{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

sábado, 9 de novembro de 2019

Capítulo 275

Narrado por Fernanda
   Passado os dias do mês de agosto, nós já estávamos pensando nas festas de fim de ano. Eu no caso, meus filhos estavam todos envolvidos com as suas responsabilidades. Maria Luísa se dedicava aos estudos dos pré vestibulares, mesmo sabendo que ainda faltava um tempo para ingressar em uma universidade.
   Arthur realmente se descobriu na Educação Física e diminuiu o ritmo de saídas aos finais de semana e as viagens marcadas de última hora. E Melissa estava cada vez mais empolgada com as coisas do casamento que seria dali dois anos.
  Luan e eu estávamos orgulhosos e curtindo muito nossa caçula, a única criança da casa.


_ É domingo amor, dia de aproveitar com a família. Levanta, vai. -falei puxando o edredom que o cobria e jogando no chão. Dei a volta e segui em direção a janela e quando ia abrir a cortina senti alguém me abraçar pela cintura com força e tapar minha boca para que eu não gritasse.
_ Eu tô com sono, você vai me deixar dormir.
_ Ah não vou mesmo. Estamos te esperando para o café, quer dormir mesmo? 
_ Tô cansado vida, chegamos tarde ontem.
_ Hoje né. Eu olhei a hora que você chegou. 04h18 da manhã e bêbado, cheirando whisky. 
_ Não exagera, não era tão tarde. Não bebemos tanto também não, voltei dirigindo se quer saber.
_ Safado.
_ Só tinham homens lá, estávamos em amigos.
_ Vou sair assim com as minhas amigas também. Você não perde por esperar. -cruzei os braços e ele deu risada, deitando por cima de mim e passando a língua na minha boca até eu abrir e dar um beijo nele.- Sai, vai.
_ Eu te amo, bom dia.
_ Bom dia. Vai logo.
_ Preciso vestir uma cueca pelo menos, passar uma água no rosto.
_ Eu espero. Vai lá. -dei um tapão na bunda dele e corri para o closet. Escutei a porta do banheiro bater e voltei para o quarto, dei uma ajeitada rápida e foi o tempo de ele abrir a porta.
_ Bora muié. -falou me pegando pelas pernas e jogando por cima do ombro, saiu do quarto, desceu as escadas e entramos na sala de jantar.- Bom dia, bom dia, bom dia.
_ Acordou bem hein pai. -Arthur falou rindo.
_ Fui acordado você quer dizer. -riu.- E você princesa, dormiu bem?
_ Sim, papai. Dormi com o Thor, na minha cama.
_ Cachorro fedorento. -disse rindo, brincando.- Cadê ele?
_ Lá fora. -falei.
_ Mãe, vamos fazer alguma coisa hoje? -Maria Luísa perguntou assim que nós nos sentamos e começamos a comer.
_ Ficar em casa, todos nós.
_ Por que? -Arthur também se manifestou.
_ Porque é domingo, domingo é dia de passar em família.
_ Okay, Henrique pode vir?
_ Pode sim. 
_ A Julia também vem. Falei com ela ontem.
_ Leonardo também vem Melissa?
_ Não. Foi viajar com o irmão dele, a cunhada e a sobrinha. 
_ Viajar? E você não foi?
_ Eles vão ficar oito dias lá, não posso. Tenho a faculdade, a empresa e estou vendo as coisas da nossa casa também.
_ E ele lá se divertindo. -Luan comentou sem dar risada, estava enciumado.
_ Eles já tinham marcado, pai. Falei pra ele que não tinha problema. Já adiantamos muita coisa, pintamos tudo, nossas salas e cozinha estão prontas. Faltam os móveis dos quartos e ver como ficarão nosso quintal e área da churrasqueira.
_ Toda besta com essa história de casar. -Malu falou rindo.- Não vê a hora, né Mê?
_ Estou bem ansiosa, muito.
_ Só queria entender porque tão longe daqui. Não quer morar perto da sua família.
_ Não é isso pai. Temos carro, fica a meia hora daqui.
_ Sem trânsito. -rebateu.- Não gostei disso não, com tanta casa aqui no condomínio.
_ Amor, eles quem tinham que escolher. Nós também não moramos perto dos seus pais.
_ Não interessa, eles não são nós. -falou decidido.
_ De onde eu venho, isso chama ciúmes. -Arthur disse rindo, Luan jogou farelos de pão nele.
_ Ciúmes não, é cuidado.
_ Sei. -falei.- Vai querer ajuda filha?
_ De opinião na verdade. -começamos a falar sobre a decoração que ela havia pensado para o jardim, depois seguimos para a churrasqueira e até meu marido ciumento interagiu conosco. Terminamos a refeição, Arthur e Maria Luísa retiraram a mesa. Melissa lavou a louça e Helena correu para o sofá e já se sentou pegando o controle da TV.
_ Nada disso. Já guardou seus brinquedos?
_ Mas mamãe, eu vou brincar de novo no outro dia.
_ Mesmo assim, vamos lá. Depois você assiste.
_ Deixa que eu vou com ela. -Luan se ofereceu.- Bora que o papai te ajuda. -ela subiu nas costas dele e subiram.
_ Oi neném da mãe, cê tá aí é bebê? Vem cá meu amorzinho, vem aqui no colinho neném.
_ Mãe ele não é neném mais.
_ É meu bebezinho sim, coisa linda, peluda da mãe. -beijei seu focinho.- E como foi ontem?
_ Eu amei. Ele pediu pra mãe dele preparar o jantar, só que quando eu cheguei na casa dele os pais dele tinham saído. Ficamos até umas 23h30 sozinhos. Mas conversamos bastante também, não foi só namorar, mãe. Assistimos um filme, trocamos carinho.
_ Acho tão saudável o namoro de vocês, acho lindo.
_ Eu também estou gostando do meu primeiro namorado.
_ Blá blá blá blá blá. -Arthur chegou se deitando no sofá e jogando a almofada nela.- Muito doce vocês dois.
_ Pelo menos não chamo ele de bebê e nem de mô. Isso é muito doce, credo.
_ Inveja que a gente tem um apelido carinhoso.
_ Nada ver, seu besta.
_ A senhora tinha apelido carinhoso mãe?
_ Pichuletinha. -falei rindo e eles franzindo a testa sem entender nada.- Seu pai é bem criativo.
_ Tô vendo que sim. 
_ Pronto mamãe, posso assistir desenho agora?
_ Não, vamos no mercado com a mamãe.
_ Vamos! Vem papai, vamos de carro!


   Luan e eu fomos no mercado comprar as coisas para o almoço. Ele queria fazer churrasco, então passamos primeiro no mercado e compramos as saladas, algumas bebidas e frutas. Saímos de lá e fomos no açougue, Luan quem escolheu as carnes e aí passamos nos meus sogros. Fiquei dentro do carro, Luan desceu pra buscar não sei o que e a pequena foi falar com a vovó.

_ Demoraram hein. -falei quando os dois entraram.- Sua mãe tá aí?
_ Estava terminando de arrumar a cozinha, disse que vai pra lá mais cedo pra te ajudar com as coisas.
_ Ô Luan não precisava incomodar sua mãe.
_ Ela gosta vida, ela gosta. -disse colocando o cinto e dando partida.- Meu pai vai dar uma passada lá mais tarde, tinha marcado com uns amigos das antigas pra ir em um pesqueiro.
_ Sério?
_ Sim. Vai minha mãe e o Puff.
_ Sua irmã foi viajar mesmo?
_ Foi, tá no Paraná com o Rafael.
_ Ah tá. Não estamos levando nada pra sobremesa, né?
_ Quer comprar sorvete?


   Ele sugeriu e nós fomos.
  Chegamos em casa e estavam todos a vontade, Julia me cumprimentou e continuou dançando com a Melissa no Xbox. Encontrei com Arthur e Henrique saindo da cozinha e eles foram ajudar Luan tirar as coisas de dentro do carro.


_ Churrasco, pai?
_ Sim. Uma delícia. -respondeu lavando as bebidas para o freezer.- Quer ajuda amor?
_ Lava a mão e vai cortando o tomate do vinagrete. -pedi lhe dando um beijo no rosto e indo lavar o arroz.


   Não era sempre que eu cozinhava, mas quando fazia seguia tudo certinho, me concentrava. O almoço estava saindo como previsto. Fiz o arroz, cortei as saladas e deixei nas travessas, fiz o vinagrete e Luan foi cuidar da churrasqueira.
   Helena quis arrumar a mesa que tínhamos do lado de fora, Arthur foi ajudá-la.


_ Oi Fernanda, tudo bom? -Marizete chegou trazendo duas travessas com doces, deixou em cima da mesa e veio me dar um beijo. Nos abraçamos, ela guardou os dois na geladeira e foi ver os meninos lá fora. Fui no quarto guardar minha bolsa e quando voltei a cozinha escutei a porta do banheiro bater com força e Maria Luísa me olhar assuntar, perguntei o que era e ela disse que nada. Não demorou e a Julia saiu do banheiro e as duas voltaram para a sala cochichando.
_ Amor, vamos lá pra fora. Minha mãe tá lá com a Nena e os brinquedos.
_ Tô indo, vou tomar água que tô morta de calor.
_ Tira a roupa. -brincou me abraçando pela cintura e me juntando ainda mais a ele, nos olhamos e nos beijamos.- Hmmm... andou comendo doce, né?
_ Experimentando, amor. Seu beijo tem gosto de cerveja.
_ Minha mãe vai fazer caipirinha pra gente.
_ Amanhã eu trabalho viu.
_ Eu não.


   Depois de beber água e prender os cabelos, fui lá pra fora me juntar aos mais velhos. Luan cuidava da carne, Mari deixou Helena brincando com o Thor e foi preparar a caipirinha e eu? Fiquei descascando limões enquanto íamos batendo papo.
   Era gostoso se reunir assim, em casa, com a família e sem a preocupação com mais nada.
  Nosso almoço ficou pronto cedo, chamei a todos e nos sentamos à mesa, nos servimos e comemos fartamente.





Narrado por Melissa

(...)


_ Melissa, por favor filha pega meu carregador no quarto?
_ Sério, mãe? Tá longe.
_ Rapidinho, preciso mostrar uma coisa pra sua vó e está acabando a bateria. -deixei minha taça vazia em cima da mesa e entrei, Malu estava deitada com o Henrique no sofá e Helena com o Thor no tapete. Subi as escadas e escutei meu irmão e a Julia discutirei e fiquei olhando pela brecha na porta.
_ Você não pode estar falando sério, minha mãe vai me matar. -passava as mãos no cabelo andando de um lado para o outro do quarto.- Precisamos ter calma né?
_ Desculpa, eu sei que não deveria ter acontecido. Mas é isso Arthur, eu acho que estou grávida.
_ Quando você descobriu?
_ Ainda não fiz o exame de sangue, eu só passei mal duas vezes essa semana e minha menstruação atrasou também.
_ Você contou pra alguém?
_ Não, eu tô com medo. -começou chorar e meu irmão a abraçou forte. Achei lindo e quase chorei também.
_ Eu vou ficar de seu lado bebê, fica tranquila. 
_ Melissa! Achou o carregador? -escutei minha mãe gritar da escada e sai do transe. Entrei no quarto dela, peguei o carregador e desci.- Que cara de assustada é essa?
_ Nada mãe, toma. -entreguei o carregador e voltei para o quintal.
_ E o Leonardo, Melissa?
_ Viajou vó. 
_ E como estão os preparativos para o casamento?
_ Estamos bem adiantados vó, o que falta mesmo é a lista. Mas temos uma média de 250 convidados.
_ Salão de festas ou chácara?
_ Salão de festas, vó. Queremos nos casar no inverno, ali pelo mês de agosto. E é muito frio para irmos para chácara ainda mais no sul.
_ Isso é verdade, um salão já é mais fechado e reservado.
_ Sim, não quero mídia por perto. Por isso estamos fazendo aos poucos para não dar bandeira. Certo que uma coisinha ou outra acaba vazando, mas queremos o mínimo possível.
_ É sua festa não é querida, eu dou total apoio.


   Ficamos um tempão conversando, meu avô chegou e mudamos de assunto. Mas nada me tirava da cabeça a conversa que escutei do meu irmão com a namorada, fiquei pensativa demais. Mas não posso sair contando pra ninguém, não sei se é mesmo uma gravidez.
  Depois que meus avós foram embora, meus pais subiram com a minha irmã e nós cinco ficamos na sala de cinema, haviam escolhido um filme de suspense.


_ Não quero assistir esse filme. -fui a primeira a me manifestar depois de assistir as primeiras mortes e quase morrer de susto.- Por que não assistimos os filmes que a Nena gosta?
_ Porque ela tem seis anos, você quase trinta. -Henrique respondeu rindo.
_ Tá todo íntimo né? Vou chamar meu pai pra você, engraçadinho. -assistimos mais alguns minutos do filme e eu que não estava gostando me ofereci para fazer pipoca. Meu celular tocou e era meu loirão, estava chegando no hotel e aproveitou para me contar como havia sido seu domingo.- Meus avós estiveram aqui, perguntaram por você. Minha vó está toda feliz com o casamento.
_ Minha mãe, a Jessica... estão mais ansiosas que eu. Isso que não falamos muita coisa.
_ Meu pai não se conforma que vamos morar em um condomínio diferente, mais longe. Minha mãe não curtiu, mas não se opôs assim na cara dura.
_ Depois elas acostumam. -riu.- Tô com saudades loira.
_ Eu também. Tem muitas gatinhas aí? Está se comportando Leonardo?
_ Tô até com a marca da aliança no dedo se você quer saber. -riu.- E minha cunhada não deixa mulher nenhuma chegar perto. Duas vezes ela me chamou de amor e me abraçou dando a entender que éramos um casal.
_ Sempre gostei da Jessy, agora sei porquê.
_ Ela é foda.
_ E seu irmão, tá bem?
_ Tá de boa, dormindo. Todos eles, eu tô na piscina. Sem sono.
_ Eu vim fazer pipoca, estamos assistindo filme, mas eu não gostei muito da escolha... -ficamos conversando um pouco, desliguei quando a Ju passou correndo para o banheiro.- Julia, você está bem? -ela ia responder que sim, mas voltou a vomitar e eu ajudei segurando seu cabelo.- Respira. -ela limpou a boca e sentou no chão.- Espera aqui, vou pegar água pra você.
_ Tá bom, obrigada. -voltei na cozinha, peguei um copo d'água e fui até ela.- Aí que vergonha.
_ Não precisa disso, somos cunhadas. Quer conversar?
_ Eu acho que eu tô grávida. Acho não né, eu estou. Fiz três testes, dois deles deram positivos.
_ Tem ideia de quanto tempo?
_ Não. 
_ E o que vocês pretendem fazer?
_ Amanhã irei fazer o teste, seu irmão vai comigo e... e depois teremos que contar aos nossos pais. 
_ Eu estou do lado de vocês, tá? Contem sempre comigo. Tudo bem que vocês são novos, mas sempre quis ser tia. -falei sorrindo e ela também sorriu.- Vamos voltar pra lá?
_ Vamos sim. Mais uma vez obrigada Melissa.
_ Não precisa agradecer, fica tranquila.


  Apaguei as luzes da cozinha e voltei com ela para a sala de cinema, o filme estava próximo de acabar e então iríamos escolher outro. E desta vez uma animação, eu mesma quem escolhi.
   Estava ficando um pouco tarde, então Henrique e Julia foram para casa e nós fomos nos deitar.





Narrado por Fernanda

(...)


_ Beijos Isa, estou indo pra casa. Qualquer coisa me liga, tá?
_ Vai descansar mulher, curtir o marido em casa. Aproveita que está cedo. -nos despedimos, mandei um beijo para o Rober e as crianças e entrei no elevador.

   Dei tchau para o porteiro, fui para o estacionamento e assim que entrei no carro recebi uma mensagem do Luan "Precisamos conversar." meu coração gelou na hora. Eu não fazia ideia do que era, mas com certeza era alguma coisa muito séria, já que ele não acrescentou nenhuma outra palavra.
Peguei um congestionamento daqueles e cheguei em casa quase duas horas depois de sair da empresa. Estacionei meu carro, entrei e a casa estava em silêncio, porém o clima pesado era mais que palpável. Luan estava em pé no meio da sala de estar, Maria Luísa estava chorando e Helena ao me ver correu para o meu colo.


_ Sobre o que precisamos conversar? -perguntei deixando a bolsa no sofá e pegando a pequena no colo.- Pode falar.
_ A Maria Luísa está grávida, grávida e você escondeu isso de mim.
_ Se nossa filha estivesse grávida e eu soubesse nunca iria esconder de você. Jamais, nunca faria isso Luan.
_ Tem certeza? Não é o que está parecendo não. Primeiro ela passa mal e vai parar no hospital, depois vocês duas saem para uma consulta e na volta ninguém fala nada. Depois eu encontro três testes de farmácia e dois deles com o resultado positivo no lixo do quarto dela, e você me diz que ela não está grávida. Fernanda eu não sou nenhum idiota, nenhum burro. Por que mentiu pra mim? Ela é minha filha também... 
_ Grávida? Como assim grávida, Maria Luísa... a gente conversou filha, eu... aí meu Deus.
_ Aí meu Deus? Ela é uma irresponsável e aquele namorado dela se vier aqui eu vou falar também.
_ Pai, isso não é meu. Eu não fiz teste nenhum.
_ Estava no lixo do seu banheiro, como não é seu? Vai falar que é de quem agora?
_ Luan, eu fui com a Maria Luísa no médico. Ela não está grávida.
_ Alguém nessa casa está esperando um filho. -disse jogando os testes com as embalagens no sofá.
_ Meu Deus, filha...
_ Mãe não são meus, não são. Eu tomo remédio e de tanto a senhora falar eu uso preservativo, isso não é meu mãe. -ela chorava e Luan se mantinha sério e impaciente. Arthur chegou com a Julia e ficaram parados perto da porta.
_ Boa noite?
_ Só se for pra você, porque meu dia foi péssimo. -Luan disse dando as costas e subindo as escadas.
_ O que aconteceu aqui?
_ Seu pai achou um teste de gravidez dando resultado positivo no lixo do quarto da sua irmã. Mas ela não fez nenhum teste de farmácia.
_ Mãe, eu sei de quem são. -Arthur disse baixo e quando caiu a minha ficha eu respirei fundo e me mantive em silêncio.- A Julia está grávida.
_ Meu Deus! -Malu disse surpresa, Helena continuou não entendendo e eu? Não falei nada. Pedi pra Helena ir brincar com o Thor, peguei minha bolsa e subi as escadas. Entrei no quarto e meu marido continuava xingando, passei por ele e larguei a bolsa em cima da cama. Segui para o banheiro, tranquei a porta e fui direto para o chuveiro de roupa e tudo. Encostei a cabeça na parede do box e fiquei respirando fundo. Ignorando as batidas insistentes na porta pedindo pra que eu abrisse e falasse alguma coisa.
   Sai do banho quando os meus dedos já estavam enrugados de tanto ficar na água, sequei bem os cabelos aproveitando que o secador estava lá dentro e depois de enxugar todo meu corpo e abri a porta e sai.


_ Está tudo bem?
_ Você sabe que não, mas não também não se importa não é. -falei indo para o closet trocar de roupa e ele veio atrás. Revirei os olhos, respirei fundo e continuei quieta.
_ Fernanda, Arthur veio aqui.
_ Ótimo, então ele já te contou a novidade. Parabéns vovô.
_ Amor as coisas não são assim...
_ E como são? Quer dizer que suas filhas quando engravidam são irresponsáveis, acabaram com a vida delas e mais um monte de merdas que você fala... agora o Arthur não, tudo o que ele faz é lindo, você passa a mão na cabeça. Porque é homem né? Então comemora, eu não tenho saco pra isso e tenho todo o direito.
_ Eu entendo que você esteja...
_ Não, você não entende. -o interrompi.


   Me vesti ainda com ele me olhando, larguei a toalha por lá e sai indo dormir no quarto de hóspedes. No dia seguinte destranquei a porta e subi para o meu quarto. Tomei outro banho quente e demorado, ao sair coloquei  uma roupa normal. Jeans, blusa de alcinha e chinelos.
  Ainda era dia de semana, então levei Helena para a escola e quando cheguei em casa encontrei Luan, Melissa, Arthur e Julia sentados no sofá.


_ Reunião de família? -perguntei com sarcasmo e eles me olharam apreensivos.- Bom dia.
_ Mãe a gente precisa conversar com a senhora.
_ Conversar comigo? O que? -voltei a perguntar.
_ Eu e a Julia seremos pais. Pegamos o resultado do exame ontem e ela está de dois meses. -continuei em pé, sem falar nada.- Eu sei que não era a hora, que estamos novos e em outro momento das nossas vidas. Mas aconteceu.
_ Querem os parabéns?
_ Mãe! -Melissa me repreendeu pela ironia.
_ Fernanda senta aqui amor, vamos conversar numa boa. -Luan pediu calmo, mas ignorei.
_ Eu não quero, não estou com cabeça pra isso. Todo mundo tem o seu tempo, e esse ainda não é o meu. Me desculpem até por não estar soltando fogos, mas realmente não estou raciocinando direito. -falei indo para o quarto. Peguei meu celular e a primeira coisa que eu fiz foi ligar para o meu pai.- Oi pai, tudo bem?
_ Oi minha filha, estou bem... mas pela sua voz sei que não está nada bem. O que houve?
_ Estou chateada. Fui pega de surpresa, tô me sentindo mal até em dizer isso. Mas... Arthur vai ser pai, Julia está grávida de dois meses.
_ Eu vou ser bisavô? É isso?
_ É pai. -sorri pela alegria dele, mas ainda estava triste.- Bisavô.
_ Por que não está feliz? É uma criança.
_ Arthur é meu único filho homem, o que mais foi apegado a mim. E...
_ Filha, não seja ciumenta. Ele é um homem, está crescendo... ainda é cedo, mas ele está construindo uma família.
_ Eu sei, e mesmo assim fiquei chateada. Me dei esse direito pai. -ele riu do outro lado da linha e começou a conversar comigo e falar muitas outras coisas, desabafei com ele. Conversei com a minha mãe também que de início ficou assustada, mas em seguida disse estar feliz pelo primeiro bisneto. Luan entrou no quarto quando eu ainda estava com eles no telefone, fui para a sacada do nosso quarto e continuei a conversa. Desliguei e voltei para a cama.
_ Estou preocupado com você.
_ Não precisa, estou bem.
_ Não parece. -se aproximou sentando na ponta do colchão.
_ Estou bem, triste. Mas bem, ué. Não estou radiante como vocês, mas bem.
_ Eles estão lá embaixo, preocupados com você.
_ Eu quem estou preocupada. Julia e Arthur estão na faculdade, não trabalham e vão ser pais. Sim, eu quero ser avó. Mas assim como a Melissa anos atrás iria mudar completamente a vida por não ter sequer entrado na faculdade, Arthur está terminando o primeiro ano. E não é porque ele é homem que as responsabilidades serão diferentes. E aí, como vai ser? Não estou falando de dinheiro não, isso a gente tem, mas responsabilidade. Compromisso. Arthur começou a sair com os amigos, a viajar sozinho com os amigos... agora.-mencionei.- Julia grávida vai junto? -falei tudo o que estava entalado, tudo. Luan me escutou em cada palavra e concordou comigo em algumas coisas. Disse que iria descer, beijou minha testa e saiu do quarto.


   Naquela terça-feira eu não fiz absolutamente nada do que tinha que fazer. Tirei o dia pra mim. Escutei minhas músicas, li meus livros e no final da tarde sai de carro e fui dar uma volta pela cidade pra espairecer. Lila me ligou e fomos parar em um barzinho.

_ Arthur me ligou, sabia? Disse que você não queria conversar com ele, nem com o Luan e que tinha saído de carro. -demos risada.- Precisava te ver né amiga, você surta as vezes.
_ Eu não surtei, eu só não reagi bem. -pedimos uma torre de chopp, uma porção de calabresa e eu lhe contei como tinha sido o recebimento da notícia.- Aí cheguei em casa e estava todo aquele clima, Luan falando sem parar na minha cabeça e só Deus sabe o que ele falou na cabeça da Maria Luísa...  e num passe de mágica tudo muda porque quem está grávida é a namorada do filho dele?
_ O foda é esse.
_ Sim. Eu jamais vou abandonar meu filho, mas não consegui reagir bem a notícia que ele me deu. Praticamente jogou em cima de mim e meio que "mãe, é isso". Senti um aperto no peito, realmente fiquei decepcionada. Se fosse por falta de conversa, de orientação...
_ Adolescentes, jovens adultos. Nós fizemos merda nessa fase também.
_ Muitas, mas nenhuma era um filho. Filho é pra vida toda.
_ Você precisa se levantar né amiga, dar um UP e encarar essa situação de frente. Você nunca foi de fugir, sempre teve o hábito de conversar com os seus filhos e terem diálogos para resolver o que quer que fosse.
_ Eu sei. Fiz mal em... deixá-los sem resposta e simplesmente sair.
_ Tira essa semana pra você colocar os pensamentos em ordem e conversa com eles. Tenho certeza que agora mais do que nunca Arthur espera um aconselhamento seu. Ele precisa de apoio. -assenti.- E nada de ficar chateada, agora você vai ser avó! Vai ter um tiquinho de gente te chamando o tempo inteiro. -sorri e brindamos.- Sabe que eu fico me imaginando avó? Vejo os meninos e a Sofi com os meus pais e fico achando tão lindo.
_ E não deixa de ser lindo, eu sei o quanto um neto traz felicidade para uma casa. Meus pais babam até hoje nas crianças, meus sogros também.
_ Então amiga, não surta. Vai ser o máximo.
_ Estou preocupada na verdade, muito preocupada. Mas já está feito, não posso fazer mais nada.
_ Exato, e conta comigo viu? Podemos ir em barzinhos quando você pensar em surtar, uma baladinha mais nossa cara...
_ Hmm não seria ruim, eu adoraria. -comentei com ela e acabou que mudamos um pouco de assunto. O que foi bom. Me distrai e quando voltei pra casa já estava tarde o suficiente para que todos estivessem dormindo. Entrei e acendi as luzes da sala. Guardei minhas chaves, tirei as sapatilhas e fui até a cozinha. Tomei um pouco dágua, belisquei um doce que estava na geladeira e segui para o quarto. Luan estava no banho, e eu quis apenas trocar de roupa e descansar.
_ Pensei que fosse passar a noite fora. -falou ao sair do banheiro, me encarando enquanto secava os cabelos com a toalha.- Por que não me atendeu? Fiquei preocupado com você.
_ Eu precisava de um tempo, só isso. -respondi tranquila, soltando os cabelos e indo até o espelho para dar uma penteada antes de deitar.
_ Como estão as coisas por aqui?
_ Estranhas. Mal jantamos. Faltava você. -disse todo manso, se aproximando com cautela.- Tá mais calma?
_ Eu não estava nervosa.
_ Eu sei que não. -parou do meu lado e segurou meu braço antes de tirar o pente da minha mão e me virar de frente para ele.- Somos um casal, não precisa passar por isso sozinha.
_ Eu sei.
_ Eles estão tão felizes. Um pouco assustados, mas já fazem planos. E querem dividir isso conosco.
_ Não estou preparada para isso não Luan. Pra mim meu filho ainda é um menino. Ele vem crescendo aos poucos, indo por etapas. Aí vai e me apronta uma dessas. Não foi legal.
_ De onde eu venho, isso se chama ciúmes de mãe.
_ Também. Não queria que ele saísse de casa antes de terminar ao menos a primeira graduação e começar a exercer a profissão que escolheu, sabe? Que ele saísse atropelando todos os planos porque pensou com a cabeça de baixo. Quer que ela venha morar aqui? Porque eu no meu lugar de mãe não deixaria nenhuma das minhas filhas morar com a sogra, nunca.
_ Amor também não é assim.
_ É assim sim. Os dois são novos.
_ Mas são maduros, nosso filho é um adulto que nunca nos deu trabalho.
_ Eu sei que não, ele é um orgulho pra mim como mãe. Sei que ele vai ser o melhor pai do mundo para essa criança porque ele teve ótimos exemplos de pai na vida dele. Teve você que sempre foi presente, teve os avós... tem referências, amor.
_ Então por que você está assim? Tão chateada.
_ Porque não era isso que eu queria pra ele. Tanto que conversamos muito, mais de uma vez. -suspirei e desviei meu olhar do dele.- Mas já foi, tenho que superar isso.
_ No fundo você já superou amor. -Luan beijou meu rosto e me deu um abraço forte e bastante demorado. Lhe desejei "boa noite" e fui me deitar.










~.~

    Babado, confusão e gritaria é com essa família sempre! E agora, como vai ser hein?    o.O

domingo, 27 de outubro de 2019

Capítulo 274

Narradora 
   Maria Luísa não demorou a dormir após chegar de viagem. Apenas deixou a mochila de lado, trocou seu shorts e regata por uma camisola e foi para debaixo das cobertas. Enquanto Helena demorava a pegar no sono, conversava com a mãe, mexia em seus cabelos e nada de dormir.
   Luan estava na sala, havia trancado toda a casa e chamado Thor para subir e lhe fazer companhia.


_ Amor? -bateu de leve na porta do quarto da filha e empurrou-a segurando o batente. Tudo escuro, apenas a sombra de Fernanda na cama da caçula devido a iluminação do corredor.
_ Papai? -Helena o respondeu despertando, se sentou na cama e ficou esperando que ele entrasse.
_ Não acha que está na hora de dormir não mocinha? -perguntou entrando no quarto de uma vez e acendendo as luzes.- Quer dormir com o papai princesa?
_ Queria assistir um desenho, mas mamãe disse que tá tarde e só pode amanhã depois da escola.
_ Aé? -ela fez que sim com a cama e tirou o edredom de parte do corpo ao se levantar e sentar no colchão.
_ Ei, sem conversa vocês dois. Está tarde. -Fernanda os repreendeu.
_ Já tomou banho amor?
_ Não.
_ Vai lá, eu fico com ela. -lhe deu um selinho e trocaram de lugar.- Não está com sono né?
_ An an. Mas a mamãe disse que já é hora de dormir.
_ E é mesmo. Tá de noite já. -falou acariciando seus cabelos, Helena foi se aninhando e deitando a cabeça em seu peito sorrindo toda preguiçosa.
_ Canta pra mim papai?
_ Quer escolher a música?
_ Aham.
_ Pode falar meu anjinho. -beijou sua testa e ficou em silêncio esperando. Helena estava pensativa e tentava se lembrar do nome da música.
_ Tudo que eu quiser papai, eu gosto dela.
_ Gosta é? Mas você já tem meu sobrenome. -falou brincando, ela deu risada e ficou quietinha escutando o pai cantar desde o comecinho da música até que no início do refrão Helena dormia. Luan a ajeitou na cama, acendeu o abajur, deixou as luzes apagadas e saiu deixando a porta encostada.


   Seguiu para o seu quarto e encontrou Fernanda de costas penteando os cabelos. Ela estava vestida com uma camisola de alças finas e tecido de seda um tanto transparente, descalça e distraída. Ele se aproximou sem que ela notasse e abraçou-a por trás lhe dando um susto.

_ Tão cheirosa. -Fernanda fechou os olhos arrepiada ao escutar sua voz ao pé do ouvido e receber uma pequena mordida no pescoço.
_ Estava mesmo pensando em você. Helena dormiu?
_ Ela estava caindo de sono, pediu para que eu cantasse pra ela. E dormiu antes mesmo de eu chegar no refrão de Tudo o que você quiser. Agora somos eu e você. 
_ E o que quer fazer comigo?
_ Te beijar inteira, sentir nos meus lábios cada parte do seu corpo e te tocar do jeito que só eu sei.
_ Posso fazer uma coisa antes?
_ O que quiser, vai lá.


  Fernanda mudou a iluminação deixando o quarto todo a meia luz, pegou o controle remoto e ligou o som deixando em um volume razoável. Se certificou de que a porta estava fechada e voltou ao marido que se encontrava no mesmo lugar.
  O sentou na beirada da cama e tirou sua camisa deixando seu peitoral e abdômen nu, abriu o zíper de sua calça e parou por ali.


_ É o que eu estou pensando?

  Fernanda escolheu a música perfeita para o momento, Rocket era o nome dela. Envolvente, sedutora e na batida perfeita. Do jeito que estava Luan acompanhava cada movimento pacientemente enquanto Fernanda se achegava, o empurrou devagar sobre o colchão e deslizou seu corpo sobre o dele espalmando suas mãos em seu peito e beijando-o onde sua boca alcançava. Sentou-se sobre ele e rebolava em seu colo no ritmo da música sentindo-o por inteiro, arrancando dele gemidos abafados e um sorriso ainda mais provocante dela.
  Ele esperou até que a música terminasse e então tomou o comando da situação, e amando-a durante toda a noite sem pressa e com detalhes.


_ Amor, que noite. -comentou cansada, mas sorrindo virando-se para ele.
_ Uma noite especial para nós, sabe que eu acho lindo a maneira que você me conquista a cada dia.
_ Você me surpreende a cada vez que estamos juntos. 
_ Surpreendo de um jeito bom?
_ Tudo bem que agora estamos mais velhos, mas me alivia saber que a cada ligação você sente saudades e quando estamos juntos você ainda me procura... -fez uma pausa procurando as palavras que melhor descrevessem o que ela sentia.- ...não apenas como sua amiga e companheira, mas como esposa, amante, como sua mulher. E me faz sentir viva, atraente e completamente desejável. 
_ Me sinto assim com você. -beijou sua mão com carinho.
_ O prazer que você me proporciona é único.
_ Eu sei.
_ É como se a cada viagem você tivesse que fazer uma escolha.
_ Eu sempre irei escolher você, não importa mais ninguém. 
_ Sei disso. -lhe deu um beijo demorado e apaixonado, mordendo seu lábio inferior.- E é por isso que amo tanto você.
_ Não mais do que eu te minha linda.
_ Sou mesmo né? Uma quarentona gata, gostosa e muito boa de cama. -se gabou brincando.
_ Não discordo, você é sensacional. 
_ Por isso me casei com você.


  Os dois ainda ficaram trocando carinhos enquanto conversavam um com o outro, Fernanda acabou dormir primeiro e Luan depois de mais alguns minutos acompanhou a esposa.
  Na manhã seguinte assim que o celular despertou Fernanda levantou da cama e seguiu para o banheiro em silêncio, tomou seu banho e foi se vestir para dar início ao dia.


_ Não acha que tá muito cedo pro senhor já estar com a cara no celular? -perguntou ao voltar para o quarto somente de toalha e Luan estar no celular.
_ Cê não estava mais na cama, fui olhar a hora.
_ Uhum, bom dia amor.
_ Bom dia minha vida. Já está se arrumando?
_ Sim, tenho que acordar a Nena e chamar a Malu.
_ Não quer deixar elas faltarem não?
_ (risos) Não. E não esquece, você é quem vai buscar as duas na escola viu?
_ Eu? Mas amor tenho reunião na central hoje e um almoço de negócios no Dudu.
_ Ah, partida de videogame virou almoço de negócios agora?
_ Não é bem assim minha vida, vamos falar sério primeiro.
_ Vai me ligar se precisar de ajuda com elas?
_ Eu dou um jeito, relaxa.
_ Ótimo. -disse entrando em closet para vestir uma roupa. Body preto básico, calça social flare e saltos. O relógio, colar e pulseiras davam aquele toque final. Precisou apenas trocar sua carteira, chaves e notebook de bolsa e estava pronta para o trabalho.- Amor, beijos. Até mais tarde. -jogou um beijo para o maridão e saiu de seu quarto indo dar uma espiada no quarto das meninas.- Malu! Bom dia?
_ Bom dia mãe, tô no banheiro.
_ Já tomou banho? Vai tomar café?
_ Já terminei o banho e sim, estou cheia de fome.
_ Vou acordar sua irmã e já desço pra colocar a mesa.
_ Tá bom. 
_ Não demora. -falou antes de fechar novamente a porta e seguir para o próximo quarto. Helena dormia toda espaçosa na casa, Fernanda deixou sua bolsa em cima da cadeira que estava vaga perto da porta e se aproximou da cama para ir acordando a pequena aos poucos.
_ Bom dia mamãe.
_ Tudo bem meu amor? Bom dia.
_ Tudo, só estou com um pouco de sono.
_ Foi dormir tarde né moça. Vamos colocar o uniforme?
_ Aham...


  Ainda sonolenta Helena se colocou de pé em cima da cama. Fernanda trocou seu pijama pelo uniforme, ali mesmo penteou seus cabelos e pediu que ela se sentasse para calçar o tênis. Tudo pronto, pegou a mochila, sua bolsa e as duas desceram juntas.

_ Lembra do que a mamãe ensinou?
_ Trocar a água do Thor e botar mais comida.
_ Isso, enquanto isso a mamãe faz seu lanche.
_ Tá bom. Hoje tem bolo de laranja?
_ Não meu amor, mas vou pedir pra Maria fazer um tá?
_ Uhum.
_ E cuidado, não vai molhar a roupa hein. -alertou antes de ir para a cozinha preparar o café da manhã. Nada muito elaborado, suco de laranja, pães com presunto e queijo, iogurte e cereais.
_ Pronto mamãe, ele já tá comendo.
_ Vem comer a senhorita também. Quer pão?
_ Não, só sucrilhos e suco!
_ Sem derramar na roupa, tá? -ela assentiu e foi comendo. Maria Luísa chegou quase dez minutos depois e mal se sentou para comer.- E aí gatinhas, vamos?
_ Ainda tô com fome.
_ Pega um pratinho e vai comendo no meio do caminho, sem derrubar no carro hein. Vou com o do seu pai hoje e sabe muito bem como ele é.
_ Sim senhora Fernanda, tô ouvindo tudo.
_ Então não enrola, tô esperando no carro. Helena?
_ Adivinha. -falou Malu rindo, sabendo onde a irmã estava.
_ Helena!
_ Tava fazendo xixi, mamãe. Mas já lavei a mão.
_ Vem, vamos esperar a Malu no carro.
_ Posso pegar uma fruta?
_ Pode. -ela pegou uma maçã e foi correndo na frente, abriu a porta e foi esperar em frente a porta. Fernanda que já estava com as chaves desligou o alarme, abriu a porta e acomodou a filha, colocando o cinto de segurança, guardou as mochilas no banco de trás mesmo e depois de fechar a porta assumiu seu lugar no volante.- Malu!
_ Já cheguei, podemos ir. -falou entrando no carro, colocando a mochila entre as pernas e baixando o vidro.- Vamos mãe, depois a senhora fala que eu me atraso.
_ Põe o cinto bonitinha, e sim, você atrasou quase dez minutos. -disse manobrando o carro para sair da vaga estacionada e seguindo caminho.
_ Meu pai que vai buscar a gente hoje?
_ Vai, pelo menos eu pedi né.
_ Ele que vai me deixar na complementar?
_ Também, mas ensina pra ele o caminho.
_ Deixa comigo mãe, relaxa.
_ Tô relaxada Maria Luísa, tô bem tranquila. -respondeu brincando enquanto ainda dirigia. Deixou Malu primeiro e seguiu para a escolinha de sua caçula antes de ir para a empresa.
_ Bom dia dona Fernanda, uma ótima semana.
_ Bom dia, ótima semana pra nós. -respondeu entrando no elevador e se direcionando ao andar da diretoria.- Bom dia, bom dia.
_ Muito bom dia. -Isadora falou sorridente, estava radiante.- Tudo bem?
_ Eu quem pergunto, que sorrisão é esse?
_ Recebi hoje a resposta sobre a casa que estava vendo para comprarmos e deu certo, tô muito feliz. 
_ Parabéns pela conquista Isa. -alertou abraçou forte.- Certeza que as crianças irão amar o espaço maior.
_ Bernardo disse que não queria, acredita?
_ Crianças sendo crianças. Já tomou café?
_ Não, quer ir lá?
_ Te acompanho para colocarmos o papo em dia antes da reunião.
_ Cinco minutinhos? Estou terminando de reagendar um cliente.
_ Liga na minha sala quando terminar, beijos. -e saiu. Entrou em sua sala, ajeitou as coisas e começou a trabalhar.

Enquanto em casa Luan havia voltado a dormir e acordou horas depois com o celular tocando, ele deixou tocar e cair a ligação. Tocou novamente e ele atendeu sem nem abrir os olhos.
_ Oi.
_ Tá dormindo ainda cara? Porra Luan, já viu a hora?
_ Não. -riu.- Mas tá cedo ainda, Nanda saiu daqui não tem muito tempo.
_ Quase dez horas já, a reunião começa às dez e meia. Levanta aí cara, tô indo pra lá já.
_ Pra que?
_ Arrumar as coisas, separar uns negócios. Te encontro lá boi.
_ Beleza, tô indo tomar banho. -falou se despedindo e encerrando a ligação. Deixou o celular de lado e foi tomar um banho rápido, saiu de cueca e com a toalha enrolada na cintura e parou pra ver a hora. Estava atrasado. Se vestiu, secou o cabelo, colocou um boné e desceu para a sala depois de pegar a carteira.- Bom dia Maria, tudo bom?
_ Tudo ótimo, e como o senhor? Dormiu bem? Quer um cafezinho?
_ Só um cafezinho preto que eu tô é atrasado. -falou rindo, ainda arrumando o relógio.
_ Tem que comer seu Luan, pra não passar mal.
_ Volto pra almoçar minha linda. -deu um beijo em seu rosto, tomou o café sem nem se sentar e correu para o carro e saiu rumo a Central.
_ Em cima da hora hein boi. -se cumprimentaram com um toque de mão e abraço.- Beleza?
_ Piloto de fuga (risos). Meu pai já chegou?
_ Antes de mim.
_ Jujuba tá aí?
_ Também, Arleyde não vem, mas tá em áudio.
_ Bora então.

...
_ Oi amor, tudo bem? -Luan perguntou ao atender.
_ Comigo sim e com você? Como foi a reunião?
_ Feliz demais minha vida, foi ótima a reunião. Terminou tem pouco mais de uma hora. -Fernanda não disse nada, mas respirou aliviada por ele não estar atrasado para buscar as meninas na escola.- Pensamos em algumas coisas para o fechamento do nosso ano e terminamos de fechar as datas que estavam em aberto.
_ Ótimo, muitas folgas?
_ Sim e não. -riu.- A maioria das folgas são poucos dias entre um show e outro, então não tenho como voltar pra casa.
_ Mas nada me impede de viajar com você. -falou sorrindo e ele fez o mesmo.- Isso se estiver tudo em ordem em casa.
_ Bem lembrado amor. -respirou fundo.
_ Tá onde?
_ Esperando Maria Luísa sair tem dez minutos e nada.
_ Quer que eu desligue pra você ligar pra ela?
_ Não, vou esperar mais uns cinco.
_ Não esquece da caçulinha hein. Preciso desligar amor, nos falamos em casa tá?
_ Tá bom vida, se cuida. Até o jantar.
_ Sim, prepare algo bem gostoso.
_ Só se eu te esperar pelado na cama.
_ Não me importaria, jamais. -riu.- Te amo, tá? Fica com Deus.
_ Amém, você também. -e desligaram.
_ Quanto amor hein, muito grude.
_ Tenho que aproveitar enquanto ele está em casa, acho que amanhã ele já viaja e eu fico aqui cheia de saudades. -suspirou e se virou para a amiga.- Mas a felicidade dele em cima do palco me alegra também, Luan ama essa rotina louca.
_ E se acostumou bem a ela.
_ Sim, sente falta quando fica muitos dias parados.
_ Igual você com essa empresa. Não para.
_ Não até tudo estar nos trilhos. -falou voltando para a mesa e desbloqueando o notebook.- A lista está pronta?
_ Pronta, impressa colorida identificando os funcionários destaques de cada área.
_ Ótimo, você é dez. -comemorou pegando a folha e acompanhando o que lhe era dito sobre cada nome.


...

_ Pai vem me buscar?
_ Por quê? Acabou mais cedo sua aula?
_ Não estou me sentindo bem e queria ir pra casa.
_ O que você tá sentindo? -Luan perguntou se levantando e indo atender do lado de fora da sala.- Tá sozinha aí?
_ Não, tô com a minha amiga. Mas quero ir pra casa, não tô legal pai.
_ Tô indo aí te buscar, não demoro e aviso quando estiver próximo.
_ Tá bom, tô esperando o senhor. -Luan encerrou a ligação e voltou para dentro da sala.
_ Tá tudo bem boi?
_ Não, Malu ligou disse que não estava se sentindo bem. Pediu pra eu ir buscar ela no curso. -falou preocupado, passando a mão pelos cabelos impaciente.
_ Ela falou o que era?
_ Não, só me pediu pra ir buscar.
_ Vai lá cara, marcamos outro dia pra finalizar. Aproveita que você ainda está em casa.
_ Beleza cara, valeu aí pela ajuda hein. Até amanhã. -se despediu do amigo e foi pegar Helena que dormia para colocar dentro do carro e seguir rumo a escola da Malu. Dirigiu rápido e estacionou de frente a entrada em meia hora. Ligou para ela que desceu com a maior cara de choro, com a mão na barriga e um pouco encurvada.- O que cê tá sentindo?
_ Pai eu acho que é cólica, mas eu tô com muita dor. Tanta dor que eu vomitei, atacou minha enxaqueca e está doendo horrores meu abdômen.
_ Desceu pra você?
_ Ainda não.
_ Quer ir no médico? Eu ligo pra sua mãe e a gente vai, aí sei lá, cê toma um remédio na veia.
_ Prefiro, tomei dois Buscopan e nada pai. Nada. -respirou fundo e colocou o cinto.- O senhor já estava em casa?
_ Não, estava no VIP.
_ Desculpa ligar assim, é que minha mãe não atendia e minha vó está sozinha com o Lucas.
_ Tem problema não minha princesa, pode me ligar sempre que precisar. -beijou sua testa e tocou para o hospital, ligando para a Fernanda durante o caminho.





Narrado por Fernanda
   Finalizada a última reunião do dia fui para minha sala arrumar as coisas para ir embora. Entrei na sala e fui tirando meu celular do carregador, a tela acendeu e várias ligações perdidas e mensagens do Luan. Retornei a ligação e ele disse que estava no hospital com a Malu tomando remédio na veia, que estava com muita dor e nada resolvia. Ele estava tranquilo, mas eu não e por isso arrumei as coisas do jeito que deu e corri para lá.


_ Boa noite, tudo bem? Meu marido deu entrada com a minha filha aqui, Maria Luísa Marquês Santana.
_ Um documento, por favor. -entreguei a ela minha CNH, esperei um cartão de visitante e assim que peguei, entrei depressa.
_ Luan? -ele olhou e veio até mim com a Helena em seu colo.- Por que trouxe ela?
_ Ela estava no Dudu comigo, né. Tive que trazer ela dormindo mesmo, haja braço. -brincou.
_ Haja braço mesmo. -falei me aproximando dele e lhe dando um beijo rapidinho.- Cadê minha outra neném?
_ Tomando soro aqui nessa sala, vai lá. -Luan me deu espaço e eu passei para o lado de dentro da sala, ela estava quietinha no celular e tomando medicação.
_ Mãe já chegou?
_ Sim. -beijei sua testa e puxei uma cadeira sentando ao seu lado.- Tá melhor? -ela assentiu.- Passou com o médico e ele disse o que?
_ Pra eu marcar uma consulta com o ginecologista, mãe. -respondeu sem jeito e eu tentando disfarçar minha preocupação.- Mas não é nada disso que a senhora tá pensando não. Eu não tô grávida.
_ Eu não sei Maria Luísa, eu sei de mim. Eu não estou grávida e tenho certeza disso. E você quando estava tomando seu remédio certinho não tinha mais essas dores fortíssimas. -ela ficou quietinha escutando cada palavra que eu dizia sem ao menos fazer careta.- Vocês estão usando camisinha? Fala a verdade pra mim Maria Luísa.
_ Nem todas as vezes.
_ Vamos marcar seu médico ainda essa semana e vai torcendo de agora. -falei séria e ela me olhou assustada com os olhos marejados.- Vocês tem que ter juízo, responsabilidade até na hora da transa.
_ A senhora já está me dando um sermão e nem sabe se é isso mesmo.
_ Porque eu estou certa, você é uma adolescente. Não terminou o ensino médio, não prestou nem o vestibular e ainda tá longe dos quatro ou cinco anos da graduação. Você tem a ideia de o que seria um filho agora? Agora que você está perto de completar seus dezoito anos e ter mais autonomia para fazer suas coisas sozinhas? Não quero e nem vou proibir você de nada, porque não proibir seus irmãos, mas eu também quero confiar em você. Confiar na filha que criei e eduquei um tempão.
_ Me desculpa.
_ Tudo bem. -beijei sua testa e me levantei para olhar de perto se ainda faltava muito para acabar o soro. Olhei para fora e Luan estava sentado com a Nena no colo, ela mexendo em sua barba.- Amor?
_ Hm.
_ Tudo bem aí?
_ Sim, ela acordou e quer ir pra casa. -riu.
_ Quer ir na frente com ela? Eu estou com o seu carro.
_ A gente espera né filhota?
_ Tô com fome papai, queria comer uma coisinha, a Maria vai fazer bolo pra mim.
_ Ah vai?
_ É mamãe, ela vai, eu pedi.
_ Pediu igual cachorrinho querendo comida e água. -Luan disse rindo.- Maria faz tudo o que eles pedem, tudo.
_ Por isso estão tão sem vergonha. -falei.- Mas deixa eu falar, está ficando na hora dela comer mesmo. Vai indo na frente, acho que não vamos demorar aqui.
_ Tem certeza?
_ Tenho meu amor. Helena precisa de um banho, jantar e dormir.
_ Mamãe eu tenho lição de casa hoje.
_ Papai vai te ajudar com isso, não é amor?
_ Claro capitã! Bora princesa.
_ Tchau mamãe, beijos. -se despediu abraçando mais o pescoço do pai e deitando a cabeça no ombro dele.
_ Me liga qualquer coisa tá?
_ Tá bom amor, eu ligo sim. -lhe dei um selinho, eles foram em direção a saída e eu a sala de medicação. Voltei a me sentar depois de tirar o celular do bolso e verificar se tinham mensagens.
_ Meu pai foi embora?
_ Foi sim filha, sua irmã estava com muita fome, segundo ela.
_ Eu não duvido, ela cochilou antes do almoço e acordou chorando quando meu pai chamou ela pra comer. Aí meu pai deu na boca dela, escovou os dentes e ela apagou de novo.
_ Helena sempre foi mais preguiçosinha mesmo.


  Ficamos ali até terminar a medicação, conversamos com o médico outra vez e então fomos embora.    Passamos na farmácia, seguimos para casa. Estacionei e Maria Luísa desceu na frente, fechei o carro e entrei também.

_ Boa noite, né? Estão bem? -oc cumprimentei atrapalhando o beijo caloroso do casal que havia acabado de voltar de viagem.- Chegaram faz tempo?
_ Boa noite mãe. Não, chegamos junto com o meu pai praticamente. -se levantou e veio me cumprimentar, Julia fez o mesmo.- Ela está melhor?
_ Está sim. Nada grave, muita cólica e enxaqueca.
_ Fazia tempo que ela não ficava assim.
_ Pois é meu filho, fazia tempo mesmo. -sorri.- Tô subindo tá? Vou tomar um banho.
_ Não vai jantar? Maria fez estrogonofe de carne.
_ Vou, mas antes preciso me livrar do suor. Vai jantar com a gente né Julia?
_ Não sei, depois fica tarde pra eu ir embora. -respondeu colocando o cabelo atrás da orelha, com vergonha.
_ Que isso, Luan te leva depois. Magina.
_ Tudo bem, eu fico. -abriu um sorriso e voltou a se sentar enquanto eu subia.
_ Luan?
_ Oi vida.
_ Helena está de banho tomado?
_ E dormindo, não quis jantar não.
_ E a lição de casa?
_ Não fez também não. -deu de ombros e entrou comigo no quarto.- Vai tomar banho?
_ Sim. Já tomou?
_ Infelizmente já. -riu dando um beijo no meu pescoço e se afastando.- Mas te espero aqui. 
_ Pra gente descer e jantar, subir e dormir.
_ Um homem na minha idade tem que aproveitar os dias de folga, descansar eu descanso no hotel.
_ Safado, isso que você é. Um sem vergonha tarado, Luan. Mas eu te amo viu? -lhe dei um selinho demorado, empurrando-o na cama e aprofundando mais o beijo. Sentindo suas mãos na minha bunda.
_ Ô mãe, eu... meu Deus do céu. Desculpa. -Malu bateu a porta e eu não aguentei, deitei no colchão ao lado do Luan rindo muito.
_ Seus filhos poderiam aprender bater na porta, não é?
_ Do jeito que estávamos, não íamos ouvir não muié.
_ Tem razão, fui. -levantei e corri para o banheiro descalça. Me despi e tomei aquele banho gostoso e sem nenhuma pressa. Sai me sentindo mais leve, fresquinha e limpa. Coloquei um pijama mais decente e desci para jantar com os meninos. Luan tinha colocado toda a mesa e estavam apenas me esperando.
Jantamos, ele foi com Arthur levar a Julia em cada e eu depois de retirar a mesa subi para o quarto e fiquei no celular até dormir.









5/5

Capítulo 273

(...) Alguns meses mais tarde (...)

Narrado por Melissa

   Leo e eu havíamos conversado no início do ano, pouco antes das aulas voltarem, sobre o nosso casamento e decidimos que iríamos ver as coisas, começando do zero mesmo. E a cada vez que falávamos do casamento uma ideia nova surgia, uma vontade nova aparecia.
  Sim, iríamos nos casar no ano de 2040. A data mesmo não tínhamos definido, mas provavelmente seria no inverno. Quanto aos convidados ainda estava cedo fazer a lista, mas tínhamos rascunhado pra ter uma ideia de quantas pessoas contando com os meus amigos e os deles. Definimos quem seriam nossos padrinhos, em qual igreja seria e agora estávamos mesmo procurando onde iríamos morar e por fim escolhemos uma casa.
  Não seria uma casa próxima a casa dos meus pais nem dos meus sogros, também não seria no mesmo condomínio. Ficava a pouco mais que meia hora, um pouco mais pra frente do condomínio dos meus avós. Uma casa grande, mas não uma mansão. Tínhamos três quartos e uma suite, sala de estar, sala de jantar, cozinha, lavanderia, churrasqueira e um quintal razoável. Eu amei nossa casa e assim que decidimos fechar negócio procurei por uma design de interiores. E também queria ver os móveis planejados, foi a semana em que o Leo mais ficou maluco.


_ Contei pra minha mãe que não seríamos vizinhos e ela fez um bico enorme, disse que já não basta meu irmão e a Jessica.
_ Não que as casas do nosso condomínio sejam ruins, é que elas são exageradamente grandes, e seremos só nós dois.
_ Enquanto o atacante aqui não marca um golaço.
_ Não marca outro golaço você quis dizer não é? -sorri de canto e ele me abraçou forte.- Nosso neném já estaria grandinho agora hein... com quase cinco anos.
_ Penso nisso direto, direto. 
_ Eu as vezes penso, seria tão gostoso e ao mesmo tempo tão novo pra nós.
_ Como nosso relacionamento pô.
_ É, como nós dois. Mas teremos tempo não é? -falei deitando a cabeça no peito dele e fechando os olhos, deixando ele entrelaçar sua mão na minha.- Vamos levantar?
_ Quer carona?
_ Vou fazer home office hoje, preciso terminar meu seminário. Quer me ajudar?
_ Depois de um banho e um café da manhã quem sabe. -beijou meu ombro.
_ Interesseiro, isso que você é. -falei rindo e me levantando.- Vai tomar banho mesmo?
_ Eu vou, tô suado, grudando.
_ Eu também, mas espero você ir.
_ Não quer me acompanhar?
_ Não, preciso estudar loirão. Levanta vai. -o beijei e ele se levantou e foi para o banheiro. Ajeitei meu quarto, vesti o roupão e fui separar minhas coisas.


(...)

_ Terminamos. -falei deitando no colchão.- Quer escutar minha apresentação? -ele não se negou a me ouvir e estava me ajudando ao fazer algumas correções mesmo que não entendesse a fundo sobre o assunto. Sei que saímos do meu quarto mesmo já havíamos passado das 14 horas.
_ Já estava indo lá ver se queriam um lanchinho pra vocês dois.
_ Estômago roncou né, rapidinho viemos. Qual o prato de hoje?
_ Filé de peixe, arroz branco e salada. Tem um suquinho de laranja fresquinho.
_ Maria, quer casar comigo? -e ajoelhou-se na frente dela.
_ Já sou casada viu? Muito bem casada.
_ Isso Maria, não dá boi não que ele é um abusado.
_ E eu não sei? Hm.. eu tô bem de olho nele.
_ Saíram do quarto belíssimos? -Malu perguntou entrando na cozinha.- Almoçamos só eu e a Maria. Arthur decidiu fazer programas de casais no período da tarde, durante a semana também.
_ Tá com saudade?
_ Ele disse que ia chegar cedo e iria me levar pra tomar açaí.
_ Vai com o Henrique.
_ Henrique já está na faculdade, desde cedo.
_ Fazendo?
_ Se reunindo com o grupo, vão finalizar um seminário.
_ Precisava ir de manhã?
_ Melhor que se reunir na casa de alguém, assim já ficam pra aula. Eu fazia muito isso. -Leo comentou.- Rende mais.
_ Deus me livre, prefiro mil vezes ficar em casa.
_ Em casa tem música alta, comida a vontade e não preciso ficar de uniforme.
_ Na faculdade você quer saber de acabar tudo logo, a fome vem depois.
_ Percebi que vai ser intenso, af.
_ Você gosta de estudar, vai pegar o ritmo rápido. -falei.- Sem contar que é uma área que você curte, fica menos complicado... -ficamos um tempo na sala conversando sobre as novidades do mundo acadêmico com a Malu e depois de tanto ela falar que queria nós fomos tomar sorvete, aproveitamos e pegamos a caçula na escola.

  Passamos na minha vó, mas foi bem rapidinho. Voltamos pra casa e deixamos as meninas, Arthur estava chegando também com a Julia e o Thor parecia ter acabado de acordar. Subi para jogar uma água no corpo e me trocar para a aula. Leo esperou em me trocar e ofereceu carona ida e volta para a faculdade, aceitei e fomos.





Narrado por Luan
  No final de semana seguinte finalizei minha participação em um show beneficente em São Paulo e como não teve camarim, fui encontrar a Melissa que não parava um minuto de me ligar e mandar mensagens perguntando onde eu estava, se já estava chegando. Corri. Cheguei na loja e ela já estava lá dentro de braços cruzados e balançando a perna.


_ Pai, o senhor demorou uma eternidade. 
_ É sábado, tem congestionamento que não acaba mais. Estamos do outro lado da cidade minha filha. -falei.
_ Eu sei, mas estou ansiosa. Tô nervosa e tá me dando dor de barriga.
_ Calma, papai tá aqui. -falei lhe dando um abraço.- Bora lá?
_ Tô esperando minha mãe sair do banheiro.
_ Quem mais veio?
_ Minha sogra, a mãe e a minha vó.
_ Qual vó?
_ A senhora sua mãe. Estão lá dentro, vamos?
_ Vamos rapaz, bora.


  Melissa entrelaçou seu braço no meu e fomos loja a dentro. Entramos em uma sala grande e com um sofá aconchegante e que deveria acomodar no mínimo oito pessoas sem apertar ninguém. Cumprimentei a Stephanie, minha mãe e esperei Fernanda voltar do banheiro.

_ Graças à Deus, se a Melissa me perguntasse mais uma vez onde você estava ou por que você não atendia nem respondia eu iria surtar.
_ Calma vida, ela só está nervosa.
_ E você também, sua mão tá suando Luan. -falou passando a mão no meu cabelo.- É só a prova do vestido.
_ Pra mim parece bem mais que isso, quem tá ficando com dor de barriga sou eu.
_ Homens. -revirou os olhos, rindo.
_ Pai, nisso que eu penso. Ela casando, saindo de casa de vez e construindo parte da vida longe de mim. -falei rápido e preocupado, Fernanda deu risada e me calou com um beijo.
_ Amor isso vai ser bom pra ela, pra nós... também estou ansiosa, feliz e curiosa pra saber como a Mê irá se sair. -sorriu se mostrando um tanto despreocupada, mas sei que era pra me passar confiança.- E aqui tem uns lindos! Eu mesma já vesti uns três.
_ Quer casar de novo?
_ Renovar os votos, o que você acha?
_ Acho que você gosta muito de festas. -apertei seu nariz.- Mas não me oponho.


  Fernanda nunca negou que festa era seu sobrenome e com essa história de casamento da Melissa não estava sendo diferente, as duas viviam falando disso e daquilo, decoração assim ou assado. E eu cada dia mais reflexivo. Meus filhos estão grandes, tornando-se adultos. 
  Quando Melissa colocou o primeiro vestido eu me vi em anos atrás quando minha irmã estava para subir no altar, era jovem, porém decidida daquilo que queria. E pensando bem Melissa se parecia muito com a tia nisso, idênticas.
 Não sei dizer exatamente quantos vestidos ela provou, sei que foi um dos últimos que mais se destacou e eu particularmente achei perfeito para ela.



_ Pai?
_ Hm... -cocei os olhos e olhei pra cima não deixando transparecer que estava emocionado.
_ Ele é lindo, não é?
_ Sim, você está linda Melissa. -beijei sua testa com carinho, demoradamente e senti seu abraço aconchegante e sincero acompanhado de algumas lágrimas.
_ Você é o meu super pai, obrigada por ter vindo. -me apertou um pouco mais.- Eu te amo tanto.
_ Também te amo minha linda, amo demais. -nos afastamos e ela limpou o rosto, sorriu e voltou a se olhar no espelho.
_ É esse! Não quero nenhum outro.
_ Tem certeza Mê?
_ Eu tenho vó, já me vejo no altar com ele. -deu mais uma volta, idealizando seu grande dia e sem sequer tirar o sorriso do rosto.
_ Se é o que você quer, eu apoio. Também achei lindo, realçou seus olhos e valorizou bem a escultura do seu corpo, seus traços faciais.
_ Fiquei muito gata, não é pai?
_ É ficou, ficou. -cruzei os braços e ela riu.
_ Agora se me derem licença... preciso fazer alguns ajustes na peça. -tirei o celular do bolso e voltei a me sentar. Respondi algumas mensagens, dei uma olhadinha no Instagram e aproveitei para colocar uma foto no stories com as mulheres presentes.


  Melissa ficou no provador com a costureira da loja por quase uma hora, mas quando saiu estava ainda mais sorridente do que quando tinha entrado. Mas não falou mais nada sobre o vestido, agora seu assunto era os testes de cabelo e maquiagem e modelo de vestido para as madrinhas.

_ Maria Luísa não veio por que hein?
_ Porque ela não está em casa pai, por isso.
_ Só sabe ficar enfiada na casa do namorado, minha nossa senhora!
_ Ela está com as meninas pai, a Carol e a Lê. Henrique desceu pra praia com o Arthur e mais uns meninos, minha mãe liberou a chave da casa.
_ Só foi homem?
_ As meninas também foram pai, disseram que voltam na segunda-feira a noite.
_ Bando de desocupado.
_ Eles são estudam de noite, até me chamaram pra ir... mas eu tinha compromissos.
_ Sua irmã não quis ir?
_ Não. Ninguém ia subir no domingo, ela teria que faltar e está em semana de provas.
_ E a senhorita?
_ Vou bem obrigada. -deu risada.
_ Melissa, Melissa. Tô de olho viu?
_ Eu sei pai, mas estou estudando bonitinha, tudo nos conformes. As férias já estão aí também.
_ Vai viajar?
_ Por enquanto nada programado. Leonardo estará trabalhando, ou seja, só poderemos fazer algo juntos nos sábados e domingos.
_ E só tem ele aqui é?
_ Não pai, podemos viajar sim, inclusive pai o senhor vão passar as nossas férias onde? Já fechou a agenda?
_ Não toda, só algumas semanas. Por quê?
_ Queria ir pro Pantanal. A energia daquele lugar é indescritível, mesmo eu não entendendo nada sobre pesca.
_ Podemos ver né, sempre tem uma folguinha... -continuamos a conversar enquanto íamos deixar minha mãe em casa, a sogra da Melissa e fomos para a nossa. Estacionei o carro, entramos em casa e escutei Maria Luísa no telefone, nem nos viu chegar.
_ Tá bom, curte aí sua praia. Tchau! Beijos. -e desligou.
_ Não desgrudam hein.
_ Pai! -veio ao meu encontro dando um abraço forte de urso, se pendurando no meu pescoço.- Pensei que não fossem mais vir embora. Passaram a tarde toda lá praticamente.
_ Sua irmã com a história de casar.
_ História não, eu vou me casar pai. E meu casamento vai ser lindo! -beijou meu rosto.
_ Escolheu o vestido pelo menos?
_ Escolhi, agora tem todo o restante. Não sei se vou querer o cabelo muito solto... também não sei se volto pro loiro e sei lá, deixo crescer. Aí, é muita coisa pra uma noiva só.
_ Sim, já sabe quem serão as damas de honra?
_ As meninas ué, a Sofia, a Tais, a Ceci e a Helena.
_ Bernardo vai entrar com a Marina para levar as alianças.
_ Minha nossa senhora, cêis só falam disso agora.
_ Aguenta pai, mas vai ser uma vez só também. -Malu falou rindo.- Se bem que ainda tem meu irmão.
_ Arthur tá muito bem estudando, aproveitando mais com os amigos. -Fernanda disse rápida e confiante.
_ Aproveitando antes de casar também mãe, é assim a vida.
_ É assim coisa nenhuma, tem que se estruturar primeiro.
_ Estava falando disso com o Rique.
_ De casar? Ô minha nossa senhora, minha princesa...
_ Calma pai, me expressei mal. Estava me referindo a estudar, casar e ter filhos. Ninguém diz que vai se formar e conhecer países, morar uma temporada fora e sei lá sair do padrão... a linha de pensamento é a mesma.
_ Nisso que você pensa?
_ Sim. Quero conhecer lugares, curtir meu casamento, exercer a profissão que eu escolhi e isso não quer dizer que eu não vá me dedicar à família.
_ Não engravide cedo, quando você tem um filho exatamente tudo muda. Muitos dos seus planos tendem a se adaptar à sua vida como mãe.


  As três ficaram envolvidas no assunto e eu saí de fininho. Subi para o quarto e tomei um banho ligeiro, lavei os cabelos e sai. Coloquei uma samba-canção, regata e deitei na cama, estava cansado e não demorei a dormir.




Narrado por Maria Luísa
   Não fiquei muito tempo com a minha mãe e a Mê conversando sobre o casamento, meu pai subiu e eu uns quinze minutos depois fiz o mesmo. Entrei no quarto e tomei um banho um tanto demorado, aproveitei que não iria fazer nada e lavei os cabelos, passei uma máscara e só depois de escovar os dentes e me enxaguar saí.
  Com o quarto totalmente em silêncio não foi difícil escutar o celular vibrar, corri pra atender.


_ Oiiiiiiiiiii! Diz que está em casa, vai...
_ Oi Carol, estou. Tudo bem?
_ Ótimo, melhorou agorinha. -deu risada.- Vai sair com o boy hoje?
_ Não, ele está viajando. Por quê?
_ Vamos em uma festa comigo?
_ Festa? Onde? De quem?
_ Estou conhecendo um menino, é aniversário do irmão dele e ele me convidou e até falou que eu poderia levar uma amiga pra não me sentir sozinha e tal. Pensei em você, se anima?
_ Não estou muito animada não, mas também não vou fazer nada em casa.
_ Então deixa de ser chata e vamos.
_ Tenho que falar com os meus pais primeiro, se eles deixarem, eu vou. -respondi tranquila, indo procurar um conjunto de calcinha e sutiã pra vestir.- Vai ser a noite toda, óbvio né. Mas onde vai ser?
_ Na casa dele, fica perto da nossa escola. Umas ruas pra trás.
_ Tá, posso te ligar daqui a pouco?
_ Vai logo então. -e desligou. Coloquei a calcinha, o sutiã, enrolei a toalha no corpo e fui procurar minha mãe.
_ Mãe? -bati na porta do quarto e fui entrando.- Tá deitada?
_ Quase. -olhei e ela tinha acabado de sentar na cama.- O que foi?
_ Posso sair com a Carol? 
_ Agora? Pra onde?
_ O lugar exatamente eu não sei o endereço, mas é um aniversário. Aniversário do "cunhado" dela. Perto da escola.
_ E vai a madrugada toda?
_ É. 
_ Vai ir e voltar de Uber?
_ Na verdade eu ia ligar pra senhora ir me buscar, se não fosse ter problema.
_ Mas liga uma horinha antes hein. Quer que eu leve vocês?
_ Por favor?
_ Quando estiver pronta me avisa.

  Assenti e sai do quarto já pensando na roupa que iria vestir. Não estava frio, mas não estava muito calor. Peguei um vestido curto, porém de mangas compridas, tênis e algumas pulseiras. Passei o secador nos cabelos e os penteei para trás fazendo um rabo de cavalo no alto. Fiz uma maquiagem bem básica e estava pronta após borrifar um pouco do perfume.

_ Mãe, tô pronta.
_ Não vai levar blusa?
_ Acha que precisa?
_ Madrugada costuma cair a temperatura, né?
_ Tá, vou buscar. -voltei no quarto e peguei uma camisa jeans, meu celular e coloquei a cópia do documento atrás.- Agora não falta nada. Bora?


  Minha mãe foi dirigindo tranquila, cantando e quando estacionou o carro no endereço indicado pela Carol deu um pequeno sermão. Disse que confiava em mim e por isso estava me deixando sair sozinha, sem os meus irmãos e passar a madrugada fora de casa e mais todas as recomendações que as mães passam antes de deixar realmente a filha sair.
  Desci do carro e esperei lá na frente por quase vinte minutos, quando a dona Caroline resolveu aparecer e já me abraçou pra eu não xingar.


_ Pensei que você não vinha. 
_ Vim e você demorou uma vida pra chegar. Quem é esse hein?
_ O nome dele é Lucas, ele tem 17. O irmão dele está fazendo 21 e aqui estamos nós amiga. Vem, vamos entrando.


  Era uma festa adulta. Ou seja, muitas bebidas dessas que eu sequer reconheceria nem mesmo pelo cheiro. O salão estava razoavelmente cheio, muitos "jovens" e o Lucas estava lá com um grupo de amigos, fomos apresentados um ao outro pela Carol e em seguida ele apresentou os amigos que estavam lá. Estava a vontade, comendo e aproveitando a festa aos poucos. 
  Dancei, conversei, tirei fotos e experimentei um drink de açaí. Chegou a hora do parabéns e depois voltou a música e agitação pelo salão e eu já estava ficando com sono.


_ Indo pra casa amiga?
_ Eu vou sim, tô ligando pra minha mãe vir me buscar. Está um pouco tarde também.
_ Tarde não está não senhora, mas vai pra casa e descansa. -sorriu.- Obrigada por ter vindo, o Lucas gostou muito de você. Falou que minha amiga é muito legal.
_ Sou mesmo, muitíssimo legal com quem eu também gosto. -falei piscando enquanto esperava minha mãe atender.- Alô, mãe?
_ 03h47 da manhã. Onde você tá?
_ Minha mãe está dormindo pai? Ela ficou de me buscar na festa.
_ Festa? Que festa é essa que eu não fiquei sabendo Maria Luísa? -perguntou todo sério.
_ Do cunhado da Carol pai. Ela me chamou de última hora, o senhor já estava dormindo e minha mãe me deixou ir... me trouxe e disse que quando eu quisesse ir embora era só ligar.
_ Sua mãe tá dormindo e não vai acorda tão cedo. Manda a localização, tô levantando pra ir aí.
_ Tá bom, vem com Deus pai. -e desliguei.- Meu pai vem vindo. -comentei guardando o celular.
_ Ele tá bravo?
_ Mais ou menos. Disse que não estava sabendo de nada. -respirei fundo, voltei a pegar o celular e olhei a hora antes de guarda-lo outra vez.- E a senhora, quando vai aparecer lá em casa?
_ Quando você não estiver com o boy, não quero ser empata foda de ninguém.
_ Amiga você nunca atrapalha e nós fazemos outras coisas além de sexo viu? Andamos de bike, cozinhamos, assistimos filme, jogamos jogos de tabuleiro e videogame. Além de que dormimos muito.
_ Grude hein, meu Deus!
_ Ele ainda me ajuda a estudar.
_ Não saem pra baladas? Barzinhos?
_ Ele vai com amigos dele, eu não entro.
_ E você confia?
_ Sim, confio. Ele nunca me deu motivos para duvidar. -dei de ombros despreocupada.- E o Lucas hein? Sai namoro?
_ Eu até queria, mas disse ele que saiu de namoro há pouco tempo e blá blá blá... ele não quer namorar. A gente fica.
_ E como você tem lidado com isso?
_ Por enquanto estou levando, gosto dele, mas sei manter distância. Tá funcionando.
_ Tô na torcida! -falei cruzando os dedos, ele deu risada. Nos falamos por mais uns minutos e não demorou para o meu pai buzinar e baixar o vidro do carro, me despedi e entrei.
_ Festa de última hora né?
_ Sim paizinho, não tô te enrolando. Não faz essa cara de bravo. -cruzei os braços.- A minha mãe deixou.
_ Ela sempre deixa. Sempre.
_ Porque ela sabe que não tem problema, problema nenhum.
_ Okay dona Maria Luísa, não falo mais nada. -bocejou.


   Meu pai e esse jeito ciumento, um tanto preocupado e que eu tanto amava. Dei risada sozinha enquanto íamos para casa, chegamos e minha mãe estava de roupão na sala tomando água e com o olhar desconfiado. Falei "boa noite" e subi para o meu quarto, tirei os sapatos, troquei de roupa, me deitei e não demorou para que eu pegasse no sono.

(...)

_ Não vai acordar mesmo não? -escutei uma vez de fundo, mas continuei encolhida na cama e mantendo os olhos fechados.- Dirigi duas horas e quarenta minutos pra te buscar.
_ Bom dia. -sorri e virei de frente o abraçando. 
_ Não consegue abrir o olho não?
_ Tô com sono. -fiz um bico e senti sua boca na minha, dando aquele beijão.- Tá fazendo o que aqui?
_ Vim te buscar, falei com o seu pai já. Nem vou beber hoje, só pra te trazer de boa mais tarde.
_ Tá bom, okay. Consigo tomar um banho?
_ Consegue, posso ir separando sua roupa?
_ Não, fica longe da minha gaveta de calcinhas.
_ Só queria ajudar. Mais nada.
_ Sei.


     Eu ainda estava com sono, mas só de olhar pela janela sabia que estava calor e muito claro do lado de fora. Levantei da cama e tomei um banho rápido, continuei com os cabelos presos e depois de escovar os dentes sai. Henrique estava dormindo na minha cama, com o braço cobrindo os olhos e boca aberta. Troquei de roupa, coloquei um biquíni e por cima shorts e regata, separei uma troca para voltar e coisas de higiene como protetor, cremes e essas coisinhas. Peguei os documentos, carregador do celular e estava pronta.
   Acordei o preguicinha e nós descemos, tomamos café e fomos para o carro que a viagem seria longa. Só passamos no posto para abastecer e comprar umas guloseimas na loja de conveniência, depois disso seguimos viagem e chegamos lá por volta de 11h30.

_ Bom dia, bom dia. -falei abrindo a porta e passando pela sala.
_ Uau. Só chega mulher bonita nessa casa. -escutei alguém falar, mas ignorei.- Solteira?
_ Não, minha namorada. -Henrique respondeu e foi pra cozinha, fui deixar minha bolsa no quarto e desci para cumprimentar o restante do pessoal.
_ Oi gente, cheguei!
_ Ainda bem, estamos em minoria aqui.
_ Tô percebendo, um homem a cada dois metros quadrados.
_ Mas o seu tá bem aqui. -abraçou minha cintura e beijou minha nuca me causando arrepios.- Bem de olho.
_ Sabemos, agora pode desgrudando vai. 
_ Ter irmão ciumento, okay. Agora ciumento e melhor amigo do seu namorado é difícil (risos).
_ Engraçadinha. Como você tá?
_ Ótima. Já tomaram café? Quero ir pra praia.
_ Ainda vamos tomar café, quer dizer, eu né. Tô com fome cunhada.
_ Misericórdia Julia, ainda não comeram?
_ Ninguém acordou cedo aqui, só o Rique.
_ Meu orgulho esse homem. -falei apertando sua bochechas e rindo.- Vão demorar?
_ Pessoal foi buscar o pão e os frios.
_ Vou tomar um banho então. -Henrique falou beijando meu rosto e saindo da cozinha. Ajudei a terminar de colocarem a mesa, lavei a louça e subi pra ver se ele iria demorar no banho.
_ Você não ia tomar banho? -perguntei vendo-o deitado na cama, no celular.
_ Pensei que você fosse entender o recado, queria era namorar. Vem cá. -encostei a porta e caminhei devagar até a cama, subi de joelhos e sentei em seu colo. Tirei a blusa e cobri os olhos dele, me aproximando e beijando sua boca devagar, saboreando seu beijo. Levando as mãos até seu pescoço dando mais firmeza, o empurrando mais contra a cabeceira.- Fechou a porta?
_ Não tranquei. 
_ Se seu irmão pega a gente aqui nem sei o que ele faz.
_ Vai ficar de mal humor o resto do domingo. Quer que eu feche?
_ Não, eu fecho, espera aí. -ele levantou segurando a toalha, trancou a porta e veio sem pressa até mim. O ajudei tirar meu shorts e depois de estar deitada na cama recebi seu toque precisamente por todo o corpo, e quando estava mais sensível e entregue eu o senti fundo e rápido, não consegui segurar o gemido e nem ele.- Tem muita gente aqui, não podemos abusar. -riu.
_ Eu sei, mas não consegui segurar. -falei rindo também, ele beijou testa e em seguida minha boca, voltando a se movimentar. Henrique se mostrava melhor a cada transa e eu me sentia ainda mais a vontade e sem vergonha com ele. Nos viramos e fiquei por cima, abracei seu pescoço e beijei sua boca sem deixar que ele saísse de mim. Suas mãos alisavam minhas costas, desciam um pouco mais apertando minha bunda, voltando uma das mãos até a nuca e puxando meus cabelos, levando minha cabeça para trás e beijando todo o meu pescoço.
_ Você me deixa louco. -sorriu entre o beijo.
_ Para de falar essas coisas safadas. -ri.
_ Tá bom, só vou fazer coisas safadas. -segurou minha cintura e bombou mais rápido por um tempo me tirando de seu colo quando chegou ao seu limite.- Nossa! -respirou fundo de olhos fechados e um sorriso largo no rosto, o abracei deitando a cabeça em seu peito.- Quer tomar um banho?
_ Só não posso molhar os cabelos, mas tô cansada. -falei.
_ Eles enrolam pra cacete pra tomar café, vamos ficar aqui. -e ficamos conversando, namorando.- Pega meu celular aí, deixa eu te mostrar uma coisa.
_ Foto?
_ Vídeo. -deu risada e foi desbloqueando o aparelho, entrou na galeria e quando olhei era um vídeo meu na festa de ontem.- Pra mim ninguém dança assim. -falou beijando meu ombro.
_ Quem foi o fofoqueiro?
_ Não vou falar não, não importa. -deu de ombros.
_ Ficou chateado?
_ Não. Festa é pra isso, dançar, comer e beber.
_ Na sua nós beijamos na boca.
_ Fizemos outras coisas também (risos). Melhor aniversário da minha vida.
_ Pra nós. -selei seus lábios e fechei os olhos me esticando na cama, bem preguiçosa. Sentei no colchão e levantei pra ir ao banheiro, fiz xixi e já fui ligando o chuveiro para tomar uma ducha. Prendi os cabelos e entrei debaixo d'água.
_ Nem me esperou. -disse entrando quando eu já estava terminando de me enxaguar.
_ Já até terminei, fica a vontade. -sai do box e deixei que ele entrasse. Voltei para o quarto e depois de me secar vesti novamente o biquíni e peguei meu celular.
_ Chegou que horas Maria Luísa? Não avisa não é? -meu pai mandou um áudio no grupo. 
_ Desculpa paizinho lindo, cheguei tem um tempinho. A viagem foi tranquila, aqui está muito sol e seu filho ainda estava tomando café.
_ Que não se repita mocinha, bom domingo filha.
_ Obrigada pai, te amo.

  Deitei na cama ainda bagunçada e fiquei de olhos fechados esperando o bonito que só tinha que jogar uma água no corpo. Henrique saiu já de sunga, colocou uma bermuda clara e disse estar pronto.     Descemos e eles ainda comiam.

_ Ainda tão tomando café?
_ Não vai comer não? -neguei.- Sem fome?
_ Comi antes de vir pra cá, em casa. Queremos ir pra praia, vocês enrolam muito. -falei puxando a cadeira e sentando, Henrique sentou no meu colo.
_ Todo mundo meio lento, dormimos tarde ontem. Ou melhor, dormimos hoje pela manhã.
_ Fazendo?
_ Resenha. Viagem é isso, praia e curtição.
_ Vocês não tem limites, eu ia dormir. Certeza. -falei rindo.
_ Não ia nada Malu, íamos dançar a noite toda, eu quem escolhi a playlist. -Larissa falou animada.
_ Temos hoje ainda.
_ Vai embora com a gente?
_ Não, vou subir hoje. Tenho aula amanhã de manhã.
_ As vezes eu esqueço que você só é grande. -sorriu.
_ Só um detalhe, né amor?
_ É. -disse me beijando rapidamente. Ficamos na cozinha conversando e eu perguntando quem eram os rostos "novos" que por ali circulavam e o Henrique ia me dizendo quem veio com quem, quem era namorado ou ficante de quem e quem eram os solteiros. Levantamos e fomos para a área da piscina, mas não estávamos sozinhos, tinham três meninas sentadas à mesa.
_ Bom dia, tudo bem Malu? E aí Henrique? -era a Débora, amiga dos meninos.- Vem cá.
_ Tudo bem Dé? Oi meninas. -cumprimentei as outras duas mesmo sem saber quem era, mas uma delas me olhou feio e não disse nada.
_ Ela que é a namorada do Henrique, Gabi. E irmã do Art.
_ Ah sim, prazer. -dei um sorriso fechado e em seguida arrumei desculpa para sairmos dali.
_ Quem é aquela?
_ Não sei, quer dizer, conheço tanto quanto você. Amiga da Débora e é a primeira vez que vem.
_ Porque ela me olhou com aquela cara?
_ Porque no dia que descemos ela quase me roubou um beijo.
_ E você fala isso na maior calma? Assim com a maior naturalidade? -cruzei os braços e fechei a cara, saindo de perto.
_ Falei que ela quase me roubou um beijo, não beijei ela. Não me olha com essa cara.
_ Olho com a cara que eu quiser.
_ Malu, vamos? -Larissa apareceu na porta me chamando.- Julia só subiu pra colocar o biquíni.
_ Tô indo já. -falei e ia dando as costas, Henrique me puxou pela cintura e me grudou nele.
_ Já falei que não rolou nada. Falei que eu namorava, namorava a irmã do dono da casa.
_ Não ficou com ela por que meu irmão estava aqui?
_ Porque eu não quis, eu namoro. Para com isso vai... -beijou meu rosto.- Desfaz esse bico, descruza esses braços...
_ Estou de olho nela e em você também.
_ Acha que eu pretendo ficar com ela? Nem dormi pra ir te buscar em São Paulo pra passar o dia comigo, tô nem aí pra ela.
_ Fica a coisa mais linda bravo gente. -mordi sua bochecha e ele perdeu a pose de sério, dando risada.- Só fiquei com ciúmes, eu não estava aqui.
_ E eu contaria mesmo que estivesse. Relaxa, vamos aproveitar nosso domingo.

   E aproveitamos.
  O sol estava maravilhoso e nós curtimos do primeiro instante até o último. Ficamos na praia a tarde inteira e batemos papo, mergulhamos e até jogamos bola por alguns minutos. Mas não sou muito atleta e parei logo, fiquei um tempão com as meninas cantando e dançando axé entre muitas risadas.    Meu irmão entrou na dança, Matheus e até meu namorado e a oferecida que o tempo todo quis me provocar e meu irmão deu um chega pra lá nela. Adorei, confesso.
  No final do dia Henrique e eu voltamos pra casa e decidimos tomar banho juntos, namoramos um pouco aproveitando a casa só pra gente e depois fomos nos vestir e levar as coisas para o carro. Foi o tempo do meu irmão voltar com a Julia, nos despedimos deles e pudemos seguir viagem.

_ E seu domingo, aproveitou?
_ Muito, e você? -perguntei sabendo a resposta.- Se divertiu?
_ Mais que os outros dois dias, sentia sua falta aqui.
_ Bem feito, deveria ter me trazido antes.
_ Fiquei arrependido, fui te buscar até. Falei com o meu sogro e ele ainda deixou.
_ E se ele não tivesse deixado hein?
_ Ia ficar por lá mesmo, nós dois dentro de casa assistindo filme, brincando com a sua irmã. Falando com o seu pai de futebol e com a sua mãe sobre o casamento da sua irmã. Tinha várias opções, muitas.
_ Foi preparado para o sim e para o não?
_ Sempre.
_ Meu pai não te deu sermão?
_ Cê tá tirando minha filha de casa, muito cuidado. -imitou meu pai igualzinho, foi engraçado.- Se inventar de beber vai ser uma vez pra nunca mais.
_ Brinca não que ele cumpre. -falei me lembrando dos castigos da minha irmã.- Tudo bem que hoje em dia ele está bem mais tranquilo, não fui a primeira.
_ Tivemos foi sorte. -riu.- Seu pai é daora.
_ Ele é incrível! 
_ Meu sogro né? 
_ É, seu sogro. -o beijei e voltei a me ajeitar no banco e pegar o celular.
_ Não vai me dar atenção?
_ Tá carente Henrique?
_ Tô com sono, já pensou se eu durmo no volante?
_ Nem brinca... -fomos conversando o caminho inteiro, tivemos assunto de sobra. Chegamos em São Paulo era pouco mais que dez da noite, ele me deixou em casa e foi embora para a casa dele.- Oi pai, boa noite. Cadê minha mãe?
_ Oi, boa noite. Com a sua irmã no quarto.
_ Dormindo?
_ Tentando. Sua irmã não quer saber de dormir. Como foi a viagem?
_ Ótima, gostei muito.
_ E seu irmão está cuidando da casa?
_ Claro né pai, está comportado, todo homem da casa ele. 
_ E você se comportou?
_ Pai, isso é um tanto invasivo. Eu namorei ué, estava com saudades do meu namorado. -falei apertando os lábios, ele respirou fundo, deu risada balançando a cabeça e me fez uma pergunta deixando meu rosto queimando de vergonha.
_ Corro o risco de ser avô?
_ Juro que não pai, prometo pro senhor. Beijos, boa noite. -beijei seu rosto e subi.







4/5

Próximo capítulo será publicado às 12h.