Capítulo 153

Narrado por Luan

  As duas bonitas entraram e me deixaram pra trás, nem quiseram saber de me ajudar. Primeiro tirei as sacolas do carro e coloquei pra dentro no chão da sala, depois voltei e fechei o carro.

_ Folgada você hein... -falei me sentando ao lado dela.- E você também mocinha. -baguncei o cabelo dela.-

_ Não bagunça papai, não bagunça!

_ Por que não?

_ Porque senão fica igual o seu. Todo coisado.

_ Nossa... -falei rindo.- E você?

_ Hmm...

_ Deixa esse celular e olha pra mim.

_ Tô terminando de contar que eu estou grávida, calma aí.

_ Tá falando sério?

_ Tô. -vi o finalizando na tela e peguei o celular de sua mão, olhando a foto e lendo a legenda.- Curioso você, né amor?

_ Muito, ainda mais quando se trata de você. -roubei um selinho.- Gostei demais, muito mesmo.

_ Me sinto mais leve. Mas, sei que a mídia vai encher o saco. Principalmente aquela ridícula!

_ Esquece eles todos, o importante é nós estarmos felizes.

_ Sim e eu estou feliz, não soltando fogos porque a ficha está começando a cair. Mas, tô acostumando com a ideia.

_ Linda. -nos beijamos. O beijo estava ficando bom, ficando intenso. Até que...-

_ Papai eu tô com fome.

_ Muita fome?

_ É, muita.

_ Mamãe também. Corre na cozinha, pergunta pra tia Martinha se já está tudo pronto. -Fernanda disse e ela foi correndo.- 

_ Essa menina é fogo.

_ Por que?

_ Correndo de meias pela casa.

_ Como se você não fizesse isso.

_ Eu não. Prefiro andar descalço!

  O almoço estava pronto e fomos nos reunir à mesa para a refeição, Melissa se soltava bem mais quando estávamos na casa da Nanda. Tentamos passar a tarde nos divertindo, mas senti que a Nanda estava mais distante, pensativa. Depois que Melissa dormiu nós fomos nos sentar no sofá da sala para descansar um pouco.

_ Tá tão quietinha... -disse acarinhando seu rosto.-

_ Viu os comentários? -perguntou baixo.-

_ Amor...

_ Viu ou não?

_ Não, mas...

_ Estou me sentindo mal com isso. Nunca dei motivo para os seus fãs me xingarem, e agora por causa da minha gravidez e do nosso noivado isto tem se tornado constante. 

_ Eu não ligo pra essas coisas, não estou nem aí. Esquece isso, Nanda.

_ Esquecer como, se não posso postar nada que chovem de comentários negativos? Eu aparecendo como uma golpista, vagabunda qualquer... Li coisas horríveis. -senti minha camisa molhar e inclinei minha cabeça olhando seu rosto. Nariz vermelhinho, lágrimas  correndo por seu rosto.-

_ Eu amo você, e amo mais ainda esse bebê que é fruto do que temos de mais bonito... O nosso amor. As pessoas podem falar o que quiser, podem tanto torcer como ser contra, isso não muda em nada. O que realmente importa é nossa felicidade, eu estou feliz, você está feliz, nossas famílias, amigos... Pessoas que realmente se importam conosco e querem ver nossa felicidade. -ela apenas me escutava.- Muitos "fãs" estão com os ânimos exaltados porque é tudo muito recente, isso não é motivo, nem mesmo justificativa, mas a realidade. Só que isso passa, eu não vou abrir mão de vocês pra agradar ninguém. Meu sonho é e sempre foi cantar, mas saiba que não abri mão de realizar com você o sonho de ter uma família. Eu te amo! E vou estar ao seu lado independente de qualquer coisa.

_ Assim eu choro, vou desidratar. -risos.- Eu também te amo muito. -nos abraçamos.- Quer dizer, nós te amamos muito. -colocou sua mão sobre a minha e levou até seu ventre.- Tá crescendo. -riu.-

_ Tô vendo e já imaginando você com um barrigão enorme.

_ Não só a barriga, vale lembrar. -risos.- Poderíamos dobrar as roupinhas né?

_ Bora, que eu soube mesmo que você andou comprando um monte e nem vi nenhuma. -ela se levantou e foi subindo na frente, deixando eu ter a visão de sua bunda bem redondinha na minha cara.- Eita que bunda gostosa.

_ Também acho, sabia? -riu.- E o Filipe disse que ela vai ficar maior.

_ Filipe tem reparado na sua bunda, amor?

_ Não. É que eu tinha dúvidas e acabei perguntando. Mas, eu acho que ele é gay.

_ Não é não, não tem nem jeito.

_ E você conhece por acaso?

_ Tenho o Testa comigo, amor.

_ Besta. -entramos em seu quarto e fomos pro closet.- Estou sentindo que esse closet está pequeno.

_ Tamém, olha o tanto de coisas.

_ Tô pensando em doar as roupas que não me servirem mais.

_ Por que? Depois você vai poder usar tudo de novo.

_ Não acho não, uma coisa e outra até vai. Mas, muita coisa não vai combinar mais.

_ Amém, Deus me ouviu! Pode começar tirando as sainhas. -ri e ela fez careta.-

_ Podemos negociar alguns shorts, vestidos...

_ Saias principalmente!

_ Algumas, bem poucas.

_ Tá. Deixa de conversa...

  Ela abriu uma parte que estava cheia de sacolas. Colocou todas elas no chão, nos sentamos e ela foi me mostrando uma por uma, algumas de meninos, outras de meninas e a maioria unissex.

_ Essa aqui é especial! -falei mostrando a ela todo orgulhoso.-

_ Bem sabemos o que é ainda.

_ E daí? Isso aqui é garantia. -ri pegando o  celular.-

_ Você não vai tirar foto, né?

_ Vou uai, vou tirar sim e postar.

_ Tá adorando isso, né?

_ Tô sim, e muito.

@luansantana: Primeiro presente dele ou dela. #TimãodeBerço @fermarques fica doida. ❤

_ Você quando quer é ridículo. -deu um tapa no meu braço.-
_ Amor, tá muito cedo pra pensar nos nomes?
_ Eu acho que não. Pensou em algum?
_ Se for menina, Nicole. E menino, eu gosto de Breno.
_ Não que Breno seja feio, mas se for menino meu filho tem que se chamar Arthur.
_ Por que Arthur? -perguntei.-

_ Arthur Henrique. Eu desde pequena acho esse nome lindo.
_ É e não é feio mesmo. Eu só não tinha pensado antes.
_ E você, sempre gostou de Nicole e Breno?
_ Sempre. -ri.- Não sei bem o porquê, mas sempre gostei mesmo.
_ Owwnt, que fofura.
_ Para vai, tá me deixando sem graça.
_ Tudo bem, vamos continuar vendo as coisinhas.

  E assim fizemos. Fernanda era detalhista em poucas coisas, até mesmo com ela. Mas, com as roupinhas de bebês ela explicava tudo, contava como havia imaginado.
 Depois de tirar tudo das sacolas, tive que ajudar a dobrar tudo. Quando terminamos fomos ver se Melissa ainda dormia.

_ Acho melhor acordar ela. Senão de noite ela não vai dormir, não. -dizia ela.- Vou jogar uma água no corpo e já venho. Mas, essa hora a Martinha já preparou o café da tarde e está terminando o jantar.
_ Tá feliz, né?
_ Doce novo. -falou saindo do quarto dos pais e me deixando ali com Melissa.-
_ Filha? -mexi em seus cabelos e ela nem ligou.- Mê, vamos acordar princesa...
_ Não papai.
_ Pra tomar um banho, e comer alguma coisa.
_ Não quero não, tô cansada.
_ O banho descansa, bora.
_ Ah não papai! -ela estava chatinha, não gostava de ser acordada. Com muito custo ela levantou, tomou um banho e descemos.-
_ Amor, pedi pro Davi soltar o Lupy. -Fernanda disse ao chegar na sala.-
_ Não gosto disso não...
_ Ele é um tigre manso, não tenho problema com ele.
_ Até ele te engolir.
_ Não vai não. -riu indo pra cozinha, não demorou e ele apareceu na sala.-
_ Lupy!

  Era impressionante como Melissa não tinha medo daquele bicho enorme, selvagem e pesado, com cara de mal. Ele deitou no tapete e ela subiu em cima dele, como se estivesse montando em um cavalo. Ele se levantou e foi pra cozinha.

_ Fernanda?
_ Oi amor, pode falar...
_ Tira a Melissa de cima desse bicho.
_ Não fala assim que ele é da família, tem sentimentos.
_ Bichinho lindo, deixa minha filha descer.
_ Você é medroso demais, meu deus! Bem parece que tem a altura que tem.
_ Você nunca reclamou dela. -sorri malicioso e ela riu junto comigo.-
_ Ridículo você. Ridículo.
_ Também te amo, amor.


  Fizemos o café da tarde do lado de fora, depois a galera (Davi, Lucila e Martinha) foram embora e nós ficamos na beira da piscina. Estava calor, Melissa queria entrar na água.

_ Tá tarde, não.
_ Mas, papai tá quente. E a mamãe deixa... -olhei pra Fernanda que não dizia nada.- Mamãe...
_ Filha, não vai entrar.
_ Mamãe me ajuda, eu. -falou olhando bicuda pra Nanda.-
_ Seu pai disse não, então é não.
_ (mostrou a língua) Sua chata! -gritou com a Nanda e saiu correndo lá pra dentro, respirei fundo e me levantei pronto para ir atrás dela.-
_ Não precisa brigar com ela, ela é criança amor.
_ E daí? Ser criança é diferente de ser malcriada. Vou ir atrás dela sim.
_ Luan...
_ Se for pra ficar adulando nem vem atrás. -ela ficou quieta e eu subi atrás da Melissa lhe encontrei sentada na escada com os cotovelos em cima dos joelhos apoiando sua cabeça nas mãos.- Melissa, vem aqui. -ela continuou sentada.- Melissa.
_ Eu nem fiz nada.
_ Ah, não? E chamar sua mãe de chata é certo?
_ Ela é mesmo, nem deixo eu ir na piscina.
_ Está ficando de noite e você não vai entrar porque depois pode ficar doente. É por isso que não vai entrar, e não porque sua mãe é chata. Então agora você vai ficar aí pensando um pouco, e depois quando levantar vai ir pedir desculpas pra sua mãe.
_ Não papai... Por favor...
_ Sem conversa. Isso não pode sabia? Criança malcriada ninguém gosta, é feio.
_ Cê tá me chamando de feia, papai? -perguntou com voz de choro e eu segurei a risada.-
_ Não. Mas, se fizer malcriação vai ficar horrível.
_ Eu não quero ficar horrível papai, não quero. -gritou.-
_ Então obedece, só isso.
_ Ainda vou ficar no castigo?
_ Vai. -falei e saí voltando pra cozinha, bebi água e fui ao banheiro. Quando abri a porta escutei mais vozes na sala, cheguei de fininho e eram mãe e filha conversando.-
_ Mamãe, olha... Eu não quis te xingar não. É que eu tava bem nervosa, mas desculpa eu. Eu não vo fazer di novo. Prometo.
_ A mamãe te desculpa meu anjo. -passou a mão em seu rosto e lhe deu um beijo na testa.-
_ Agora eu posso sair do castigo?
_ Pode. -falei entrando na sala e assustando as duas.- Mas, já sabe né?
_ Sei. -e saiu correndo pro banheiro.-
_ Precisa por a bichinha de castigo? Exagerado.
_ É, se ela te xingar outra vez não reclama. -falei e ela ficou séria.-
_ Nossa, não me engole não. É que eu tenho medo de ser dura demais...
_ Educar não e ser dura amor, ela tem que aprender.
_ Eu sei, mas...
_ Mas, nada. Bora fazer alguma coisa.
_ Tipo o que?
_ Sair pra tomar um sorvete, tá calor.
_ Exatamente. Está calor, sorveterias cheias e Wellington de folga. Isso te lembra algo?
_ Que podemos assistir um filme com o ar-condicionado ligado e um suco bem geladinho, que refrigerante dá gases.
_ Nem me fala de gases, tem noites que eu tenho que dormir com tudo aberto senão morro intoxicada com o meu próprio cheiro. Ser grávida não está sendo fácil, sabia?
_ Eu não precisava saber que você passa a madrugada peidando.
_ Você vai casar comigo, tem que me conhecer. -riu vindo me abraçar.- Tem que saber a mulher que tem...
_ Uma mulher linda. -beijei seu rosto.- Séria. -beijei o outro.- E que beija muito bem. -nos beijamos.-
_ Credo! Que nojo.
_ Que bom que você acha nojento, sinal de que não vai beijar na boca nunca. -falei e Fernanda bateu em meu braço.-
_ Ela vai beijar porque vai namorar, né amor? Um rapaz bom e direito, diferente do seu pai que é um safado. -apertei sua costela.-
_ Que isso? Safado?
_ Tudo o que você não é meu anjo. -ela pareceu se contentar com essa resposta.-
_ Amor, acho que eu sei o que podemos fazer...
_ Hmm... O que?
_ Jogar twister! Eu tenho um, só preciso lembrar onde está.

  E então começamos a busca pelo jogo e acabamos achando vários outros, inclusive os de dança que era pro X-box e fomos dançar. Eu não era tão bom na dança quanto ela, mas deu pro gasto o importante foi que nos divertimos muito, bastante mesmo.

_ Chega, cansei! -me joguei no sofá acabado, todo suado.-
_ Vem Mê, vamos pular em cima do papai. -ia até me levantar, mas não tive forças e as duas se jogaram em cima de mim sem dó. Enchi as duas de cócegas e não demorou pra Nanda sair correndo pro banheiro por estar quase fazendo xixi nas calças.-
_ Sabe que me deu até fome? -falei e Melissa concordou.- Nanda? Vamos jantar amor?
_ Eu não estou com fome de comida, tô namorando aquele bolo de paçoca faz um tempão.
_ Você vai comer sim, senhora. Ou quer que eu te dê na boquinha?
_ Pode dar que eu não ligo não. -dei risada e olhei Melissa que negava com a cabeça, como se realmente estivesse entendendo.-
_ O que foi pequena?
_ Tô com fome.
_ Pensando em você a Martinha fez o que você mais gosta.
_ Ah não, lasanha! -falei colocando a mão no rosto só de pensar que tinha carne moída no meio do molho.-
_ E pra você meu bebezão, tem bife, tem frango. Só que eu não sei fazer nada, nem mesmo fritar um ovo.
_ Eu me viro, relaxa.

  Fomos pra cozinha e ficamos por ali durante nosso jantar, depois disso Melissa nos chamou para assistir um filme com ela. Fernanda achou melhor assistir no quarto onde Melissa dormia, nos ajeitamos na cama e ela colocou o desenho, a Mê acabou dormindo na metade e eu e a Nanda fomos nos deitar no quarto dela.

_ Não vai deitar? -ela perguntou depois de me ver tirar a camisa.-
_ Preciso de um banho, só isso. Tô cansadão.
_ Eu te espero.

   Levei fé nisso. Fui correndo pro banheiro, joguei uma água no corpo, escovei os dentes. Saí ainda me secando, vesti uma cueca e quando olhei pra cama Fernanda já dormia. Deixei a toalha em um canto, apaguei as luzes e me deitei ao lado dela.















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   Hmm... Eu amo esse clima tranquilo, esse clima em família. Mas, sabemos que isso não vai durar muito não é mesmo?