Capítulo 220

Narrado por Fernanda

  Eu não sei o que me causava mais preocupações. Se foi Melissa esquecer a camisinha e o remédio, ou meu marido surtando cada vez que lembrava no que a filha poderia estar fazendo. E olha que não foi por falta de distração, eu não tinha mais argumentos, artimanhas. Luan estava ficando um velho chato.

_ Sua filha vai me matar ainda. Você viu isso Fernanda? -disse pondo o celular no meu rosto, forcei um pouco a vista para focar no texto e ler do que se tratava.-

_ Ela foi passear ué, com as amigas.

_ Com as amigas e esse banana do lado. Fernanda... 

_ O que é?

_ Não acha que ela tá saindo muito não? Outro dia tava num barzinho, agora ontem vira a noite numa balada e ainda fica agarrando aquele frouxo.

_ Mas meu deus, deixa a Melissa. Melissa vai fazer vinte anos, tem que sair mesmo, dançar, beijar na boca, transar... viver.

_ Ela tem que estudar, isso que ela tem que fazer.

_ De novo esse assunto?

_ Quantas vezes forem precisas. Melissa fica o dia todo em casa fazendo nada, aí chega de noite, se arruma e rua. As coisas não funcionam assim não senhora. Onde já se viu... -dei as costas pondo o travesseiro em cima da cabeça e fechando os olhos.- ... Fernanda!

_ Vim pra viajar com você, curtir mais meu marido e você fica aí todo pilhado com o que está acontecendo lá em São Paulo de cinco em cinco segundos. Que chatice.

_ Ôh amor, me desculpa... eu só fico preocupado. Sou pai e ele é homem. Um homem sozinho com a minha filha.

_ Se sua preocupação é eles irem pra cama, relaxa. Melissa não é mais virgem. -ele faltou me engolir, mas se limitou a levantar e ir para o banheiro batendo a porta com tudo. Louco!

Narrado por Luan

  Ter minha mulher viajando comigo era bom demais, receber aquele carinho antes de dormir, fazer aquele amor gostoso todos os dias, rir e conversar com alguém que te entenda, saiba como você realmente é. Com a Nanda sempre foi assim, ela é uma esposa muito presente. O que me irrita é ela ser liberal demais e pra tudo, tudo é normal. Aquele malacabado nem namora minha filha e agora vive socado na minha casa, dormindo com ela, dando a impressão de que faz o que quer e a Fernanda fica "é normal" "tudo tem seu tempo" "eles são jovens". Porra! Eu também fui jovem e quando queria ficar com alguma menina pode ter certeza que não era na casa de nenhuma delas porque eu tinha respeito, agora esse jovens de hoje em dia.

  Voltei do banheiro para o quarto e encontrei ela terminando de passar creme hidratante nas pernas, não falei nada e sentei na outra ponta da cama de costas pra ela e mexendo no celular.

_ Vidinha, não fica bravo comigo. -senti suas mãos nos meus braços, subindo e massageando os meus ombros.- Foi pra descontrair, juro.

_ Uhuum.

_ Amor, não responde assim pra mim. -beijou meu pescoço, passando a ponta da língua na minha nuca.- Eu estava brincando.

_ Eu sei que ela não é mais virgem, não precisa ficar me lembrando toda hora.

_ Você é muito ciumento, misericórdia Luan. 

_ Você sempre soube disso, casou comigo sabendo que eu era assim.

_ Meu emburradinho, te amo mesmo você sendo grosso e muito estúpido as vezes.

_ Haha. Muito engraçado.

_ Quer tomar um banho pra relaxar?

_ Você acabou de passar creme e... -quando me dei conta do que ela dizia não falei mais nada e fui para o banheiro, deixei a jacuzzi enchendo e fiquei namorando com ela que estava sentada em cima da pia, com os pés cruzados e apoiados na minha bunda.- Tá querendo me dobrar né?

_ Tô querendo é que você cale a boca e gaste suas energias comigo e não com a Melissa que está em São Paulo.

_ Isso é golpe.

_ Estratégia, amor. -piscou e voltou a me beijar até que a banheira encheu, nos despimos e entramos para dar aquela namorada das boas antes de dormir.

(...)

  Mais duas semanas se passaram e iríamos para a casa, era uma sexta à noite. A van nos deixou na porta de casa era 21h e alguma coisa. Fernanda entrou na frente com a bolsa dela e eu carregando as malas e deixando-as encostadas na sala.

_ Oi mamãe, que lindinho que eu tô. -dei agachou pra falar com o cachorro.- Melissa!? Chegamos.

_ Oi mãe, oi pai. -olhei para a escada e os dois desciam juntos, com os cabelos molhados, típicos de quem havia acabado de sair do banho.- Pai?

_ Boa noite. -disse indo para a cozinha tomar um copo d'água, respirei fundo, contei tanto que perdi as contas. Coloquei o copo em cima do balcão e fiquei encarando o nada.-

_ Tá tudo bem, pai? -Melissa veio até mim cautelosa, na defensiva.- 

_ Ótimo, e você mocinha?

_ Cheia de saudades do velho mais ranzinza da casa... -me abraçou assim que virei de frente para ela.- ... e ciumento também.

_ Tenho os meus motivos, né dona Melissa.

_ Não tomamos banho juntos, estávamos na piscina. Depois entramos, tomei banho no meu quarto e ele no banheiro do corredor, mas depois ele me esperou no meu para descermos juntos.

_ Tá querendo me enrolar? -ela riu.-

_ Não pai, juro que não. -respondeu beijando meu rosto e me apertando um pouco mais.-

_ Melhor assim. -falei um pouco mais aliviado.- Bom... vamos jantar?

_ Não fiz comida, e falei pra Maria que não precisava também.

_ Podemos pedir pizza.

_ Eu e o Leo vamos buscar, ele está de carro.

_ Ele não vai pra casa dele não?

_ Pai!

_ Ele ficou mais de uma semana dormindo aqui... -falei enciumado.-

_ Deixa de ser chato, vai. Ele é tão bonzinho, meu amigo de anos, já é de casa.

_ Deveria ter colocado ele pra correr antes. Olha aí no que virou, Melissa, Melissa. Eu tô de olho em vocês dois.

_ Pode ficar, curioso da minha vida. Vai querer pizza do que?

_ Atum.

_ Credo, é horrível.

_ Eu gosto.

_ Tá. Mais alguma?

_ Vê com a sua mãe, eu vou subir pra trocar de roupa. -levantei da bancada, beijei sua testa e voltamos pra sala. Passei reto pelo sofá e subi para o meu quarto.-

_ Isso são modos?

_ Ele é um traidor, se fez de amiguinho e agora vive beijando a boca da minha filha. -ela apertou os lábios.- Sem caráter. Isso que aquele malacabado é.

_ Ai Luan. -ria.- Você é muito engraçado, sabia?

_ Fica ai rindo sua ridícula. Quando ela aparecer aqui com uma barriga e sem entrar na faculdade eu quero ver só.

_ Deixa de ser besta amor, eles só...

_ Só nada, ele é um filho da mãe, mentiroso. Olha Fernanda, ele tá abusando da minha paciência. 

_ Qual? -riu mais alto ainda.- Desculpa amor, é que esse seu ciúmes não tem cabimento. Ela vai fazer 20 anos.

_ Poderia ter 50.

_ Chato. -revirou os olhos, fazendo caretas.

_ Sou mesmo, vai ser assim com todas elas. Todas. Manu, Laura, Sophia, Helena e Maria Luísa principalmente. Tô falando que eu vou andar armado.

_ Sabe nem pegar numa arma, se liga. -disse me empurrando no colchão.- 

_ Tudo na vida se aprende, esses caras que não fiquem espertos não.

_ Af Maria, deixa de ser ranzinza Luan. Eles são quase namorados.

_ Não. Eles são ficantes, entende a diferença? Eles não tem um compromisso. A minha filha tá na internet grudada no bico de um trem desse que nem dela é namorado.

_ Seu problema é esse? O pedido de namoro?

_ O que você acha? 

_ Quando for pra eles namorarem, eles vão namorar. Não adianta você ficar pondo pilha, ficando de cara feia amor.

_ Pra mim adianta.

_ Eu desisto de falar com você, meu deus.  -resmungou saindo do quarto.

Narrado por Melissa

  Leonardo tratava o Thor como um neném, e ele era. Depois de um mergulho na piscina antes de eu tomar banho peguei o secador e deixei o bebê da cada bem sequinho, penteado e cheiroso.

 Leo saiu do banheiro e ficou com ele deitado na cama, eu entrei pro banho e quando sai ele estava cochilando e nem sinal da bolinha de pêlos.

 Acordei ele e descemos de mãos dadas dando de cara com um pai ciumento e bravo nos encarando. Eu tive vontade de rir, mas me controlei.

_ Vamos na pizzaria comigo? -perguntei voltando para a sala.-

_ Pizza? 

_ Meu pai quem deu a ideia. Vai querer qual mãe?

_ Na verdade eu queria mesmo um beirute de rosbife, batatas fritas e uma coca bem gelada.

_ Gorda. 

_ Com fome, mas traz a pizza também. Quero de camarão.

_ Af mãe, deixa de ser gulosa.

_ Fome é a palavra certa querida. Vai lá, vai. Não demorem ou seu pai vai ficar enchendo o saco.

_ OK dona Fernanda. Estamos indo.

_ E depois eu quero falar com você viu gata.

_ Lá vem.

_ Tô falando sério.

_ Pode adiantar o assunto, senhora?

_ Sexo sem proteção te lembra alguma coisa?

_ Mãe!

_ Não quero ser avó agora, tô nova ainda né Leonardo?

_ Tá certa sogra. -disse rindo, e eu morrendo de vergonha, não falei nada até entrarmos no carro.- Tá vermelha, loira.

_ Minha mãe não tem filtro.

_ Fiquei sem graça dela saber que transamos, mas vou fazer o que? Será que seu pai sabe?

_ Minha mãe não contaria, mas ele sabe que eu não sou mais... mais virgem.

_ Apressadinha né, por isso.

_ Eu estava apaixonada, achava que estava amando e essas coisas.

_ Tava apaixonada, mas não estava amando?

_ Tem diferença, Leo. -fomos o caminho inteiro falando sobre isso, ele estacionou o carro e nós descemos demos as mãos e entramos para fazer os pedidos. Era uma pizzaria grande, conhecida. Fizemos nossos pedidos, paguei e nos sentamos para esperar.- Acho que vai demorar hein, tá cheio pra caramba.

_ Por mim... tô de boa.

_ Você é muito sossegado, vontade de te socar as vezes.

_ Não passa vontade não. -mordeu minha bochecha, dando um selinho gostoso em seguida.- Dá um beijo?

_ Não. -ele riu virando meu rosto e ficou passando a língua nos meus lábios até eu abrir a boca e lhe dar um beijo decente.- Sem graça.

_ I love. -piscou.-

_ Melissa? -olhamos juntos e ele fechou a cara, tive vontade de rir, mas segurei a onda.-

_ Oi Luiz, tudo bem?

_ Tudo bem melhor agora. -riu.- Como você tá? Vem cá me dar um abraço. -me levantei para abraçá-lo. Eu e Luiz estudamos juntos desde a oitava série, mas aí terminamos a escola e não nos vimos mais. Éramos colegas.- E aí, na faculdade já?

_ Ainda não, aconteceram algumas coisas e eu acabei trancando. Mas se tudo der certo, ano que vem eu volto a ativa.

_ Aí sim hein. Quem é? Seu irmão? -apontou pro Leo.-

_ Não, meu amigo.

_ HM... Tá solteira então? Passa seu whats, troquei de número. -enrolei bonito e não passei número nenhum, ele estava com a família por lá e não demorou para ir embora.-

_ O que foi loirão?

_ Nada, amiga. 

_ Ai Leo, sério?

_ Sério, amiga. Vamos logo que seu pai deve estar com fome. -pegou as pizzas, o beirute da minha mãe, nossa bebida e seguiu para o carro com o maior bico.-

_ É lindo até bravo, coisa fofa.

_ Coisa fofa o caralho, cara chato da porra. Não se toca.

_ Com ciúmes então?

_ Lógico, seu amigão sou eu.

_ Amigo bem colorido, né? -me pendurei em seu pescoço e ele jogou a cabeça pra trás se esquivando do meu beijo, ri mordendo seu pescoço.-

_ Filha da mãe, vai ficar marcado sabia?

_ Quem liga?

_ Minha mãe, talvez?

_ Sempre um bebezão da mãe.

_ Não nego nem afirmo. -soltei dele me ajeitando no banco, coloquei o cinto e ele deu partida. Chegamos e meus pais estavam na sala brincando, minha mãe estava no chão, e meu pai em cima dela fazendo cócegas.

_ Aí que lindos, nem parece que passaram dos 40. -brinquei e os dois nos olharam.- Bora comer? -ergui a sacola com a pizza.

_ Agora rapaiz, tava numa fome que só.

  Foi o primeiro a levantar e ir tomando a sacola de mim, minha mãe foi indo para a cozinha também. Ajudei a colocar os pratos e copos na mesa, nos sentamos e comemos muito. Muito mesmo, terminamos os quatro na sala de cinema, largados nas poltronas assistindo filme.







~.~

 Hello, lindíssimas ❤
 Olha quem apareceu, eu mesma. Desculpem a demora, mas está osso. Último semestre e horário novo de trabalho, e a linda aqui está mais que perdida. Enfim... Capítulo postado com sucesso, sem muitas novidades, apenas com um pai muito ciumento e que não aceita de jeito nenhum que a filha cresceu. Haha!