{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Capítulo 199 - Parte XIII

Narrado por Fernanda 

  No meio da madrugada de terça-feira Luan acordou com o celular tocando sem parar, procurou pela cama toda até que o encontrou e atendeu. Não dava pra ouvir quem era que estava falando, mas me preocupou quando ele levantou de um jeito brusco e ficou andando pelo quarto. Levantei também e acendi a luz atraindo sua atenção para mim.


_ Quem é? -perguntei e ele gesticulou para que eu esperasse.- Amor...
_ Tá, mas quando foi isso? Agora? -passou a mão que estava desocupada pelos cabelos me deixando apreensiva.- Estamos quase uma hora do hospital. -meu corpo gelou por inteiro, senti um arrepio daqueles e fiquei aflita.-
_ Luan, quem é que está falando? É sobre a Melissa? -me coloquei de pé indo até ele que continuava a falar ao telefone.- Luan...
_ Fernanda, calma. -me repreendeu.- Não. Pode falar... Aham... Estamos indo pra aí. -e desligou, fiquei quieta e com os olhos arregalados esperando por resposta.- Acabaram de entrar em contato comigo, era do hospital e parece que a Melissa começou a reagir... não entendi direito, mas foi alguma reação. 
_ Meu Deus, obrigado! -falei alto.- Quero ver minha filha, Luan.
_ Fernanda, eu também quero. Mas calma, são mais de três da manhã... não vou te deixar sozinha com as crianças e nem vou te deixar ir sozinha. -fiz bico.- Vou ligar pro meu pai que mora perto e pedir pra ele e a mãe virem pra cá.
_ E eu vou ficar aqui de braços cruzados?
_ Alguma sugestão? -ergueu a sobrancelha, respirei fundo ainda olhando para ele. Odiava essa grosseria, mesmo que por conta do nervosismo. Não falei nada, fui para o banheiro... joguei uma água no rosto, escovei os dentes e fiz xixi também já que estava apertada. Saindo do banheiro passei por ele que ainda conversava no celular e entrei no closet para trocar de roupa, tirei minha roupa de dormir e a substitui por uma calça jeans, regata clara e um moletom. Penteei os cabelos, prendi de qualquer jeito e depois de calçar meu tênis voltei para o quarto.- Nanda.
_ Oi. -olhei para ele que estava sem jeito, passando a mão nos cabelos.- Fala...
_ Desculpa, não quis ser grosseiro. Mas você está me desconcentrando e eu não conseguia prestar a atenção no que a mulher estava falando.
_ Tudo bem, mas era só pedir pra eu ficar quieta.
_ Eu tentei. -falou dando as costas e indo até a poltrona pegar sua calça jeans.-
_ Quis dizer o que com isso? -perguntei encolhendo os olhos para ele que se quer me olhava.-
_ Que você quando está agitada não escuta ninguém. E deu de assunto, não quero que termine em discussão. -revirei os olhos.- Não fica brava comigo, eu te amo.
_ Seus pais vem?
_ Vem sim, devem estar chegando. 
_ Vou descer lá pra sala então.


  E foi o que fiz. Passei pela cozinha, preparei até mesmo um cafezinho que eu sei que eles tomam bastante. Sentei na bancada e fiquei esperando, eles chegaram uns quinze minutos depois. Entraram e Luan conversou com eles, contou o que a moça tinha dito e disse que estaríamos indo e que qualquer notícia ligaria.

_ Quer parar com essa perna? 
_ Eu tô nervosa.
_ Eu sei, mas tenta ficar calma. 
_ Tá. -fechei os olhos e pedindo à Deus calma, paciência e paz de espírito porque estava difícil. Ainda era madrugada, não haviam muitos carros na rua, nem mesmo trânsito. Nós chegamos e todo o prédio do hospital estava tranquilo, sem muita movimentação a não ser na área emergencial. De mãos dadas com o Luan caminhamos até a recepção onde pegamos os crachás de visitantes/acompanhantes e entramos. Seguimos até o final do corredor, pegamos o elevador e fomos nos encontrar com o doutor que estava aguardando nossa chegada.- Boa noite.
_ Eu disse que os avisaria sobre toda e qualquer mudança e achei importante comunicá-los mesmo sendo uma reação mínima. -falava enquanto caminhava conosco até o quarto em que estava nossa filha.- Após a troca de plantão dos enfermeiros nós viemos olhar a paciente, checar a medicação, aferir a pressão e Melissa apertou a mão da nossa enfermeira. Não foi com força, mas ainda assim ela respondeu.
_ Isso quer dizer que...
_ Que aos poucos ela irá acordando, assim nós esperamos. -sorriu me olhando, olhei para o meu marido que mantinha seu olhar atento e sua sobrancelha erguida.-
_ Está ouvindo amor?
_ Sim, nós podemos entrar para vê-la?
_ Claro, fiquem à vontade. Os deixarei a sós. -abriu a porta para que entrássemos e logo se afastou.


  Assim como algumas horas mais cedo nós nos aproximamos da cama, Luan olhou e beijou seu rosto. Continuei quieta, observando.

_ Oi minha princesa. -sorriu.- Você ouviu o que eu te disse mais cedo não foi?
_ E eu posso saber o que você andou dizendo a minha filha?
_ Conversa de pai e filha, mãe fica de fora. -brincou.- Eu sei que está nos ouvindo, sei também que gostou da conversa que tivemos mais cedo... não é?
_ Amor, eu estou ficando curiosa.
_ Como sempre não é? -riu.- Estou feliz que esteja tentando, mais ainda que de alguma forma tenha reagido. 
_ Sim querida, estou orgulhosa que esteja se esforçando. Confiamos em você, sabemos que você vai voltar pra nós. -minha resposta foi o silêncio, mas o sorriso não abandonou meus lábios.- Viemos te ver, não aguentamos esperar em casa.


  O doutor havia dito que mesmo que Melissa não nos respondesse ela nos ouvia, e era importante essa nossa interação, as palavras que nós falávamos  eram absorvidas. Tínhamos todo esse cuidado, procurávamos falar coisas boas, palavras de incentivo e dizer o quanto ela era amada por cada um de nós: pais, irmãos, avós, tias, amigos e etc.
  Amanheceu o dia e ainda estávamos ali, mesmo bocejando, eu pescando várias vezes. Mas ela não havia voltado a apertar nossa mão nem nada. Luan não percebeu, mas meu sorriso não era o mesmo. Estava ansiosa, na verdade agitada. Querendo logo que essa minha agonia acabasse e pudéssemos voltar para casa e voltar a ser a melhor família de todas, mesmo com os nossos arranca rabos diários.


_ Eu vou comer alguma coisa e ir ao banheiro, tá bom? -ele assentiu, deu um selinho e então sai.

  Primeiro fui ao banheiro e depois desci para a lanchonete, tomei um café bem gostoso pra matar minha fome. Assim que terminei decidi voltar para o quarto e encontrei meu marido com um sorriso largo no rosto, segurando a mão de Melissa que estava com os olhos abertos. "Ah, meu Deus! Ela está com... com os olhos... com os olhos abertos!" Caminhei devagar até o lado da cama e observei.

_ Ah meu Deus, Luan ela... ela...
_ Ei, calma. -sorriu.- Faz uns cinco minutos, a enfermeira entrou e disse que voltaria para realizar alguns exames... mas pediu para não deixar ela agitada.
_ Filha, está ouvindo eu... sua mãe?
_ Amor, calma... ela está ouvindo não é mesmo Mê? -ela se esforçou um pouco e piscou devagarinho, levei as duas mãos à boca ainda emocionada.-
_ Bom dia Luan, bom dia Fernanda. -nos cumprimentou o doutor ao entrar no quarto.- Como vai nossa paciente mais nova? -brincou enquanto se aproximava de nós.-
_ De olhos bem abertos. -falei.-
_ Ótimo... faremos os exames necessários e então conversamos, pode ser? -concordamos. Logo entrou na sala duas enfermeiras e nós nos afastamos um pouco, ouvimos os batimentos cardíacos ficarem mais acelerados e nos voltamos para o médico.- Está tudo bem, seus pais ainda estão aqui no quarto.


  E permanecemos até que haviam feitos os exames "principais", digamos assim. O médico então nos chamou até sua sala e tivemos uma breve conversa, na qual ele nos explicou que Melissa estaria recomeçando. Ou seja, até que estivesse totalmente recuperada demoraria um pouco mais de tempo. Mas que deveríamos além de estar presente, incentivar cada um de seus passos.
_ Melissa é muito jovem, se recuperará depressa.
_ Estou feliz demais com isso.
_ E eu mais ainda. -sorri.- Obrigada doutor por todo o cuidado com a nossa "pequena".
_ Não tem de quê. Agora se me derem licença. -e saiu nos deixando ali, olhando um para o outro. Tomei a liberdade e iniciativa de abraçar meu marido sem que nada fosse dito, foi um abraço gostoso e que terminou com um sorriso em ambos os lábios.-
_ Ficamos de dar notícias, você lembra? 
_ Bem lembrado amor, bora ligar pros véios. -brincou.


  Saímos da sala e ficamos pelo corredor, ligamos para os nossos pais e conversamos um pouco sobre o estado de saúde da Mê, também dissemos que ela ainda não tinha previsão de alta e que aguardamos o resultado de exames mais específicos e precisos. Voltamos ao quarto e ficamos conversando com ela que nos acompanhava com o olhar, mas depois de ouvir o pai cantar acabou dormindo. Foi aí que decidimos ir pra casa, tomar um banho, comer a comida da sogra e abraçar os pequenos.

_ Mãe, hoje a Helena fez xixi na cama do Thor.
_ Ele tamém fez mamãe. -se justificou fazendo cara de brava, segurei a risada e lhe peguei no colo.-
_ Amorzinho, o Thor tem que fazer xixi e côco no quintal. E a Leninha no banheiro, xixi e côco na privada.
_ Tava peitada, deu tempo não.
_ Sei sua sem vergonha. -risos.- Cadê a vovó?
_ Aqui na cozinha.  -falou alto, voltei Helena pro chão e segui o cheiro da delícia, mais conhecido como bacalhau.- 
_ Hmmmm... que cheirinho hein. -beijei seu rosto.- E  meu sogro?
_ Dormindo, ele e Arthur estão na rede.
_ Vida boa hein Xumba. 
_ Mas me contem, quero saber como ela está... vocês falaram muito pouco pelo telefone e eu sou uma av... -disparou a falar e foi conversa para todo o final da tarde. O que fez com que nosso banho atrasasse bastante, depois jantamos e meu marido apagou no sofá de tão cansado. Enquanto eu liguei no hospital e perguntei como estavam as coisas, Melissa estava dormindo também o que em partes me deixou mais tranquila.-
_ Amor, acorda... você precisa deitar na cama.
_ Hm...
_ Você precisa acordar... -o chamei outra vez e nada.- Luan...
_ Fala mulher, o que foi hein?
_ Vai deitar na cama, vai...
_ Tá indo tamém?
_ Uhuum... quero descansar um pouco, amanhã vou pra empresa.
_ Mas você não disse que...
_ Eu liguei pro hospital, ela está bem... estava dormindo o que me deixa mais tranquila. 
_ Vou lá com o meu pai amanhã.
_ Vai sim e me liga depois, quero saber de todas as novidades. -falei sorrindo.-
_ Tô com preguiça de subir.
_ Então boa noite, espero que o sofá esteja confortável. -falei apagando as luzes e subindo, cheguei no quarto e quando estava tirando o cobertor da cama ele entrou correndo e se jogou.- Bobinho, quantos anos você tem mesmo?
_ 42.
_ Velhinho.
_ Que você ama...
_ Amo sim, amo muito até. -me deitei por cima dele, beijando sua boca e encarando aqueles olhos lindos.- Hora de dormir, né?
_ Não era bem o que eu queria, mas né... -risos.- Boa noite minha linda.
_ Boa noite meu querido.


(...)

  Passados os dias a melhora da nossa filha embora devagar, era constante. Tivemos mais alguns dias na UTI, depois ela foi levada para o quarto onde poderia receber outras visitas além de nós (os familiares mais próximos) e se tudo desse certo em duas semanas iríamos para casa. Melissa estava aparentemente melhor, sem muitas olheiras e com um pouco menos de palidez e embora não falasse muito por se sentir cansada, sorria as vezes. Luan e eu revezamos as noites em que ficamos como acompanhantes, conversando, mimando e até mesmo observando-a por algumas horas.

_ Não é lugar de neném o papai disse. -Helena falava pro irmão.- Atur, quietinho.
_ Quietinha você, a Mê está dormindo.
_ Acoida, Mê?
_ Cada seu pai hein?
_ Mijando mãe.
_ É fazer xixi, Atur. Mija é feio.
_ É?
_ É. Né mamãe? 
_ É meu amor, muito feio.
_ Ei, eu queria dormir... -escutamos Melissa resmungar baixinho.-
_ Nelissa!
_ Oi Leninha. Oi Art.
_ Oi, como você tá Mel? -Arthur perguntou chegando mais perto da irmã.- Desculpa te acordar com barulho.
_ Não, de boa. -sorriu.- Mas respondendo sua pergunta, estou bem... queria ir pra casa já.
_ Nelissa! Oi.
_ Oi Leninha, tudo bem pequena?
_ Sô grande já, sô moxinha.
_ Sei viu. -risos.- E meu pai, não vem?
_ Bom dia dona Melissa, dormiu bem? -beijou sua testa.- Como você tá?
_ Cansada, mas bem... quero ir pra casa. -fez bico.-
_ Em breve. -falou.- 
_ Por que cê tá deitada e cheia de fiozinho? -Helena perguntou pondo a mão na sonda pronta pra puxar, segurei sua mão e trouxe ela para o meu colo.-
_ Helena, sossega amor. Você prometeu pra mamãe que ia ficar quietinha.
_ Disculpa mamãe.
_ Tudo bem meu anjo. -ajeitei sua franja e me sentei na poltrona.- E a senhorita, hein... comendo direitinho?
_ Mãe, eu não gosto da comida daqui. Não tem sal, não tem óleo e o tempero é péssimo.
_ Ôh meu deus, minha filha está passando fome. -brinquei.-
_ Haha... mãe, quando eu vou receber alta?
_ Ainda não sabemos, seu médico trocou xuxu... lembra disso?
_ E eu não gosto dele, cara chato. Preferia o bom velhinho.
_ Melissa, não fala assim... você deveria não reclamar tanto. -ela revirou os olhos e resmungou alguma coisa em voz baixa.- Tá boa já, né?
_ Ei vocês duas, não comecem hein...
_ Mamãe não podi biga o papai disse.
_ Tudo o seu pai disse né?
_ É. -respondeu inocente nos fazendo rir.- 
_ Mê, sabe quem tá doida pra te ver?
_ Quem?
_ A Marla. -foi a minha vez de revirar os olhos... "Luan e essas amizades de anos, amizades que eu tenho ciúmes sim porque era um grude desnecessário."-
_ Ih pai, olha minha mãe de cara feia. -riu.-
_ Ôh amor, você conhece a Marla.
_ Conheço a Karielle também, a Colluci, Barbara Evans... quer a lista?
_ Vamos parar por aqui, né?
_ Melhor. 
_ Vocês não existem, sério cara.
_ Fica quietinha também vai.
_ Nossa mãe, é assim que você trata sua filha mais velha.
_ É assim sim. Engraçadinha.
_ Por que a Malu não veio?
_ Está na casa de uma coleguinha da escola.
_ Mentira, ela só foi porque o namoradinho dela é irmão da menina. -Arthur falou bravo e Luan fez a mesma cara do filho.-
_ Mas você e seu pai hein... deixem a menina.
_ Tem que ficar de olho mesmo filhão, fica de olho pro pai.
_ Mãe, e meu celular hein?
_ Pra quê? -perguntei receosa.-
_ Queria conversar com as minhas amigas... ver meu face, o insta.
_ Nada de facebook, nem instagram, muito menos snapchat.
_ Por que?!
_ Porque é chato todo esse assédio, eles ficam muito em cima e esperando um pronunciamento.
_ Mas mãe, eu estou bem...
_ Eu sei que sim querida, mas quero te poupar da maldade alheia e do sensacionalismo desnecessário, exposição indevida.
_ Ok. Já entendi. -ficou toda bicuda o restante da visita. Comeu a pulso, porque não gostava do que estava no cardápio e depois chorou quando eu estava indo embora com as crianças.-
_ Filha não fica assim, logo passa. -beijei sua testa.-
_ Tá bom, meu pai vai ficar né?
_ Sim... ele vai. Fica com Deus tá?
_ Amém. -e sai.


  Entramos no carro e fomos buscar Maria Luísa na casa de sua colega, depois passamos no supermercado e seguimos para casa. Dei banho na Helena enquanto Arthur e Maria faziam o mesmo, depois preparei um jantar rápido (filé de frango com fritas, arroz e feijão) e me sentei à mesa com eles.

_ Quando a Mê volta pra casa?
_ Se Deus quiser no final dessa semana.
_ Mas ela está bem a enfermeira disse mãe, por quê ela não volta logo?
_ Tudo é uma questão de tempo, tem um processo de recuperação. Assim... sua irmã passou por um trauma delicado e tudo deve ser avaliado, checagem completa antes de ela receber uma alta. Ela precisa estar realmente bem. Com um peso bom, reflexos bons, sem lesões. Entendeu filho?
_ Entendi. -respondeu baixo enquanto voltava a comer.


  Terminamos todos de jantar e então subimos, Helena quis ir pro quarto do irmão e enquanto subia na cama Arthur pediu que orasse junto com ele. Achei lindo, mais lindo ainda quando ouvi ele chamar a Malu. Juntos demos as mãos e fizemos nossa oração, depois os desejei boa noite e fomos dormir.














~.~
  Melissa ACORDOU! Bem linda, bem plena, bem Melissa! Ela ainda não está em casa, mas está se recuperando e aos poucos tudo vai se ajeitando não é mesmo? Achei lindo o capítulo, ainda mais quando os irmãos fizeram uma oração pra ela voltar logo pra casa. Morro de amores!

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