Narrado por Fernanda
Por fim, sexta-feira.
Acordei um pouco mais tarde por ter essa opção, Arthur entraria na terceira aula. Tomei um banho quase gelado e refrescante para tirar todo o suor que se acumulou durante toda a madrugada de muito sono. Ao sair vesti um shorts saia no comprimento de dois dedos acima dos joelhos, um body com um caimento legal nos ombros e nos pés calcei sapatilhas. Cabelos muito bem presos em um coque, quase nada de maquiagem... de acessórios apenas relógio e brincos delicados. Eu estava pronta, de muito bom humor e com muita fome.
Sai do quarto sem fazer barulho para não acordar meu marido, visitei o quarto das meninas e dei o remédio de cada uma delas antes de ir acordar meu homenzinho.
_ Filho? -bati na porta do banheiro.- Tomou banho, já?
_ Mãe, a senhora não sabe. Acordei duro.
_ Sonhou com sexo?
_ Vontade me mijar mesmo, e bem que o meu pai falou. Dói muito mijar de pau duro, horrível. Ainda bem que a senhora é mulher. -Arthur conversava normalmente, nem ligando pelo fato de eu ser mulher.- Sem terninho hoje? -perguntou saindo banheiro com a toalha na cintura.
_ Hoje é sexta, podemos ir mais a vontade.
_ Ah, sua filha vai pelada. Já sabe, né?
_ Que nada, tô acostumada com os vestidos da Melissa. -falei fuçando na roupa dele que estava em cima da cama.- Essa cueca tá boa de ir pro lixo, hein.
_ Eu gosto dela.
_ Tá quase furando, filho.
_ Ainda não furou. -pegou da minha mão e foi se vestindo. Camiseta do colégio, bermuda e tênis.- Preguiça de pentear o cabelo hoje, vou com ele assim. -passou as mãos de qualquer jeito, passou perfume e saiu jogando a mochila nas costas.- Bom dia, Maria. -deu um beijo no rosto dela.
_ Bom dia, meu filho. Bom dia, Fernanda.
_ Bom dia, Maria. -a cumprimentei também antes de me sentar.- Melissa ainda não desceu?
_ Deve ter perdido a hora, porque ontem ela chegou tarde.
_ Tarde que horas?
_ Tarde quase onze da noite, não acho certo. É dia de semana, ela tem que respeitar as ordens da casa.
_ Quem? Bom dia, bom dia, bom dia.
_ Bom dia. -respondemos.- Depois eu me acerto com ela, tá bom bebê? -falei.
_ Tá ótimo, perfeito. -riu.
_ Do que vocês estão falando?
_ Regras da casa, mocinha. -ele disse rindo.
_ Arthur, Arthur. -falei enquanto me servia. Tomamos café da manhã tranquilos, sem pressa. Escovei os dentes, retoquei o batom e passei pela sala para pegar a bolsa, as chaves e dar tchau pra Maria.- Vamos, Melissa?
_ Podem ir, o Leo vai passar aqui.
_ Dá uma folguinha pro meu cunhado, dá?
_ Cuida da sua vida e da sua namoradinha.
_ Ela ainda nem minha namorada é.
_ Tá escutando mãe? Ainda não namora, tá só na palhaçada.
_ Coisa que você fez meses, ou pensa que eu não sei não. -os dois trocaram farpas por alguns minutos, até eu ir para o carro e me acomodar.- Ia me deixar, mãe?
_ Arthur, entra logo filho. -ele entrou e depois de se acomodar ligou o som em uma rádio de esportes e foi o caminho todo ouvindo as notícias e comentando comigo sobre elas.- Tchau, fica com Deus.
_ Amém, a senhora também. -joguei um beijo, acenei e sai.
Fui voando para a CDM e ao chegar o clima estava mais que tranquilo, graças a Deus. Nessa última semana não recebemos novos clientes, mas tinha muito arquivo! Então de hoje até a próxima sexta-feira seria mais ou menos isso.
Foi o dia que tive para passar por cada departamento e as vezes conhecer um funcionário que eu não havia sido apresentada ainda em decorrência da correria. Sem contar que eu gostava de saber quem eram os rostinhos que circulavam dentro da Company.
_ Chefe, sua mãe no telefone. -dizia ela ligando no ramal do jurídico.
_ Pode transferir, Ana. Alô, mãe?
_ Boa tarde, minha filha. Tudo bem?
_ Ótima e a senhora? Meu pai?
_ Estamos ótimos também, de malas prontas inclusive. Liguei para falar do nosso voo, tivemos que mudar e chegaremos aí na madrugada de sábado pra domingo.
_ Tá bom, vou avisar meu motorista, Luan. Seu genro. -falei e ela deu risada.
_ Ô filha, não precisa. A gente pega um táxi, só estamos avisando pelo horário mesmo.
_ Nós iremos, relaxa mãe. -trocamos mais algumas palavras antes de ela desligar. Voltei ao que eu fazia, depois ainda almocei com a galera e na volta eu só dei uma geral na minha sala e fui embora pra casa.
_ Fernanda. -abracei minha sogra assim que cheguei, ela e Amarildo estavam em casa com o Lucas.- Tudo bem, querida?
_ Tudo sim, sogra. E vocês, como estão?
_ Muito bem, viemos dar uma volta e trazer o Luquinhas pra brincar.
_ Já está correndo por aí com a Helena, não é? -ri.
_ E os cachorros. -Amarildo disse se colocando de pé, nos abraçamos também e caminhei até o maridão.
_ Oi, vida. -sorri olhando nos olhos dele.
_ Oi, meu amor. Tá linda, viu? -nos beijamos, coisa rápida.
_ Vou guardar minha bolsa, volto já. -falei subindo com a bolsa, largando ela em cima da cama, tirei os sapatos e nem troquei de roupas. Apenas calcei meus chinelos e desci, depois de não encontrar minhas crianças no quarto.- Cadê minhas crianças?
_ Maria Luísa está com a Carol na piscina, Arthur jogando bola no colégio ainda.
_ Até agora?
_ Sim, amor. Liguei era 11h30 da manhã, falou que estava tendo "campeonato".
_ Hm, atleta ele. -falei me sentando.- Helena reclamou da garganta?
_ Ela até sorvete tomou hoje, se você quer saber.
_ Luan, meu filho. -Mari dizia.- Não pode brincar com essas coisas, ela não estava tomando remédio?
_ Ela é criança, vai ficar passando vontade? Mas a Maria deu água pra ela depois.
_ Meu filho tem juízo rapaz. -disse meu sogro, piscando para o Luan.- E o natal, já compraram os presentes?
_ Ainda não, comprei nem as roupas. Acho que vou essa semana que vai entrar, vamos sogra? Minha mãe vai estar por aqui também. -ficamos pela sala falando sobre as festas de natal e ano novo. Na verdade planejando nossa virada de ano que seria em um hotel.
Luan pediu pra Lelê reservar os dois últimos andares e a cobertura, queria comemorar com os presentes de um jeito mais íntimo.
_ Aquele hotel é muito bom, costuma ter ceia e tudo mais. -Amarildo nos dizia.- Mas aí não teríamos muita privacidade, entende?
_ Por isso minha ideia.
_ Ótima por sinal. Bruninha vai também?
_ Vai sim, mas com a gente no dia 30.
_ Hm... entendi, e o look sogra?
_ Aquele bem básico, sabe (risos)? Lá é praia, não é meu filho?
_ Sim, Alagoas. São Miguel dos Milagres.
_ Eu não conheço lá não amor, mas é praia eu gosto (risos).
_ Gosta, né?
_ Amo sol, amo o mar. Amo meus filhos rolando na areia.
_ Sempre assim, Luan voltava com areia no ouvido. Acredita?
_ Ah, eu acredito. Acredito porque a Nena quando era menorzinha comia areia, enchia a mão e enfiava na boca.
_ Crianças.
Conforme foi entardecendo as meninas saíram da piscina e foram para o banho. Já os menores foram para a sala de cinema e Luan colocou uma sequência de filmes em desenhos para eles. Maria tinha ido embora então minha sogra e eu fomos para a cozinha, ela deu a ideia de fazermos bolo e pedimos para o Luan ir comprar alguns pães para tomarmos café da tarde.
_ Mãe! Cheguei. -escutei Arthur gritar da sala.- Tá aqui embaixo?
_ Na cozinha. -respondi ainda de costas para o corredor.
_ Oi vó, oi mãe. -olhamos e ele estava todo suado, cabelos mais desajeitados que o normal e com a camiseta da escola muito suja.- Posso dar um xero?
_ Pode achar o caminho do chuveiro, tchau.
_ Tenho que falar com a senhora depois. -e saiu.
_ Como cresceu, não é? -Mari comentou sorrindo.- Tá maior que o avô.
_ Grandão, ele passou de mim. -fiz bico.
_ E bonitão. Já está namorando, Fê?
_ Disse que tá conhecendo uma dona aí, ela vai viajar com a gente nos últimos shows do ano.
_ Sério?
_ Pra mim já é um namoro, mas disse ele que não. -dei de ombros.
_ Eu sei bem como é, Luan nunca namorava.
_ Homens (risos).
Enquanto o bolo estava no forno, fizemos suco, um pouco de chá e café. Ajeitamos a mesa de jantar e voltamos para a sala.
_ Mãe, deixa eu sair hoje?
_ Com quem? Pra onde?
_ Aniversário do Henrique.
_ Aí, deixa eu ir também? Ele me convidou também. -Maria Luísa entrou no assunto enquanto descia as escadas com a Carol.
_ Seu irmão vai, se ele quiser... ele te leva. -falei e ela ficou olhando para ele.
_ Arthur? Deixa eu ir, vai?
_ Se o seu pai deixar. -disse rindo.- Zuera, maninha. Mas se você não se comportar já sabe hein.
_ Carol pode ir também? Ela vai dormir aqui em casa. -olhei surpresa, nem eu sabia.
_ Malu, filha. Os pais delas deixam?
_ A gente liga depois. -deu de ombros.- E aí?
_ Quem vai levar vocês? -perguntei.
_ Ô mãe, eu já dirijo pô. Empresta o carro?
_ E se você beber? Atropelar alguém?
_ Confia em mim? -assenti.- Fechou. -esfregou uma mão na outra, comemorando e indo encher o saco da avó, enquanto as duas bonitas voltaram para o quarto.
Assim que Luan cruzou a porta eu dei a notícia, ele não gostou muito. Mas não reclamou porque sabia que as meninas estariam indo com o Arthur. Quando falei do carro Luan deu um sermão daqueles nele e falou que ele poderia ir com o Durango.
Terminei de colocar a mesa e nos sentamos para comer assim que o bolo ficou pronto. Todo mundo de boca cheia, ninguém falava. Logo depois meus sogros foram embora com o Lucas, Puff e Tobias. Helena foi para o colo do papai e ficou até dormir. Malu e Carol subiram para se arrumar e Arthur também. Eu deitei no sofá, coloquei em um filme de comédia romântica e obriguei meu marido assistir comigo.
(...)
Não demorou e as meninas desceram, prontas. Maria Luísa estava de jeans e cropped, Luan olhou e não disse nada. Eu achei lindo. Carol estava com o mesmo look, mudava apenas a cor, ela estava com um jeans mais claro e cropped vermelho.
_ Muito cuidado, hein. -escutei meu marido dizer.- Arthur, fica de olho nelas.
_ Pode deixar, paizão. -falou chegando na sala todo cheiroso, bonitão e sorridente.- Que foi, mãe?
_ Você tá gato, se não fosse meu filho e curtisse uma mulher mais madura. -pisquei.
_ Ah, Fernanda. Que isso cara.
_ É brincadeira, amor. -beijei o rosto dele.- Já estão indo?
_ Indo pra onde, posso saber? -Melissa perguntou abrindo a porta, entrou e meu genro veio atrás.- Olha, toda toda vocês duas hein.
_ Oi Mê. -Carol cumprimentou.
_ Oi Carola. Oi gente, cheguei.
_ Percebemos, né? -Arthur disse beijando o rosto dela e pegando a chave do carro que estava pendurada na parede próximo a porta.
_ Você vai dirigindo?
_ Meus pais deixaram.
_ Hm... as coisas mudaram, não é mesmo? -riu.- Onde vamos?
_ Aniversário do Rique.
_ De quem, Maria Luísa?
_ Henrique, pai. Henrique.
_ Acho bom. Cuidado hein, se aprontar já sabe.
_ Vamos que eu ainda tenho que passar em outro lugar antes de irmos.
_ Vai buscar alguém?
_ Vou mãezinha, minha gata.
_ Sua o que, Arthur?
_ Amiga (risos). Tchau, tchau. -se despediam.
_ Se não me atenderem quando eu ligar já sabem, né? -falei séria e os três assentiram.- Assim que eu gosto.
_ Uma sogra dessas bicho. -riu.
_ Ponho ordem, tá pensando o que (risos). E vocês, vão ficar em casa?
_ Não, mãe. Balada, eu tô de férias!
_ Já? Não ia até dia 21?
_ Não, graças a Deus. Estou no momento de curtir as férias, começo hoje.
_ Hoje? E posso saber onde?
_ Caribbean, em Pinheiros. Mas venho dormir em casa com as meninas eu acho.
_ Tá bom. -falei voltando a prestar a atenção no meu filme enquanto eles subiram as escadas.
Pensei comigo que agora os tempos são outros. Lembro quando eu estava nessa fase de chegar em casa, me arrumar e rua, balada, shows, festinhas em casa. Agora estou mais velha, casada, com filhos e são eles quem passam por mim dizendo que voltam no dia seguinte.
Como só iria ficar em casa, Helena, Luan e eu. Não fiz janta, pedi comida japonesa e enquanto não chegava subi para tomar um banho.
_ Então não vou mais. Ai que saco.
_ Ah, para vai Melissa. Toda vez é isso, meu. Desencana da Bianca, eu nunca nem fiquei com ela... Tenho amizade, só.
_ Então sai com a sua amiga, eu não vou.
_ Bom, eu tô indo me arrumar. Se ainda quiser ir manda mensagem. -escutei ele dizer enquanto terminava de subir.- Tchau, sogra.
_ Tchau, Leo. -disse indo para o meu quarto.
_ Eu não acredito nisso. Mãe! Você viu o que ele fez?
_ O que? -perguntei tirando o shorts saia e as alças do body.
_ Preferiu ir com a amiga dele, aquela vagabunda.
_ Você tem que entender que seu namorado sempre foi amigo dela desde a faculdade, fim.
_ Mas mãe.
_ Ele não te chamou pra ir junto? Qual o problema?
_ Eu não gosto dela, esse é o problema.
_ Também já não gostei de muita amiga do seu pai, mas sempre quando elas saiam e eu tinha a oportunidade de ir junto... eu ia. E ia bem linda, no salto, maquiada e fazia o meu papel de namorada.
_ Tá dizendo que eu tenho que ir?
_ Eu iria. -falei tirando o body, sutiã e indo para o banheiro descalça. Encostei a porta, abri a chuveiro e entrei devagar, lavando o rosto e molhando o pescoço, sem molhar os cabelos. Ensaboei todo o corpo, enxaguei e sai depois de escovar os dentes.
_ O que deu na sua filha?
_ Melissa é igual você, chata.
_ (riu) Por que?
_ Bianca, conhece?
_ Ah, amor. Eu entendo minha filha.
_ Entende porque você era assim com todos os meus amigos, todos. Principalmente o que você nunca nem tinha falado.
_ Você tinha vários amigos coloridos, muitos deles você já tinha ficado sim.
_ E daí, eu não estava com você?
_ Estava, mas...
_ Mas nada, bobão. -ele riu.
_ Aconteceu mais alguma coisa?
_ Ele falou pra ela que a Bianca iria sim, e que se ela quisesse ir era pra mandar uma mensagem pra ele.
_ Cara folgado.
_ Folgada é ela. Ué, igual eu e você. Se não quiser ir, fica.
_ Tá bom, vida. Tá bom.
_ A comida chegou?
_ Sim, tá na mesa já.
_ E por que você subiu?
_ Pra colocar a Leninha na cama, ela apagou e nem tomou banho.
_ Amanhã é sábado, ela toma. -disse me secando, depois entrei no closet e peguei uma camisola para vestir.
_ Bons tempos aquele em que você dormia sem calcinha.
_ Agora essa casa vive cheia, não fico tão a vontade.
_ Ah, mas hoje está só a gente.
_ Quem sabe, né? -pisquei e vesti a peça íntima.
Descemos, colocamos as coisas em cima da mesa de centro e nos sentamos no chão. Luan abriu o vinho e encheu nossas taças, entregando uma a mim e erguendo a dele pra brindarmos.
_ Nem lembrei de falar, minha mãe ligou e disse que chegam amanhã de madrugada.
_ Tá bom, eu busco eles no aeroporto.
_ Disse ela que não precisava, que seria incômodo e essas coisas.
_ Não, pô. Eu vou sim. Você vai comigo?
_ Não sei, depende se minhas crianças vão sair né.
_ Também não é festa, né? Todo dia agora?
_ Eles estão na idade.
_ Vai nessa viu. -disse voltando a comer e eu fiz o mesmo. Ficamos nesse clima tranquilo, quando bateu o sono guardamos as coisas, apagamos as luzes e subimos para deitar e dormir.
Narradora
Enquanto o casal Luan e Fernanda dormiam, os filhos mais velhos se divertiam.
Arthur comemorou por ter conseguido o carro já que ele havia combinado de passar na casa da Julia para levar também ela e a irmã para a mesma festa.
_ Por que eu tenho que ir atrás no carro do meu pai? -Maria Luísa perguntou antes de entrar no carro e bater a porta.- Hein?
_ Vou buscar duas amigas, uma delas vai na frente.
_ Sua namoradinha, é?
_ Não. -respondeu prestando a atenção no trânsito, entrou em algumas ruas e estacionou em uma bem movimentada, de frente para uma casa. Pegou o celular e discou o número da Julia.- Oi, tô aqui já.
_ Tô colocando o sapato só, me espera?
_ Espero, espero sim. -e desligou.
_ Além de vir buscar a bonita, ainda tem que ficar esperando. Você não é taxista não. -Malu disparou a falar e Arthur fingia não ouvir. Cerca de dez minutos depois Julia desceu os degraus com a irmã, Camila.
_ Oi, Arthur. -deu um selinho e sentou no banco do carona.- Oi meninas.
_ Oi. -Malu respondeu seca.- E aí, podemos ir ou ainda falta mais alguém?
_ Desculpa a demora, eu acabei me atrasando. -disse sem graça, Malu continuou encarando Julia e voltou a conversar com a amiga.
Com o carro rodando outra vez seguiram para o sobrado onde aconteceria a festa. Ao chegarem no condomínio, Arthur se identificou na porta, seguiu até o endereço, estacionou e todos desceram.
_ Eu não gostei dela. -Malu sussurrou para Carol enquanto entravam na casa.
_ Mas vocês nem se conhecem.
_ Por isso mesmo, cara de nojenta. -torceu o nariz.
_ Aí amiga, deixa de loucura. Vamos curtir a festa.
_ Quero.
Assim que entraram foram cumprimentando o pessoal que em sua maioria eram da escola onde estudavam e chegaram até o aniversariante, Henrique que estava completando 18 anos.
_ Maluzinha, até você veio? -disse abraçando ela pela cintura.- Tá linda. -beijou seu rosto e deu uma piscadela.
_ Já pode soltar já. E aí irmão, parabéns. -se abraçaram.
_ Valeu, valeu. Fiquem a vontade, tem a mesa com arroz, saladas e farofa... a carne está assando e as bebidas estão naquele freezer.
_ Tem refri, né?
_ Tem o que você quiser. -falou alisando seus cabelos. Arthur não viu por estar falando com Julia, Camila já estava com os outros amigos e Carol segurando vela.- Até você veio Carol?
_ Era para estarmos dormindo (risos).
_ Que dormir o que, hoje é dia de festejar.
_ Queremos. -disseram juntas.
(...)
Leonardo foi pra casa, tomou um banho, se trocou e desceu para comer alguma coisa antes de ir. Ainda conversou com o pai, o irmão e recebeu o telefonema de Bianca confirmando o horário em que ele iria buscar ela.
_ Ah, mas você ainda vai passar na sua namorada pra depois vir pra cá.
_ E vou, mas é coisa rápida. Ela já deve estar pronta...
_ Ela não falou nada de eu ir?
_ Vocês duas são foda, enchem o saco.
_ Nada a ver, ela é que não me suporta. Eu não tenho nada contra ela, nadinha.
_ Isso é bom, ótimo.
_ Trouxa. Vou me arrumar, tchau loiro.
_ Tchau. -desliguei.- Ah, meu deus!
_ O que?
_ Tenho uma namorada ciumenta, muito ciumenta e chata com isso.
_ Ô filho, é normal.
_ Não, mãe. Não é normal. Eu tô namorando com ela mais de três anos, estudei com a Bianca alguns anos e é só amizade. Eu não traio a Melissa não.
_ Vai ver ela é insegura com isso.
_ Ou muito mimada. -falou beijando o rosto da mãe e indo escovar os dentes.
_ Se cuida meu filho, vai com Deus. -o beijou na testa e acompanhou até a porta, esperando que ele entrasse no carro e seguisse.
Melissa havia terminado seu banho, trocado de roupa e estava sentada na cama tentando falar com Leonardo. Mas ele não atendeu por estar dirigindo, só retornou a chamada quando estacionou em frente a casa dela.
_ Oi. -ela atendeu.- Eu estava te ligando.
_ Estava dirigindo, vim te buscar.
_ Mas você nem sabe se eu vou.
_ Desce aqui, vamos conversar...
_ Não quero conversar.
_ Ô loira, não complica. Tô te esperando, tá? -Melissa desligou e riu, pegou a bolsa e desceu indo para o carro.- Ué, pensei que ia te encontrar de pijama.
_ Eu já estava pronta, queria fazer um drama. -sentou pondo o cinto de segurança e guardando a bolsa no porta luvas.- Vamos buscar a Bianca?
_ Olha a Bianca é minha amiga e você minha namorada, acabou hein.
_ Você é um grosso.
_ Tô sendo sincero, não tem necessidade de tanto ciúmes.
_ Ah não?
_ Não.
_ Tá bom.
_ Desfaz esse bico, vai. Estamos indo distrair, dar risada...
_ Serei sociável, até cumprimento sua amiga. Só pra você ficar feliz.
_ Obrigado, eu te amo. -apertou as bochechas dela e voltou a dirigir. Pegaram a avenida principal e seguiram primeiro até a casa de Bianca e depois para a região da Pinheiros.
Narrado por Maria Luísa
A festa estava muito boa, os amigos do meu irmão eram todos legais e das meninas que estavam junto conosco agitavam demais e depois que enchemos a barriga de carne e já ter passado da meia noite, nós fomos dançar.
Dançamos um tempão, zoamos muito também. Sentei um pouco e fiquei encostada na Carol que estava no celular falando com o namoradinho.
_ Ele ficou te olhando. -Carol falou pra mim rindo.
_ Também percebi e se ele quiser, eu quero.
_ Doida (risos). Olha o que o Vi me mandou. -mostrava a mensagem e eu ajudando ela responder.
_ Tô indo lá no banheiro, já venho. -levantei e desviei de algumas pessoas antes de entrar na casa e seguir o corredor que dava acesso ao banheiro.
_ Tá perdida, Malu? -escutei a amiga do meu irmão perguntar.
_ Queria usar o banheiro, mas tem gente aqui.
_ Tem outro banheiro lá em cima, eu te levo lá. -e saiu me puxando pela mão, entramos no banheiro juntas, ela ficou no espelho de arrumando e eu fazendo xixi.- Te espero aqui fora, tá? -e saiu. Coloquei a roupa, dei a descarga e lavei as mãos antes de sair.
_ Pronto, valeu. -estávamos descendo quando encontramos com a Henrique que ia subir, mas parou na escada. A amiga do meu irmão passou e ele entrou na minha frente.
_ Quantos anos você tem?
_ É a segunda pessoa que me pergunta isso hoje, sabia?
_ Bem novinha, né?
_ 14.
_ Não quer ir ali?
_ Com você? Se meu irmão sonhar...
_ Ele não vai nem saber. -pegou na minha mão e descemos, indo para os fundos onde parecia ser uma lavanderia e tinha um outro cômodo atrás.
_ Mas aqui embaixo?
_ Relaxa. -ele disse pondo a mão no meu pescoço e dando um selinho na minha boca. Eu não tinha experiência nenhuma em ficar com garotos, tinha beijado duas vezes só e a pessoa tinha a mesma idade que eu, e não teve esse negócio de ficar passando a mão aqui ou ali. Henrique não. Ele segurava com mais firmeza meus cabelos, descia uma das mãos para a cintura e a outra até minha bunda e eu senti uma coisa estranha. Cheguei até abrir os olhos, ele riu e deu uma mordida nos meus lábios.- Tá tudo bem?
_ Tá, por quê?
_ Nada não. -disse voltando a me abraçar e passar os lábios no meu pescoço, arrepiei outra vez. Continuamos nos beijando, mas meu celular começou a tocar e eu tive que atender.- Oi Carol.
_ Onde você está maluca? Seu irmão perguntou de você duas vezes e eu falei que você ainda estava no banheiro.
_ Depois eu te conto, já já eu volto.
_ Malu.
_ Oi. -Henrique revirou os olhos, rindo.- É sério, eu já volto.
_ Tá bom, vou no banheiro também.
_ É a Carol, né? -assenti.- Vem cá. -nos beijamos outra vez e depois disso ele voltou para o quintal e eu encontrei com a Carol na fila do banheiro.
_ Você some e nem avisa.
_ Ele me pegou no meio do caminho.
_ Meio do caminho?
_ Não dá pra falar aqui, mas só te digo uma coisa. Ele beija bem (risos).
_ Isso é bom, muito bom. -comemoramos. Carol usou o banheiro e eu aproveitei para retocar o batom e voltarmos para a mesa onde estávamos antes.
_ Não senta não, vamos dançar. -a menina que me mostrou o banheiro disse.
_ Como é seu nome mesmo?
_ Larissa.
_ Beleza, vou só pegar um refri.
_ Você não bebe?
_ Não, não curto. -ela ficou de boca aberta, mas levou numa boa. Depois de matar minha sede me juntei a elas e ficamos dançando e cantando e tirando fotos, até meu irmão decidir que era hora de irmos pra casa. Aí a gente deu tchau pra todo mundo, nos despedimos também no Henrique que nos levou até a porta e entramos no carro para ir pra casa.
_ Sua irmã vai ficar? -Arthur perguntou pra Julia.
_ Vai sim, ela vai embora com o Mateus.
_ Entendi. -riu.- Então bora, né?
_ Sim. -falei tirando o celular do bolso, olhei as fotos que havia tirado e postei uma delas antes de dar uma fuçada na rede e deitar no ombro da Carol.
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Quando seu irmão salva sua noite. ❤ #boamadrugada |
O Tutu ia deixar a chatinha em casa, mas quando parou em frente a casa dela os dois desceram pra se despedir e eu liguei o som, baixinho, e comecei a pra Carol como tinha sido beijar o Henrique. Ela riu muito, disse que eu era muito tímida pra essas coisas. O que não era mentira.
Meu irmão voltou pro carro, aumentou a música e voltamos na santa paz para casa. Ainda esperamos ele estacionar, fechar todo o carro e daí entramos em casa, fechamos a porta e partimos para o quarto.
_ Como que fala?
_ Vai dormir, Arthur. -falei depois de dar um beijo na bochecha dele e fechar minha porta.- Amiga quer tomar banho?
_ Não, eu só quero dormir.
_ Eu também, vou só colocar um pijama e cama.
Nos trocamos e quando eu estava deitada na cama, tinha acabado de apagar a luz, minha irmã me liga falando que tinha esquecido as chaves de casa e me pediu pra abrir a porta.
_ Por que não dormiu na casa do Leo?
_ Porque eu tenho casa, ué. Tchau, amor.
_ Tchau, loira. Tchau, cunhadinha.
_ Tchau, vai com Deus. -falei acenando, Melissa entrou e ainda me fez esperar por ela pra subir.
_ Chegaram agora também, é?
_ Sim e você não sabe o que eu fiz.
_ Ai, o que Malu?
_ Não conta pra ninguém, se não eu não te conto mais nada hein.
_ Tá, fala logo.
_ Fiquei com o Henrique.
_ Maria Luísa, ele tem 18 anos. É um gatinho, mas é mais velho.
_ A gente só beijou.
_ Só? Não rolou mãos bobas?
_ Não! Tá doida? Ele foi o segundo menino que eu fiquei.
_ Hm... o que você achou?
_ Bem melhor, ele beija gostoso eu fiquei com a garganta seca.
_ Mas gente, Arthur vai te matar.
_ Não vai matar porque ele não vai nem saber. Eu te contei porque você é minha irmã mais velha.
_ Não vai contar pra mãe?
_ Ela não vai me dar sermão, né?
_ Não. Ela não é assim, você sabe.
_ As pessoas mudam.
_ É, mas ela já teve sua idade assim como eu também tive.
_ E se ela contar pro pai?
_ Ela não vai, relaxa. -riu.- Vou tomar banho, depois a gente conversa mais.
_ Tá, boa noite.
_ Boa. -falei indo para o meu quarto.- Carol eu contei pra minha irmã.
_ Louca! E ela?
_ Melissa é de boa, não gosto de esconder as coisas dela. Senão num dia em que fizer alguma besteira e você não puder falar comigo eu vou morrer engasgada (risos).
_ Faz sentido. Mas agora vamos dormir, tô morta. -dizia ela bocejando. Entrei debaixo da coberta também e fechei os olhos, dormi.
~.~
Eu amei esse capítulo, amei cada pedacinho dele. ❤
Amei nosso casal numa vibe mais tranquila e os filhos "pegando fogo" a começar pela Malu que ficou com o amigo do irmão, mas foi uma coisa light. Arthur se sentiu mais velho ao dirigir o carro do pai e ter que olhar a irmã e a amiga da irmã, fora dar atenção pra Julia. E por último e não menos importante, nosso casal Menardo em uma quase DR.
Melissa é o Luan todinho, como pode?