tocar.
_ Lembrou que tem uma amiga, foi isso? -atendi brincando e ela deu risada.
_ Não só lembrei como pensei em você o dia todo ontem.
_ Em mim? Coisa boa?
_ Eu quem te pergunto. Está tudo bem?
_ Sim e não. Ontem andei me desentendendo com o Luan, fiquei numa raiva, mas numa raiva. Você acredita que ontem no camarim... -contei detalhadamente sem omitir minhas provocações e ela escutando tudo.- ... eu sinceramente estou cansada, cansada mesmo. Nós temos mais de 15 anos de casados, temos quatro filhos, uma neta e eu acho o cúmulo discutir por conta de ciúmes.
_ Amiga foi você que começou a discutir.
_ Porque eu pedi pra ele não chamar ela pro palco, eu pedi. Era o mínimo que ele poderia fazer, o mínimo.
_ De coração? Posso ser mais que sincera?
_ Que pergunta né Dalila, claro que pode, tá louca?
_ Vocês sempre vão ter esse problema, sempre. Enquanto o Luan continuar fazendo shows, vai continuar o assédio. E se em mais de 15 anos você não aprendeu lidar com ele, vai ser difícil.
_ Eu entendi o que você quis dizer.
_ É seu marido, você tem ciúmes, mas se ele for te contar todo e qualquer beijo roubado que acontecer no camarim... meu Deus!
_ Está sabendo de alguma coisa que eu não sei Dalila?
_ Não estou sabendo de nada, estou falando que você está muito mais madura do que quando se conheceram. E outra, se você mesma ouviu a mulher dizer que ele pôs ela pra fora do camarim, por quê está criando caso?
_ Eu te odeio, sabia?
_ Também amo você amiga. -riu.- Fora isso tudo em paz?
_ Sim, tirando essa menstruação acabando comigo, tudo em paz. Estou sem meus bebês, vou ficar pelo menos duas semanas com o Luan.
_ As meninas foram pro tio Hugo, né? E o Art?
_ Deve estar idealizando o sonho de morar ele, Sophia e a Julia.
_ Foi até bom que eu te liguei, você não sabe o que o Rodrigo fez antes de ontem.
_ O que?
_ O combinado era dar de presente um carro pra cada um deles. Aí o João Pedro falou pro pai dele, eu não quero um carro, eu quero um apartamento perto da faculdade.
_ Mentira!
_ Mentira? Eu quis matar o Rodrigo, matar. Fomos almoçar na minha sogra, todo mundo sentado na mesa, e ele entrega uma caixinha de presente para os dois. Um tinha o chaveiro de um carro, outro de um apartamento.
_ E você não falou nada?
_ Falar? Eu chorei, parecia ter levado um chifre. E ele "loira as coisas não são assim, não precisa disso". Estou sem falar com ele.
_ Dalila!
_ É um apartamento, eu sou a mãe dele e já tinha falado que não. Ele não fez filho sozinho, quem carregou na barriga foi eu. -Dalila e eu ficamos um bom tempo no bate-papo, e foi uma delícia, esqueci até da minha cólica inclusive. Nos despedimos porque ela tinha compromissos, e eu aproveitei para saber das minhas crianças.
_ Se eu não mando mensagem ninguém procura saber de mim, não é? -mandei o áudio no grupo e fui ligar na recepção do hotel para pedir um doce.
_ Aí mãe, a senhora é tão exagerada. Meu Deus. -Malu respondeu.- Estamos nos arrumando pra ir pro aeroporto.
_ Mas estão bem? Como passaram o dia?
_ Passeando, acordamos cedo e fomos no Central Park com a minha avó. Eu, a Nena e o Leo. Melissa foi pra empresa com o meu avô. -Malu mandou um áudio de 03:46.- E a senhora?
_ Dormi o dia todo. Liguei pra sua tia, e agora que vou comer alguma coisa.
_ Oi mãe, boa noite. -Arthur respondeu.- Nós estamos bem, Julia está fazendo a Sophia dormir e vamos jantar.
_ Ela melhorou da cólica?
_ Melhorou, melhorou sim. E meu pai, cadê?
_ Até eu estou em outro país sei que o papai estava numa rádio local. -Malu respondeu o áudio do irmão rindo.
_ Diferente de você eu tenho o que fazer.
_ Muita saudade vocês dois, não é? -ri também.- Seu pai ainda não voltou pro hotel, ele tinha duas rádios pra fazer hoje... -resumi os compromissos do Luan e ficamos trocando mais algumas mensagens até eu escutar a porta se abrir e ele entrar todo sorridente, em ligação com alguém.
_ ... acabei de chegar, depois a gente vê isso aí cara. Beleza, fechado. -e desligou, tirando os sapatos, a camiseta e vindo pra cama enquanto desabotoava a calça. Meu olhar fixo no dele o tempo todo, Luan subiu na cama e antes que eu falasse qualquer coisa nos beijamos.- Você sabe que eu amo você, e só você. A mulher da minha vida, minha companheira, melhor amiga e amante. Eu te amo Fernanda, e odeio ficar em um clima ruim com você. Me perdoa amor?
_ Só se me der outro beijo desse. -pisquei e ele sorriu repetindo nosso beijo que se transformou em uma bela de uma transa, permitindo nossos corpos suarem. Luan tinha uma disposição de dar inveja em qualquer novinho. O deixei descansando e fui para o banheiro jogar uma água no corpo, estava muito suada e grudando também. Ao sair olhei para a cama e ele havia pegado no sono, estava dormindo profundamente.
Coloquei a roupa que estava pré selecionada para ir ao show mais tarde e liguei na recepção do hotel para pedir nosso jantar. Luan estava realmente exausto, deveria ter tido o dia cheio, nem sei se chegou a comer direito na rua. Separei também a roupa dele, coloquei nossos celulares pra carregar e fui acordar minha criança.
_ Amor, acorda. -o chamei.
_ Que horas são?
_ Quase onze e meia. Pedi nosso jantar aqui no quarto, tudo bem?
_ Aham. -respondeu bocejando, todo preguiçoso.
_ Amor, levanta, vai tomar um banho... -pedi.
_ Estou com sono ainda. -disse virando de bunda pra cima.- Já tomou banho e nem me esperou?
_ Você estava aí desmaiado, quase roncando. Eu ainda lavei o cabelo, se você quer saber.
_ Tá bom.
_ A comida vai chegar e você aí nessa calma. Amor...
_ Tô levantando vida, tô indo. -disse tirando o lençol que o cobria e indo nu para o banheiro. Ajeitei a cama, calcei meus chinelos e fui atender a porta minutos depois. Como imaginei, era o nosso jantar, pedi para o rapaz colocar em cima da mesa e fui tirando as tampas enquanto esperava Luan sair do banho.- E aquele negócio de me esperar pra comer?
_ Você que ficar cinco dias no banheiro, Luan. Eu tô com fome e temos horários. -falei e ele riu todo despreocupado, enrolou uma toalha na cabeça e se sentou à mesa.- Vai comer assim?
_ Não quero comer depois sozinho, nem sujar minha roupa.
_ Sei, sei bem. -falei pegando meu prato e assim nos servimos, jantar e ele foi se trocar.- Essa blusa de novo? Na mesma viagem?
_ Ah minha nossa senhora da aparecida, viu. O que é que tem?
_ Coloquei um monte na mala pra você usar a mesma que usou não tem nem três dias?
_ Qual então mor?
_ Essa coral, combina muito com você.
_ Com a bermuda jeans clara?
_ É amor, ela mesma. Vai pôr tenis?
_ Vou suar muito, tô até vendo.
_ Você já está suando, amor. Liga esse ventilador.
_ O ar tá no máximo já.
_ Eu tô bem fresquinha, você é quem sabe. -disse me levantando da cadeira e indo me sentar na cama, peguei o celular e fiquei no Instagram esperando ele se arrumar todo. Fiquei uma hora e meia esperando o Luan, e assim que ele ficou pronto nós avisamos o Well e descemos para o hall.
_ Bonitona em patroa.
_ Cheia de calor também. -ri.- Deu tempo de jantar?
_ Opa, e jantar bem ainda.
_ Nós também, ficar o show todo de estômago vazio ninguém merece. -comentei a caminho da van.- Vazio aqui hoje, cadê o pessoal que estava aqui?
_ Não eram muitos, Arleyde pediu para entregar à eles ingressos da pista VIP.
_ Uau, gostei viu. Bem inteligente da parte dela. -entramos na van e seguimos para o espaço onde aconteceria o evento, estávamos bem tranquilos, continuei no insta e vi stories do Dudu postando a localização de onde iríamos.- Vida, Dudu tá por aqui, você sabia?
_ Sabia. -riu.
_ Será que minha amiga veio? Vou bem ligar pra ela. -e liguei, cinco chamadas e ela atendeu toda eufórica.
_ Oi Fê, tá me escutando?
_ Tô sim, tudo bem?
_ Ótima, eu amo esse lugar, ainda mais nessa época do ano. E você? Tudo bem? Tá por aqui também?
_ Chegando mulher, tô na van com os meninos. Vão continuar por aí?
_ Eduardo e eu viemos pro camarote agora, está lotado aqui.
_ Vou te mandando mensagem então.
_ Oh, vem pelo backstage, lado esquerdo, sobe a escada e estaremos aqui.
_ Combinado, beijos, até mais.
_ Até.
_ Rapidinha você né?
_ Contatos meu amor, contatos. -falei dando muitos beijos no rosto dele.- E as crianças hein?
_ Tão ótimas, na Disney amor. Tem coisa melhor não.
_ Não mesmo, do lado dos avós então... Aí amor, queria tanto ir pra lá. Não consegue uma semaninha de folga não?
_ Posso até ver, mas Lelê não disse nada não.
_ Vou pedir com jeitinho pra ela, poderíamos até ver pra levar o Bê amor.
_ Cê vai pra São Paulo buscar ele?
_ Claro, trago a Sofia também.
_ Férias na minha época era diferente viu. -riu.
_ Para vai, eles vão pra casa dos avós.
_ Em Nova Iorque. -fomos falando disso ate chegarmos no estacionamento, descemos indo direto para o camarim.
_ O seu show é o último?
_ Nada, vai até amanhã 12h.
_ Que delícia, vim com a roupa certa.
O pré show estava uma delícia. Só nós e a equipe, aproveitamos até para tirarmos juntos uma foto no banner, gravar Uma stories e então fomos nos reunir para a oração.
_ Bom show, te encontro lá em cima depois hein.
_ Se comporta viu? Te amo.
_ Eu também amo você. -nos beijamos e fui para o camarote. Realmente a casa estava lotada, gente pra todos os lados e olhares curiosos o tempo inteiro. Chegando na entrada no camarote apresentei a pulseira e subi, um segurança me acompanhou até onde a Sô estava.
_ Fernanda! -disse me abraçando forte assim que entrei.- Por que não disse que vinha? Eduardo também não falou nada.
_ Mesma coisa Luan, se não fossem duas das do Luan eu teria assistido ao show sozinha.
_ Fala do meu amigo não cara. -Dudu disse defendendo.
_ Tudo farinha do mesmo saco. Tá bem Eduardo? -nos cumprimentamos.
_ Tranquilo, de férias da criançada.
_ Mentira dele. Eles estão em Porto Seguro, Eduardo tá que não se aguenta menina.
_ Eu conheço os filhos que eu tenho Fer. Soraya acha que eu tô dormindo.
_ Ele viveu, eu vivi, a menina tem que viver. -Soraya disse tranquila.- Minha filha é centrada.
_ Ela que não seja não. -demos risada e nos posicionamos para assistir o show mais esperado da minha noite. Luan cantou lindamente, ate dancei com o Dudu uma música e outra. Ao fim de sua apresentação fui ao banheiro e na volta ele já estava chegando no camarote, o recebi com um beijo gostoso e cheio de saudades.
_ Casal mais chiclete não tem. -ouvi comentarem.- Mas são lindos.
_ Viu amor, somos grudinhos.
_ Pra vida toda. -disse me abraçando pela cintura.
Narrado por Arthur
Férias! Em outros anos eu estava de malas prontas viajando com as minhas irmãs ou meus pais ou até mesmo os avós, e hoje estou aqui, em casa, sentado no sofá com as pernas esticadas e Sophia deitada em meu peito enquanto a Julia dormia toda encolhida no outro sofá.
_ Você nem sabe Art, vovô comprou uma casa em Orlando! Só pra gente não ter que ficar em hotel quando viajar pra cá. -Maria Luísa estava mandando áudios e mais áudios contando sobre como estava sendo a viagem.- Enorme, a parte de cima tem quase oito quartos e todo o restante fica no andar de baixo, de fundo tem um salão de jogos e piscina. Sério, eu estou me sentindo muito em uma piscina de hotel, faltou o bar e um garçom ficar pra lá e pra cá.
_ É perto dos parques?
_ Vovô falou que são praticamente 20 minutos daqui lá, eu amei. E você? Tá fazendo o que?
_ Ninando a Sophia. Ela dormiu, Julia dormiu também... nem liguei a TV pra não fazer barulho.
_ Parece tão chato. Você está de férias, cadê a animação?
_ Com uma neném em casa? Mal estou beijando na boca. -ri.- Mas tô reclamando não, tô com o meu mundo nos braços.
_ Nossa estou amando saber que temos um grupo e você só conversa com a Malu no PV. Depois ainda fala que me ama. -Melissa mandou um áudio toda dramática.
_ A Mê não tá se aguentando de curiosidade, tá perguntando porque não conversamos no grupo.
As duas quando começavam nem meu pai aguentava, mandei algumas figurinhas e guardei o celular. Acabei cochilando, despertei com a Sophia se esticando toda, olhei pro lado e Julia estava voltando do banheiro.
_ Acordei com o celular tocando. Eram sua irmãs, Mel e Malu. -disse sentando do meu lado e arrumando os cabelos.- Essa gosta de mamar, a boquinha dela mô.
_ Pidona que só.
_ Acordou na hora certinha, tá cheio já. -disse pegando nossa filha e se ajeitando pra dar de mamar.- Bem gulosa.
_ Tem coisa melhor que comer?
_ Ah não tem. Não vejo a hora de poder comer uma barra inteira de chocolate, beber muita coca cola e ir pra um sítio.
_ Ah, sítio tem no natal. Você vai né?
_ Não sei, natal se passa em família, com os pais. -falou sem jeito e eu entendi, mudei de assunto.- As meninas estão bem?
_ Otimas, chegaram em Orlando não tem muito tempo. Quase 16 horas de viagem da casa dos meus avós pra lá.
_ Tudo isso?
_ Sim, longe pra caramba. Helena deve ter dormido até não querer mais...
_ Coisa que eu faria, dormir é tão bom, tão gostoso mesmo.
_ Tá uma bela de uma ursinha, só pensa em dormir.
_ Diz isso porque onde você encosta você dorme e choro nenhum te acorda.
_ Tô de férias. -brinquei.
_ E eu de licença, engraçadinho. Você vai jantar? Minha mãe disse que tem fricassê no forno, salada e arroz na geladeira.
_ Tô é com frio, isso sim. Já venho. -fui até o quarto dela buscar uma blusa de moletom, peguei uma coberta e desci.- Pra você.
_ Obrigada, te amo. Como sabia que eu ia querer?
_ Você tem muito frio nos pés e está sem meias.
_ Ah é. -riu.
Narrado por Maria Luísa
Era eu quem mais agitava as férias com os meus avós, mas depois de duas semanas e meias longe, as horários desencontrando ao tentar falar com os meus pais ou o Rique, eu já ficava com saudades de casa. Lógico que aqui nós passeamos muito, é outra rotina, mas eu queria minha casa, meu cachorro e meu namorado, meus avós também. Dona Marizete está de férias da gente, mas sempre mandava uma mensagem.
_ O que foi hein? -Melissa perguntou deitando em cima de mim na cama e tirando meus fones.- Tá muito quieta.
_ Saudades de casa.
_ Eu também, mas demoramos tanto pra vir pra cá.
_ Eu sei, eu amo vir pra cá, mas a rotina muda muito. Mas tô bem.
_ Mesmo? Fiquei sabendo de uma balada das boas aqui, se anima?
_ Se lá no Brasil eu não entro imagina aqui, tá doida?
_ Já falei com o vovô, é de um conhecido dele, frequentam o mesmo clube.
_ Melissa, se o papai souber estamos lascadas.
_ Só iremos eu, você e o Leo. Vai ser tranquilo.
_ Não sei.
_ De qualquer forma, eu vou. Parece ser tudo de bom lá, eu pesquisei e tudo mais.
_ Tá, a vó não vai ficar brava não né?
_ Acho que não, o vovô aceitou numa boa, mas me fez prometer que ficaríamos de olho em você.
_ Como se fosse preciso. -dei risada.
_ Isso foi um sim?
_ É, foi. Vou tomar um banho.
Fiquei realmente animada, minha primeira balada norte americana, seria incrível. Fui tomar um banho, lavar os cabelos e então comecei a me arrumar. Deixei um vestido separado, ele era estilo regata com um decote mais aberto e ia colado até um pouco mais da metade da coxa, separei também um tênis branco e fui preparar a make e cabelos.
_ Seu namorado tá sabendo é? -Leo perguntou entrando no quarto rindo.- Porquê olha esse tamanho de roupa.
_ Enorme. -disse pondo minha pulseira, aliança e indo procurar uma blusa na mala.- Minha irmã tá pronta?
_ Claro que não. Está terminando o cabelo agora, nem maquiagem fez ainda.
_ Nossa. E você?
_ Faltam só meus óculos escuros.
_ Vou bem pegar pra tirar fotos.
_ Se eu deixar né, isso sim. -disse sentando na cama.
_ Quer me falar alguma coisa? -perguntei separando uma jaqueta estilo college, eu amava.- Pronto.
_ Estou em desvantagem nesse rolê, melhor ficar de segurança. -brincou.
_ Bem mais fácil nós duas fazermos a sua segurança, Leo.
_ Malu, tá pronta?
_ Sim donzela. -respondi saindo do quarto.- E você?
_ Eu também, vovô vai levar a gente. E na volta podemos pegar um táxi.
_ Combinado.
Meu vô foi o motorista da vez, mas deu mil e um sermões, falou que não precisávamos exagerar com bebidas e para cuidarmos uns dos outros.O lugar não parecia ser muito longe, ficamos por pouco tempo rodando e logo chegamos.
_ Tchau vovô, até mais tarde. -beijei seu rosto e desci.- Então, vamos?
Minha irmã até gostava de sair, mas baladas não eram o forte da Mê. Eu sabia que ela estava indo porque eu e o Leo gostávamos e muito. Seguimos o fluxo até a entrada e assim que chegamos no segurança Melissa passou o contato que nos receberia.
Não demorou e chegou um rapaz que parecia ter a idade do meu irmão, muito gato, simpático e todo cheiroso. Ele se apresentou e nos entregou uma pulseira, e pediu para acompanharmos ele.
A boate era enorme, o jogo de luzes muito show e o espaço do camarote nem se fala. Um bar de ponta a ponta, bartenders mascarados e preparados os drinks. Pedi o cardápio, escolhi um com um nome divertido e minha irmã me acompanhou. Leo pegou um outro e fomos para a grade.
Era a terceira vez que eu estava em uma balada e foi a melhor noite da vida, sério. Eu aproveitei todos os segundos, os DJs que passaram pelo palco eram demais e quando deu a hora de irmos embora eu me dei conta do quanto estava cansada.
_ Ainda não sei como tem gente que vai o final de semana todo pra balada. -comentei.
_ É muito bom, eu ia muito. É que sua irmã não gosta.
_ Mas nunca te impedi de ir, até vou às vezes.
_ Muito as vezes mesmo. -riu.
_ Eu prefiro reunir os amigos em casa, são poucas pessoas, estamos mais a vontades...
_ Não tenho uma real opinião sobre isso ainda não. Sei lá, é legal sair. Também é legal reunir a galera em casa... mas viajar e curtir em outros lugares é dez. Estou sonhando com a viagem de formatura.
_ Já? Ainda faltam dois anos.
_ Um ano e meio. -corrigi minha irmã.- Nossa destino será Cancun, cinco dias em Cancun.
_ Viagens de formatura são sempre uma delícia.
_ Viagem entre amigos são fodas, rola de tudo. -Leo comentou todo eufórico e minha irmã fechou a cara, ri muito.- Você já viajou comigo e os meus amigos.
_ Eu sei, mas tô pensando nas suas viagens sem mim. -disse séria.
_ Não loira, que isso. -abraçou ela de lado e beijou seu rosto.- Pensa nisso não.
_ Como não? Você era um safado Leonardo, um safado.
_ Começa não loira, passado é passado.
_ Agora "passado é passado". -disse cruzando os braços, eu peguei o celular e fui olhar as notificações enquanto nosso carro não chegava.
O que demorou quase dez minutos, mas também quando eu entrei, e me acomodei, dormi que nem vi qual foi o trajeto de volta.