Ter a Nanda viajando comigo era ter uma companhia que conhecia o meu dia a dia em casa. Era ter cuidados desde a hora de acordar até o momento de dormir. Eu amava ter minha mulher comigo, como se fôssemos dois namorados.
Estava acordado, ela ainda dormia e eu observava.
_ Ei, bom dia. -ela sorriu toda preguiçosa ainda sem abrir os olhos.- Quer acordar não?
_ Bom dia vida, tô com sono ainda. -bocejou e me olhou.- Que horas são?
_ Quando eu acordei eram 09h36. Ainda dá tempo pra um café.
_ Estou com fome mesmo. -bocejou outra vez.- Algum compromisso hoje?
_ Não senhora, dia todo livre. Trabalho só amanhã de tarde.
_ Vamos passear então? Sabe que tem passeio de escuna aqui, você viu?
_ Lelê deixou tudo no esquema, saímos daqui às 11h30.
_ Ela também vai né?
_ Vai todo mundo, todo mundo de folga. -ela assentiu.
_ Tenha que arrumar então, tenho que estar linda.
_ Mas isso você já é (selinho). Maravilhosa.
_ Também te acho um puta de um gato, gostoso e tesudo. -nos beijamos.- Já tomou banho?
_ Não. Estava te esperando.
_ Ficou com medo de ir sozinho? -riu.
_ Luan Jr. precisa de cuidados especiais pela manhã.
_ Neste caso eu te ajudo.
Ficamos mais um tempo na cama, e depois seguimos para um banho demorado e com um sexo excitante. Deixei Fernanda lavando os cabelos e saí para ir pedindo o café da manhã. Sequei os cabelos, coloquei uma sunga e fiquei de roupão.
Fui olhar o celular e tinham chamadas perdidas do Arthur, mensagens no WhatsApp também, mas quando retornei ele não atendeu.
_ Agora sim, acordada! -disse saindo completamente nua do banheiro, a vontade com o corpo dela.- Tá aprontando?
_ Não. Pedi nosso café.
_ Huuuum adoro. -disse indo até a mala.
_ Amor, falou com o Arthur ontem? Vi que ele me ligou, mas agora de manhã quando retornei ele não atendeu não.
_ Falei sim, ele queria saber onde estava a chave da nossa casa em Ubatuba.
_ Uai, ele nunca foi de emprestar a casa pra ninguém.
_ Ele vai com os amigos. -respondeu séria.
_ O que foi?
_ Eu não concordo.
_ Amor ele está de férias, não vejo problemas.
_ Eu também não veria, desde que a namorada dele também fosse e até mesmo a filha.
_ E elas não vão?
_ Não, vai ele com os amigos. -repetiu.
_ Amor, por quê cê tá brava?
_ Porque isso só reforça ainda mais a ideia de que filho é da mãe. É chato, eu sou mãe de três meninas. E se isso acontecesse com uma delas eu não gostaria. E mais, isso só dá motivo pra Sonia e pro Claudio falarem, e com razão.
_ Falou isso pra ele?
_ Sim. E mais um monte de coisas.
_ O amor, ele só quer sair com os amigos.
_ Queria ver se fosse um dos seus genros se estaria nessa compreensão toda. -disse vestindo o biquíni e não falando mais nada. Nosso café chegou, o rapaz colocou a mesa e eu fiquei esperando a Nanda.
_ Desfaz esse bico amor.
_ Que bico?
_ Esse. Eu entendo o que quis dizer, eu só entendo nosso filho também.
_ Eu também, só não acho justo ele se divertir e ela ficar em casa. -disse encerrando o assunto ali, não está mais. Comemos, ela começou a falar de outra coisa e voltou a rir.
Narrado por Fernanda
(...)
#FlashbackOn
Estávamos no camarim, Luan atendendo a imprensa local e eu no sofá conversando com os meninos. Arthur estava mandando mensagens no WhatsApp e ligando pro pai, como o celular estava comigo, atendi.
_ Pai, tá podendo falar?
_ Oi filho, espera aí. -pedi licença e fiquei um pouco mais afastada para conseguir escutar direito.- Oi, pode falar.
_ Mãe? Cadê meu pai?
_ Estamos no camarim, ele está gravando entrevista. Aconteceu alguma coisa? É só com ele?
_ Eu tô tentando desde tarde falar com ele. Queria saber onde fica a chave da nossa casa na praia.
_ Qual das casas?
_ Em Ubatuba.
_ No nosso closet, por quê? Vai emprestar a casa pra quem Arthur?
_ Emprestar? -riu.- Pra ninguém não. Tô pensando em descer uns dias com o pessoal.
_ Pessoal? Que pessoal?
_ Da faculdade, pra curtir um pouco das férias.
_ Entendi. E só vão vocês?
_ É, por quê? A senhora está toda desconfiada.
_ E sua namorada?
_ O que tem ela?
_ Também vai? Vão deixar a Sophia com quem?
_ Sophia vai ficar com a Julia, elas não vão.
_ Ah não? Mas ela também não está de férias?
_ Mãe...
_ Hm.
_ É ela quem não quer ir.
_ E você vai mesmo assim? Depois você não quer que os pais dela falem nada.
_ Nada a ver.
_ Nada a ver? Você se diverte e ela fica em casa?
_ Quer que eu faça o que?
_ Faz o que você achar melhor, você já está grandinho mesmo. Mas quando o pai dela vier reclamar você fica quietinho e escuta tudo. Porque eu não vou tirar a razão dele.
_ Tá, tá bom mãe. Que lugar do closet tá a chave?
_ Pendurada do lado esquerdo, chaveiro rosa com azul.
_ Beleza, obrigada mãe.
_ De nada, tchau. -falei encerrando a ligação e voltando para o sofá. Luan teria uma pausa de cinco minutos antes de atender os fãs.
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Não! Por que?
_ Cê tá séria, testa franzida e braços cruzados. -me deu um selinho.
_ Tá tudo bem, eu só acho que estou com fome.
_ Você acha? -riu, deu outro selinho.- Pede pra Lelê, tô indo mijar. -me beijou e saiu. Tentei ficar aparentemente tranquila, mas estava brava com o Arthur.
#FlashbackOff
Luan fez um show lindo, me permiti aproveitar o show e deixar a preocupação de lado. De lá fomos em um rodízio e por fim descansar no hotel. Estávamos cansados, tomamos banhos separados e fomos dormir.
O dia amanheceu e eu estava mais preguiçosa que o normal, mas depois de um banho saí pronta pra outra. Tudo bem que rolou uma tensãozinha quando tocamos no assunto férias do Arthur, mas depois mudamos de assunto e fomos curtir o dia de folga com os nossos amigos.
Passeios de barco são sensacionais e únicos, fora a comida, os drinks e as companhias sem dúvida.
_ Seu rosto está vermelho. -falei pra ele.
_ As costas ardendo tamém. -disse vestindo a regata.- Mas foi massa.
_ Arleyde sabe planejar uma folga como ninguém, uma pena ela não ter ficado pra curtir com a gente.
_ Agora só vamos nos encontrar no sul. -comentou no caminho de volta ao hotel.
_ Não vamos pra casa?
_ Daqui uma semana e meia, fico dez dias de folga e volto a viajar parece. Mas relaxa minha linda, pensa nisso agora não.
_ Tá, estou tentando. -o beijei e por fim entramos no elevador.- Temos planos para a noite?
_ Quer jantar fora?
_ Sim! Te deixo escolher onde. -falei lhe dando um selinho e pegando o celular.- Olha amor.
_ O que?
_ Helena na montanha russa junto com o meu pai.
_ Coragem a dele, eu não vou nesses trem.
_ Amor é gostoso, é divertido.
_ É perigoso.
_ Medroso (risos).
_ Falou a que não assiste filmes de terror sem gritar.
_ Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
_ Ah tem sim. -apertou meu nariz.- Bora. -saiu na frente me levando pela mão.
_ Me leva de cavalinho?
_ Hmmm nada disso, tô ardendo vida, não inventa.
_ Chato, vou arrumar outro, você vai ver. -falei brincando e logo estávamos no quarto.- Quero um banho, mas...
_ Fazer um amor seria melhor. -disse me beijando no pescoço e indo até a minha boca. Tivemos um fim de tarde mais que excitante, ao nosso estilo, tanto que Luan dormiu deitado no meu peito. Fiquei alisando seus cabelos, sorrindo e completamente relaxada.
Narrado por Julia
Sophia vinha há pouco mais de dois meses ensinando a mim algo novo todos os dias. Uma bebê muito tranquila, tinha suas noites agitadas, mas muito boazinha e minha companheira.
Arthur sempre muito romântico, atencioso e cuidadoso tanto comigo quanto com a pequena e agora durante as férias ficou todos esses dias com a gente. Na consulta com o pediatra, nos banhos de sol pela manhã e no fim da tarde, nas visitas para os bisavós e quando eu queria tomar um banho mais demorado para lavar os cabelos ou dormir um pouco mais.
_ Sabe o que eu estava pensando bebê?
_ Não, no quê? -perguntei sentando no sofá e ajeitando Sophia para então amamentar.- Fala mô.
_ Meus pais voltam daqui três semanas, nossa casa está vazia.
_ Quer ir pra lá?
_ Não?
_ Não sei, aqui minha mãe me ajuda e lá seremos só nós dois, eu não sei não mô. -falei e percebi que ele ficou meio assim, mas não falou nada. Sophia mamou, arrotou e dormiu no colo. Eu e ele jantamos com os meus pais, Matheus e a Mila, e subimos para o quarto. Meu celular tocou, era o Rique.- Oiiiiiiiii. -atendi rindo.
_ Sequestrou meu brother? Tem quase dez dias que não vejo ele.
_ Hm juro que ele veio por livre e espontânea vontade. -ri.- Vão sair hoje?
_ Chamei, mas quem disse que ele atende.
_ Ele está aqui. Vou passar pra ele. -entreguei o celular para o Arthur e fui usar o banheiro, quando voltei ele estava sentado na cama me olhando.- Não vai?
_ Vai ficar chateada se eu for?
_ Claro que não, são seus amigos, você está de férias. Só você não ir dirigindo se for beber.
_ Vou em casa antes. -falou se levantando, me beijou e saiu.
_ Arthur foi embora? -minha mãe perguntou.- Vocês brigaram?
_ Não, mãe. Ele vai encontrar os meninos. -respondi arrumando as coisas da Sophia no berço.
_ E ele volta pra cá?
_ Hoje não mais. Por quê?
_ Nada. Precisa de ajuda?
_ Não, ela mamou pouco antes da gente jantar, dormiu. Daqui a pouco ela acorda pra mamar de novo.
_ Então boa noite pra vocês, qualquer coisa...
_ Boa noite mãe, até amanhã.
Ela saiu, eu troquei minha roupa por um pijama e me deitei com a Sophia na cama. Dormi por três horas seguidas, ela acordou resmungando, acendi o abajur e me sentei encostando na cabeceira.
_ Ei princesinha, a mamãe achou que você fosse dormir a noite toda hoje. -ela estava com os olhos bem abertos, com ar de riso.- É mamãe, tô com fome. -ela abriu a boca e abocanhou meu seio. Nossas madrugadas costumavam ser assim, eu com sono e ela bem acordada, sorrindo e as vezes soluçando, mas descobri que era fralda molhada.
Depois da bonequinha arrotar eu acabei perdendo o sono, e fiquei no celular, no Instagram. Curti foto dos meus sogros no norte do país, das cunhadas viajando e boomerang do meu namorado brindando num barzinho perto da faculdade. Sophia estava acordada ainda, postei uma foto dela no stories e guardei o celular. Coloquei o episódio de uma série para assistir e acabei dormindo.
Não demorei a acordar, na verdade minha mãe me acordou levando meu café na cama.
_ Bom dia, dormiram bem?
_ Alguém ainda está dormindo mãe, bom dia. -disse me levantando e indo fazer minha higiene matinal rapidinha.- Essa noite ela acordou uma vez só.
_ Chorou?
_ Não, quis conversar mãe. Quando eu perdi o sono ela dormiu e até agora não acordou.
_ Vida de uma bebê, minha neta é linda até dormindo. Fofura da vó dela.
_ Uma princesa. -falei enquanto tomava café.
_ Vai sair hoje?
_ Arthur estava querendo que fossemos pra casa dele ficar uns dias, mas não sei.
_ Por quê?
_ E se eu precisar da senhora?
_ Você me liga. -sorriu.- Eu gosto muito do meu genro em casa, mas ele deve estar com saudades da casa dele.
_ Pensei nisso também, ficamos aqui duas semanas direto.
Enquanto conversava com a minha mãe aproveitei para ir arrumando as coisas. Eram mais roupas que eu tinha que levar, porque todo o restante tinha na casa do papai. Deixei minhas roupas separadas, carregador no jeito e teria ido tomar banho se a fominha não tivesse acordado.
Dei de mamar, troquei sua fralda e a roupa. Coloquei lacinho e deixei com a vovó enquanto eu me banhava. Não demorei, mas quando sai não tinha mais ninguém no quarto. Vesti uma calça jeans, blusa de manga comprida, calcei tênis e prendi os cabelos. Desci com as bolsas, minha necessarie, celular, carregador e chupeta.
_ Ele não me atende. -falei tentando ligar para o Arthur pela terceira vez seguida.- Será que ele está dormindo?
_ Dormindo? Matheus mandou um áudio disse que todos eles estão lá e está tendo churrasco.
_ Churrasco? Eles estão virados.
_ Eu tô pronta, vamos?
_ Mila...
_ O que foi?
_ Não sei se eu quero ir.
_ É a casa do seu namorado, vamos para vai.
_ O carro está aí, quem leva?
_ O uber, pede aí.
Chamamos o motorista por aplicativo, demorou um pouco e aceitou. Não era longe, chegamos rapidinho, o motorista ainda ajudou descarregar nossas coisas. Alguém tinha entrado e não fechado a porta porque estava só encostada, empurrei e fomos indo.
_ Até que enfim, pensei que não iam vir. -Henrique disse vindo nos cumprimentar.- E aí Ju, oi Cá. E oi pra princesa do dindo, a mais linda de todas as afilhadas.
_ Ela é a única. -falei.- Só demoramos porque seu amigo do peito nem celular atendeu.
_ Não deve nem saber onde está o celular. -riu.- É impressão minha ou ela está maior?
_ É esse monte de roupas que eu coloquei nela, né filha? Fala pro padrinho que a mamãe deixou você toda empacotada.
_ Quem é essa princesa linda? -escutei uma mulher dizer e olhei pra ver quem era, Aline, reconheci das fotos e me perguntei o que ela estava fazendo ali.- Oi, oi. -deu um tchauzinho nos cumprimentando.
_ Minha afilhada, filha do Art. Fala oi pra titia Sossô.
_ Sophia? Uau, então você é a Julia? -assenti.- Como você está... diferente.
_ Enquanto você não mudou nada, né? Rique já venho. -falei deixando as coisas no sofá e indo ver quem estava no quintal. Deveriam ter umas quinze pessoas, falei um "Oi." e fui até o meu namorado que estava sentado rindo e quando me viu levantou num piscar de olhos.- Tá tudo bem?
_ Oi bebê, sim e você? Cadê a Sophia?
_ Lá dentro. Eu te liguei hoje... pensei que estivesse dormindo.
_ Estava no silencioso, quando eu fui retornar a bateria tinha acabado. -me deu um selinho.
_ Hm...
_ Quer comer?
_ Não, tô lá dentro. -e entrei pela cozinha.
_ Você tá séria.
_ Arthur mal se despediu ontem e hoje não me atendeu, não deveria nem ter vindo.
_ Também não é assim, Kevin e eu que agitamos o churrasco.
_ Vou falar pra Malu que você convidou a Aline.
_ Seu cunhado é amigão dela e das amigas que estão com ela.
_ Vocês estão aprontando.
_ Estou de férias, sozinho em casa.
_ Não viajou com os seus pais?
_ Viagem de namorados duas semanas só, voltam logo. Se minha namorada estivesse, iríamos.
_ Pra onde eles foram?
_ Holambra, cidade das flores.
_ Dizem que lá é lindo. -ficamos conversando um tempão na sala, Sophia dormiu e acordou no colo dele.- Não são todos da faculdade...
_ É um que chama outro e vem outra e quando vai ver... casa tá cheia.
_ Sei.
_ Vocês estão bem mesmo?
_ Até ontem estávamos, hoje eu já não sei. Nem aqui na sala ele veio, a saudade dos amigos deve ser muita.
_ Também não é assim.
_ Não?
_ Sem brigar vai, vamos lá fora?
_ Não, eu vou dar peito pra Sossô e trocar a fralda dela.
_ Já sei trocar fralda.
_ Então essa é sua dindo, o trocador está lá em cima.
Henrique e eu subimos, deixei tudo em cima da cama e fiquei de olho, ele trocou direitinho que ela nem chorou. Quando descemos fomos direto para o quintal, estava frio, mas não um frio insuportável.
Fui comer um pouco, tomei suco, e liguei pra Laís ir pra lá.
_ Não! Hoje não dá, tem que ser amanhã. -dizia um.
_ Amanhã de manhã, a gente se encontra na portaria do condomínio.
_ Ou cada um pega o endereço e vai, não precisamos ir em comboio. -Aline comentou.
_ Vocês quem sabe. O que você acha mana?
_ Eu acho que eu vou entrar e pegar outro cobertor pra Sophia que esfriou mais. -disse deixando meu copo em cima da mesa e saindo.
_ Ju!
_ Olha, isso está muito estranho. O que está acontecendo? -perguntei cruzando os braços.
_ Eu quem te pergunto.
_ Seus amigos te ligam, você sai correndo, some, não atende, arma um churrasco, agora organiza uma viagem pra praia. E nós? E eu que sou sua namorada sou a última a saber que nós iríamos viajar?
_ Bebê, eu...
_ Não precisa se explicar, espero que aproveitem a viagem.
_ O que?
_ Eu e a Sophia não iremos, amanhã eu volto pra casa. -disse passando por ele e indo para o banheiro. Fechei a porta e fiquei encarando o espelho. Respirei fundo, peguei o celular e liguei pro meu pai.- Oi pai, tudo bem?
_ Tudo querida, e com vocês?
_ Estamos bem. Será que amanhã o senhor poderia vir nos buscar?
_ Pensei que fosse passar a semana no seu namorado.
_ Não, iremos voltar pra casa.
_ Você vem amanhã no fim do dia?
_ Não, queria ir pela manhã. Tudo bem pro senhor?
_ Claro, eu... eu aviso quando estiver chegando.
_ Beijos, te amo.
_ Boa noite querida, amo vocês. Se cuidem. -e desligamos.
_ Mana? Tá tudo bem?
_ Sim. -falei abrindo a porta.- O que foi?
_ O cunhado falou pra eu vir te ver, que vocês discutiram.
_ Não. Não teve discussão, eu só falei a verdade. Entendo que só namoramos, mas agora namoramos e temos uma filha, então se for para viajarmos eu também teria que saber e não simplesmente "viajamos amanhã". Eu não vou, amanhã estarei voltando pra casa.
_ Julia! Por quê?
_ Porquê sim. E não tenta me fazer mudar de ideia.
_ Eu não vou, mas tem certeza? Eu também vou.
_ Não Camila, eu vou pra casa amanhã de manhã.
_ Okay, não está mais aqui quem falou.
_ Está sim, besta. -a abracei de lado e voltamos para junto dos demais.- Henrique olha minha filha hein.
_ Ô se liga, é minha princesinha né dindo?
_ Babão. Ela é a princesinha da dinda. -Laís disse rindo.
_ Grude vocês dois, a princesinha é da mamãe!
_ Nada a ver. -escutei Arthur dizer pra alguém no telefone.- Quer que eu faça o que... Tá, tá bom mãe. Que lugar do closet tá a chave... Beleza, obrigada mãe. -e desligou.
_ Sabe que pode ir com a gente. -Rique falou puxando a cadeira e sentando do meu lado.- Vocês estão no maior climão.
_ Porque ele não sabe conversar, não custava nada.
_ E agora você não vai por birra?
_ Não. Não vou porque praia no inverno é dez vezes mais frio, Sossô é pequena. Muita bagunça, fora que ela pode estranhar e não dormir bem, sabe?
_ Tá, entendo. Não vou te encher o saco pra ir não.
_ Obrigada.
_ Amiga, vou indo. A gente vai se falando, beijos, beijos. -se despediu de nós e saiu.
_ Ela é doidinha né?
_ Sim, mas é uma boa amiga. E ótima madrinha.
_ Malu que o diga. -riu.- Ah tô com saudades da minha namorada, saco.
_ Só mais alguns dias, ela deve estar morrendo de saudades.
_ Escuta esse áudio...
_ Henrique eu te amo, mas essas são as melhores férias da vida.
_ Ela adora viajar.
_ Eu também, é bom. -entramos por conta do frio, me despedi e subi para descansar um pouco, estava tarde. Mas engano meu, Sophia não quis saber de dormir e nem ficar quietinha.
_ Pensei que estivessem dormindo.
_ Ela não quer dormir, nem deixar a mamãe dormir.
_ Só vou tomar um banho e fico com ela.
_ Obrigada. -ele me deu um selinho e foi para o banheiro, e diferente do que eu pensei não demorou.- Toda sua. -falei bocejando e indo me deitar.
_ Bebê?
_ Hmm.
_ Precisamos conversar.
_ Não, quando estávamos precisando você simplesmente ignorou, então não precisamos.
_ Julia, eu...
_ Precisa arrumar sua mala, vai ficar lá o restante das férias.
_ Queria que você fosse comigo.
_ Não pareceu, mas também não quero discutir. Tô cansada, preciso dormir.
Ele não falou mais nada, eu também não, dormi e não sei qual foi a hora que ele se deitou. Na manhã seguinte acordei com os meninos falando alto na sala, a porta do quarto estava aberta e nem sinal da Sophia. O relógio marcava 08h43. Levantei, coloquei uma blusa de frio e depois de lavar o rosto, desci.
_ Pijama de gatinha?
_ Estamos no inverno ô linguarudo. Bom dia.
_ Ótimo dia, pronta pra viagem?
_ Ah sim, meu pai está vindo me buscar.
_ Ligou pra ele? Eu ia te levar em casa.
_ Liguei pra ele ontem a noite, ele disse que viria. Então não vai precisar. -ele fechou a cara, mas já estava feito.- Hoje ela acordou cedo.
_ Quase nem dormiu. -Arthur comentou.- Vai tomar café aqui?
_ Não, como em casa.
_ O interfone. -Kevin avisou, Arthur atendeu e como eu imaginava, era o meu pai. Então subi pra egsr minhas coisas, quando desci ele estava cumprimentando os meninos.
_ Bom dia querida. -me abraçou.- Vamos?
_ Bom dia pai, sim. Podemos ir. -dei tchau a todos, Sophia "deu tchau" e entramos no carro.
_ Acordaram cedo hoje.
_ Eles vai sair, por isso.
_ Sua irmã estava lá se ajeitando também.
_ E ela deixa o Matheus sair sozinho, pai?
_ Isso é verdade. -riu.- Você não quis ir?
_ Hmm não. Eles vão pra praia, essa época já é inverno, imagina o frio.
_ Ah sim, isso é verdade. Podemos fazer a noite da pizza em casa.
_ Ainda não estou comendo nada disso, ontem que dei uma escapadinha e comi churrasco.
_ Fizeram festa é?
_ Encontro de amigos.
Meu pai e eu fomos o caminho todo conversando. Chegamos em casa e ele foi descendo as coisas e quando entramos minha mãe saiu da cozinha surpresa, franzindo a testa.
_ Não ia ficar lá uma semana?
_ Mudança de planos, bom dia mãe.
_ Bom dia, mas o que houve?
_ Arthur vai sair, e eu não iria ficar lá sozinha.
_ Hm. E ele vem te buscar de noite?
_ Ele vai viajar mãe, vai ficar uns dias em Ubatuba.
_ E você não quis ir?
_ Não. Achei melhor voltar pra casa.
_ Você ama praia.
_ Eu sei, mas vai estar frio demais pra Sophia, melhor não.
_ Entendi. E quem vai?
_ Bastante gente, a minha irmã, Matheus... -fui falando e ela só ouvindo, depois deu as costas e foi para a cozinha. Meu pai desceu, se despediu e foi trabalhar. Camila já tinha ido. Passei na cozinha pra tomar café e depois fomos tomar um banho de sol.
~.~
Essa família de férias não tem pra ninguém, não é?
Mas senti um clima de tensão por aqui, e vocês? Aguardem!