Narradora
(...)
Passadas duas semanas da notícia de que a família receberia mais uma menina, Sophia, parte da família retornou aos Estados Unidos deixando saudade em todos... principalmente em Fernanda que estava amando a companhia dos pais e relembrando o quão gostoso era estarem todos juntos.
Com isso, Luan que retornaria com a agenda fora do estado de São Paulo pensou que seria bom Fernanda ir com ele. Assim ela melhoraria o astral e lhe faria companhia pelos próximos dois meses de viagem. Organizou tudo com a mãe, que aceitou numa boa ficar com a pequena Helena e Thor, que acabaria ficando sozinho em casa. O primeiro destino seria Minas Gerais.
_ Filha a mamãe já conversou com você hein, se comporta na casa da vovó, obedece direitinho. -falava olhando nos olhos de Helena que estava sentada na cadeira balançando as pernas.- Entendeu?
_ Sim, mamãe. Eu vô ficar bem.
_ Então dá um beijo na mamãe. -ela beijou o rosto de Fernanda, se abraçaram e saíram da cozinha.
_ Vamos vida?
_ Vamos. Maria Luísa, juízo hein.
_ Okay dona Fernanda, já tivemos essa conversa. Namorar só aos finais de semana.
_ Não estou proibindo vocês de se verem na semana, só estou te pedindo pra não relaxar nos estudos. Isso serve para vocês também. -falou apontando para Arthur e Melissa.- Vocês vão me ligar se precisarem?
_ Sim mãe, relaxa. Curte a viagem! Namora muito. -Melissa dizia abraçando a mãe.- Vamos cuidar da casa, não faremos festas. -riu.
_ Sua irmã precisa ir pra sua avó hoje.
_ Eu mesma levo, o Leo está vindo pra cá.
_ Tudo bem. Bom, tchau. Amo vocês.
_ "Vão com Deus." "Também amamos a senhora." -responderam antes deles saírem.
Luan e Fernanda guardaram as bagagens no porta malas, entram no táxi e rumaram ao aeroporto onde encontrariam Arleyde, Roberval e seguiriam viagem.
_ Ô Luan, será que eles vão se comportar mesmo? Vamos ficar dois meses fora, nós dois. -falou preocupada, Luan sorriu, mas não disse nada.- Eu fazia arte quando meus pais saiam.
_ Eu já fiz muita viu? -riu lembrando os tempos de solteiro, Fernanda fechou a cara e cruzou os braços com ciúmes.- Ô vida, fica brava não uai. Passado.
_ Se eu falar do meu passado você não vai gostar nem um pouco.
_ Eu só comentei. Quem começou o assunto foi você.
_ Desculpa.
_ Relaxa, você está de férias. -falou piscando e dando-lhe um beijo rápido.- Acho que a Isa vai com a gente, pra ficar umas duas semanas.
_ Só os dois?
_ As crianças vão também, juntinho.
_ Vou ter companhia quando você estiver ocupado.
_ Nada de piscina, praia... academia.
_ Vai me trancar no quarto e levar as chaves? -ergueu a sobrancelha.
_ Tô brincando. Muié braba rapaz.
_ Fica fazendo gracinha viu.
O trajeto até o aeroporto não demorou muito. Logo estavam junto aos outros, se cumprimentaram e embarcaram rumo a primeira cidade, primeiro show daquela noite. A aterrissagem foi tranquila, ao desligarem os motores foi possível escutar a gritaria. Luan desceu com o Well na frente e Fernanda estava mais atrás com Isadora, Rober e Arleyde.
_ Acho que eles nem esperavam que eu viesse. -comentou ajeitando os cabelos enquanto se aproximavam da grade. Não demorou para que fosse notada, acenou e jogou beijos, mas logo entraram na van.
_ Vamos ter que ir direto, tá? As malas estão indo para o hotel. Lá no camarim tem sua roupa do show, atendimento e comida.
_ Melhor parte. -comentou Fernanda.
_ Só pensa em comida, caralho Luan.
_ É boi, agora já sabe quem pede os Ifoods no cartão de crédito. -riram.
_ Ridículo, eu mal uso seu cartão Luan. Você deixa com as crianças.
_ Que crianças? Só tem a Helena de criança naquela casa.
_ A que mais come.
_ Aprendeu com você que sai comendo até as paredes quando está em casa.
O caminho até a casa de shows não seria tão demorado se não houvesse congestionamento. Assim que chegaram, entraram pelos fundos, seguindo direto para os camarins. Fernanda foi comer com Isa e as crianças, Luan se trocar para dar início ao espetáculo.
Narrado por Fernanda
Os primeiros cinco dias eu fiquei muito preocupada com eles sozinhos e por isso ligava direto, sempre que me lembrava de alguma coisa. Agora a partir da segunda semana eu comecei a relaxar e curtir a viagem, nossas companhias e os momentos.
Eu voltei há anos atrás! Anos mesmo, começo de namoro ou até antes disso. Luan e eu visitamos exposições, tentamos fazer passeios turísticos, demos algumas escapadas quando tinha uma folga de uns dois ou três dias para alguma cidade próxima e fizemos amor todos os dias, mais de uma vez no dia. Banho juntos, como dois namorados. Tivemos algumas discussões, rolou ciúmes, mas no geral foi muito gostoso.
_ É amor, chegamos. -falei descendo da van depois de nos despedirmos do pessoal.- Essa mala vai direto pra lavanderia.
_ Agora?
_ É. Sem bagunça hein. -falei procurando as chaves para abrir a porta.- Sua chave tá fácil?
_ Não. -riu. Ficamos quase vinte minutos procurando até encontrarmos as chaves, entramos e a casa estava toda em silêncio, talvez por ser menos de sete horas da manhã. Luan levou nossas malas de roupas sujas para a lavanderia, e depois subimos com o restante para o quarto.- Oi minha linda que saudade!
_ Tá falando com quem Luan?
_ Minha cama, meu travesseiro. -ele entrou no quarto largando a mala perto da porta, tirando o tênis, jaqueta e a camisa.- Tudo escuro, bora dormir muié.
_ Amor levanta dessa cama e vai trocar de roupa, acabamos de chegar da rua.
_ Cê que manda patroa.
_ Engraçadinho.
Levei as duas malas para o closet e enquanto Luan se trocou, deitou e dormiu, eu desfiz as malas. Tomei uma ducha, aproveitando para lavar os cabelos. Ao sair, me troquei. E desci para comer alguma coisa.
_ Bom dia Maria!
_ Minha filha, que bom que voltou. -Maria disse largando as coisas em cima da bancada e vindo me abraçar forte.- Como foi de viagem?
_ Tranquila, gostosa e sem preocupações. Tanto pra ir quanto pra voltar. Só a rotina do Luan que é realmente cansativa, de ele trocar o dia pela noite e pra eu entrar no ritmo deles foi um pouco difícil. Acostumei dormir cedo pra acordar cedo, então na segunda semana eu estava capotada. Onde eu encostava, eu dormia. Tiraram tanta foto minha.
_ Vocês não perdem esse jeito de molecada. E namorou muito, foi?
_ O que eu mais fiz Maria. Deu vontade a gente estava lá, namorando (risos).
_ Aproveitando a vida, estão é certo. -falou rindo.
_ Sempre que posso. Mas fiquei com muita saudade da minha pequenininha, ela sim me ligou todos os dias. Contando tudo o que tinha feito na escola ou o que fez lá na Mari. E das artes do Thor, esse pintou e bordou, até sapato comeu.
_ A bolinha de pêlos que me fazia companhia a manhã toda, ia comigo na padaria, queria correr na caixa de areia.
_ Ele é um companheiro e tanto, hoje quando eu abri a porta dei falta de ele não estar aqui abanando o rabo.
_ Vão buscar ele hoje?
_ Vamos sim, eu né. Luan está dormindo desde a hora que chegamos, trocou de roupa e cama.
_ E você não está com sono?
_ Estou cansada, dei uma cochilada no avião, mas se eu dormir agora mais tarde eu não vou ter sono nenhum. Luan ja está acostumado.
_ Ah sim, tá certo. Quer um cafezinho?
_ Aceito Maria.
Maria Luísa já tinha ido pra escola enquanto eu estava lá em cima. Melissa não tinha nem dormido em casa e pelo horário já deveria estar na CDM. E Arthur dormindo, só tinha a faculdade à noite e não tinha o costume de acordar cedo. Então o café da manhã foi eu e ela. O telefone de casa tocou, levantei pra atender e parou de tocar. Não demorou muito e tocou de novo.
_ Alô?
_ Fernanda? É a Mari, tudo bem?
_ Tudo bem e com você?
_ Ótima. Estava com saudades de vocês, chegaram bem?
_ Muito bem, chegamos até mais cedo na verdade. Luan estava dormindo.
_ Eu acordei ele, porque te liguei no celular e ele que até deu e disse que você estava aí pra baixo.
_ Eu ia deitar um pouco, mas foi o que eu estava falando pra Maria... se eu dormir agora não vou ter sono mais tarde.
_ Foi o que eu pensei mesmo, mas em... não quer vir passar o dia aqui não? Como ficaram bastante tempo fora pensei em fazer um almocinho pra gente.
_ Estava pensando mesmo, iria buscar a Helena na escola e ia direto.
_ Aí Fer, não tive coragem de mandar ela hoje não. Ontem ela estava tristinha, com saudades da mamãe e foi dormir bem tarde assistindo filme com o Amarildo.
_ Não tem problema sogra. Eu vou passar aí com a Maria, que tá cheia de saudades dela e do bagunceirinho peludo.
_ Tudo bem então, fico esperando vocês aqui viu?
_ Tá bom, até já sogra. Beijos, fica com Deus.
_ Amém, tchau. -e desligamos. Subi e dei a sorte do Luan ter levantado pra ir ao banheiro.
_ Amor? Sua mãe me ligou, chamou a gente pra passar o dia lá com eles.
_ Hm.
_ Toma um banho, vamos pra lá. Você dorme no seu quarto.
_ Vai ir dirigindo?
_ Sim. Não demora.
Pedi pra ele não demorar, mas foi o mesmo que dizer "fica cinco dias dentro do banheiro". Mas não foi de todo ruim, falei pra Maria que ela teria o restante do dia de folga e que antes de deixar ela em cada nós iríamos dar uma volta.
Entramos no carro, fui dirigindo e chegamos rapidinho nos meus sogros.
_ Bom dia família, cheguei! -gritou da porta.
_ Papai! -Helena gritou de volta e veio correndo da cozinha, pulou no colo dele e foi a maior festa.- Eu estava com saudades, da mamãe também, da tia Maria. Deixa eu dar um beijo nelas. -veio até nós, nos abraçou, deu beijo e voltou pro grude dela. Cumprimentamos os outros e fomos nos acomodando no sofá.
_ Oi bolinha de pêlos da mãe. Eu estava com tanra saudade de você meu amorzinho, coisa linda!-ele correu pra cima do sofá, ficou em pé no meu colo e lambendo meu rosto, abanando o rabo. Mas também não sabia se pulava em mim, na Maria ou no Luan. Foi engraçado.
_ Você tomou café Luan? Ontem eu fiz aquele bolo de mandioca pra Julia e sobrou um tantão ainda.
_ Eles vieram aqui ontem? -perguntei.
_ Vieram para o café da tarde, ela estava com vontade de comer o bendito do bolo. Ai eu fiz pra minha bisnetinha.
_ Nem vi eles ainda. -comentei.
_ Arthur não está em casa não?
_ Dormindo, só dorme. E isso que eu e a Maria ficamos enrolando lá embaixo um tempão. Daqui a pouco ele manda mensagem.
Ficamos por lá o restante da manhã, Amarildo disse que iria no mercado e Maria pediu uma carona. Luan falou que ia dar uma encostada no sofá e dormiu com a almofada no rosto. Mari e eu ficamos no quintal tomando caipirinha e fofocando até a hora do almoço. Maria Luísa acabou indo pra lá com Henrique e Arthur só ligou, mas disse que iria pra Julia.
Almoçamos, ficamos por lá e fomos embora pra casa de noite.
_ Ô vida, sabe o que eu estava reparando?
_ Não amor, o que? -perguntei saindo do closet trocada e indo pra cama depois de apagar as luzes.
_ Maria Luísa engordou. -foi direto.
_ Ué, o que é que tem?
_ Cê num acha que ela tá grávida não né?
_ Não, não acho.
_ Certeza?
_ Ficamos dois meses fora, duvido que eles comeram certinho todos esses dias amor. Normal ela ter engordado, eu engordei.
_ Não é que...
_ É que tudo pra você é gravidez. Maria Luísa está normal, na idade e em fase crescimento. Deixa de coisa. -falei dando um selinho nele e levantando pra ir ao banheiro.
_ Não engoli isso não, eu vou perguntar pra ela.
_ Pra que isso Luan, qual a necessidade? Acha que ela esconderia uma gravidez dos pais? Luan ela ainda é menor de idade, não trabalha, precisa da nossa autorização pra tudo.
_ Quase tudo né?
_ Bom, quer perguntar? Pergunta. Mas se ela te der uma resposta atravessada não vem reclamar pra mim não. -respondi indo me trocar e logo voltei para cama, onde nos ajeitamos e dormimos.
Foi dito e feito. Luan ficou com essa história na cabeça e uns dois dias depois "comentou" com a Malu, cogitando a possibilidade e ela ficou toda chateada e estava sem falar com ele, que não sabia mais o que fazer.
Narrado por Maria Luísa
Eu estava chateada com o meu pai, não me lembro de ter ficado assim desde aquele meu aniversário que ele viajou com a minha mãe e não conseguiram voltar a tempo. Só que dessa vez o que mais me deixou triste foi que ele ficou dois meses fora e quando voltou não se preocupou em perguntar como eu fiquei, como fui nas provas ou como estavam meu estudos, se eu saí pra algum lugar diferente ou fiz alguma coisa diferente ou até mesmo me contou sobre a viagem dele, como eu fazia com ele. Primeiro que ele ficou todo estranho, cochichando com a minha mãe e fazendo umas perguntas meio que sem pé nem cabeça. E depois veio perguntar se eu tinha engordado porque estava grávida. O fim né?
_ Malu acho que você não deveria dar um gelo no pai, ele não perguntou por mal.
_ Ele tem essa mania e não é a primeira vez que ele faz isso. Eu lembro muito bem das coisas que ele me disse antes e no final das contas era o Arthur que tinha feito merda.
_ Ele fala assim porque se preocupa.
_ Melissa não quero falar mais disso, me deixa.
_ Ele está todo chateado. Murchinho, tadinho.
_ Eu quando erro peço desculpas. -falei suspirando e entrando no banheiro para um banho. Estava cansada, tinha chegado em casa não tinha muito tempo. Ao sair e depois de me secar, coloquei uma calça, blusa de alcinha e desci para jantar.
_ Bom o último que chegou fica com a louça. -minha mãe disse dando risada, neguei com a cabeça e fui me sentando.- Tem panqueca Malu, de queijo ainda.
_ Eu amo a Maria, sério mesmo.
_ Eu também amo a Maria, Malu. -Helena disse de boca cheia.
_ Tem que mastigar antes de falar, a mamãe já te ensinou. Não foi?
_ Desculpa mamãe, não vou fazer de novo.
_ Mãe, põe um pouco pra mim? -pedi estendendo o prato pra ele.
_ Eu ponho. Vai querer o que? -meu pai perguntou.
_ Um pouco de arroz e duas panquecas, por favor pai. -ele colocou tudo bonitinho no prato e me devolveu.- Obrigada.
Jantamos juntos, falando pra caramba e rindo das coisas que minha mãe contava. Depois que acabamos nos dividimos para organizar a cozinha. Arthur retirou toda a comida que havia sobrado, Melissa se ofereceu pra levar as louças sujas pra pia e limpar a mesa, e eu fiquei lavando a louça.
Quando sai da cozinha apaguei as luzes, dei boa noite pro meu irmão que ainda estava na sala e subi. Tinha alguns exercícios pra responder e precisava revisar um trabalho que seria no dia seguinte.
...
_ Dormiu por cima dos cadernos que nem percebeu né? -minha mãe perguntou no dia seguinte quando foi até o quarto vê se eu estava acordada.- Ainda tinha passado aqui e falado pra você guardar e deitar direito.
_ Mãe eu estava sonolenta, no mínimo fiz que sim com a cabeça e continuei dormindo. -ri.- Helena não vai hoje?
_ Vai, seu pai está trocando ela.
_ Meu pai? Acordado essa hora?
_ Eu acho que ele nem dormiu. Disse que queria levar vocês hoje.
_ É o que mãe? Sério? Que ótimo. -falei cruzando os braços e ela rindo.- Não sei o que a senhora acha graça.
_ Vocês são pai e filha, para com essa besteira.
_ Não estou com besteira nenhuma, só fiquei chateada com uma atitude dele. Não tinha necessidade, nem meu namorado falou pra mim que eu engordei.
_ Filha...
_ Não mãe. A senhora me conhece, se eu não escondi um namoro, a perda da virgindade, como é que eu ia esconder uma barriga? Meu pai viaja. Mas não vou discutir, não quero nem tocar nesse assunto mais.
_ Ele está triste, sabia?
_ Não, nem vem, eu sei o que a senhora quer.
_ Que vocês façam as pazes. Ele viaja semana que vem já.
_ Hm...
_ Tudo bem, já entendi. Agiliza aí e vamos logo pra você tomar seu café.
Não demorei a me arrumar, peguei minha mochila e desci. Falei um "bom dia" coletivo, sentei e tomei meu café. Quando tínhamos terminado fomos para o carro, sentei atrás com a minha irmã e fomos ouvindo música. Primeiro na escola dela, depois seguiríamos para a minha.
_ Não vai falar comigo, é?
_ Tô muito chateada com o senhor. É sério.
_ Eu me espressei mal, não é que eu só pense que você faça isso.
_ É isso sim pai.
_ Não é. É que...
_ Eu sou quem mais te escuta, e a que você mais dá pancada. Já percebeu?
_ Malu...
_ Pensa que eu esqueci quando o Arthur contou que era a Julia que estava grávida?
_ Aquilo foi...
_ Preocupação. É só isso que o senhor fala. Mas deu desse assunto, não quero ficar voltando nisso não.
_ Tudo bem... -falou estacionando em frente a escola.- Se cuida boa aula.
_ Obrigada, tchau pai. -e desci.
Entrei na escola, mas de coração partido.
Durante as aulas fiquei mais aérea que o normal, depois do intervalo eu contei os minutos para dar logo o sinal de encerramento e eu poder ir pra casa.
Por fim, 12h30!
_ Alô?
_ Está em casa? -perguntei toda manhosa.
_ Eu estou. Por que? Aconteceu alguma coisa?
_ Queria te ver hoje.
_ Tá, mas aconteceu alguma coisa? Sua voz está estranha.
_ Vem me buscar?
_ Tá, eu... tô indo. Espera ai. -encerramos a ligação, sentei no banco do outro lado da rua e não demorou dez minutos ele chegou de moto.
_ Moto?
_ Meu pai saiu com o carro. -falou colocando o pé no chão e virando pra pegar o outro capacete.- Vamos? Pega aqui.
_ Rique.
_ É rapidinho. -riu me dando um selinho.- Vou devagar. -falou e não menti. Depois que subi na moto e abracei sua cintura chegamos na casa dele em cinco minutos.
_ Sua mãe está aí?
_ Não. Só eu e os meus cachorros. Por quê? Vamos fazer alguma coisa que ela não pode saber?
_ Não, engraçadinho. -ele riu e me deu um abraço, depois nos beijamos e aí entramos.- Eles estão presos, né?
_ Estão no quintal. Quer ir lá dar oi?
_ Não. To bem aqui.
_ Eu também. -falou sentando no sofá e me puxando para o colo dele, ficou me olhando fazendo bico e abriu um sorrisão.- Te amo.
_ Eu também me amo. -ri segurando o rosto dele e dando um selinho.
_ Vai me contar por que está assim gatinha?
_ Não quero ficar reclamando sabe, pareço tão ingrata só de pensar assim.
_ Mas ainda não sei o que aconteceu. -revirei os olhos, mas não fugi do assunto. Sentia segurança em conversar com ele, Henrique era um bom ouvinte e escutou todo o meu desabafo, até deu risada.- Tá com o rostinho redondo igual ao de uma Trakinas.
_ E você nem pra me dar um toque.
_ Você é linda, fofinha então é mais ainda, chega a ser gostosa. -piscou.- Mas você engordou mesmo? Deixa eu ver?
_ Não, estou inchada. -falei sentando no sofá, de frente pra ele.- Olha essa foto aqui. -virei o celular pra ele.
_ Tá, olhei.
_ Agora olha essa aqui. -mostrei a outra.- Nada gritante, mas deu um volumezinho. -dei de ombros.- Estamos no maior climão, não sei bem o que fazer.
_ Não faz nada, deixa sua TPM passar primeiro. -piscou.- Minha mãe fez um bolo ontem, falou pra eu levar um pedaço pra você.
_ Bolo?
_ De nozes com ninho e doce de leite. Quer?
_ Sua mãe ama um doce.
_ Na verdade não. Meu pai e eu somos mais formiga, nós pedimos e ela faz.
_ Folgados. Mas respondendo sua pergunta, eu quero sim.
Fomos os dois para a cozinha. Esperei bonitinha ele abrir a geladeira, pegar o bolo, os pratos e talheres e por fim nos servimos. Voltamos para sala e comemos assistindo um desenho lá antigo que ele gostava e morria de rir, sozinho.
Acabei deitando no sofá e deixando minha cabeça apoiada nas pernas dele e ficamos a tarde assim.
_ Oi filho, boa noite Maria Luísa. -Luísa chegou toda animada, cheia de sacolas e vindo nos cumprimentar.- Como vocês estão?
_ Bem, e você mãe? Não ia só no salão? -Henrique perguntou deixando o celular de lado.-
_ Sai de lá e seu pai me ligou pra gente ir no cinema, terminando a sessão fomos tomar um sorvete e dar uma voltinha.
_ Voltinha cara essa. -o pai dele entrou rindo, com mais algumas sacolas e sua mochila.- Boa noite jovens.
_ Boa noite sogro.
_ Vocês jantaram?
_ Não, só comemos doce mãe. Tô com uma fome. O que tem de janta.
_ Passamos no mercado também. Você come peixe Malu?
_ Sim, muito.
_ Se der pedra e colocar um azeite ela come mãe.
_ Nada a ver, mentiroso. -fiz careta e eles deram risada.
_ Então você vai ficar pro jantar, né? Depois o Henrique te leva ou você pode dormir aqui, sem problema nenhum.
_ Adoraria, mas amanhã tenho aula. Não posso. -ela fez bico, mas disse que tudo bem, eu poderia voltar e passar o fim de semana.
_ Tô no meu quarto, mãe.
_ Nada disso, vai cuidar colocar os meninos pra dentro antes.
_ Malu tem medo deles, depois eu coloco.
Subimos para o quarto dele porque a criança queria jogar online com o meu irmão que também tinha faltado na faculdade. E eu fiquei no celular, ouvindo a conversa atrapalhada dos dois.
_ Tô só esperando pra ver que horas você vai trazer minha irmã de volta. Porque já são quase oito da noite.
_ Minha mãe chegou agora pouco, falou que ia preparar o jantar e ela vai ficar pra comer.
_ O que sua mae fez de gostoso.
_ Eu (risos). Pro jantar vai ser peixe, só não sei qual.
_ Acho que eu vou jantar aí também, minha mãe saiu mesmo.
_ Onde minha mãe foi? -perguntei de intrometida.
_ Malu tá perguntando onde sua mãe foi.
_ Jantar na sogra da Mê, eu estava na Julia só soube agora.
_ O pai também foi?
_ E meu sogro, cadê?
_ Foi junto. Helena também. Tem ninguém em casa a não ser eu.
_ E estava esperando o quê pra vir pra cá?
_ Um convite. -riu.
_ Convite pra quem já é de casa não rola. Sua irmã já aprendeu o caminho.
_ Ela tá muito saidinha isso sim.
Voltei a ignorar os dois e fiquei no celular por mais um tempo. Minha bateria acabou, levantei pra ir ao banheiro e quando voltei meu irmão estava deitado todo espaçoso na cama do meu namorado.
_ Você veio mesmo?
_ Eu sei que você queria namorar, mas ninguém mandou você namorar meu brother. -falou rindo.- Cê tá bem?
_ Sim, estou. Você não teve aula hoje?
_ Não estava afim de ir mesmo.
_ Dois preguiçosos. Tô descendo.
_ Pra quê?
_ Melhor que ficar vendo vocês jogarem.
_ Melhor mesmo, vai lá. -Arthur disse jogando o travesseiro em mim. Fechei a porta e desci, os pais do Rique estavam na cozinha preparando o jantar juntos e eu sentei à mesa e fiquei de papo com eles.
_ Eles estão no videogame?
_ Estão. No mesmo jogo de sempre, não sei como não cansa. -falei com tédio e eles deram risada.- Meu irmão quando não está com a Julia, está no videogame.
_ Henrique dorme e acorda nisso. Já estou até acostumada, tem dias que até tento jogar com ele.
_ Jogo de luta?
_ Tem que ver esses dois jogando. -Miguel respondeu.- Tem dias que ela ganha dele.
_ Ainda não tive esse gosto. -falei rindo.
_ Tia, estava com uma vontade de comer um doce antes de jantar.
_ Se o Henrique não acabou com tudo ainda tem na geladeira, fica a vontade.
Nunca na vida eu me imaginava namorando um amigo do meu irmão. Chega a ser engraçado. Arthur parecia estar na casa dele de tão a vontade que ficava e a mesma coisa era o Henrique na minha.
Ficamos na cozinha, Arthur conversando com o Miguel sobre a gravidez da Julia e Henrique atormentando a mãe dele mexendo nas panelas. Quando tudo ficou pronto, nos acomodamos e pudemos então nos deliciar de toda aquela maravilha. E ainda comer pudim na sobremesa.
_ Crianças, se nos dão licença... estamos subindo, um beijo, apareçam mais vezes. -Luísa disse nos dando um beijo na testa e saindo em direção as escadas.
_ Boa noite pra vocês.
_ Boa noite. -respondemos.
_ 23h47. Melhor a gente ir embora, antes que a mãe ligue.
_ Achei estranho ela não ligar até agora.
_ Deve estar ocupada (risos).
_ Minha nossa senhora, quem aguenta? Misericórdia.
_ Minha meta de vida.
_ Ah! Cala a boca, ela é minha irmã. -empurrou Henrique e ainda bateu nele com a almofada.
_ Foi mal aí.
_ Péssimo. Vamos aí Malu. -falou levantando e tirando as chaves do bolso.- Ou te largo aí.
_ Você não está louco. Tchau Rique.
_ Rique não, é amor. -me roubou um selinho.- Fala de novo.
_ Não. -outro selinho e quando íamos beijar senti uma mão entrar na frente.
_ Respeitem o irmão mais velho. Falou brother.
_ Até mais. -falou se despedindo do meu irmão.- Tchau Malu, se cuida.
_ Arthur você podia me esperar no carro, né? -falei cruzando os braços, ele riu e foi saindo.- Tchau, boa noite. -nos beijamos, ele apertou minha cintura e teríamos continuado se não fosse a buzina alta.- O que deu no meu irmão hoje?
_ Vai ter uma menina. -riu.
_ Bem feito pra ele. Tchau. -e sai.
_ Pensei que fosse ficar aí.
_ Chatão. Vamos logo, vai. -falei fechando a porta e pondo o cinto de segurança. Arthur dirigiu tranquilo até chegarmos em casa, encontramos meus pais e minha irmã assistindo filme, demos boa noite e subimos cada um pro seu quarto. Tomei banho, deitei e apaguei.
(...)
Mais alguns dias e estávamos em casa comemorando o aniversário do meu irmão. Tudo em paz, meu pai e eu numa boa curtindo a festa.
Comemos muito, dançamos e na hora do parabéns meu irmão chamou a namorada e pediu a atenção de todos.
_ Primeiro eu gostaria de agradecer a todos vocês por estarem aqui hoje, comigo e comemorando mais um ano. E eu queria aproveitar pra contar à vocês outra novidade.
_ Se ele pedir a Julia em casamento minha mãe morre. -cochichei pro Henrique que deu risada junto comigo.
_ É, não é surpresa pra ninguém que seremos pais e queríamos dividir com vocês a escolha que fizemos em conjunto sobre quem seriam os padrinhos da nossa Sophia. -falou cheio de suspense, me deixando ansiosa. Sei que meu irmão enrolou muito, Julia enrolou o dobro e quando veio o anúncio eu não gostei e me senti excluída. Ele escolheu o Henrique, até aí entendo, os dois são melhores amigos. Mas a madrinha ser outra amiga deles que nem no chá revelação estava, porque tinha viajado pra sei lá onde, foi sacanagem.
_ Ei, é esse bico aí? -Henrique perguntou assim que voltou pra nossa mesa.
_ Já voltou da foto de casal?
_ Eu não acredito Malu. Você nunca foi ciumenta.
_ A questão não é ciúmes, a questão é falta de senso. Julia não me ajuda.
_ O que você está resmungando aí Malu. -Melissa perguntou dando risada.
_ Seu irmão e sua cunhada. Escolhem meu namorado pra ser padrinho e uma outra fulana pra ser madrinha.
_ Amiga deles, ué. Fazer o que... não gostei, mas...
_ Se ela tivesse escolhido ate a Camila eu ia entender, porque são irmãs, mas essa garota? Af.
_ Ih, nem vou falar nada.
_ É bom mesmo. Ótimo. -voltei a me sentar e não levantei na hora do parabéns.
_ Hm... um passarinho me contou que uma titia está cheia de ciúmes.
_ Meu irmão e namorada são dois traíras.
_ Nem sempre o casal de padrinhos é casal de namorados.
_ Costuma acontecer quando são solteiros. Não é o caso do meu namorado, mas tudo bem, posso viver com isso.
_ Sem fazer cara feia?
_ Não prometo vó.
_ Você é igualzinha sua tia Bruna, encrenqueira. -disse apertando minha bochecha.
_ Malu quer bolo? -Julia ofereceu.
_ Não obrigada.
_ Mas está uma delícia. Tem certeza?
_ Tenho sim, depois eu pego. -sorri sem mostrar os dentes.
_ Vai começar tudo de novo.
_ Tudo o que Henrique?
_ Sua implicância a toa.
_ Só se for pra você.
Narrado por Melissa
Minha irmã não admite, mas a pessoa mais dramática da casa era ela. Tudo bem que eu super queria ser madrinha da minha sobrinha, mas não posso ficar contestando a escolha do meu irmão e minha cunhada. Ela não, já fechou a cara, não quis tirar fotos e saiu do grupo que tínhamos feito para o chá revelação.
_ Malu é tão madura pra umas coisas em compensação outras. -comentei com o Leo.- Fica de "criancisse".
_ Por quê loira?
_ Porque a Julia não escolheu ela como madrinha.
_ Tudo tem uma explicação, ainda mais vindo da Malu. A implicância não é a toa.
_ Para de passar a mão na cabeça da minha irmã, ela já está bem grandinha.
_ Tô falando o que eu acho.
_ Okay senhor Leonardo. Mas pensa comigo, nós já somos tias da Sophia, seria legal ser madrinha também, mas não vamos deixar de participar da vida dela por não ser. Entendeu?
_ Ah sei lá, você conhece mais sua irmã do que eu. -deu de ombros.
_ Não foge do assunto, pode opinar.
_ O problema é que ela estava começando a se entender mesmo com a Julia agora.
_ Minha irmã é chata mesmo. Eu não falo mais nada.
Narrado por Arthur
(...)
As mulheres sempre foram maioria na minha vida, e sempre uma diferente da outra. Maria Luísa foi a irmã caçula por muito mais tempo que eu e a Mê, talvez seja por isso que ela seja mais manhosa e em alguns momentos birrenta.
Eu sabia que ela resmungar quando soubesse quem escolhemos como madrinha da Sophia, só não pensei que ela fosse fazer um drama completamente exagerado e ficar toda distante... outra vez. Mas fiquei na minha não falei nada, nem pra ela nem pra ninguém.
_ Mô, você viu as fotos do nosso chá? Achei tudo tão lindo, amei cada detalhe. As titias mandaram muito bem. -disse sorrindo, olhando o pendrive com as fotos para escolher e fazer a montagem do álbum.- Eu vou querer todas!
_ As melhores bebê, as outras a gente deixa salva.
_ Me ajuda a escolher então. -nos sentamos bem no meio da cama, ela aumentou as fotos e passamos a noite escolhendo a dedo, uma por uma.- Essa aqui está engraçada.
_ Eu nem tô olhando pra foto.
_ E essa aqui, Helena é uma linda. A titia mais nova, as duas até sair juntas quando mais velhas.
_ Isso vai demorar e muito. -falei rápido.
_ Ei, sem a síndrome do ciúmes em mô. Temos que ser pais saudáveis, nem protetores demais, nem liberais demais.
_ Quero continuar em paz, eu tenho ciúmes sim, mas não sou chato. Pergunta pras minhas irmãs.
_ Você é chatinho com a Malu as vezes, principalmente quando ela começou a namorar seu amigo.
_ Conheço o Henrique tem anos, você sabe bebê, e eu sei como ele era como homem. Despirocadão mesmo, cachorro.
_ Mas ele ficou todo apaixonado, amando. Até conversou com você antes de pedir ela em namoro.
_ Eles combinam, parecem a gente.
_ Não parecem não. Nós dois somos bem grudinho, eles já são mais na deles.
_ É, sim. Verdade.
_ Falando neles, olha essa foto... -ela se empolgou até dar fome e irmos para a cozinha. Ela fez um prato com arroz, feijão, carne de panela e farofa.- Não quer mesmo? Está tão gostoso.
_ Tô de boa bebê.
_ Sophia está com fome, não é filhota? E não para um minuto de mexer.
_ Está apostando corrida na grande piscina.
_ É. Está cada dia mais espaçosa, estamos chegando na reta final. -falou parando de comer e começando alisar a barriga.
_ Você prefere normal ou cesárea?
_ Os dois doem, mas o outro é mais delicado. A cesariana, eu estava lendo sobre.
_ Sério?
_ Sim. Assisti vários vídeos também, rola muito sangue, mas é tão lindo.
_ Não ficou com medo.
_ Não. Ela entrou, de algum jeito vai ter que sair. -deu de ombros e voltou a comer, e ainda tomou um copo grande de refrigerante quando terminou.
_ Pronto?
_ Sim. Agora me deu gases.
Julia cada hora inventava uma coisa, fomos deitar pra dormir era quase cinco da manhã, e não dormimos muito porque iríamos receber os móveis do quarto da Sophia e em seguida teríamos consulta.
_ Hmmmmm que preguiça, bom dia mô. -falou com a voz rouca, se espreguiçando.
_ Bom dia.
_ Eu estou indo tomar um banho, está bem cedo... se quiser poder dormir mais. -disse beijando meu rosto e levantando da cama. Eu pensei em voltar a dormir, mas o relógio marcava oito e meia da manhã, peguei o celular e continuei deitado esperando ela sair do banheiro.
Narrado por Julia
Perto de completar 40 semanas marquei um dia inteiro de beleza. Massagens, unhas, cabelos e depilação íntima.
_ Uau, você está outra pessoa. -Camila disse assim que sai da salinha.
_ Uma mamãe sem pêlos, sem cutículas e sem esmaltes também... a médica falou que não podia.
_ Mais mana, isso é o de menos. -voltou a dizer.- Agora podemos ir não é?
_ Sim, Melissa vai esperar a gente na praça de alimentação.
_ Mas você não ia na loja escolher umas roupas pra você?
_ É. Mas eu quero comer antes, está perto da hora do almoço.
_ Usando minha sobrinha como desculpa, mal caráter. -riu.- Vamos vai. Daqui a pouco acaba o dia e nem fizemos nada.
Saímos do salão e fomos até o shopping, Melissa estava a nossa espera em frente ao Fogão Mineiro. Nós nos cumprimentamos, fizemos nossos pratos e sentamos para encher o buxinho.
_ Veio sozinha pra cá Mê?
_ Não, Leonardo estava estacionando, deve ter passado em alguma loja.
_ E nós nem esperamos ele já almoçar.
_ Nem esquenta. Acho que ele não vai comer. -deu de ombros e continuou comendo, não demorou muito e Leonardo chegou, deu "Oi." e sentou do lado da noiva.
_ Demorei? -perguntou.
_ Um pouco. Passou em alguma loja?
_ Em quatro lojas, estava procurando um boné.
_ E achou?
_ Esgotado em todas, mas parece que chegam mais na próxima semana.
_ Melhor que nada né. Você não quer comer mesmo?
_ Não, tô de boa. -disse pegando o celular e deixando-nos a vontade para conversarmos.
Foi um almoço rápido. Tínhamos combinado de ir ao shopping porque eu queria ver mais algumas acessórios para o quarto da Sophia e a Mê quis ir junto pra escolher um carrinho e bebê conforto, segundo ela seria um presente para a nossa pequena.
O que era só uma voltinha durou horas e horas andando pra lá e pra cá dentro do shopping. Fomos embora assim que, de fato, começou anoitecer. Léo deixou eu e minha irmã em casa, e ainda ajudou subir com as sacolas. Agradeci e eles foram embora.
_ Você está abusando.
_ Por quê mãe?
_ Olha o tamanho dos seus pés de inchaço, e você andando pra lá e pra cá.
_ A médica não me proibiu de fazer caminhadas, mãe. E eu não carreguei nenhum peso. -respondi tranquila.
_ Sua barriga já é peso suficiente. Trate de sossegar a bunda dentro de casa.
_ Vou tomar um banho, tá? -falei assim que ela ficou por uns segundos em silêncio e levantei para ir pro quarto.
Minha mãe não estava errada, meus pés pareciam dois pães de tão inchados que estavam, sem contar que meu corpo todo estava exausto.
A primeira coisa que fiz ao entrar no quarto foi ficar descalça, depois disso tirei toda a minha roupa e fiquei sentada na ponta da cama. Nada de elástico de calcinha me marcando ou alça do sutiã me apertando.
Devo ter ficado uns vinte minutos só respirando. Levantei e fui para o banheiro, liguei o chuveiro e tomei um banho demorado. Lavei os cabelos devagarinho, escovei os dentes e sai.
_ Já está tarde assim? -perguntei ao ver Arthur sentado na cama, tirando os sapatos.- Tudo bem mô?
_ Eu estou bem, e vocês? Cheguei mais cedo, não tive o último período de aula hoje.
_ Estamos cansadinhas.
_ Sua mãe me falou mesmo que vocês andaram o dia todo, que você estava toda inchada.
_ Minha mãe exagera as vezes. Meu rosto está gordinho mesmo, inchado estão meus pés. -falei me sentando ao lado dele.- Foi tudo bem hoje?
_ Muito conteúdo, uma porrada de exercícios também. Tô cansado. -respirou fundo.- Um dia todo na rua não é exagero dela, você precisa descansar também.
_ Eu sei mô, mas daqui quatro dias eu completo 40 semanas. Eu precisava me cuidar um pouco e marquei horário no salão. Hidratei meu cabelo, fiz depilação, manicure e pedicure, e ainda uma massagem.
_ Está sentindo dor?
_ Não, eu estou cansada só.
_ Não vai querer jantar?
_ Não, só dormir.
_ Com esse cabelão molhado?
_ Não está muito molhado, tirei o excesso com a toalha.
_ Cadê seu secador?
_ No quarto da Mila.
_ Vou lá pegar pra secar seu cabelo. -disse se levantando e saindo do quarto em seguida. Aproveitei para terminar de me secar e colocar um pijama. Arthur voltou para o quarto, secou meus cabelos e ainda me fez uma bela massagem nos pés e nas costas antes de eu me deitar e dormir.
Dormimos cedo, mas acordei de madrugada para ir ao banheiro e quando estava voltando para a cama senti uma pontada no pé da barriga, coloquei a mão e ela estava muito dura. Dei passos de tartaruga e me sentei, respirei fundo esperando passar.
_ O que foi? -Arthur perguntou com a voz rouca.- Bebê? Tá passando mal?
_ Não... foi só uma contração. -respirou voltando a me deitar.
_ Passou?
_ Sim. Deita mô.
_ Não quer ir pro hospital?
_ Não, eu tô bem. A médica tinha dito que eu poderia ter contrações de ensaio nesse último trimestre.
_ Você já teve isso antes?
_ Duas vezes só, foram iguais a essa. Barriga fica bem dura e a sensação é de ter alguém empurrando.
_ Não quer avisar sua mãe?
_ Não, estamos bem. -falei me ajeitando na cama e abraçando a cintura dele.- Põe a mão aqui em cima, aperta de leve. -Sophia estava chutando.- Andar demais deve ter deixado ela mais agitadinha.
_ Tá vendo só. -fiz careta e continuei deitadinha.- Você está bem mesmo?
_ Estou mô, pode ficar tranquilo. -dei um beijo no rosto dele e fechei os olhos.
Narrado por Arthur
Julia voltou a dormir, mas minha ansiedade não deixou que eu fizesse o mesmo. Fique alisando seus cabelos, observando sua feição ao descansar tranquila, até Sophia parecia ter dormido.
As horas passaram, ela acordou pela manhã azul de fome. Só levantou, lavou o rosto e desceu para tomar café e disse que eu poderia ficar a vontade. Então levantei e fui tomar um banho antes de descer. Cheguei na cozinha e elas estavam todas comendo, o pai dela já tinha saído.
_ Bom dia, bom dia.
_ Bom dia. -responderam e continuaram a conversa enquanto eu me servia.
_ Então, mas você tem que ficar esperta.
_ Eu estou mãe, não foi tão forte assim. Foi como uma cólica mais intensa, eu sentei, fui respirando e melhorou. Mas dormi bem o restante da noite.
_ Você é muito sossegada Julia, meu deus.
_ Qualquer dor que eu sentir vou fazer alarde?
_ Não falo mais é nada.
_ Ai mãe, a Julia é sossegada na vida. Pra tudo.
_ Vocês que estão aceleradas demais. Nem o Arthur está assim, nessa agonia. -não falei nada, continuei comendo.
_ Bom, estou indo trabalhar. Qualquer coisa vocês têm meu número.
_ Estou indo também, beijo mana, beijo cunhado. -jogou beijos e saiu da cozinha junto com a mãe.
_ Minha mãe já queria que eu fosse pra maternidade.
_ Contou pra ela de ontem?
_ Sim. Mas falei que hoje acordei normal, sem desconforto nenhum. E aí ela disse que eu era teimosa, que tinha que escutar mais e aí você pegou o restante do assunto.
_ Ela só está preocupada.
_ Nós também estamos, é nossa filha.
Ela falou numa boa, mas eu sabia que estava irritada e não continuei com o assunto. Terminamos de tomar café, eu fui ajeitar a cozinha.
_ Hmmm... de novo. -parei de lavar a louça e olhei pra ela assustado. Ela estava segurando a mesa, de olhos fechados e mordendo os lábios.- ... calma filha. -passou a mão pela barriga, foi respirando mais devagar e abriu os olhos.
_ Tem certeza que não quer ir no médico? Porque eu acho que deveria.
_ Vou tomar um banho, já volto.
Julia subiu, tomou banho e eu fiquei lá embaixo terminando o que havia começado. Uns 40 minutos depois ela desceu de vestido, chinelos e uma bolsa de lado. Estava com os cabelos presos e maquiada.
_ Tô pronta, vamos?
_ Aonde?
_ No médico mô, se vai te deixar mais tranquilo, eu vou. -falou toda calma.- Vou te esperar lá fora tomando um solzinho.
_ É... tá bom.
Como já estava de banho tomado, troquei a camisa, coloquei uma calça jeans e tênis. Quando desci com a carteira, documento e chave do carro ela estava no celular rindo com alguém.
_ Tá... eu ligo assim que sairmos de lá... tá Mila, beijos. -e desligou.- Mô, liguei pra médica.
_ Ela está lá hoje?
_ Está. Disse que pode nos atender às 11h30.
_ Tá. Vamos?
_ Sim.
Entramos no carro, e seguimos até o consultório. Chegando lá ela deu entrada, aferiu pressão, descreveu o que sentiu e nos sentamos para esperar a médica.
_ Julia Andreoli. -chamou a enfermeira e nos levantamos indo em direção ao consultório.- Fiquem à vontade.
_ Obrigada. Bom dia doutora, tudo bem?
_ Bom dia, eu estou bem e vocês? Como estamos?
_ Tenho sentido umas cólicas fortes, sabe? Minha barriga chega a ficar dura, mas não são dores longas e quando passa tudo fica normal.
_ E quando você sentiu isso?
_ Fora aquelas duas vezes que eu já tinha comentado com você, senti ontem de madrugada e agora de manhã.
_ Hm, certo. Vamos ver como está essa neném então?
Ela entregou o avental descartável pra Julia vestir e eu continuei sentado enquanto ela me perguntava uma coisa ou outra, como nas consultas anteriores, pra quebrar o silêncio. Logo minha namorada voltou, deitou na maca e doutora passou o gel e colocou o aparelho.
_ Você percebeu que agora é mais comum ela chutar aqui em cima? -ela assentiu.- Porque ela já está encaixada, prontinha pra nascer. Olhem aqui. -ela nos apontou cada detalhe, escutamos as batidas ritmadas do coraçãozinho e ela nos mostrou o peso, altura.- Mãezinha, Sophia está ótima.
_ Sem sustos?
_ Sem sustos. -disse tirando o gel, limpando o equipamento e descartando as luvas.- O que você teve realmente foram contrações de ensaio. A contração pré parto é mais intensiva, dolorosa e duradoura. Em média 90 segundos, um minutinho e meio, e em intervalos menores. Ai sim estará chegando a hora... -ela explicou mais algumas outras coisas e depois de uns 10 minutos encerrou a consulta.
Saímos do consultório e fomos na minha vó, ela estava sozinha em casa, estava pintando a hora que chegamos.
_ E como está minha bisnetinha? -perguntou sorrindo e com as duas mãos na barriga da Julia.
_ Cheia de saúde, com quase 41 cm e pesando mais que dois saquinhos de feijão.
_ Ansiosa?
_ Não muito, estou bem tranquila. Agora meu namorado, minha mãe e irmã. -riram.- Estou bem mais que eu.
_ O primeiro filho é assim, tudo é novidade né...
_ Tem o que de comer?
_ Ontem fiz um pudim, estava com vontade de comer um docinho.
_ E de salgado?
_ Torta de presunto e mussarela. -ela terminou de falar e eu já estava na cozinha. Peguei torta e pudim pra mim, pudim pra Julia e voltei pra sala, mas deixando as duas conversarem a vontade. Até cochilei no sofá, acordei com o meu primo dando um tapa na minha testa.
_ Vamos jogar!
_ Ah sério Lucão?
_ Sério. Vim da escola pra isso, meu vó me deu um jogo novo.
_ Você veio com quem?
_ Minha mãe. Tão tudo lá na cozinha, fofocando.
_ Só sua mãe?
_ Laura veio também. -pulou no sofá e já foi pegando o controle.- Meu tio não tá em casa?
_ Não, viajando ainda. Só minha mãe e as meninas estão em casa.
_ Ah tá. Chega de enrolar, toma. -me entregou o controle e jogamos até minha vó avisar que o almoço estava pronto.- Melhor hora do dia! -passou o jogo e levantou do sofá apressado.
_ Guloso.
_ Se eu pudesse só almoçava aqui a vó, a Laura não sabe fazer comida. -cochichou. Levantei também e quando estávamos indo para a sala de jantar escutei a porta abrir e voltei pra ver quem era.
_ Malu?
_ Oi. -fechou a porta e veio colocando a mochila no sofá e indo em direção ao banheiro.
_ Eu hein. -fui pra cozinha.- Malu chegou vó.
_ Liguei pra ela vir pra cá, ia ficar lá sozinha.
_ Ah tá.
_ Oi gente, oi vó. Como a senhora está?
_ Bem e você?
_ Com fome. -riu.- Com esse cheirinho ainda, só aumenta.
Almoçamos e ficamos por lá o restante da tarde. Foi dando a hora de eu ir pra faculdade e eu precisava ir embora, deixar a Ju em casa.
_ Bebê, vamos?
_ Já? Está cedo. -fez bico.
_ Tenho aula.
_ Tudo bem, vamos. Deixa eu dar tchau pro seu vô. -ela se levantou e eu fiz o mesmo, chegamos no quintal e ele estava lá com o Lucas e a Malu.
_ Aí seu irmão, ele te leva. O vô tá cansado, fui nem buscar o Lucão hoje.
_ Arthur vai pra casa da namorada dele vô. -falou cruzando os braços.- Vou ligar pra minha mãe. -bufou e entrou de volta.
_ O que deu nela?
_ Adolescência, sua tia era igualzinha. Quando tinha ciúmes do seu pai então. -riu.- E vocês dois?
_ Já estamos indo vô, eu tenho aula e vou passar pra deixar a Ju em casa.
_ Dirige com cuidado hein. Tchau, vão com Deus. -nos despedimos dele e do Lucas e fomos dar tchau pra minha vó, tia Bruna e a Laura.
_ Sua irmã estava dizendo que ia embora. Ela vai com você?
_ Disse que ia ligar pra minha mãe.
_ Deixa ela lá filho, rapidinho.
_ Ela que não quer ir vó, deixa ela aí. -ri.
_ Olha vocês dois hein, juízo. Vão com Deus.
_ Amém.
_ Tá bom mãe, tá... a senhora que disse que vinha me buscar aqui... É... mas agora meu vô está cansado, Henrique já foi pra faculdade... Tá...
_ Leva ela mô. -Julia cutucou meu braço.- Tô esperando vocês lá fora. -falou passando por ela e saiu depois de pegar a bolsa.
_ Tchau. -e desligou toda bicuda.
_ Quer uma carona?
_ Preciso, a mãe não quer vim me buscar.
_ Era só ter me pedido.
_ Você disse que ia pra faculdade e deixar a Julia em casa. Não é caminho.
_ Deixa de ser malcriada, vamos, vai. Tô esperando lá fora. -falei e sai.
_ Ela vem com a gente?
_ Vem. Vamos entrando.
Malu não demorou para se despedir dos meus avós e veio para o carro, sentando-se no banco de trás. Dirigi rápido, mas com cuidado até em casa. Sabia que minha mãe estava lá, só que estava em cima da hora e acabamos não descendo do carro, deixei minha irmã na porta e sai.
O trânsito tranquilo, cheguei na Julia em vinte minutos, ela me deu um beijo e desceu. Segui pra faculdade e consegui chegar para a segunda aula.
Narrado por Julia
(...)
_ Boa noite mãe, oi mana. -cumprimentei as duas e me sentei tirando a bolsa e os chinelos.- Tive médico hoje.
_ E aí, como está minha princesinha de vó?
_ Muito saudável, só esperando a hora de nascer. -falei colocando os pés pra cima.- Mas ainda não é a hora. Ela disse que foram mesmo falsas contrações e explicou como seriam as de parto mesmo.
_ Falou pra ela do inchaço nos pés?
_ Falei, e está tudo normal. Ela pediu pra eu descansar mais, evitar sair da dieta que ajuda a não reter tantos líquidos.
_ Mas sua pressão está boa?
_ Sim. Ótima. Meus batimentos também.
_ E meu genro? Não vem pra cá hoje?
_ Vem, ele me deixou aqui e foi pra faculdade.
_ Escuta, a mãe dele não falou nada de ele ficar aqui direto não?
_ Se ela reclama, pra mim ele não disse nada. Mas ela deve sentir falta sim, mas não vou falar pra ele deixar de ficar aqui. Ele vai pensar que eu estou tocando ele daqui.
_ Não, que isso eu só... não sei. Eu como mãe não gostaria.
_ Você fala de um jeito, parece que não gosta que ele fique aqui.
_ Não filha, não é isso não. Jamais eu iria querer o pai da minha neta longe.
_ Então morreu o assunto, né dona Sonia? -ela sorriu concordando comigo.
Camila mudou de assunto e ficamos de papo até elas duas decidirem que iriam dormir. Eu aproveitei que estava cansada e acabei subindo para tomar uma ducha antes de deitar.
Tirei toda a roupa e entrei debaixo do chuveiro, a água estava tão gostosa e quentinha, batia com força massageando suavemente meus músculos cansados.
Tive preguiça de desligar o chuveiro, e mais ainda, de me secar e vestir uma roupa. Só enrolei na toalha e sentei na cama. Arthur chegou e achou engraçado me encontrar daquele jeito.
_ Amanhã não vamos para lugar nenhum, você vai descansar. -falou tirando a camisa e os sapatos, depois de deixar a mochila em cima da cadeira.
_ Não tinha onde ir mesmo. -respondi rindo.- Tô com saudades da faculdade.
_ Mas você está fazendo a matéria online, dá na mesma.
_ Não é verdade, eu gosta da interatividade da sala de aula presencial. Costumo raciocinar melhor.
Ficamos conversando, mas eu sabia que ele estava cansado e queria descansar. Então dei a ideia de assistirmos um filme e ele dormiu nos primeiros vinte minutos. Continuei deitada, mas não estava encontrando posição para dormir. Passei a noite acordada e foram assim as outras quatro noites que seguiram, eu estava exausta, só cochilava e tinha muita azia.
Num domingo à noite tive outra contração, essa veio mais forte e duradoura, parei de andar e tentei respirar fundo e não estava adiantando.
_ O que foi? -minha irmã perguntou segurando meu pulso e me encarando toda preocupada.
_ Estou tendo uma contração. -fechei os olhos e tentando inspirar fundo e doía ainda mais.
_ Quer que eu chame a mãe? Arthur foi embora?
_ Ele está em casa, foi pra lá esse final de semana ver os pais né. As meninas... uh... isso dói.
_ Calma, vamos voltar pro seu quarto.
_ Não! Olha o tanto de escadas que eu vou ter que descer se piorar.
_ Tá. -ela esperou junto comigo e quando a dor amenizou nós fomos para a sala e eu me sentei no sofá.- Você está bem mana? -assenti.- Eu vou ligar pro Arthur. -disse saindo e quando voltou estava desligando celular e chamando minha mãe que desceu depressa e ficou me fazendo um monte de perguntas.
_ Mãe está tudo bem, só dói. -falei suspirando e deitando no braço do sofá e quando estava pra fechar os olhos e tirar um cochilo... outra contração mais intensa. Meu coração foi acelerando, sabe? Era uma sensação diferente e eu tentava respirar fundo e não fazer escândalo, mesmo com dor. Arthur chegou uns quinze minutos depois, com a Mê e o Leo de acompanhantes.
_ Tudo bem com você bebê?
_ Olha bem ela não está não. É a terceira contração que ela tem. -Camila os contou.- Acho melhor irmos logo pra maternidade.
_ Eu também. Viemos de carro pra isso, vamos? -Arthur perguntou e eu só balancei a cabeça concordando com eles.
_ É minha sobrinha, eu vou junto. -Melissa disse sorrindo.
Saímos de casa e seguimos para a maternidade que ficava em torno de uns 45 minutos de casa. Dei entrada já era madrugada de segunda-feira e iniciamos os procedimentos. Era exame daqui, aferição de pressão dali e outra contração. Arthur estava comigo, segurando minha mão e falando o tempo inteiro que estava ali e que tudo ficaria bem.
Eu estava apenas com dois dedos de dilatação, segundo o médico que nós atendeu, a tendência era dilatar um centímetro a cada uma hora.
Narrado por Arthur
Tínhamos jantado e estávamos na sala comentando sobre um programa que estava passando. Julia ligou e eu já fiquei preocupado. Não sabia o que tinha que fazer primeiro, continuei sentado e em silêncio.
_ A gente te leva lá, vamos. -Melissa falou estendendo a mão pra mim.
_ Tá, eu...
_ Já peguei sua carteira, vem. Vamos logo.
Dei tchau para os meus pais que disseram para dar notícias e saímos. Chegamos na casa dela e não demoramos para decidir ir para o hospital. Demos entrada e ela seguiu para o pré parto, fui junto e minha sogra também entrou para acompanhar.
A cada hora que passava minha ansiedade aumentava, as contrações não deixavam que a Julia dormisse e ela não encontrava uma posição confortável para ficar.
_ Eu não estou aguentando. -falou depois de três horas que estávamos ali.- Está me dando vontade de ir ao banheiro.
_ Fazer xixi? -perguntei e ela foi ficando vermelha.
Não falei mais nada e fui com ela até o banheiro e nada. Voltamos para o quarto e outra enfermeira veio ver como a Julia estava.
_ Tudo bem Julia? Como está se sentindo?
_ Dolorida, com vontade de ir ao banheiro e nada.
_ Certo, isso é normal viu mãezinha... -a enfermeira começou a conversar, aferiu a pressão outra vez, escutou o coração e disse que teríamos uma ultrassonografia dali vinte minutos. Esperamos. O doutor entrou no quarto, fizemos a ultra é tudo ocorrendo bem. Ele aumentou o soro e aí foi ficando mais intensa a coisa.- O que acha de um banho?
_ Banho? Logo agora? -perguntei sem entender muito.
_ Alivia muito as dores, e você já está aí a noite toda não é?
Ela ajudou Julia se levantar e levou ela pro chuveiro. A expressão de alívio em seu rosto foi imediata, ela sussurrou um obrigada e relaxou. Foram vinte minutos até ela apertar as pernas e me olhar pedindo ajuda. A bolsa havia estourado.
O banho acabou, ajudei com que ficasse seca, vestisse a camisola e fosse para a sala de parto.
Eu estava nervoso. Sentia minhas pernas bambas.
_ Está tudo bem? -Sonia perguntou alisando meu braço, sorrindo.
_ Está, eu só... tô nervoso.
_ Imaginei que estivesse. Mas esse nervosismo vai passar, viu?
_ Cadê o pai da princesinha? Ela já está na sala, vamos lá se trocar?
Acompanhei a enfermeira tagarela e segui as orientações que ela me passou. Lavei as mãos e o antebraço, coloquei a touca cirúrgica, o avental e entrei na sala. Segurei sua mão e beijei sua testa.
Eu não sabia o que fazer, não sei. Mas naquele momento eu só pedia a Deus em pensamento que tudo ocorre da melhor maneira possível. A cada minuto ali, cada força que ela fazia eu segurava sua mão e torcia junto com ela até a chegada da Sophia.
Tudo em silêncio quando de repente aquele chorinho tomou conta da sala, e eu não segurei as lágrimas.
_ Parabéns, ela é linda! -disse colocando-a nos braços da Ju.- E bem grandona, você foi sensacional mãezinha.
_ Mô, ela é linda. Não é?
_ O amor da minha vida. Oi filha.
~.~
Oi meus amores! Sério, fiquei tão feliz que vocês ainda estejam por aqui. Muito mesmo, vocês não imaginam o quanto. ♥
Respondi os comentários anteriores, corre lá pra ver! Até mais.
Nasceu 😍 contínua mulher
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