Narrado por Melissa
Admitir um erro é sinal de amadurecimento, eu acho. E foi pensando nisso que tive a iniciativa de me desculpar com a minha mãe. Mas tinha que ser real, algo que fosse do coração e eu conseguisse esvaziar meu peito e me abrir para ela. Uma carta seria o ideal, mas ela merecia bem mais que isso e foi assim que comprei o Thor.
Pedi a ajuda da minha madrinha, fomos ao pet shop e escolhemos aquele sem vergonha que sem dúvidas deixaria minha mãe muito feliz. Até porque desde que nosso amigão se foi aquele quintal ficou vazio, a grama crescendo e sendo aparada, a casinha sendo limpa... mas vazio sempre. E nosso novo amiguinho nos traria boas risadas e mais... a Nena merece ter um amigo fiel assim como eu tive dois: o Puff e o Lupy.
Depois de pronta a carta deixei com o envelope e assim que consegui colocar o laço no Thor terrível, o fiz dormir e coloquei junto rezando pra ele não acordar e morder tudo ou cagar em cima da cama dela, o que seria mil vezes pior.
Só que ainda faltava uma coisa, flores, na verdade rosas e eu já tinha encomendado e faltava buscar. Como minha madrinha não ia poder ir comigo chamei as meninas, mas a Tacy teve que trabalho e não pode, deixando apenas a Nay com a missão de deixar eu em casa e inteira.
_ Caralho, Melissa. Era pra eu estar no cinema.
_ Você é uma ótima amiga, por isso está aqui comigo agora comprando flores para a minha mãe.
_ Só saí da minha casa porque assim, eu amo sua mãe e amo vocês duas juntas... só por isso.
_ É o que eu mais quero, e estou bem disposta a recomeçar.
_ Aham, sei. Nenhuma recaída?
_ Ele não me procurou mais e você não teve a descencia de dizer nada.
_ Ele é meu tio, mas não mora comigo e mesmo que morasse. Ele deu mancada com a sua mãe e eu não quero vocês dois juntos. Fim.
_ Nay...
_ Eu nem vejo ele lá em casa se você quer saber. Até porque meu avô não está muito assim com ele desde que tudo aconteceu, e nisso você ainda era uma criança.
_ Vai me dizer que não sabe se ele tem outra?
_ Bom, se ele não tem outra ele bate punheta amiga.
_ Como você é ridícula.
_ Realista Xuxu. Meu tio é homem, até eu se não fosse sobrinha nem sua amiga já teria ido pra cama com ele.
_ Eu te odeio Nayara.
_ (riu) Eu também amo você.
Andávamos pela avenida rindo alto das pessoas, dos animais, até de coisas nossas. Passamos na floricultura e também em uma sorveteria onde escolhemos uma mesa ao lado de fora para aproveitar o solzinho da tarde.
_ Olha minha unha que ridícula, meu deus. -dizia olhando para as unhas enquanto eu estava muito preocupada com o tamanho do meu sorvete.- Falo sério.
_ Oxê amiga, faça as unhas.
_ Não estou tendo tempo pra nada, estudar cansa minha beleza. Enche o saco.
_ Ah, mas você gosta do curso que escolheu então...
_ Amo medicina veterinária migs, mas assim... cansa.
_ Chatona você hein, pelo amor de deus.
_ Vem cá e você hein...
_ O que tem eu?
_ Nenhum namoradinho? Não tem visto mais o Leo...
_ A gente se fala muito pelo whats ate porque pessoalmente não temos tempo, mas não estamos ficando.
_ Meu, ele é uma pessoa tão sossegada amiga. Tão lindo aquele loiro, você loira...
_ Acho que ele não me quer não.
_ Por que não tenta? Ele está solteiro! Sabe o que essa palavrinha significa amor?
_ Livre para ir pra cama com quem ele quiser, quantas vezes que tiver vontade.
_ Chata hein...
_ "Realista Xuxu." -a imitei rindo em seguida. Ficamos quietas por alguns segundos, ocupadas demais com a boca cheia e eu dando uma olhadinha no celular.-
_ Puta que pariu. -franzi a testa, olhei para ela.-
_ O que doida?
_ Não olha agora, mas acho que é o meu tio ali parado do outro lado da avenida...
_ Onde? -olhei para trás e nossos olhares se cruzaram, mas ele logo virou a cabeça e voltou a sorrir para uma ruiva que estava de frente para ele.- Quem é aquela?
_ Não sei, pode... sei lá... ser uma amiga.
_ Vamos lá comigo...
_ Fazer o que lá? É melhor irmos para casa Melissa. Casa, entendeu?
_ Não terei outra oportunidade como essa, quero que ele olhe nos meus olhos e diga que não quer mais nada comigo, porque não responde as minhas mensagens e...
_ Ah não amiga, você não pode se rebaixar a isso. Para...
_ Tudo bem... vou sozinha. -levantei e fui com a cara e a coragem, nem vi se a Nay estava me acompanhando ou não. Ele tinha acabado de entrar no barzinho com aquela mulherzinha, entrei afobada olhando ao redor até que o encontrei puxando a cadeira para que ela se sentasse. Minha reação foi ir até ele.-
_ Melissa. -escutei a Nayara me chamar, olhei para ele que continuou em pé, agora me olhando.- Amiga... -voltei a andar em direção ao casal.-
_ O que você está fazendo aqui?
_ Por que você sumiu? Quem é ela?
_ Melissa... não temos o que conversar. Acabou.
_ Acabou? É isso que você tem a me dizer?
_ Queria que eu dissesse mais alguma coisa? O que você quer ouvir de mim?
_ A verdade, olhando nos meus olhos.
_ Foi bom o que tivemos, eu curti essa aventura mas... não dá mais.
_ Murilo, você...
_ Me desculpa. -meus olhos estavam marejados, minha garganta seca e ele continuou a dizer aquele monte de mentiras... dizer que não era um amor que sentia por mim, que se aproximou pensando que atingiria meus pais e que me levou pra cama para saber se eu tão gostosa quanto a minha mãe. Eu fiquei louca, desacreditada e destruída... fui usada.- Você é linda, mas... não é pra mim. -beijou minha testa e soltou meu braço, olhei em volta e vi a tal ruiva sorrir... me deu um ódio, uma raiva fora do comum quando ela me olhou com pena, olhei para Nayara que não dizia nada e sai correndo, queria ir pra casa, ir para o colo da minha mãe. Sai do bar e continuei até que me encontrei no meio da avenida, assustada com a buzina de uma moto que desviou de mim. Olhei atordoada para os lados, com medo ao ouvir minha amiga gritar e em questão de segundos meu corpo ser arremessado para longe fazendo com que eu apagasse.
Narrado por Murilo
(...)
Na vida toda escolha gera uma consequência e comigo elas tem sido grave desde a minha saída da prisão. Foram meses tentando reestruturar minha vida, tentando recomeçar do zero em um outro lugar, longe de tudo o que antes era minha rotina.
Não foi fácil, mas o que eu faria? Meu pai virou as costas pra mim não permitindo que minha mãe se aproximasse, meu irmão e minha cunhada não"puderam" fazer absolutamente nada até porque não tinham essa obrigação... e meus amigos? Bom, um deles estava se mudando para Minas Gerais e me chamou para que eu fosse com ele, desse um tempo para as coisas se ajeitarem e nisso foram anos.
Passei por muitos "Não!", tive que lidar com o preconceito de ser um ex-detento e não conseguia trabalho registrado em lugar algum. Foi quando surgiu a oportunidade de voltar para São Paulo e atuar na área em que me formei, só que não seria professor em uma grande universidade e sim em uma escola de ensino médio. Estava tudo bem, na verdade bem demais... Havia comprado uma casa, carro e estava cursando uma pós.
Nessa nova rotina me deparei com muitas alunas depravadas, atiradas, mas a que não saia da minha cabeça era a loirinha dos olhos claros que embora me desse liberdade fazia a linha quietinha. Eu não pensei que fosse possível me apaixonar por uma aluna 24 anos mais nova que eu, tanto que fugi disso até não ter mais pra onde correr. Foi aí que nosso envolvimento foi maior, tão grande que a tive por inteiro. Uma pena saber que depois disso as coisas desandaram e tudo desmoronou, meu passado veio à tona e as coisas pareciam se encaixar.
Filha de um cantor famoso e uma advogada, Luan e Fernanda... a mesma Fernanda de quem eu fui namorado. Burrice não pensar nisso antes, mas agora tudo estava mais que na cara, mais que esclarecido então preferi me afastar. Não atendia ligações, não respondia mensagens e fazia o máximo para me afastar até que o destino voltou a nos colocar frente à frente...
Havia saído para encontrar uma amiga de infância que estava morando em uma outra cidade e por coincidência Melissa nos viu, tive que tomar uma decisão de deixá-la livre nem que para isso eu mentisse. Dissesse que não a amava, que a usei e queria apenas vingança. Doeu muito mais em mim do que nela que saiu correndo me deixando sem reação alguma. Respirei fundo e voltei a me sentar, Lourdes me olhou com um sorriso mais que sacana.
_ Eu poderia ficar com a língua dentro da boca, mas não consigo. -soltou o ar.- Você levou essa menina pra cama né?
_ Não foi bem uma cama, mas sim... -passei a mão pelos cabelos.- Mas não foi da maneira que eu disse a ela. Realmente foi por amor ou melhor... paixão.
_ Paixão por uma novinha, aí Murilo. Você não muda cara.
_ Depende do ponto de vista. -sorri.- Mas eu realmente pensei que eu e ela pudessemos dar certo, e talvez seria assim se... se o destino não fosse tão traiçoeiro.
_ Traiçoeiro? Em que sentido?
_ Namorei com a mãe dela. -Lourdes pareceu não acreditar, engoliu seco e foi perguntando mais coisas até que sua voz pareceu ficar mais baixa que o normal, franzi a testa e notei que não era isso e sim o barulho de uma sirene que parecia estar perto demais. Olhamos para o lado de fora do estabelecimento e vimos a ambulância.- O que será que aconteceu? -perguntei curioso.-
_ Um carro atropelou uma moça não tem muito tempo. -disse o garçom.-
_ Uma moça?
_ Sim, uma jovenzinha... desviou da moto e foi pega pelo carro.
_ Vamos lá ver? Eu nunca vi um acidente de perto.
_ Para de ser idiota, parece que gosta.
_ Um pouco... vem... -ela saiu e eu atrás dela.
O local estava isolado. A polícia do trânsito desviava os veículos enquanto a PM cercou o local e o carro do resgate estacionava. Pessoas em volta, olhando até onde lhe era permitido. A fita zebrada preservava a área do acidente, uma mulher chorava descontroladamente enquanto dizia ao policial o que havia acontecido, outros dois policiais impediam uma moça de se aproximar mais.
_ Como não posso? É minha amiga que está ali, eu preciso vê-la. Era eu quem estava com ela, por favor... -franzi a testa e fiquei prestando a atenção, parecia ser... parecia não, era minha sobrinha.-
_ Nayara! -a chamei, ela ignorou meu chamado e continuou gritando com o policial.- Nayara.
_ Foi você! -acusou-me.- A culpa dela ter sido atropelada foi sua! Toda sua, eu te odeio. -me bateu, empurrou e chorou ainda mais.- Melissa! -gritava desesperada.-
_ Você quer me contar o que aconteceu e parar de gritar!?
_ O que você ainda tá fazendo aqui? Vai embora, você já desgraçou demais por hoje. Te odeio. O de io! -olhamos os dois para os paramédicos que colocavam Melissa na maca e a levavam para dentro da ambulancia, seu corpo estava parcialmente coberto e aparentemente inconsciente.-
_ Algum de vocês tem ligação com a vítima? Precisamos de um acompanhante e...
_ Eu vou! -dissemos juntos, mas ela me empurrou e entrou na frente.- Estávamos juntas quando ela saiu, eu quem devo ir. Quero saber o que houve com a minha amiga.
_ Não vou mentir, o estado dela é grave e urgente. Precisamos ir para um hospital o mais rápido possível...
Gravidade... Urgência...
Eram palavras que deixavam-me preocupado e ainda mais pensativo. Mas ainda assim evitei seguir a ambulância e causar um transtorno maior quando chegasse naquele hospital, sendo assim pedi para que Nayara me desse notícias e segui com Lourdes para casa.
Narrado por Fernanda
Nunca tive estrutura para receber bem notícias como essa, um acidente. Foi assim com o meu pai quando tiveram que fazer um pouso forçado. Lembro de ter chorado muito, ter ficado desestabilizada por um tempo e de todo o apoio que tive. Só que agora é diferente, estamos falando da minha primeira filha, a minha menininha marrenta e doce ao mesmo tempo.
Eu só chorava o tempo inteiro, Lila que dirigia tentava me acalmar dizendo que tudo ficaria bem... mas era difícil demais.
Assim que chegamos e nos orientamos, seguimos para a sala de espera onde estavam mais três pessoas: meu sogro que estava em pé em silêncio e abraçado a Nayara que chorava muito, e Luan que permanecia sentado com os cotovelos apoiados na perna, cabeça baixa e em silêncio. Andei até ele e quando toquei seu ombro ele ergueu a cabeça para me olhar, não disse nada, apenas se levantou abraçando-me bem apertado. Ele colocou a cabeça na curvatura do meu pescoço e respirou fundo, apertei sua cintura e sem que dissesse nada senti suas lágrimas molharem minha pele.
_ Meu amor... não fica assim. -falei com toda calma que eu não tinha, buscando ser forte por ele e para ele.-
_ Ma...mas ela... -voltou a chorar, o apertei ainda mais e continuei fazendo carinho em seus cabelos.-
_ Ela vai ficar bem. -falei num tom suave, mais pra mim do que para ele que assentiu e continuou calado, recebendo os meus carinhos.-
_ Minha amiga... -Nayara chorava ainda mais, culpando-se a todo instante por não ter feito mais, por não ter impedido quando na verdade havia sido um descuido.- Tia... -era assim que tanto ela quanto a Tacy me chamavam.- Diz que me perdoa.
_ Não há o que perdoar Nay, aconteceu.
_ Mas ela... esta... estava comigo... eu sei lá, poderia... me desculpa!
_ Eu te entendo minha querida, não se culpe tanto, não se cobre... a culpa não foi sua.
_ Eu deveria ter insistido mais, deveria ter segurado-a pelo braço e não ter deixado que ela entrasse naquele bar. -franzi a testa confusa. "Que bar?! Não estavam na sorveteria?"-
_ Bar?
_ É que... -ela então respirou fundo, pegou e começou a contar o que tinha acontecido. Que as duas haviam saído para buscar as flores que seriam de presente para mim, depois foram até uma sorveteria e foi aí que Melissa viu o Murilo com uma mulher e as coisas que ela ainda escutou e por fim o acidente. Melissa correu atordoada sem olhar para o transito, assustou com a buzina da moto e gritou quando veio o carro.- Ela foi parar mais pra frente do carro, quando ela caiu estava sem dizer nada, os olhos revirando e mesmo eu pedindo para que ela ficasse comigo, ela desmaiou... tia...
_ O que? Você está querendo me dizer que... Nayara... não me diga que...
_ Eles discutiram, ela saiu correndo sem nem olhar para onde ia e quando vi tudo já tinha acontecido e eu não pude fazer nada. -chorou e eu tentei segurar o choro, mas me doeu demais saber que o motivo do acidente foi uma discussão com aquele lixo. O medo dele não existia dentro de mim, mas a raiva estava mais que presente.-
_ Fernanda, meu amor, se acalma.
_ Não venha me pedir calma, aquele monstro... canalha... aquele infeliz... aquele... que odio! --vociferei com o pinto fechado, queria socar alguma coisa e extravasar minha raiva, mas estava em um hospital. Chorei ao me sentir impotente, inútil por não evitar que agora minha filha estivesse em um hospital. Luan me abraçou força, tentando passar confiança e tentando também controlar sua respiração que agora estava mais acelerada.-
_ Ele vai pagar caro por isso, muito caro. -disse Luan e voltou a se calar.
Foram as três horas mais agonizantes da minha vida. Continuamos ali sem saber de nada, olhando e andando de um lado a outro daquela sala sem vida... meu sogro estava cochilando sentado, Lila estava servindo de apoio à Nayara, Luan e eu? Impacientes... nervosos... com o coração na mão ou melhor, em uma mesa cirúrgica.
_ Boa noite. -olhamos para o senhor que entrava na sala de espera, estava de mascara e ainda com os propés, deduzi que fosse o medico.- Vocês são os familiares da paciente? -perguntou pegando a prancheta que estava na mão de um rapaz. Assentimos.- Eu não vou mentir, o estado dela é grave... porém, correu tudo bem na cirurgia e aguardamos resultados. -respirou.-
_ Doutor, por favor... fala devagar que eu não estou absorvendo nada e isso me deixa nervosa, eu não sei o que pensar e...
_ Podemos ir até minha sala? -assenti.- Me acompanhe por gentileza. -assim fiz e Luan foi comigo. Entramos na sala, a porta foi fechada e nós então nos sentamos.- Acho que não nos apresentamos devidamente... eu sou o doutor Luis Carlos, médico e cirurgião.
_ Nós somos os pais, Fernanda e Luan, meu esposo. -falei.-
_ Melissa deu entrada aqui com uma fratura na perna, um galo na cabeça e além dos hematomas, um sangramento interno. Foram lesões sérias e poderiam ter sido fatais.
_ Meu deus, e como ela está agora?
_ A cirurgia correu bem. Estancamos o sangue, cuidamos da fratura e quanto aos hematomas... nós teremos uma resposta melhor quando ela acordar.
_ Quando ela acordar? Como assim?
_ Melissa ainda está sob o efeito de sedativos, demora um pouco para que ela acorde.
_ Um pouco quanto?
_ Pela manhã. -respondeu tranquilo, enquanto eu continuei apreensiva.-
_ Nós não podemos...
_ Devido ao risco pós cirúrgico não é aconselhável...
_ Mas eu... -um nó na garganta estava dificultando minha fala, Luan alisou minhas costas e perguntou ao médico novamente e ele nos permitiu entrar na sala.- Meu deus... -corri até a cama e Melissa "dormia". Sua pele machucada, alguns curativos e seus lábios um tanto pálidos. Toquei seu rosto com cuidado, pensando em toda a dor que ela havia sentido enquanto ainda estava consciente e então me afastei abraçando-me ao Luan que estava de olhos fechados, o clima estava pesado... o silêncio era quase absoluto se não fossem os batimentos cardíacos vindos do aparelho. Voltei a chorar, como uma maneira de desabafo e frustração por saber que eu não poderia fazer absolutamente nada.-
_ Amor, para de chorar.
_ Não consigo... ela... -soluçava.- ela... Luan... -chorei mais.-
_ Você escutou o que o médico disse, ela está assim por efeitos do remédio. Amanhã ela já estara acordada, estará melhor.
_ Deus te ouça...
_ Vamos pra casa?
_ De jeito nenhum, daqui eu não saio.
_ Não vai adiantar nós ficarmos aqui, amor... ela vai continuar dormindo até pelo menos amanhã de manhã.
_ Mesmo assim, eu...
_ E não pode receber visitas... eu vou com você vida.
_ Eu não quero deixar ela aqui sozinha, não quero amor. -falei limpando as lágrimas insistentes que ainda caiam.-
_ Deus está cuidando dela, ela vai ficar bem. -beijou minha testa, abraçou-me de lado e voltamos a caminhar em direção à sala de espera. Meu sogro estava tomando um cafezinho, disse que as meninas tinham ido até a lanchonete e logo voltariam. Luan se sentou e eu continuei de pé ainda na minha, com a cabeça pensando em tudo que havia acontecido nos últimos três meses.-
_ Vim assim que pude, como estão as coisas por aqui? -Rober entrou perguntando.-
_ Foi um atropelamento, né... Melissa ficou bastante ferida, precisou se submeter a uma cirurgia e por hora está dormindo sob o efeito de sedativos.
_ Ela pode receber visitas?
_ Não... -respondi triste.-
_ E o que aconteceu com o motorista?
_ Não sei, mas acredito eu que esteja com a polícia. -falei suspirando, cansada.-
_ Passei pra ver a Isa e com direto pra cá, fiquei preocupado e vocês não estavam atendendo.
_ Não está tudo bem, mas as coisas estão caminhando dentro do possível eu só não... -paralisei quando ergui a cabeça encarando o corredor que dava acesso à sala de espera, fixei o olhar e franzi a testa não acreditando no que estava vendo. Era ele. Não só o meu coração como também tudo a minha volta pareceu paralisar. Foram anos sem ter notícias, sem saber onde, com quem e como o Murilo estava. Ele estava sim mais velho, bem cuidado e continuava com o físico em dia. Mesmo assim foi um choque, mas não senti medo como das outras vezes e sim raiva, ainda mais quando me lembrei da minha filha naquela cama de hospital, sedada. Não pensei, sequer raciocinei, quando dei por mim já havia avançado nele. Esmurrei, bati, gritei, chorei e quando queria bater mais... fui tirada de cima dele que continuava parado.- ...vai embora daqui, você não foi e nem nunca será bem vindo.
_ Me desculpa, mas eu precisava...
_ Não, você não precisa de nada. Eu odeio você, odeio o que fez com a minha filha, odeio estar perto de você. Some daqui!
_ Fernanda, eu...
_ É melhor você sair. -Rober vociferou, olhei pro Luan que mantinha seu olhar frio, mas não se levantou para nada.- Você não é bem vindo aqui... nunca foi na verdade.
_ Eu fiquei preocupado e quis...
_ QUIS O QUE? -Nayara perguntou.- QUIS VER O QUANTO ESTAMOS MAL COM TUDO ISSO? ELA ESTAVA MUITO BEM ANTES DE VOCÊ APARECER DE NOVO E DIZER AQUELE MONTE DE MERDAS À ELA. VEIO ATÉ AQUI PRA QUÊ? ÃH? ESTÁ PREOCUPADO OU FOI SUA CONSCIÊNCIA PESADA? OLHA, DEUS SABE O QUANTO EU QUERIA QUE FOSSE NO LUGAR DELA... EU ODEIO VOCÊ, ODEIO! SOME DAQUI... -gritou outra vez, nisso apareceram dois dos seguranças do hospital e um enfermeiro que vieram por conta da gritaria e Murilo ficou em silêncio, sendo direcionado a saída.-
_ Eu preciso de um ar, com licença. -falei dando as costas a todos e indo em direção ao banheiro no final do corredor, próximo a saída. Senti que alguém vinha atrás de mim, mas estava com os olhos marejados e por não querer que me olhassem chorando acelerei os passos e entrei, logo fechando a porta. Encostei na porta e respirei o mais fundo que consegui, não sabia como agir, no que pensar... questionei à Deus o por quê dessa reviravolta logo agora que as coisas tinham tudo, absolutamente tudo para dar certo. Eu não estou sabendo lidar com tudo isso, não mesmo.
_ QUIS O QUE? -Nayara perguntou.- QUIS VER O QUANTO ESTAMOS MAL COM TUDO ISSO? ELA ESTAVA MUITO BEM ANTES DE VOCÊ APARECER DE NOVO E DIZER AQUELE MONTE DE MERDAS À ELA. VEIO ATÉ AQUI PRA QUÊ? ÃH? ESTÁ PREOCUPADO OU FOI SUA CONSCIÊNCIA PESADA? OLHA, DEUS SABE O QUANTO EU QUERIA QUE FOSSE NO LUGAR DELA... EU ODEIO VOCÊ, ODEIO! SOME DAQUI... -gritou outra vez, nisso apareceram dois dos seguranças do hospital e um enfermeiro que vieram por conta da gritaria e Murilo ficou em silêncio, sendo direcionado a saída.-
_ Eu preciso de um ar, com licença. -falei dando as costas a todos e indo em direção ao banheiro no final do corredor, próximo a saída. Senti que alguém vinha atrás de mim, mas estava com os olhos marejados e por não querer que me olhassem chorando acelerei os passos e entrei, logo fechando a porta. Encostei na porta e respirei o mais fundo que consegui, não sabia como agir, no que pensar... questionei à Deus o por quê dessa reviravolta logo agora que as coisas tinham tudo, absolutamente tudo para dar certo. Eu não estou sabendo lidar com tudo isso, não mesmo.
Narrado por Luan
Numa situação como essa ser sensato é essencial, mas cara... não dava! Pela terceira vez esse cara aparece pra desgraçar a minha vida, que é a minha família. Minha mulher e minha filha, minha princesinha linda... E ele ter aparecido naquele hospital fez com que toda calma que eu estava tentando manter sumisse e eu fosse levado pelo impulso de matar aquele desgraçado. Só não tive forças para me levantar daquele banco, assisti todo "surto" da minha esposa e da melhor amiga da minha filha, e não fiz nada. Os seguranças chegaram e outra vez não fiz nada... "Você não pode ficar parado e não fazer nada outra vez." Tentava ignorar os pensamentos, mas não conseguia e meu estimulo maior veio quando Fernanda saiu da sala que estávamos segurando as lágrimas, levantei e segui atrás dela... não dela diretamente e sim a saída! Passei pela porta e respirei fundo olhando para os lados até que o vi de costas e meu único pensamento era que a hora de acertar nossas diferenças havia chegado.
Fechei o punho e fui até ele lhe dando um empurrão, ele virou rápido e foi quando acertei um soco com muito mais vontade do que imaginava, Murilo tentou se defender mas lhe golpeei outra vez prensando-o na parede e apertando seu pescoço com as duas mãos.
_ Eu deveria ter te dado uma surra quando tive a oportunidade pela primeira vez. -ele conseguiu se soltar me derrubando no chão, mas não me conteve voltei pra cima dele outra vez.- Mas não, me segurei... pensei que nunca mais te veria e você apareceu de novo. -ele desviou de outro soco e colocou a mão na boca que estava sangrando.- Agora você aparece de novo pra mexer com a minha filha?
_ Eu não sabia que ela.
_ Seu pedófilo filho da puta! -lhe dei uma rasteira o derrubando no chão e quando ia bater nele outra vez senti mãos me segurando, meu pai entrou na frente colocando as mãos no meu peito.-
_ Luan já chega!
_ Chega? Esse cara... esse lixo faz o que faz e eu... pai...
_ Ele vai ter o que merece, você não precisa sugar suas mãos por isso.
_ Como não preciso? É da minha filha que estamos falando, sua neta!
_ Eu sei meu filho, e tudo o que ela não precisa agora é do pai sendo preso por agressão. -falou sério, respirei fundo tentando em vão me soltar.- Luan.
_ Eu já entendi... mas só pra deixar bem claro pra esse bacaca... -olhei para ele.- ...se houver uma próxima vez, eu mato você. Nem que seja a última coisa que eu faça em vida.
~.~
Mas gente! O.O
O que foi isso? Acidente? Murilo narrando pela primeira vez...
Melissa hospitalizada... pais surtando... final chegando! Socorro!
~.~
Mas gente! O.O
O que foi isso? Acidente? Murilo narrando pela primeira vez...
Melissa hospitalizada... pais surtando... final chegando! Socorro!
Vixe a bruxo está solta , Aí Mel o que vc foi fazer em se envolver com esse traste , AMOOOOO, AMOOOO QUEROOOOOO MAISSSSSS
ResponderExcluirISLA
Tu viu menina, coisa ficou foi feia.
ExcluirOMG OMG OMG😱😱😱
ResponderExcluirQUE CAPÍTULO FOI ESSE BRASIL
COITADA DA MEL MANO. E O MURILO NARRANDO NÃO É QUE O BICHO ESTÁ APAIXONADO POR ELA MESMO. QUE LOUCO.
CARA QUE ISSO ESTOU 😱 DEMAIS
COITADO DA NANDA,LUAN E A NAYARA A BICHINHA QUE VOU TUDO.
E ESSA FINAL
MANO CONTINUA
BJOOS
Por essa ninguém estava esperando, ele apaixonado por ela. Quero é mais.
ExcluirOi saudades.
ResponderExcluirCoitada da melissa sofreu um acidente por causa do Murillo.
Caí fora Murillo dessa família que não te pertence.
Já a melissa gostar do Murillo é uma coisa ela é inocente e muito nova para entender sobre o amor uma palavra simples de se escrever mais complexa de se entender. Já sobre o Murillo é mais velho e já compriende mais sobre o amor.
Na minha opinião o Murillo está querendo recomeçar a vida com alguém do seu lado e como a melissa estava atrás dele é resolveu dar uma chance para o amor de melissa para tentar começar do zero.
Beijos
Cá
Cá, saudades mulher. Como está?
ExcluirConcordo com o que você disse, seria um recomeço para ele e o começo de uma vida amorosa para ela. Mas as voisas foram intensas demais, vamos aguardar né rs.
Beijos
CARACA Q CAP É ESSE
ResponderExcluirUm dos melhores, amei.
ExcluirSORAYA SUA MÁ, COMO TU FAZ UMAS COISAS DESSA?!
ResponderExcluirQUASE TIVE UM ATAQUE AQUI, EU ESTOU SURTANDO MANO.
Juro que se não tivesse narração do Murilo eu ia xingar ele mais que tudo nessa vida de "fanfiqueira"(melhor definição ever kkkk), ele so queria recomeçar, pena que foi com a pessoa meio que errada, pois tem envolvimento com seu passado e e certa forma isso impede de recomeça.
Chorei muito com a carta da Mel, achava que era o inicio de uma nova fase dela e da Fê, mas sempre vai existir as barreiras e esse acidente é uma.
Pelo menos Luan teve atitude, foi errada, mas era o que estava precisando nessa confusão toda.
Quero que a "pequena princesa" desse nosso conto fique bem logo.
Ôh fanfiqueira!
ExcluirConcordo com o que você disse Dudinha, de verdade mulher. As barreiras irão existir sempre é somente o amor puro e verdadeiro para ajudar a voltar a ser o que era.
Socorro digo eu dona Geovanna. Continue por favor. Pra ontem.
ResponderExcluirContinuo, claro.
ExcluirSó uma palavra a dizer continua por favor.mariana
ResponderExcluirMiga sua lokaaaaaa
ResponderExcluirCadê você pra continuar???????
Estou aqui, reescrevendo do jeitinho que eu gosto. Mas não sumi viu.
ExcluirMdss capítulo bombástico..
ResponderExcluirContt por favor
Adoro. Gosto assim rs
Excluir13 dias :(
ResponderExcluirSei o quanto é ruim esperar, mas quando não se tem jeito... o que fazer? Acredite, quando demoro demais (o que é o caso) fico muito chateada, porque acaba perdendo a frequência ne? Mas estou reescrevendo. Bjs
Excluir