Capítulo 156

Narrado por Fernanda

  Não menti quando disse que viajaria com  o Luan. Passei a noite sozinha, no dia seguinte acordei cedo como de costume, arrumei-me e segui com a rotina: café da manhã, empresa... 

  Passei a manhã inteira por lá e parte da tarde, até umas três horas, mais ou menos. Peguei o carro e voltei pra casa, encontrei-me com a Luci terminando de arrumar minha mala, que eu já havia pedido e fui jogar uma água no corpo estava com muito calor e muita fome. Essa era a verdade.

_ Luci, meu noivo apareceu?

_ Não, mas ligou... Disse que perto das cinco passaria aqui.

_ Às cinco só? Vai demorar então. -disse entrando no closet ainda enrolada na toalha.- Será que dá tempo de comer?

_ Claro que dá, e com o café da tarde que a Martinha nos preparou você até arrumaria um. -risos.-

_ O que ela fez?

_ Bolo de cenoura com suco de laranja.

_ E pães de queijo que não podem faltar nunca porque eu amo, sou uma viciada em pão de queijo.

_ Desde pequena.

_ Não faz tanto tempo, né..  -risos.- Ainda estou com calor, nem sei o que vestir com esse monte de roupas aí.

_ Um vestidinho ficaria lindo, mostraria um pouco sua barriga.

_ Que barriga, Lucila? Olha isso aqui. -tirei a toalha ficando praticamente pelada na frente dela que nem ligava mais.-

_ Tá bem durinha, e aparecendo pouca coisa. Eu estou notando a presença do bebê.

_ Também, não vejo a hora de saber quem está aqui.

_ Já sabe os nomes?

_ Arthur Henrique ou Nicole.

_ Arthur Henrique é um nome forte, muito bonito.

_ Eu amo esse nome.

_ E Nicole é mais de princesinha, bem delicadinha.

_ Também achei, super vai combinar com a minha princesinha se for mesmo uma menina.

_ O que você quer que seja?

_ Sei lá. Estou curiosa, mas não ansiosa como pensei que estaria.

  Fomos falando ainda mais enquanto eu trocava de roupa, colocava uma e não achava boa, trocava e começava a escolher tudo de novo... Fiquei quase meia hora assim, chegando na conclusão de que queria fazer compras.

_ Atender celular que é bom... Nada, né? -olhamos pra porta e Luan estava parado de braços cruzados, de boné e todo lindo. Tênis branco, calça jeans preta e uma camiseta do Corinthians.-

_ Luci, olha que homem gato! Você pegava? -ela ficou vermelha e ele rindo.-

_ Pegava não, ela pega. Temos um caso. -disse deixando-a ainda mais envergonhada.- 

_ Lucila, me traindo com esse aí é?

_ Luci é boa demais. Né minha linda. -beijou sua bochecha dando um abraço daqueles de levantar a coitada do chão. Rimos.- Mas, você também está gata. -cheirou meu pescoço.-

_ Como sempre...

                                    (...)

  Descemos e chamei os meninos que estavam esperando na van pra tomar café da tarde conosco, só não demoramos porque tínhamos horário pra embarcar. E não poderíamos atrasar, para não atrasar o show da noite. Que seria em uma praia! 

  Seguimos para o aeroporto e foi uma viagem inteira regada de piadas idiotas, de puro mal gosto. Zoando Luan, e eu.

_ Invejosos.

_ Não. Estamos falando a verdade, pularam o casamento e foram direto pra lua-de-mel.

_ Pra você ver, fui seduzido.

_ Tirou a virgindade do nosso bebê. -riam.-

_ Luan não é virgem faz muito tempo, e não foi eu quem tirou a inocência dele.

_ Infelizmente, porque se tivesse sido... -ele suspirava e eu ria ainda mais.-

_ Cala a boca amor, fica quietinho vai.

_ Estou quietinho.

_ Ah tá sim, tô bem vendo.

_ Achei errado não ter a pedido a mão dele pra gente. -Rober disse "ofendido".-

_ Como vocês são ridículos, todos. Nossa, até da enjôo dessa viadagem toda.

_ É amor, parceria.

_ Hmmm... Tudo gay. Faltou apenas o Eduardo.

_ Dudu está trabalhando, faz tempo que não nos vemos.

_ Cortaram as relações?

_ É que ele viajou amor, aí não deu pra ir pra lá.

                                      (...)

  Chegando na cidade do show encontramos o aeroporto cheio, tão cheio que o Luan conseguiu apenas falar com quem estava na grade, e mal pode tirar fotos, porque era muita gente, muita gritaria e tudo mais.

  Eu continuei andando, entrei na van sem ele mesmo e me sentei no fundo ao lado do banco onde ele se sentaria.

_ Ôh amor, nem foi lá.

_ Muita gritaria, eu não.

_ Chatinha. -apertou meu nariz.- 

_ Sou mesmo. -ri me ajeitando em seu colo.- Amo essa cidade, acho muito linda.

  E de fato era, maravilhosa. Uma pena ficarmos apenas uma noite e não conseguirmos aproveitar nadinha. Mas, isso foi recompensado quando chegamos em Minas. Ôh delícia de lugar, delícia de comida. Nossa, comia tudo o que dava vontade... "Quase tudo, porque da pimenta Luan não deixou eu passar nem perto." 

  Sei que foi uma maravilha viajar com ele, conhecer fãs diferentes, alguns mais receptivos que outros, alguns apenas curiosos com a gravidez e essas coisas. Se a poeira tinha abaixado? Isso não. Na verdade aumentou o assédio, Luan deu entrevista em saída de shows, dentro do camarim, telefonemas e eu fugia sempre que podia. Não tinha essa tranquilidade para lidar com as perguntas invasivas, mal articuladas e com duplos sentidos dos repórteres. Não mesmo e ele sabia disso, então não insistia. Mas, o que me deixou assim muito, muito e muito puta foi a matéria de uma "blogueira". Ridícula!

"Como todos nós sabemos Luan Santana acaba de anunciar que vai ser pai novamente, e a mãe dessa vez é Fernanda Gurgell. Fontes me comunicaram que Luan só pediu a moça em casamento porque ela está grávida. O que pra mim é tudo jogada de marketing pro Luan ficar ainda mais famoso. Duvido muito que eles se amem da maneira que demostram nas redes sociais, posam de família feliz na frente das câmeras. Fernanda com certeza está recebendo bastante dinheiro pra ficar com o cantor e mais dinheiro ainda para ter esse bebê. Um funcionário do hotel que Luan esteve hospedado por alguns dias me informou que quando foi limpar o quarto estava tudo quebrado, pois o estrelinha e a dançarina teriam se estranhado e acabaram destruindo tudo, sem falar que o cantor fez o check out do hotel e não pagou as despesas. Luan Santana está mostrando sua verdadeira face e vocês Luanzetes acreditando que ele é um príncipe, acordem pra vida."

  Juro que fiquei muito puta mesmo, mas ainda mais irônica e postei um texto no facebook que foi compartilhado por fãs, por haters e por aí vai.

  O ser humano tem o costume grosseiro, ridículo e completamente mal educado de sair por aí dizendo o que bem entende da vida dos outros e afirmar que seja uma opinião. Mas, as coisas não funcionam bem assim e digo o por quê? Porque à partir do momento que você afirma que estou sendo paga pra levar um relacionamento à diante, no mínimo teria algo que comprove isso. Sou advogada e sei disso. Agora vir com 'PRA MIM' 'EU ACHO' e blá blá blá é conversinha de quem quer ibope, quer audiência, quer pegar carona na fama e ser vista. Não é mesmo? Meu relacionamento vai muito bem, minha gravidez vai melhor ainda e não preciso fingir, nem ser paga. Porque tenho quem me ame e posso dizer com todas as letras que esse amor é recíproco. Ou seja, eu vivo. E se vivo bem e feliz é porque não tenho tempo (nem interesse) de viver, cuidar da vida de outra pessoa que não seja a minha e que não tenha convívio comigo. Garanto que no dia em que as pessoas forem mais verdadeiras e realistas, as fofocas chegam ao fim. Porque isso é coisa de quem não tem competência pra chamar à atenção de uma maneira menos apelativa, usando um assunto que está em alta e querendo se sobressair.

PS: Quebramos o quarto sim, mas não foram com brigas e sim com o meu medo de baratas. E com isso, foi pedido desculpas e acabamos por ganhar a hospedagem. Então fofa antes de destilar seu veneno, estude mais, pesquise mais. E se quiser saber qualquer coisa da minha vida é só me perguntar. Eu mesma te responderei, sou mulher o suficiente pra isso.

 Recebi o triplo de mensagens que costumava receber. Luan mesmo mandou um áudio se acabando de tanto rir, mas disse que a Arleyde ficou doida, disse que não tinha necessidade. Mas, eu aguentei muito, engoli demais e não é de agora. Respondi mesmo, e respondo de novo. Tomara que eu tenha calado a boca dela, porque sei que agora ela pensará duas vezes antes de colocar os dedinhos pra "trabalhar".

25 de Outubro de 2019

  Dia de muitos compromissos. Porém, nada de preguiça. Levantei sorrindo e de muito bom humor, tomei um bom banho e depois de vestir um shorts e uma bata mais soltinha calcei minhas sapatilhas e desci contente.

_ Luci!

_ Bom dia, querida. Tudo bem?

_ Ótimo. Já vou indo e pretendo não demorar.

_ Vá com Deus e voltem logo.

  Cheguei no aeroporto em uma hora e pouco, estava esperando meus nova iorquinos com um sorriso enorme. Quando os vi desembarcar meus olhos marejaram, nem acreditei. De verdade. Corri até meus pais dando um abraço muito apertado e colocando pra fora ali mesmo todas as lágrimas de saudades, foi uma emoção tão forte, tão real que eu não conseguia falar. Só chorava e me certificava de que eram eles ali. Minha família, meus pais e meu irmão, que por sinal estava bem maior que nas fotos. Estava com sete meses e tinha o tamanho de um ano fiquei besta quando o vi.

_ Nem acredito que chegaram, como senti falta de vocês. -falei por fim.- Como foi a viagem?

_ Cansativa, mas estamos felizes de estar de volta ao Brasil. Ôh lugar gostoso. -disse minha mãe sorrindo.-

_ Concordo, havia desacostumado a viajar por tantas horas.

_ Entendo vocês, por isso vim buscar vocês e bora pra casa comer que o café da manhã está ficando pronto. -peguei Heitor no colo e ele veio todo tímido.- Oi coisa linda e gorduchinha, que saudades de você também pequeno. -apertei sua bochecha.- Lembra de mim anjo?

_ Lembra sim, ah lembra. -risos.-

_ Para pai. Vamos logo pro carro.

_ Eu faço questão de ir dirigindo. -disse ele indo na frente empurrando o carrinho com as malas, eu e minha mãe fomos atrás com o Heitor em meu colo. Meu irmão estava a coisa mais linda e gostosa, gordinho e esperto.-

_ Mãe, como ele cresceu...

_ Claro né, Fernanda, você viu o menino com quinze dias. -ria.-

_ Eu sei né mãe, mas como pode isso? 

_ Não sei, esse tempo passou voando. -risos.-

_ Pior que é, mas veja pelo lado bom... Seu corpo mais que voltou ao normal.

_ Não sei aonde, olha isso...

_ Peitos são sempre bons, o meu andou crescendo também. -falei olhando para eles.- E tende a crescer mais e mais.

  Entramos no carro e meu pai estava terminando de guardar as malas, ele se sentou no banco do motorista e seguimos viagem. Heitor assim que esteve no conforto da cadeirinha dormiu, fui conversando com os meus sobre o que havia mudado na cidade, no bairro... Ainda não havíamos conversado sobre os assuntos mais íntimos e familiares: gravidez, casamento e empresariais.

  O trânsito estava tranquilo e gostoso, não demoramos à chegar. Meu pai estacionou e Lucila veio os receber na porta, entramos e fui indo na frente para colocar Heitor na cama.

_ Vamos querida, quero comer e dormir um pouco pra descansar da viagem. -bocejou.-

_ Vamos mesmo que minha barriga está roncando.

_ Isso, bora alimentar meu neto.

_ Ou neta. -o corrigi e fomos.-

                                   (...)

  A família reunida à mesa me fazia sorrir e me emocionar... "Hormônios, odeio vocês que fique bem claro." Meus pais subiram para que descansassem e foi o meu tempo de me trocar e ir rapidamente até a empresa. Tive duas reuniões pela manhã e uma que aconteceu em seguida, mas era com os funcionários que eram diretores de alguns setores. Quando voltei meu pai estava com Heitor brincando no tapete da sala.

_ Aí que pai babão. Socorro! -deixei minha bolsa em cima do sofá e juntei-me à eles.-

_ Vou dizer isso quando o seu nascer. -ri.- Como está se sentindo?

_ Bem diferente e mais madura, antes eu pensava em me divertir e agora quando penso em diversão penso primeiro na minha gravidez.

_ Medo?

_ É... Quase isso, essa criança depende de mim e só de mim.

_ Antes de você nascer eu pensava que não daria conta, que não seria um bom pai. -riu pelo nariz.- Pra te dar o primeiro banho sozinho... Trocar sozinho a primeira fralda... Mas, nada se compara ao dia em que ficamos juntos e sozinhos pelo primeira vez e olha que não foram nem 24h.

_ Sério?

_ É minha filha... Nós temos muito o que aprender, e aprender mesmo somente quando o bebê nascer.

_ Será que dou conta?

_ Vai tirar de letra, com a Melissa foi assim. Não foi?

_ Mas, ela não saiu de mim... Não tive que alimentá-la no meu peito. Me orgulho de dizer que cuidei dela desde pequena e sempre que pude, só que agora é diferente.

_ O seu amor irá te guiar. -disse calmo, bem tranquilo e sorrindo.-

_ Você é o melhor sabia? -ele assentiu.- Convencido.

_ Paizão realista! -risos.- E meu genro?

_ Viajou ontem mesmo e ainda ficou todo triste, que não pode buscar o sogrão no aeroporto.

_ Tô precisando ter uma conversa seria com ele. Pede minha filha em casamento, te engravida. Tá pensando que é várzea?

_ Pai deixa de bobagem, vai...

_ Estou falando sério. E de fosse a Melissa?

_ Ele no mínimo teria um enfarte.

_ Precisei de uns dias pra dirigir a notícia.

_ Mas, no celular o senhor parecia mais calmo que minha mãe.

_ Assim que você desligou sua mãe me deu uma bronca daquelas, porque eu fiquei indignado...

_ Aí pai, só você mesmo.

_ Minha princesa prestes à casar. E tão nova.

_ Não tanto assim. -risos.-

_ Sonhei muito em ver essa cena, os três juntos brincando. -olhamos pra escada e minha mãe estava parada, nos olhando e sorrindo.-

_ Estamos muito sentimentais. -ri.-

_ Demais, tá meio gay isso aqui. Queria mesmo fazer um churrasco, reunir a família e amigos e matar a saudades de todos.

_ Agradeça por eu ter uma filha festeira. Organizei tudo para amanhã e domingo!

_ Uma madrugada inteira de bagunça?

_ Mãe, será o melhor fim de semana da sua vida.

_ Meu genro vem?

_ Mãezinha linda, domingo ele tem show. Então, na terça é certeza...

_ Segunda ele ainda está viajando?

_ Segunda ele vai dormir o dia inteiro.

_ Eu e seu pai queremos vê-lo, ter uma conversa de sogros para genro. 

_ Ih tô começando a ficar preocupada.

_ Não precisa querida, só queremos o melhor pra você e como os seus pais queremos muito, muito, muito que você seja feliz.

~.~

  Eu amei esse capítulo!   A M E I ❤

PS: Comentários anteriores sendo respondidos. Uhuuuuuuul!