Capítulo 192 - Parte IV

Narrado por Fernanda

  Luan foi rude com a Mê que ficou com uma carinha de choro que me partiu o coração, me virei para ajeitar Arthur na cama e quando olhei outra vez uma lágrima estava em sua bochecha.

_ Vem aqui meu amor, vem com a mamãe.

_ O papai tá bravo comigo. -deitou a cabeça no meu peito e chorou baixinho.- Cê tamém mamãe?

_ A mamãe ficou chateada, porque a senhorita está bem desobediente e isso é muito feio. -dizia com calma.- As vezes que a mamãe chama a sua atenção é pra você aprender e não fazer errado, pra depois não vir outra pessoa e te dar uma bronca maior ou dizer que você é mal educada. -ela nada dizia.- Então, quando algum adulto... -expliquei que era eu, Luan, os avós e os adultos que nos rodeavam.- ... você tem que obedecer, pro seu próprio bem meu anjo.

_ Desculpa mamãe, não vou fazer mais. -limpou o rosto.-

_ Posso confiar?

_ Pode confiar.

_ Então me dá um abraço bem forte e bem gostoso, para de chorar e vamos trocar de roupa que está calor, né amor. -ela assentiu e fez o que eu havia lhe dito.

  Se teve uma coisa que eu aprendi nessa aventura de assumir a Melissa como filha, foi conhecer minha pequena, conhecer o jeitinho dela. E confesso que não era sempre fácil e sei também que nisso ela é igualzinha o Luan, gosta de dar a última palavra. Mas, ela tem só seis anos... Depois que troquei sua roupa ela quis dormir um pouco, e nisso Luan trancado naquele banheiro.

_ Luan? -bati na porta e não tive resposta alguma, mas o chuveiro estava ligado.- Tá tudo bem?

_ Sim. O que foi ?

_ Nada eu só queria saber. -falei tenta do abrir, mas estava trancada.- Vai demorar? -tudo voltou a ficar em silêncio, segundos depois a porta destravou e ele abriu a poeta rapidamente me dando um susto.- Vai assustar sua mãe, seu troxa.

_ Desculpa. -ria, sem um pingo de arrependimento.-

_ Melhorou seu humor?

_ Não... -suspirou e deu-me as costas indo até a mala, fiquei onde estava o observando e notei que Luan estava tenso até demais. Assim que ele vestiu uma cueca e uma bermuda (porque as crianças estavam no mesmo quarto que nós), eu o conduzi até a cama deitando-o de costas e me sentando bem acomodada em cima daquela bunda macia.- Tudo o que eu precisava... -fechou os olhos e se deixou levar enquanto eu massageava suas costas devagar, tirando toda tensão que ele estava sentindo e pude o sentir relaxar embaixo de mim e logo dormir.

  Foi a minha vez de jogar uma água no corpo antes de me juntar à ele na cama e abraçar sua cintura sendo retribuída da mesma maneira e dormimos o dia inteiro praticamente, fomos acordar mesmo com o celular despertando e como ninguém sabia onde estava, todos acordaram e não dormimos.

_ Desliga isso cara, ainda tô com sono. -virou de bunda pra cima colocando o travesseiro na cabeça.-

_ Mamãe! Faz parar o barulho, ele vai chorar... -Arthur estava de olhos bem abertos, mas não chorava.-

_ Não vai não... -me levantei e fui seguindo o barulho do despertador até que cheguei próximas as malas e abri, no fundo de uma delas estava o bendito. Desliguei e fui pegar meu bebê no colo.- Ôh mamãe eu nem vou dormir mais, né? -ele começou resmungar, queria chão e foi o que eu fiz. O deixei no chão enquanto pegava meu celular e calçava meus chinelos, peguei também a fralda de boca e saímos os dois do quarto.

  O lugar era bonito, na verdade a paisagem era linda e extremamente aconchegante. Sentei na área externa e como era grama, não liguei de deixar Arthur ali se divertindo.

_ Seu filho?

_ Si-sim... -respondi olhando pra trás.- 

_ Quantos meses?

_ E por que eu te diria? Nem te conheço...

_ É... me desculpe... Carlos. -estendeu a mão e eu apenas sorri sem fazer o mesmo.- Sou o gerente do hotel.

_ Hm... Fez um bom negócio.

_ Está na cidade a passeio?

_ Estou acompanhando meu noivo, ele fará um show aqui na cidade.

_ Seu noivo é cantor?

_ Tá querendo saber de mais. Tchau. -me levantei pegando Arthur no colo e voltamos para o quarto.- Cara chato, affe... -bati a porta e nem reparei que Luan estava enrolado na toalha e de braços cruzados.- 

_ Que cara?

_ Gerente do hotel, me enchendo de perguntas que não competiam a ele saber. Inconveniente. -ele riu e veio até mim.-

_ Fica tão lindinha nervosa, é até engraçado.

_ Ridículo. -e fui colocar Arthur na cama.- Melissa voltou a dormir mesmo?

_ Depois de chorar, sim, ela dormiu.

_ Chorou por que?

_ Porque queria descer sozinha e eu disse que não, que ela não quis descer com você então não ia descer sozinha. -suspirou.- Ela está impossível.

_ É a idade amor, idade. 

_ Não tem isso de idade não, é frescura e vou deixar ela de castigo se continuar com essas graças.

_ Aí Luan você quer ficar brigando toda hora com a menina e sem necessidade.

_ Sem necessidade? Tá bom. Mas, quando ela for mal educada com você eu não vou falar nada. -e saiu.

  Um homem muito paciente para alguns assuntos, já outros... Preferi ficar quieta, ou melhor, fui separar minha roupa e a das crianças para o show de mais tarde.

(...)

_ Não vai ter camarim. -Arleyde nos disse ainda na van a caminho do show.-

_ Não!? Como não? Por quê?

_ Convidados do contratante, apenas.

_ Não acho justo com os seus fãs de verdade. Porque os contratantes socam dentro dos camarins só quem convém, umas oferecidas peitudas ou uns caras que querem se beneficiar. Affe!

_ Nanda não é tudo que eu posso fazer... Muitas coisas são injustas, realmente... Mas... Eles estão pagando.

_ "Eles estão pagando..." me desculpa, mas sua resposta é sempre essa referente ao assunto e o Luan não abre a boca, se faz de cedo, surdo... 

_ E o que você nos sugere?

_ Não sugiro nada não. Só não acho certo que ele demore tanto à voltar em uma determinada cidade e quando volta não atende o mínimo de fãs. Deveria ser uma prioridade antes de fechar o show. -ninguém falou nada e isso foi o suficiente para me deixar de cara fechada até que chegamos no local. Lotado, recorde de público mais uma vez e eu orgulhosa demais por isso.

  Entramos e ele foi para o camarim, atendeu os tais convidados e eu não fiz a fina não, fui mais cara de pau que o normal.

_ Torres, não é?

_ Isso mesmo. -sorriu ainda com seu copo na mão.-

_ São regras da casa não permitir o atendimento dos fãs através de sorteio? -de branco o homem ficou vermelho, gaguejou umas três vezes antes de tentar me responder e ainda assim se calou, buscou uma resposta e pensou que me enrolou quando mudou de assunto. Luan? Não se intrometeu e a Arleyde não gostou nem um pouco, mas nem tudo está perdido, Rober e Well riram junto comigo.

Luan estava pronto para subir no palco, nos reunimos para uma oração e então ele foi e nós ficamos no backstage, dali dava pra ver tudo! Todo o público e meu gatinho brilhando com toda sua desenvoltura no palco. Pensei que Arthur iria chorar ou estranhar, e foi muito pelo contrário, ele estava mais que gostando. Pulava no meu colo e tudo.

_ Ôh amor, sossega que você está bem pesadinho Arthur. -sentei um pouco e o coloquei no chão, respirei fundo e relaxei meu corpo.-

_ Mamãe, olha o que ele tá fazendo! -abri os olhos devagar e ele estava passando pela bateria e chegando no meio.-

_ Meu deus, esse menino viu. Não posso piscar que ele apronta... -tapei os olhos e escutei uma gritaria maior ainda, Luan o viu e o pegou no colo.-

_ Cêis conhecem? -brincou.- Fala "Oi." pras gatinhas. -Arthur gargalhou e mandou beijo, todo fofo.- Ele tava escondidinho com a Nanda e a Mê ali no backstage, deu uma escapadinha. -mais gritos ensurdecedores.- Ôh muié, chega aqui...

_ NÃO! -falei e ele riu vindo até mim.-

_ Fala pelo menos um "Oi." vai. -pôs o microfone na minha boca e eu dei apenas "Boa noite".- Ela é tímida gente. -risos.- 

_ Papai leva eu...

_ Cê vai cantar? -ela disse que sim, e então fizemos a troca. Peguei o fujão que estava radiante, parecia que entendia a arte que tinha feito. O enchi de beijos e desci para o camarim, Luan o entregou na hora certa que ele tinha feito côco até o "pescoço".-

_ Filho, você não parece que tomou só leite não. Meu deus! -ele estava bem à vontade, tinha que ver. Matava a mamis de emoção, já estava ficando com saudades imaginando como seria quando meu pequeno crescesse. Como Arthur ainda iria mamar eu acabei ficando por lá mesmo, até porque depois de alguns minutos no peito ele dormiu.

  Aproveitei pra ir ao banheiro, comer uma frutinha e olhar meu celular e o que já tinha de fotos das crianças aparecendo no show de hoje foi de me deixar de boca aberta.

(...)

  Em outros tempos se fosse duas da manhã eu estaria mais que acordada, mas uma Melissa e um Arthur na minha vida, às duas da manhã eu já queria estar no 15° sono... Um sonho não realizado, porque com apenas quatro dias viajando com o Luan a rotina deles mudou de maneira brusca e eles não tinham horário pra mais nada, dormiam de dia, acordavam na hora do show e eu aqui acabava que nem um zumbi. Aí estou ficando é velha!

_ Você está com uma carinha diferente...

_ Estou cansada... -fui sincera.- De verdade, estou gostando da viagem e aproveitando dela com vocês, mas amor, essa rotina doida está me deixando com olheiras e aumentando meu gasto com maquiagem. -ri lhe dando um selinho.-

_ Quer voltar pra casa?

_ Dá pra aguentar até o final, só preciso de uma boa noite de sono.

_ Agora? -assenti e ele riu.- Tá bom, vou dar uma volta com eles. -disse se levantando e saiu do quarto.

...

  Horas muito bem dormidas, como era bom dormir. Na verdade era ótimo! Acordei muito bem disposta, precisava de um banho e estaria renovada. Aproveitei que o quarto ainda estava vazio e corri pro banheiro, deixei a água quente cair em meu corpo levando todo resquício de preguiça e cansaço aparente, lavei também meus cabelos e ainda tive tempo para uma hidratação rápida enquanto me lavava mais uma vez. Foi um dos meus banhos mais demorados desde que Arthur nasceu e eu gostei muito disso.

_ Mamãe! -Melissa apareceu no quarto.- Cadê você? -abri a porta do banheiro e saí.-

_ Tô aqui. O que foi?

_ O Art caiu de cara e tá chorando... 

_ Caiu como? -perguntei "calma".- Cadê o papai? -ela não precisou responder, Luan cruzou a porta com Arthur no colo, o pequeno estava de chupeta mais seus olhinhos denunciaram que ele tinha chorado muito, bochechas molhadas e com sua testa e nariz ralados.- Meu deus... Vem com a mamãe meu amor. -ele veio pro meu colo já deitando a cabeça no meu ombro.- Luan?

_ Ele caiu, foi isso.

_ Foi isso? E onde você estava que não viu? -ele ficou quieto.- Não vou nem te falar nada. E você dona Melissa, já pro banheiro. -ela assim fez.-

  Voltei pro banheiro e joguei uma água no corpo dele, ajudei Melissa também e saímos. Enquanto pedi pra ele ajudar Melissa com a roupa, peguei Arthur e passei uma pomada onde estava ralado e ele chorou mais, tadinho.

 Deixei ele deitadinho enquanto fui vestir uma roupa qualquer, ou melhor, uma calcinha e uma blusa dele.

_ Mamãe, cadê sua roupa?

_ Na minha mala, por quê?

_ Porque cê tá com a camisa do papai. -pôs as mãos na boca rindo.-

_ Ela é folgada filha, liga não. -sorri ironicamente e fui secar meus cabelos, na verdade enxuguei um pouco com a toalha e depois a enrolei na cabeça.- Não vai comer nada? Lembre-se de que precisa.

_ Estou com fome mesmo, mas queria comer alguma coisa diferente... Um feito do mar por exemplo... -falei me deitando na cama e pondo Arthur em cima de mim.-

_ Camarão?

_ Hot roll... Ceviche... Tem algum restaurante por aqui de comida japonesa?

_ O Testa que deve saber...

(...)

  Segundo dona Arleyde Caldi e Roberval Lelis, daria para irmos ao restaurante à noite antes do show que teria seu início previsto para às 22h00. Aconteceu que por ser fim de semana estava bem cheio e se fôssemos esperar uma mesa ficar disponível iríamos demorar no mínimo uma hora e meia, e era 20h13min a hora que chegamos.

_ E aí galera?

_ Podemos pedir e comer no camarim, porque esses dois não vão sossegar. -Melissa já mexia as perninhas querendo correr. E Arthur se jogando pra descer do meu colo, crianças ligadas no 220.-

_ Então vamos voltar pra van... -Luan pegou as crianças e saiu, junto com os outros, eu e a Lelê fomos fazer os pedidos e demos o endereço que deveria ser entregue. E saímos.-

_ Mamãe eu vou poder ficar com o meu pai no palco?

_ Lógico que não, você vai cantar?

_ Eu quero ficar com ele. -deitou em seu colo.-

_ Depois do show podemos fazer o que você quiser, ok?

_ Ok, mother.

_ Falando inglês, gatinha?

_ Yes, my friend...

_ What's your name?

_ My name is Melissa. And you?

_ My name is Fernanda. Nice to meet you.

_ Nice to meet you too.

_ Very good. -beijei seu rosto e Luan nos encarava com cara de paisagem, ri muito.-

_ Parô?

_ Yes...

_ Besta.

(...)

Chegamos e fomos para o camarim, o lugar estava cheio, eu diria lotado. Mas não tinham aberto a casa de shows. então fomos "jantar" no camarote mesmo. Juntamos as mesas, pegamos várias cadeiras e taran, estávamos acomodados e com nossa comida favorita sendo servida.

@fermarques: Sou a mulher mais feliz do mundo ♥

_ Mais feliz do mundo por causa de comida?

_ Sim, exatamente. -risos.- Passa pra cá, queremos mais...

_ Mamãe, quero esse aí também...

  Eu diria que tudo que é bom dura pouco, e não estava de todo errada. Jurei ter visto Angélica, sim a vaca que fodeu com a minha vida. Mas já estou avisando que caso seja ela, farei o que tinha que ter feito e não tive a oportunidade. Dar uns belos de uns tapas pra ela não se jogar pra cima do homem de ninguém.

  Luan percebeu que eu fiquei meia assim, mas não perguntou até porque eu bem disfarcei.

 Terminamos de comer e ele foi se vestir, eu continuei ali sentada com as crianças e a Lê que ainda comia junto comigo e Juliano.

_ Ficou quietinha de repente...

_ Cansaço, comi demais... -ri.-

_ Alô? 

_ Tô com saudades, quer vir aqui não?

_ Tô comendo amor, e nos vimos tem no máximo o que? 7 minutos?

_ E daí? Esse camarim tá vazio demais...

_ Tá daqui a pouco eu chego. -nos despedimos e desliguei dando risada. Esperei alguns minutos e criei coragem pra descer, até porque liberaram a entrada e eu tinha que passar pelo salão pra chegar no camarim.-

_ O que está fazendo aqui?

_ Eu vim conversar, estava aqui na cidade e pensei que...

_ Não pensou nada, pode caindo fora... Não te quero aqui não.

_ Nossa, depois da nossa última noite é assim que você me trata?

_ Isso faz anos e mais, você sabe muito bem que não aconteceu nada entre nós.

_ Eu sei que não, mas não é o que sua noiva acredita... Não é? 

~.~

  Oi? Angélica? Como assim? Agora até me animei mais pra escrever minha gente. Façam suas apostas:

a) Fernanda mata Angélica.

b) Rola treta.

c) Fernanda vai embora sem saber do que se trata.