Narrado por Fernanda
Anoiteceu e comecei a ter dores, minha "sorte" foi que estávamos todos na cada da Bruna e meus sogros me levaram pro pronto socorro. Mari ligou para Arleyde e disse que estavam me levando e tudo.
Assim que chegamos fui levada para uma sala onde eu seria examinada e depois dali iria para sala de parto.
(...)
_ Está tudo bem doutor?
_ Perfeitamente. Você está tendo contrações, mas não está tendo dilatação...
_ E...
_ E isso quer dizer que foi um alarme falso.
_ Tá brincando, né? -foi aí que ele explicou o que era e fez uma ultrassonografia para mostrar e eu fiquei atenta a cada apontamento.-
Pude trocar de roupa e quando estava devidamente vestida saí da sala e encontrei os olhares curiosos dos meus sogros.
_ Alarme falso. -falei sem ânimo.-
_ Ah. Que pena, pensei que veria o rostinho do meu príncipe hoje. -Mari sorriu.-
_ Mas, está tudo bem? -seu Amarildo perguntou.-
_ Tá sim sogro, ele disse que é sinal de que a hora dele vir ao mundo está próxima.
_ Então temos que ficar espertos com isso. -assenti.-
_ Vou ligar pro Luan... -falei indo um pouco na frente e disquei seu número.- Oi...
_ Amor? E aí. Como cê tá? Como ele é? -perguntava empolgado, cheio de entusiasmo.-
_ Foi alarme falso.
_ Não acredito! Sério? -contei à ele tudo em detalhes, e ele contou também que estava chegando no aeroporto. Que tinham acordado o piloto do jatinho e tudo. Mas, ele disse que ficou feliz que tivesse sido alarme falso porque ele precisava estar presente ou melhor, ele queria estar presente nesse dia tão especial para cada um de nós.- Agora cê tá indo pra casa?
_ Pra casa da sua irmã. Estávamos lá hoje.
_ Fazendo o que lá?
_ Melissa queria brincar com a Laura e nós adultos queríamos jogar conversa fora e comer coisas gostosas.
_ Comilonas... E aquele vídeo hein?
_ Viu que linda? Eu falei que só deixaria ela dormir se falasse com você.
_ E deixou ela dormir?
_ Cinco minutinhos, porque ela tinha aula de ballet.
_ Nem lembrava mais.
_ Você não lembra nem o que comeu nessa janta.
_ Comi um lanche aqui (riu). Muito gostoso.
_ Se entope de porcarias mesmo, depois fica com diarréia e não sabe porque.
_ Fala disso não, lembro da vez que passei mal em Salvador. A coisa foi feia viu.
_ Eu sei, sua irmã me contou. -risos.- Vou desligar tá? Depois nos falamos mais, que agora estou esperando seus pais para voltarmos pra casa.
_ E você vai ficar sozinha?
_ Não, vou dormir na sua mãe. Ela não deve estar me aguentando mais, porque tô quase morando lá.
_ Ela gosta, ainda mais que tem que ficar paparicado mãe e filha... Porque a Melissa é outra manhosa.
_ Eu não sou manhosa, sou um poço de ogrisse e sempre foi assim.
_ Fato. -risos.- Beijo então minha linda, fica com Deus e eu te amo muito.
_ Nós também amamos você. -sorri e encerrei a chamada.-
Mari e Amarildo já estavam à minha espera dentro do carro e em frente ao pronto socorro, entrei no banco de trás e me sentei colocando o cinto e seguimos para casa (casa dela, enfim). Assim que chegamos subimos para nos deitar, Melissa dormiria na casa dos tios e voltaria no dia seguinte por causa da escola.
{...} Duas semanas depois {...}
Minhas cólicas tornaram-se mais frequentes. Sentia muitas dores, mas por não serem tão fortes acabei não alarmando muito. Mas, ficava sempre ligada. Sempre mesmo, Filipe que o diga.
_ Nossa amor, sua barriga tá maior. -eu mal conseguia levantar e o incômodo na hora de dormir estava me deixando bastante irritada.- Desfaz esse bico senão eu mordo, hein.
_ Para... -falei manhosa cruzando os braços acima da barriga.- Tô com sono.
_ Dorme uai...
_ Não consigo, se eu deitar eu não levanto se não vier um guindaste me puxar.
_ Exagerada você né amor, relaxa poxa. -falou colando sua boca na minha.- Isso já acaba.
_ Quando acabar vai ser pior. Minha pepeca não será mais a mesma.
_ Vai continuar linda...
_ Enorme! -ele riu.-
_ Deixa de ser besta, tá pior que a Bruna. -ria ainda mais.- E falando nela, tá chegando o dia do batizado da Laura.
_ Aí... -joguei a cabeça pra trás.- Eu não tenho roupa, sapato nenhum serve no meu pé mais e daqui uns dias nem calcinha tenho mais.
_ Você comprou roupa mês passado.
_ Roupas esticam, ainda mais quando se está grávida... Não vou usar essas calcinhas depois da gravidez é nunca.
_ Tem as antigas, eu acho lindas. Todas elas.
_ Safado.
_ Tô safado mesmo. -beijava meu pescoço.- Tô mais de um mês sem sexo, sem punheta, sem boquete... Tá foda a coisa.
_ Nossa Luan, deixa de ser ridículo...
_ Vai falar que não senti falta de uma boa foda? Fala pra mim, fala...
_ Posso foder todos os dias se eu quiser. Tenho uma parte no closet só de vibradores que é pra não passar vontade. -ele arregalou os olhos.-
_ Prefere um vibrador do que um de carne e osso?
_ Depende muito da potência. -abracei seu pescoço com os dois braços e o puxei pra mim.- Você é potente?
_ Ôh. Muito. -nos beijamos com um pouco mais de intensidade e sua mão boba já estava seguindo o caminho que me levaria à felicidade.-
_ Não. Para...
_ Não vou parar, não agora que comecei...
_ Não amor, tô com sono. Vamos deitar vai... -ele bufou e saiu de cima de mim indo pra fora do quarto. Dei risada daquela safadeza toda e ri mais ainda quando notei sua excitação.- Ôh gatinho volta aqui, vai...
_ Ôh mãe, olha o papai aqui pegando eu pela barriga! -gritava do corredor.- Para, eu vou fazer xixi e minha mãe vai brigar muito com você.
_ Vai brigar muito? Vai nada, ela tá com o Arthur na barriga.
_ Vou contar tudinho, tudinho pra tia Luci!
_ Ah é? Então vou fazer mais...
Esse Luan era pior que criança, mas era feliz. Continuei quietinha e até dei uma cochilada que não foi nem meia hora. Quando tomei coragem e vergonha na cara desci pra almoçar junto com os dois bonitos que já estavam enchendo a barriga de comida. Lucila e Martinha tinham sumido e o sr. Davi Luiz Almeida estava de férias de mim e do Lupy.
_ Mamãe, meu pai disse que você não é de nada.
_ Não, é? Pergunta pra ele quem deixou o Luanjr de castigo. -disse rindo e ele ficou bravo, parou de rir na hora e voltou a comer em silêncio.-
_ Quem é Luanjr? -perguntou curiosa.-
_ É o amigo do papai que vem visitar a mamãe de vez em quando...
_ Deixa eu ver ele um dia? -Luan engasgou com o suco e foi ficando vermelho.- Calma papai, tem que toma devagarinho igual meu avô me ensinou. -tive uma crise de riso enquanto Luan não parava de tossir e Melissa nos olhando confusa, tentando entender esses país completamente malucos.-
Passamos o dia muito bem, ao anoitecer a campainha tocou e eu não fazia ideia de quem fosse até porque eu não costumava receber visitas aquela hora.
_ Pai? Mãe? -pisquei diversas vezes e abri os olhos os encarando.-
_ Tudo bem querida?
_ Comigo sim, mas... vocês... no Brasil?
_ Viemos matar a saudade dos seus avós.
_ Ué, mas... -franzi a testa.- Entrem...
_ Vovó! -Melissa foi pra abraçar minha mãe e meu irmão entrou na frente abraçando as pernas dela e deixando Melissa de bico.-
_ Saí ôh...
_ Heitor, assim não pode neném. Fala "Oi." pra Mê.
_ Nã... -escondeu o rosto.-
_ Mamãe eu quero abraçar minha vó Ana. -Heitor nem dava bola, e ria.-
_ Ôh coisa mais gostosa da Nanda. Vem cá meu amor... -chamei indo me sentar no sofá, ele sentou no chão e veio engatinhando na minha direção e Luan o ajudou subir.- E esses olhos?
_ Pensei que estariam dormindo.
_ Não sei o que é dormir tem quase uma semana. Demoro muito para achar uma posição confortável e quando eu encontro seu neto fica sambando na minha barriga, me acordando.
_ Que chato. -Melissa disse rindo.- Ôh vô, lembra aquele negócio que eu te falei? -meu pai começou a rir e lhe pegou no colo.-
_ Que negócio? -perguntei curiosa.-
_ Coisa de vô e neta. -e saíram pra cozinha.-
_ Vem pra cá mãe, vai ficar aí em pé?
_ Tava aqui toda besta, olha o tamanho da sua barriga filha... Tá chegando a hora do Arthur sair né meu bem...
_ Nem me fale que eu levei um susto esses dias es... -comecei a contar e Luan também contou como se sentiu e ficamos no maior papo, na maior conversa.- ...mas você e meu pai não vieram por causa do Arthur, não é? Não vão me contar o que está acontecendo?
_ Viemos porque seu avô nos ligou há alguns dias nos contando que sua avó foi levada ao hospital e depois de muitos exames ela foi diagnosticada com câncer. -o sorriso no meu rosto não existia mais, minha feição deu lugar à preocupação e o medo de perder minha avó.- E seu pai por ser filho único não quis ficar longe da mãe nesse momento tão delicado.
_ Mas, como isso? Por que eu não soube? Mãe, eu estive lá e ninguém me contou nada.
_ Filha você não soube de nada porque ela não queria te dar essa notícia assim, ligo de cara sem antes ter certeza... Ainda mais que você não pode ter fortes emoções e está na fase final da gravidez.
_ Mãe... -meus olhos marejaram e ela agora segurava minhas mãos, Luan saiu levando Heitor com ele e ali foi só eu e ela.- Por quê? -perguntei baixo.-
_ Essas coisas acontecem, e pode ter certeza que com um propósito. Mas, não quero te ver triste... Ela está para iniciar o tratamento e tudo o que precisa é de apoio... E não de pena.
_ Não é pena, mãe... É que... -chorava.- Minha vó...
_ Vamos colocar nas mãos de Deus e deixar que à vontade dele seja feita.
_ Amém. -fiquei quieta e ela me abraçou.-
_ Eu te contei porque seria pior se soubesse depois de todo mundo. Mas, não quero te ver mal por isso.
_ E tem como não ficar?
_ Tem sim, não pensando que é uma doença terminal e que pra Deus tudo tem cura. -beijou minha testa e deitou-se ao meu lado.-
_ Ela vai ficar bem, não vai?
_ Deus queira que sim minha filha.
Um câncer. Era esse o motivo de tristeza dos meus avós e da Betinha, e ninguém pensou em me contar e eu entendo i porquê... Mas, isso me deu o que pensar o resto da noite. Depois que fomos nos deitar, Luan ficou conversando comigo na intenção de distrair os meus pensamentos, o que não resultou em muita coisa. Por mais que minha mãe havia dito para não pensar na doença de uma forma terminal eu não conseguia.
Fui dormir mesmo já se passavam das quatro da manhã, eu estava exausta e dormi o tanto de tempo que o meu corpo permitiu... Acordei no dia seguinte às 15h da tarde e cheia de preguiça, olhei para o lado e Luan ainda estava deitado mexendo no celular e nem me viu abrir os olhos, notou que eu havia acordado quando coloquei a mão na sua barriga que estava descoberta e me aninhei ainda mais nele.
_ Bom dia minha Pichuletinha.
_ Bom dia ainda? -ri.-
_ Quase boa noite (selinho). Dormiu bastante?
_ O suficiente para não me sentir tão cansada... Na verdade, estou com uma vontade enorme de tomar banho. -falei mordendo seu peitoral.- Ainda não tomou banho, né?
_ Tomei e deitei de novo. Do jeito que eu acordei eu precisava de um banho.
_ E de que jeito acordou?
_ Pensando em você, é claro. -risos.-
_ Sa fa di nho. -nos beijamos.- Cadê a Mê?
_ Quis ir pra chácara também. Eu deixei.
_ Luan... Ela não está de férias, sabia?
_ Ela vai pra escola pintar, brincar... E isso ela pode fazer em casa. -riu despreocupado enquanto eu estava imaginando as faltas.-
_ Sabe que ela tem aulas de natação na escola, não sabe?
_ Inglês e espanhol também. Amor, relaxa. Temos uma filha muito inteligente.
_ Sim, temos. -falei me levantando devagar e caminhando em direção aí banheiro descalça mesmo.-
_ Por que não calça um chinelo?
_ O meu não me serve, meus pés estão inchados...
_ Calça o meu, melhor que escorregar no banheiro e me dar trabalho.
_ Nossa amor...
_ É verdade lindinha, pode voltando.
_ Aí Luan como você tá chato hein...
_ Você que tá manhosa demais só porque está com sono gracinha. -riu de mim se levantando e vindo me dar um beijo.- Hoje nós vamos sair.
_ Sair pra onde?
_ Churrasco entre amigos.
_ Na casa de quem? -perguntei cruzando os braços e ele me abraçou rindo.- Luan!
_ Sorocaba e nós vamos...
_ Ah não, ele depois que ficou solteiro continuou com aquela palhaçada de ficar chamando um monte de menina novinha. Não tô com saco.
_ Você nunca está. -revirou os olhos.-
_ Fala direito comigo, tá pensando que tá falando com o Roberval é? Te meto a mão na cara...
_ Olha que fosse outra coisa eu iria gostar bem mais viu, na minha cara bem molhadinha... Fico até duro.
_ Luan!
_ Tô na seca.
_ E vai continuar porque ainda tem o resguardo segundo a minha mãe, sua mãe, Dalila, Bruna e a lista não acaba...
_ Tô voltando a ser virgem, não é possível!
_ Aí que drama. Me solta vai, deixa eu tomar meu banho que eu ganho mais... -falei saindo de seus braços e voltando para o banheiro. Tomei uma ducha rápida e precisa, aproveitei e fiquei um tempinho a mais lavando meus cabelos que estavam um grude que só. Quando saí o quarto estava com o perfume do Luan em todo canto e ele mesmo nem no quarto estava.
Entrei no closet e fui escolher o que vestir, as opções eram muitas até porque eu havia renovado todo o meu guarda-roupas com looks que iriam bem nessa minha nova fase. A fase mamãe esperando bebê. Escolhi um macaquinho azul marinho com as costas toda aberta e um decote em V na frente, deixei minha sandália rasteirinha ali perto também e comecei a me arrumar. Enrolei uma toalha no cabeça e peguei uma lingerie que não fosse marcar quando vestisse minha roupa. Calcei meus chinelos e fui atrás do homem mais perfumado da casa.
_ Luan!?
_ Oi minha linda. -disse saindo do quarto do Arthur.-
_ Tava fazendo o que aí dentro?
_ Nada uai, vim ver só...
_ Tá. -continuei.- Preciso de ajuda para espalhar o hidratante, que tá difícil. Eu não consigo abaixar...
_ Com o maior prazer. -riu sem vergonha e me acompanhou até chegarmos no quarto.-
_ Vai assim?
_ Tô feio?
_ Não tá feio, tá largado.
_ Não vai ter ninguém de especial... Posso chegar lá de sunga que ninguém vai reparar.
_ Ah vai! Ainda mais que você anda se animando com facilidade. -risos.-
_ Você tá indo muito arrumadinha pro meu gosto.
_ Tô mesmo, vai que encontro outro cantor mais gato! -pisquei e ele riu.-
_ Vai encontrar sim, ah vai...
_ Ciúmes é amor?
_ Sempre tive, isso não é segredo gracinha (selinho). Prontinho. Vá se vestir.
_ Não tô afim, posso ir assim que ninguém vai reparar.
_ Ah não, até porque homem não gosta de peito grande né? Que é pra se perder no meio deles...
_ Que tarado, socorro!
_ Te amo.
_ Cadê a Luci?
_ Dei folga, não vamos ficar em casa mesmo.
_ Mas, eu preciso tomar café!
_ Tá na hora do café da tarde já...
_ É bom ter coisa gostosa naquela casa, porque senão eu vou fazer você ir comprar.
_ Folgada. Anda logo hein...
(...)
Toda vez que aconteciam esse churrascos, acabava virando festa porque chamava um que vinha com outros e traziam mais outros e por fim a casa ficava bem cheia. Eu, folgada e espaçosa fiquei sentada na espreguiçadeira e Luan sentado na cadeira ao meu lado perto de outros quatro amigos dele.
_ Tia é verdade que você comeu uma melancia?
_ Quem foi que te falou isso meu amor.
_ O meu tio...
_ É mentira dele Alice, aqui dentro está o seu amiguinho... O Arthur.
_ E quando ele vai sair?
_ Logo.
_ Eu vou poder ver ele?
_ Vai sim e poder abraçar muito também.
_ Eba! -comemorou.-
_ Tá aí é Alice? Viu a melancia?
_ É um neném tio, Arthur...
_ É ele mesmo, meu filhão.
_ E a Mel, tio?
_ Foi passear, ver os avós.
_ Ah que saco. A Manu nem veio tamém... -sentou fazendo careta e cruzando os braços.- Tia... -me olhou sugestiva.- Brinca de boneca comigo?
_ Brinco sim, você trouxe as suas?
_ Brinco. -não precisei falar de novo e ela saiu correndo lá pra dentro.-
_ Tá de boa aí amor?
_ Tô tranquila, vou brincar de boneca.
_ Com a dona Alice é?
_ Sim, dona Melissa não está...
(...)
As horas foram longe demais, era madrugada e os adultos ainda enchiam a cara, Alice dormia e eu estava sentada no colo do Luan conversando também... Senti uma pontada forte no pé da barriga e me mexi.
_ Tá tudo bem? -Luan perguntou e eu assenti.- Certeza?
_ Uhuum... -continuei ali e novamente veio a dor.- Aí.
_ O que foi?
_ Nada amor. -uns cinco minutos depois senti essa mesma pontada um pouco mais forte e em seguida algo escorrer entre as minhas pernas.- Aí meu deus!
_ Fernanda... Você me molhou todo.
_ Minha bolsa estourou! -falei ficando en pé e vendo minha roupa toda molhada, Luan ficando branco (ainda mais, né?) enquanto os outros dividiam os olhares entre nós dois.- Faz alguma coisa.
_ Quer que eu faça o que?
_ Continue aí olhando que minha cara. -cruzei os braços.- Me leva pro hospital!
_ Fernando pega uma toalha lá dentro. -Mikelly disse vindo até mim.- Consegue andar?
_ Consigo, só tô me sentindo estranha...
_ É normal, fica calma tá?
_ Mamãe!
_ Douglas olha ela pra mim por favor... -pediu e ele assentiu pegando Alice no colo.- Vem comigo, vamos...
Seguimos para o carro, sentei em cima da toalha para não molhar o banco e fomos para o hospital. Luan estava sentado na frente no banco do carona, Zor dirigia e Mikelly ia atrás comigo segurando minha mão.
_ Tá sentindo alguma dor?
_ Um pouquinho, é mais calafrios. Tô tensa...
_ Nada disso mocinha, você tem que relaxar agora... Inspira bem fundo e expira devagar... Inspira... Expira... Inspira... Isso, continua assim.
_ Aí meu deus! -gritei pegando todos de surpresa quando senti uma contração mais forte.- Meu deus!
_ Continua respirando.
_ Tá doendo... -fechei os olhos jogando a cabeça pra trás.- Luan!
_ Tô aqui amor, estamos chegando...
Esse estamos chegando dele pareceu demorar horas e horas. Nunca rodamos tanto numa cidade,
quando pegamos a avenida que dava acesso à maternidade estava um trânsito daqueles, muito congestionamento e eu comecei s soar muito, minha testa estava molhada, as dores vinham em intervalos ainda menores e mais fortes. Eu tentava segurar estava com medo do meu filho nascer ali, dentro de um carro no meio do trânsito.
_ Falta muito?
_ Tá tudo parado aqui, não temos outra alternativa a não ser esperar...
_ Droga, o bebê está nascendo e agora? -Mikelly era a mais calma, porém até ela estava apreensiva.-
_ Filipe!
_ Ah não, isso é hora pra lembrar daquele infeliz?
_ Amor, ele pode nos ajudar... Liga pra ele e põe no viva-voz. -pedi e ele assim fez pegando meu celular e discando o número.-
_ Oi Nandinha.
_ Aqui é o Luan, marido dela. -"Ui marido (risos) o que o ciúmes não faz né?"-
_ Fala aí, cara...
_ O Arthur está nascendo e estamos presos no trânsito.
_ Quem está com você aí? -Luan foi dizendo e Filipe foi nos orientando na medida do possível. Pediram para que eu trocasse de posição e fizesse força para baixo como se estivesse evacuando, segurar um pouco mais a respiração na hora de expirar e foi ainda mais doloroso.-
_ Eu não vou conseguir... -comecei chorar.-
_ Você vai sim, respira fundo e faz força Nanda. -eu tentava empurrar mais e nada.- Puxa bem o ar, e agora empurra com força... Meu deus, tô vendo o cabelo dele... Nanda não para continua...
_ Argh! -fechei os olhos e empurrava com vontade até que saiu a cabeça e um pouco mais escutamos o choro e eu pude respirar um pouco mais aliviada.-
_ Nasceu! -foi o que eu escutei.-
_ Ele é lindo... -falei olhando-o e passando o polegar em seu rosto.-
_ Precisamos ir pro hospital agora...
_ O que está acontecendo?
_ Ela está perdendo sangue e não temos como cortar o cordão umbilical... -as vozes foram ficando distantes, assim como os sentidos pareciam estar cessando, o choro do Arthur parecia ter acabado e eu fui apagando aos poucos.
{...} Dois dias mais tarde {...}
Abri os olhos lentamente e tudo à luz me incomodou bastante, estava em uma sala toda branca, escutando apenas o barulho do aparelho. Tubos no meu nariz, soro pingando na minha veia. Não demorei a deduzir que estava num hospital, foi aí que me lembrei de tudo e queria falar, queria chamar alguém pra saber do meu filho.
_ Olha quem acordou. -reconheci Filipe assim que ele entrou na sala, mas ainda não disse nada.- Deu um susto na gente hein, nunca vi um marmanjo chorar tanto em anos. -riu e eu franzi a testa tentando associar de quem ele falava.- Não vai falar comigo, não? Pensei que fôssemos amigos. -risos.- Ah, ela sabe sorrir... Como se sente?
_ Dolorida.
_ Escutando bem? -assenti.- Enxergando bem? -assenti outra vez.- Falando bem? Ou o gato comeu sua língua?
_ Cadê meu filho?
_ Ah, falando bem você está né? -ri.- Ele está no berçário, está tudo bem. Agora minha preocupação foi com você que ficou desacordada por dois dias.
_ Dois dias? -perguntei assustada.-
_ Perdeu muito sangue, muito mesmo. Tinha até médico desistindo de você boneca. -ele foi contando o que havia acontecido enquanto me examinava, quando terminou trocou meu medicamento e disse que iria buscar Arthur para que eu pudesse pegá-lo no colo.- Seu marido tá ai fora querendo entrar, não vou deixar não. -riu.-
_ Deixa de ser besta, Filipe.
_ Tenho ciúmes das minhas pacientes. -riu abrindo a porta e saiu.-
Luan entrou na sala acompanhado da enfermeira que trazia meu filho. Todo limpinho, trocadinho e de touca...
_ Oi princesa, como você está?
_ Melhor agora com certeza. -falei pegando-o no colo e olhando seu rosto, bem branquinha, mais branco que a Laurinha quando nasceu e muito fofo.- Oi amorzão da mamãe. Como você é lindo meu príncipe. -ele bocejou e meus olhos marejaram.-
_ Vou deixar vocês mais à vontade, mas qualquer coisa me chamem. -disse mostrando a campainha que tinha ao lado da cama e que tocava dentro da sala onde elas ficavam, e saiu.-
_ Nem parece que é seu filho. -falei brincando e ele fez careta.-
_ Minha cara. -risos.- Olha essas bochechas.
_ Lindo igual a mãe e a irmã. -ele continuou de olhinhos fechados, todo preguiçoso. Era leve, gostosinho de pegar e me dando vontade de morder de tão lindo.- Aí que lindo esse meu filho. Não pensei que fosse babar tanto nele. -sorri.-
_ Vai pagar com a língua, porque meu filho é lindo e gostoso igual o pai.
_ Aí nossa... E seus pais já sabem?
_ Os meus e os seus, fora minha equipe, suas amigas loucas... A galera que estava no Sorocaba e meus fãs.
_ Resumindo... Todo mundo.
_ Sim. -risos.- Mas, ainda nenhuma visita.
_ Sério?
_ Uhum, só nós o vimos... Achei melhor curtir nosso meninão primeiro e também nem pensei muito nisso, queria que você acordasse logo.
_ Acordei!
_ Boba (selinho). -sentou ao meu lado.- Não parece que ele tem dois dias...
_ Não mesmo, grandão. Culpa sua. Acho que nunca gritei tanto na vida, nem pra perder a virgindade.
_ Porque não foi quem tirou, senão você ia gritar bem mais.
_ Aí como você é ridículo.
_ Também te amo.
_ Então quer dizer que meu afilhado nasce e ninguém me convida pra fazer uma visita? Vim sem convite mesmo, e trouxe presente.
_ Pelo menos isso né Loira.
_ Luan!
_ É madrinha, tem que dar presente mesmo.
_ E o padrinho você já sabe né?
_ Tudo bem, eu deixo.
_ Você deixando ou não, será o Davi.
_ Só porque o padrinho da Melissa é o Testudo.
_ Hm... Sério?
_ Super.
_ Besta. -voltei à atenção para o meu pequeno, que naquele momento me passava paz e fazia-me sentir como se estivesse segurando meu mundo nos braços. Aquele cheirinho de neném, uma delícia.-
_ Hora de comer né mãezinha? -dizia a enfermeira entrando novamente no quarto.- Está quase na hora de você amamentar e precisa estar bem alimentada.
_ Sério?
_ Seríssimo. Trouxe o que estava no seu prontuário, está uma delícia.
_ O que temos para hoje?
_ Arroz, feijão, filé de frango grelhado com salada de tomate e suco de laranja com beterraba.
_ Tomara que esteja boa, porque agora deu até fome.
_ E está. -disse destapando a bandeja e trazendo até meu colo, Luan havia pego o filho e estavam andando pelo quarto.- Bom apetite.
_ Obrigada.
Peguei o garfo e faca e comecei minha refeição e estava realmente uma delícia, mas não se comparava à comida da Martinha nunca, muito menos a da minha mãe e menos ainda a da minha sogra.
_ Queria entender porque esse branquelo não me deu meu sobrinho ainda. Deixa eu segurar ele, Luan.
_ Vai é derrubar meu filho.
_ Tive dois seu trouxa, acredite, eu sei segurar uma criança recém nascida.
_ Sabe mesmo?
Esses dois não tinham maturidade para certas coisas, por isso esse briguinhas de crianças.
_ Sinto lhe dizer, mas ele é a cara do Luan. Não tem nada seu aqui.
_ Obrigada, pela parte que me toca.
_ Mas, relaxa. Ele é seu filho, nasceu de você.
_ E foi sofrido viu am... -comecei a contar e ela escutando tudo com muita atenção e fazia caras e boca igual eu, mas pior mesmo foi o Luan escutando as baixarias ditas por ela que não tinha freio na língua.-
_ Filha minha buceta pareceu ter aumentado três vezes de tamanho e assim, eu pensei que nunca mais voltaria ao normal. -eu ria muito, Luan estava vermelho já. Todo envergonhado.-
_ Filipe disse que volta ao normal, que só aumenta na hora da dilatação mesmo.
_ Mas, eles dão alguns pontinhos. Porque na hora de fazer força fizeram um corte, é que você não teve isso. Aliás, guerreira hein... Sem anestesia nem nada. Nasceu com a bunda virada pra lua.
_ Meu deus, fica quieta que está constrangendo o pai do meu filho.
_ Ah, nunca escutou a palavra buceta na vida? -começou a rir.-
_ Vocês não são normais. Não mesmo. -disse abrindo a porta e saindo.-
_ Viu o que você fez?
_ Luan é muito cheio de frescura isso sim, seis anos e ele ainda não acostumou. Ele é machista demais amiga.
_ Eu sei (ri). Mas, ele morre de vergonha.
_ Besta mesmo viu. Pior que eles todos são assim, esses dias minha foi em casa né e começamos a falar do meu ciclo menstrual coisa que o Rodrigo sabe, mas quando minha mãe começou a comentar e tocou no assunto de estar com a vida sexual ativa ele engasgou com a saliva e não parou mais de tossir, foi muito engraçado.
_ Imagino, trouxa do jeito que você é começou a rir não foi?
_ Pior que foi menina, ri muito.
_ Aí Dalila o que eu fiz pra te merecer hein?
_ Nos merecemos meu amor, você é igualzinha à mim. -Arthur começou chorar e como eu já havia terminado de comer não vi problema em amamentar.- O sr. Vergonhoso não quer ver isso?
_ Chama ele lá... -ela saiu me deixando ali à vontade com o meu corpo e meu filho. A camisola abria na frente justamente para facilitar, e com cuidado coloquei meu bico na boca dele.- Vai devagar tá neném, a mamãe é nova nisso. -ri alisando seu rostinho devagarinho enquanto ele começava a sugar.-
_ Isso aprende rápido, né?
_ Não fala assim dele que meu bebê é inocente.
_ Os pais dele que não. -disse minha amiga.- Tirando de letra né amiga?
_ Anos de prática, a diferença é que não saía leite. -começamos a rir que não paramos mais.-
_ Você é a pior, affe ridícula você Fernanda.
(...)
(...)
_ E finalmente depois de três longos dias estou em casa. Que ótimo! -falei cruzando a porta e dando de cara com o silêncio.- Cadê todo mundo? Hein amor?
_ Não sei, mas como sabiam que você precisava de descanso pode ser que venham amanhã.
_ É até melhor, porque tudo o que eu quero é dormir na minha cama. -falei indo para o andar de cima da casa. Coloquei o pequeno na cama e fui tomar um banho que duraria bem mais se ele não tivesse chorado. "Bem vinda ao mundo das mamães que não dormem muito, não demoram no banho... E por aí vai."
~.~
Depois de um susto com o alarme falso, eis um nascimento haha
Arthur veio ao mundo de uma maneira diferente e foi bom, porque eu arrisquei e fugi do nascimento em uma maternidade (risos). Espero que tenham curtido assim como eu, creio que esse nascimento veio para alegrar a vida da Nandinha que ficou super triste com a notícia da doença da avó (eu também fiquei, poxa). Mas, agora começa uma nova fase não é mesmo? E confesso que até eu estou ansiosa e na expectativa para os acontecimentos. Beijão, amo vcs ❤
Arthur veio ao mundo de uma maneira diferente e foi bom, porque eu arrisquei e fugi do nascimento em uma maternidade (risos). Espero que tenham curtido assim como eu, creio que esse nascimento veio para alegrar a vida da Nandinha que ficou super triste com a notícia da doença da avó (eu também fiquei, poxa). Mas, agora começa uma nova fase não é mesmo? E confesso que até eu estou ansiosa e na expectativa para os acontecimentos. Beijão, amo vcs ❤