{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Capítulo 285

Narrado por Fernanda
Fim de férias, a caminho de casa. 
Luan e eu estávamos cansados, dormimos boa parte de voo e acordamos minutos antes de nossa aterrissagem. Ainda estava cedo, madrugada bastante fria em São Paulo. Pedimos um táxi direto pra casa, chegando fui tomar um banho pra esquentar e em seguida pulei na cama e dormi por horas e horas sem me preocupar com horário pra acordar.

_ Vida, acorda... seu celular tocando. -Luan me cutucou e abri os olhos toda lenta, segui o som e levantei para atender.- Alô?
_ Mãe, boa tarde. Tudo bem?
_ Oi filha, tudo bem e com vocês?
_ Estamos bem, vovô pediu pra ligar avisando que não vamos conseguir embarcar hoje. Teve uma tempestade de neve aqui e o aeroporto está fechado.
_ Tudo bem Malu, conseguiram reagendar as passagens?
_ A secretária do vovô está vendo isso.
_ Qualquer coisa me avisem, tá bom?
_ Tá bom, beijos.
_ Beijos, amo vocês. -e desligamos.- Amor, quer levantar? 
_ Não, tá tão bom aqui. -disse virando pra mim e abraçando minha cintura.- Quem era?
_ Malu. Eles não voltam hoje, aeroporto fechado por conta da friaca novaiorquina.
_ Só estamos nós então?
_ Se o Arthur não voltar hoje, sim.
_ Hmmm... -grunhiu.- Quer dormir mais um pouquinho não?
_ Quero. -tambem o abracei e dormimos por mais um tempo. 

Tempo o suficiente para eu acordar e me dar conta de que estava sozinha na cama. Banheiro estava com a luz acesa, mas a porta não estava fechada, continuei deitada e não demorou para o meu marido sair com uma toalha enrolada na cintura e a outra apoiada nos ombros.

_ Descansou vida?
_ Uhuum.
_ Quer levantar não?
_ Vai me levar pra jantar?
_ Não exatamente. -riu.- Dudu nos convidou para a noite do fondue.
_ Mas eu tô com fome de comida amor, falou pra ele que a gente ia?
_ Disse que ia te acordar primeiro. Mas não é agora, agora. É ali por umas dez.
_ E agora são?
_ 18h37. 
_ A gente passa em algum restaurante antes. -sugeri.
_ E depois vamos pra lá?
_ É amor.
_ Tá. Onde a senhorita deseja ir?
_ Hmmm, Coco Bambu. O que acha?
_ Acho ótimo, vai se arrumar agora?
_ Por acaso você está me acelerando amor?
_ Jamais, eu só estou quase pronto.
_ Entendi, estou indo para o meu banho.
_ Tô vendo bem o banho que cê tá indo tomar. -riu e foi para o closet. Levantei sem pressa alguma, arrumei a cama e então fui para o banheiro. Não lavei os cabelos, porque não queria secar, foi uma ducha rápida.- Azul marinho ou essa vinho? -perguntou ao me ver sair.
_ Isso não é vinho, é marsala. 
_ Pra mim é tudo a mesma coisa.
_ Mas não é, vai combinar com aquele seu tênis preto.
_ Tá, sei qual é.
_ Vai ficar lindo, vou me trocar.
_ Não demora, não precisamos chegar lá tarde.

O senhor atrasado pedindo para que eu não demorasse, dei risada e fui me vestir. Minha escolha da noite foi um body de mangas compridas, uma calça jeans e uma jaqueta na mesma cor que a polo do Luan. Calcei uma bota e fui para parte dos acessórios, pulseiras, meu relógio e troquei o par de brincos por outro um pouco maior. Penteei os cabelos, fiz um coque alto. Escolhi o perfume e finalizei com uma bolsa pequena, preta. 

_ Amor, estou pronta. Bonita? -perguntei sorrindo.
_ Como sempre, linda. -me deu uma juntada.- Cheirosa também. 
_ Obrigada amor. Te amo, podemos ir.
_ Põe na sua bolsa, vida. -disse me entregando a carteira enquanto estávamos descendo as escadas.
_ Tô com saudades dos meus filhos, olha esse silêncio amor.
_ Tá perfeito, dá pra namorar em cada canto dessa casa até eles voltarem.
_ Não seria uma má ideia, mas temos compromissos.
_ Tudo bem. Mas vamos de Ferrari, e eu de piloto.

Um homem com o seu brinquedo não quer guerra com ninguém, e eu sabendo disso, apenas o segui. Entramos no carro, ele deu partida e rumamos o restaurante que não ficava tão longe de casa. Era dia de semana, e mesmo sendo época de férias, estava bem tranquilo. 

_ Boa noite, já sabem o que pedir?
_ Nem sei por onde começar, mas quero um... -Luan nem precisou abrir a boca, fiz meu pedido e o dele, e ainda escolhi as bebidas.- Amor, tô amando todos esses nossos dias grudadinhos, mas tô morta de saudades dos nossos filhos.
_ Eita mãezona coruja.
_ Sou e não nego. Como vai ser quando todos eles estiverem casados?
_ Nem tô pensando nisso, quem tá um passo de casar é a Melissa e por enquanto só.
_ Sim, depois o Arthur... Malu...
_ Maria Luísa não casa tão cedo. 
_ Ué, e por quê não?
_ Vida só namorando está de bom tamanho.
_ Depois eu que sou ciumenta.
_ Muito mais que eu, e você sabe que não é mentira minha.
_ Fica quietinho, fica.
_ A verdade dói, é?
_ Luan, vai a merda, vai.
_ Não é amor mais?
_ Amor, vai a merda, vai?
_ Vou mexer não que cê tá com fome.
_ Bem lembrado. -peguei meu celular olhei a hora e voltei a guarda-lo na bolsa.- Só nós vamos pro Dudu?
_ Não, vai uns outros amigos nossos. 
_ Ah tá. Amor, vamos fazer um almoço lá em casa amanhã?
_ Por quê?
_ Quero ver seus pais, minha neta e meu cachorro.
_ Almoço ou churrasco?
_ Almoço. Coisa simples.
_ Certo, eu topo.
_ Ótimo. 

Nosso jantar chegou e nos deliciamos, comi com tanta vontade que o Luan até riu de mim, mostrei o dedo do meio. O restaurante não estava lotado, ficamos a vontade para terminar nossa refeição. Paguei a conta, saímos de mãos dadas e seguimos para a casa dos Borges. E no caminho uma viatura deu farol alto, Luan estacionou e esperamos os policiais virem até nós.

_ Boa noite, habilitação e documento do carro. -todo sério.
_ Boa noite. -peguei a carteira do Luan e entreguei o que ele pediu. Tudo certo, fomos liberados e por fim, chegamos no Dudu.
_ Sempre estilosa, não é? -disse Soraya me cumprimentando, ela estava linda.- Fiquem a vontade.
_ Pra você. -falei entregando o vinho que havíamos comprado.
_ Ah, obrigada! Entrem. -nos deu espaço.- Tudo bem Luan?
_ Ótimo minha linda.
_ Eduardo está lá fora com os rapazes.
_ Fui. 
_ Dinda! -Bernardo veio correndo e abraçou minhas pernas.
_ Oi meu amor, que saudades de você. 
_ Eu também, a mamãe trouxe a Marina! E ela não está dodói mais. -contou enquanto íamos para a sala, onde encontrei a Isa e outras duas amigas da Sô.
_ Oi princesa, como você está linda. -Marina veio toda risonha para o meu colo, me enchendo de beijos.- Tudo bem Isa?
_ Ótima. Como foi a viagem?

Há algumas semanas eu não me encontrava com a Isa, então tínhamos muito o que colocar em dia e aquela noite foi a oportunidade perfeita. Claro que acabamos falando de outros assuntos, por estarem mais pessoas presentes e estava sendo uma delícia. Nada de rotina, ainda em ritmo de férias.



Narrado por Maria Luísa
Ficamos em Nova Iorque mais tempo que o esperado, mas foi gostoso, ficamos em casa e juntos. Alguns jogos de tabuleiros, cartas e tomamos chocolate quente com marshmallows. Cada dia teve seu momento especial, mas eu estava com muitas saudades de casa e quando desembarcamos em São Paulo, embora estivesse cansada da viagem, meu sorriso ao ver meu vô Amarildo foi enorme e eu entrei da frente da Nena para abracá-lo bem forte.

_ Vô eu te amo, e estava cheia de saudades!
_ Eu também estava, de cada um de vocês. -disse me soltando devagar e cumprimentando os outros.
_ E meu pai, cadê? -perguntei.
_ No carro, o movimento por aqui estava grande, como o Well está de folga achamos melhor assim.
_ Pensei que ele estivesse dormindo.
_ Ele sempre dorme. -Melissa disse rindo.- Vamos? Quero muito minha casinha, comida da minha mãe e deitar descalça no meu sofá.
_ Vovô me leva no colo? -Nena pediu e ele levou. Seguimos carregando as malas, o carro do meu pai estava a nossa espera. Socamos tudo no bagageiro, entramos no carro nos acomodamos e partimos.
_ Pai eu juro que quero esmagar o senhor de tanto abraçar, mas eu espero chegar em casa.
_ Rapaz, me aperta não uai. -brincou.
_ Até eu sogrão, preciso te dar os parabéns. Aguentar essas três juntas dá não.
_ Sem graça. -Mê deu um tapa nele.
_ Palavra sogrão, confia.
_ É que cê num viu quando a mãe tá junto.

Estava cedo, perto do horário de meio-dia na verdade. O trânsito estava tranquilo, chegamos em quase quarenta minutos, vovô disse que o almoço estava pronto e nos esperando. Foi o tempo de descer do carro, abraçar meu pai, entrar, abraçar o Thor, minha mãe e minha vó, lavar as mãos e ir comer.

_ Aproveitaram as férias?
_ Ai vó, muito, muito mesmo. -falei.- Tudo bem que dessa vez o voo pra Orlando pareceu uma eternidade, minha bunda doeu de ficar sentada naquela poltrona, mas valeu a pena.
_ E a casa nova?
_ Meu vô é muito exagerado. Ele comprou uma casa maior que essa. -Mê contou.- Muitos quartos, salão de jogos, piscina e sem contar que a sala de estar e cozinha eram imensas.
_ Eu achei mil vezes melhor que ficar em hotel. 
_ Porque é uma preguiçosa e adora ficar de pijama até tarde.
_ Claro, estava de férias Melissa, férias!
_ Desculpa pra ficar desarrumada.
_ Sim, mãe. Melissa se maquiou todos os dias da viagem, todos. -contei.
_ Eu iria passear, e isso fizemos muito. Foram poucos os dias em que realmente ficamos em casa, fazendo nada. Até trabalhar com o meu vô eu fui. -contamos sobre a viagem, mas também estava precisando de descanso, então fui pro meu quarto. Coloquei um pijama e cama.
Dormi por um bom tempo, acordei com o celular tocando muito e várias vezes seguidas
_ Alô?
_ Te acordei né?
_ Uhum.
_ Quer voltar a dormir?
_ Sim. -ele riu.- Te amo tá?
_ Também amo você. -desliguei e voltei a dormir, mas não durou muito, alguém entrou no meu quarto e subiu em cima de mim, beijando meu rosto.- Hmmm...
_ Parecendo uma gata grunhindo. -riu.- Acorda Malu, vim te ver.
_ Horas?
_ Muito tempo de sono. -disse me dando um selinho e se levantando.- Acordou?
_ Acordei mais ou menos. Estava ligando pra avisar que vinha?
_ Mais ou menos. Mas você me dispensou.
_ Só atendi porque estava tocando muito. Você poderia ter ligado pro meu irmão, ele ia falar que eu estava dormindo.
_ Tá, tô indo embora então. -disse e ia saindo, levantei correndo e pulei nas costas dele antes que alcançasse a escada.
_ Eu tô com muitas saudades de você. -falei prendendo minhas pernas na cintura dele.- Mas estava com sono também, só isso. Não vai, por favor.
_ Eu não ia, ia só descer pra tomar água. 
_ Não acredito que corri a toa.
_ Medo de me perder.
_ Besta, me dá um beijo vai. -desci e assim que Henrique virou nos beijamos. O beijo com saudades era tão mais gostoso, demorado, com pegada... quando as mãos dele alcançaram minha cintura, pulei em seu colo e segurei em seus cabelos, continuamos o beijo e toda aquela coisa quente até escutarmos Helena chamar meu pai.
_ Papai a Malu tá se agarrando aqui oh, tá mostrando tudo a calcinha dela! -gritou da ponta da escada, desci do colo do Rique rindo.
_ Ainda reclama de ser filho único? -perguntei cochichando.- Vou tomar um banho, já venho. -dei um selinho nele e corri de volta para o quarto.
Joguei uma água rapidinho no corpo, escovei os dentes e sai enrolada na toalha. Vesti um pijama de frio, meias e pantufas, estava pronta.
_ Quantos anos você tem mesmo?
_ Sem graça. É lindo.
_ Combina com a pantufa. -sentei em seu colo e no primeiro beijo meu pai estava "tossindo", olhei e ele cruzou os braços até eu me sentar na poltrona.
_ Foi mal pai.
_ Tô subindo, juízo. Os dois.
_ Boa noite pai.
_ Boa noite sogro. Boa noite sogra.
_ Ótima noite pra vocês. Vem Helena, vamos deitar.
_ Tchau Henrique, boa noite Malu. -beijou o rosto dele e foi pro colo do meu pai.
_ Tá com fome? -perguntei e ele negou.- Eu tô, preciso comer.
_ Trouxe uma coisa pra você.
_ O que? É de comer?
_ Não, mas é sabor morango. -deu risada.
_ Esperou eu tomar banho pra querer me fazer suar? Nada disso. Tô indo na cozinha.

Entrei na cozinha e para a minha felicidade o jantar estava pronto. Minha mãe tinha feito macarrão com queijo e filé de frango a milanesa, coloquei meu prato, o suco e fui para a sala.

_ Macarrão com queijo?
_ Sim, minha mãe que fez. Experimenta. -dei um pouco na boca dele.
_ Muito bom.
_ Se quiser, está em cima do fogão.
_ Jantei antes de sair de casa. E antes que eu me esqueça, minha mãe está com saudades.
_ Quando ela voltou?
_ Anteontem. Contou a viagem todinha já, fez um jantar para receber um casal de amigos do meu pai e me fez contar das minhas férias.
_ Ótimas né?
_ Não foram completas. Faltou você.
_ Eu sei, também senti a sua falta, principalmente nas últimas semanas. Mas aproveitei e muito. Aquela balada que eu fui com a Mê e o Leo, maravilhosa.
_ Balada. Aqui não quer ir comigo nem em barzinho, agora com o cunhado.
_ Besta. Nada a ver, foi diferente daqui.
_ Imagino que sim, mas vem cá, conta uma coisa pra mim.
_ O que?
_ Nenhuma cantada?
_ Tiveram, claro. Mas eu namoro, sabe? E estou em satisfeita com o meu namorado. -lhe dei um selinho.- E você, se comportou?
_ Viajei com o seu irmão.
_ E com a Camila, Matheus, Aline... as amigas dela e mais um monte de gente.
_ Temos amigos em comum, por isso ela foi. Mas fica tranquila, só fui educado.
_ Não gosto dela. -falei e ele ficou quieto.- Tudo bem que quando um não quer, dois não brigam, mas não vou com a cara.
_ Vocês nem nunca conversaram, ela não é chata. -revirei os olhos.- Mas vamos deixar a Aline pra lá, vamos matar a saudade não é?
_ Uhuum, vamos. -terminei de comer fui deixar as louças usadas na cozinha e na volta decidimos ir para o meu quarto. Ali Henrique ficou bem mais a vontade, tirou o tênis, a touca e foi para a cama. Já eu primeiro fui escovar os dentes para depois voltar para o quarto e tirar minha pantufa.- I que gostoso ficar assim com você. -abracei sua cintura e deitei a cabeça em seu peito.
_ Fez falta seu carinho. -disse alisando meu cabelo.- Seu cheiro.
_ Deveria ter ido com a gente. Meu vô perguntou de você.
_ Eles estão bem?
_ Sim, ótimos. Tanto ele quanto minha vó. -falamos um pouco dos nossos familiares, da última semana e terminamos tirando a roupa. Sim, eu estava com saudades de fazer amor com o Rique, sentir ele grudado em mim.- Isso...
_ Não faz barulho. -sussurrou sorrindo.- Quer ir por cima?
_ Aham! -trocamos de posição, ele sentou encostado na cabeceira e eu me ajeitei sentando de frente pra ele. Senti ele mais fundo, e não contive o gemido.
_ Pelo amor de deus, alguém vai acabar escutando. -sussurrou outra vez, dei risada.
_ Tá bom. -o beijei e continuamos, apoiei em seus ombros e foi ainda melhor. Henrique me deixava tão a vontade e eu estava com tanta saudades que não liguei nem para o cansaço nas pernas, que ficaram trêmulas quando gozei, e deixei meu corpo cair sobre o dele. Achei tão lindo quando ele segurou meu rosto e me beijou, todo gostoso esse meu namorado.
_ Eu te amo demais Maria Luísa.
_ E eu amo você Henrique. -voltei a beijar aquela boca vermelha e um tanto inchada. Nos deitamos e joguei uma das pernas por cima dele e estava sorrindo quando meu celular começou a tocar, olhei e era a Mê.- Pois não...
_ Liguei pra você trancar a porta, porque a cena que eu vi.
_ Aí que vergonha, Melissa!
_ Pois é, poderia ter sido a mãe. Enfim... boa noite pra vocês. -e desligou.
_ O que foi?
_ Melissa entrou aqui e nem vimos, que vergonha.
_ Estávamos bem ocupados. -me deu um selinho, e levantou pelado pra fechar a porta.- Ah! Tô com sede, tem suco?
_ Pega lá gatinho, traz água pra mim também?
_ Tá. Tem alguma bermuda minha aqui?
_ Tem, eu acho. -levantei, vesti meu moletom e a calcinha, fui procurar pelas gavetas e achei uma samba-canção.- Aqui.
_ Valeu. -Henrique saiu do quarto e eu fui arrumar a cama, coloquei o celular pra carregar e peguei o controle da TV.- Seu pai estava lá na sala com cara de poucos amigos. 
_ Quero nem ver. -ri.- E minha água?
_ Não desci, tá doida? 
_ Henrique! Você voltou com sede? -ele assentiu.- Não acredito. -revirei os olhos e coloquei minha calça, pantufas e desci.- Sem sono gatinho?
_ Sua mãe é maluca.
_ O que ela fez?
_ Me colocou pra fora do quarto, e eu não fiz nada.
_ Mentiroso, safado! Seu sem vergonha. -olhei pra trás e ela estava na escada, de braços cruzados, soltando fogo.- Ele é um ordinário.
_ Okay, vocês precisam se resolver, eu vou tomar água.
_ Sede no meio da madrugada é?
_ Pai, beijar na boca deixa a garganta seca.
_ Ele tá no seu quarto é?
_ Sim, veio dormir comigo. -ele ia perguntar mais alguma coisa, mas voltou a ficar em silêncio. Fui pra cozinha, tomei água, peguei o suco pro Henrique e subi.
_ Tudo certo?
_ Ele e minha mãe discutiram, o motivo eu não sei não.
_ Ainda bem que ele não me viu. Tinha suco?
_ Tinha, aqui. -entreguei e fui ao banheiro, quando voltei ele já estava deitando com o controle na mão.- Filme ou série?
_ Filme. Posso escolher?
_ Pode, não sendo de terror...
_ Aquele que você gosta. A princesa e o sapo.
_ "Eu tô verde, eu tô gosmenta." -imitei a Tiana.
_ "Não é gosma, é muco." -completou rindo.- Muito bom.
_ É lindo, eu amo. -nos ajeitamos, e assistimos o filme inteirinho, depois colocamos um de romance e no terceiro eu já estava dormindo. Não sei até que horas Henrique ficou acordado, mas na manhã seguinte quando acordei a TV estava desligada e ele dormindo pesado.
_ Ei casal, acordados? -minha mãe perguntou da porta.
_ Bom dia mãe. Eu tô, já a preguicinha aqui ainda não.
_ Estou terminando de colocar a mesa viu.

Aquela foi a deixa para eu me levantar e ir lavar o rosto, escovar os dentes e prender meus cabelos. Voltei para o quarto, ainda estava com frio, então nem troquei de roupa. Tentei acordar o Henrique que só abriu os olhos, me deu um beijo e voltou a dormir. Então deixei ele lá.

_ Bom dia família.
_ Ótima dia né Maria Luísa?
_ Sim, minha noite foi maravilhosa. A sua não?
_ Não como eu gostaria. -dei risada.
_ Arthur quando minha neta vem pra cá?
_ Julia mal tá falando comigo, mas fácil a senhora ir lá.
_ Foi feia a coisa então hein. -comentei.- Pra ela que fica te lambendo não tá falando com você.
_ Cuida?
_ Malu, minha filha.
_ Ué, tô mentindo? 
_ Para de pôr pilha vai. -meu pai falou rindo.- Já já os dois se acertam. 
_ Aí irmão eu te amo, mas no lugar da minha cunhada eu ficaria muito chateada. -Mê falou fazendo bico.- Poxa, custava ter falado com ela?
_ Foi de última hora
_ Mesmo assim.

Os dois começaram a conversar e minha mãe bem aproveitou a deixa pra dar aquele sermão no meu irmão que não falou um "a", escutou foi tudo e sem fazer cara feia. 


Narrado por Julia
Arthur passou uma semana e mais alguns dias na praia, não procurei saber como estava, mas ele todos os dias dava alguma satisfação, e eu não respondia. Não me interessava saber.
Minha mãe quis tocar no assunto e eu fingi não perceber, meu pai até tentou um sermão e eu fiz o mesmo. Simplesmente evitei o assunto e foi assim até a volta.
Tanto ele quanto as meninas e meus sogros voltaram para São Paulo. Melissa me ligou, perguntou como estávamos, disse que estava com saudades e que iria nos visitar. 

_ Oi princesa, acordou é? -ela sorriu.- Bom dia meu amor, bom dia. -cheirei seu pescoço e fui amamentar. Era um dos nossos momento da manhã. Primeiro eu tomava café, depois amamentava e então íamos tomar sol e pra fechar a manhã, um banho.
_ Eita que cheiro gostoso de princesa da vovó.
_ Ela fez cocô até a metade das costas mãe.
_ Saúde né neném.
_ Sim, muita. E hoje teremos visitas.
_ De quem?
_ Minha cunhada vem aqui, mandou mensagem mais cedo.
_ E vem só ela, é?
_ Não. Ela e o Leo, e talvez a Maria Luísa.
_ Já sei até o que eu vou fazer de almoço. 
_ Sei que se fizer arroz e ovo vai ficar uma delícia.
_ Ligar pro seu pai e agora. -disse saindo do quarto. Terminei de ajeitar Sophia e descemos.- Seus sogros vem também?
_ Acho que não mãe, pelo menos ela não disse nada.
_ Não quer confirmar? Assim faço mais comida para o almoço.
_ Vou ligar para ela. -coloquei Sophia no carrinho e peguei o celular, liguei pra Mel e esperei chamar. Assim que ela atendeu nos cumprimentamos e eu fiz a pergunta, ela disse que iria perguntar a eles e me retornava. E por fim, eles viriam.

Era bem mais comum eu ir para lá do que eles virem aqui pra casa, então quando vinham, minha mãe fazia disso um evento, conseguia ser ainda mais caprichosa e eu a ajudava. 

_ Mãe, preciso de um banho. Estou toda descabelada, cheirando leite também. E agora alho. -comentei rindo.- Ou a senhora quer ir primeiro?
_ Pode ir, quando voltar, eu vou. 
_ Tá bom. 

Subi e tomei um banho rápido. Coloquei uma jardineira e regata, chinelos e estava pronta. Quando desci minha mãe estava com a Sossô no colo.

_ Chorando? -perguntei.
_ Com todo o fôlego. -disse rindo.
_ Ei mamãe o que foi? -ela estava toda beiçuda, com as lágrimas nos olhos. Sentei, ela mamou até não querer mais, ficou até mole.
_ Prontinho? Estou indo tomar banho.
_ Tá bom mãe. Pode ir tranquila. -ela subiu e uns minutos depois a campainha tocou, levantei com a bebê ainda no colo e acordada para atender a porta.- Oi, oi. -os cumprimentei, e fui dando espaço para que entrassem.
_ Oi Ju, oi princesa da titia.
_ Oi cunhada. -Leo foi o segundo, meus sogros e Arthur por último.
_ Tudo bem?
_ Comigo sim e você?
_ Com saudades.
_ Hm. -ele entrou e fechei a porta.- Fiquem a vontade, o almoço está quase pronto.
_ Fica tranquila, tomamos café tarde. -Fernanda disse.- Estava cheia de saudades dessa pequena. Me dá minha neta Melissa. -pediu estendendo os braços. Melissa deu risada e entregou a sobrinha para a mãe.- Tô tão linda vovó, uma gatinha com essa faixa. 
_ Aproveitar enquanto ela não tira (risos).

Uma coisa que eu descobri depois de mãe é que nunca faltaria assunto quando fosse conversar com outras mães ou sobre os filhos. Minha sogra e cunhada estavam sempre perguntando algo, observando as mudanças da Sophia e com isso tivemos papo durante toda a visita, foi muito gostoso. Almoçamos assim que meu pai chegou, e depois da sobremesa voltamos para a sala.

_ Ih, quer a mamãe. -Helena falou esticando os braços.- Tá chorando.
_ Já venho, vou trocar a fralda dela.
_ Vou junto. -Melissa se ofereceu e subiu comigo.- E aí cunhada, e você e meu irmão?
_ Continuo chateada com ele. -falei.- Eu sei que foi a primeira vez, mas tenho receio de que seja assim sempre ou então na maioria das próximas vezes.
_ Ele foi um cabeçudinho, af.
_ Eu entendo ele querer sair, eu também quero. Só que tenho me restringido de algumas coisas, mas sempre fui muito aberta com ele.
_ Queria que ele tivesse ficado?
_ Queria que ele tivesse conversado comigo sobre ao invés de só me comunicar. Seria diferente. 
_ Você iria?
_ Não, mas não teria sido pega de surpresa. Sei lá. -dei de ombros.
_ E aí não se falaram mais?
_ Não sobre o assunto. Ele não acha que errou, e eu não quero ter que ficar pontuando coisas sabe?
_ Te entendo. Meu irmão nunca vacila, mas dessa vez ele deu uma escorregada, até minha mãe falou isso pra ele.
_ Mas eles não brigaram né? -perguntei preocupada e ela riu negando.
_ Mas ele bem que merecia uma bronca. -riu ainda mais.- Posso trocar essa boneca?
_ Claro titia, pode sim.
_ Melissa deixa eu ver tamém. -pediu Helena.
_ Mas sem mexer nas coisas.
_ Tá né. -Melissa soube trocar muito bem a sobrinha, Sophia ficava atenta e Helena sempre de olho. Terminamos e voltamos para a sala, onde ficamos por mais um tempo e então eles disseram que iriam embora.
_ Podem voltar mais vezes, muito bom recebê-los aqui.
_ Fala isso não que a muié vai querer vir todos os dias. -meu sogro disse brincando. 
_ Estaremos aqui. 
_ Arthur, vai ficar? 
_ Vou sim, vão com Deus.
_ Juízo, os dois. -e entraram no carro, saindo em seguida. Ficamos nós três na sala, em silêncio.
_ Não fica assim comigo.
_ Assim como?
_ Bebê você nunca foi fria comigo, sempre carinhosa, preocupada e receptiva. Tô me sentindo um estranho, tô com saudades. -falou sentando na minha frente e segurando minhas mãos, olhando nos meus olhos.- Nós nunca nem brigamos.
_ E também não estamos brigando agora.
_ Vamos ficar nessa? -perguntou e eu não respondi, então ele me deu um beijo na testa, fez o mesmo com a Sophia e foi embora.


Narradora
Arthur estava sem jeito, achou melhor ir para casa e chegando na mansão encontrou seus pais conversando sentados no sofá.

_ Ué, mas não disse que iria ficar? 
_ Julia está estranha, tá fria comigo e eu não tô me sentindo bem. -falou suspirando e indo em direção ao quarto, no andar superior da casa.
_ Amor, vai lá, conversa com ele.
_ Mas não tem o que falar.
_ Luan! Eu não estou acreditando.
_ Uai, nem sempre eu sei o que dizer. -Fernanda revirou os olhos e foi se levantando do sofá, calçou os chinelos e subiu.- Filho? -chamou batendo na porta.
_ Tá aberta, entra aí mãe. -Fernanda entrou e o encontrou de cueca, parado na porta do banheiro.
_ Quer me contar o que está acontecendo?
_ Nem eu sei. Ela está chateada, mas não fiz nada de errado. Eu viajei com os meus amigos, Julia nunca foi ciumenta mãe. Não sei o que houve.
_ Senta aqui, vem conversar com a mamãe. -disse se sentando na cama e batendo com a mão no colchão.
_ Fala dona Fernanda, fala que eu tô errado.
_ Não é que você esteja errado, só está vendo  situação de um ângulo diferente.
_ Metáfora?
_ Não filho. Assim. -se ajeitou, ficando mais próxima dele.- Uma mulher quando engravida passa por processos desde essa descoberta. E além das transformações físicas, passa por transformações psicológicas. E quando a criança nasce é a mesma coisa. Porque muda completamente a rotina, nós amadurecemos, mas as vezes ficamos inseguras com o corpo e isso mexe demais com a autoestima. Você já parou pra pensar que ela pode não ter ido porque está, sei lá, acima do peso. Eu poderia ficar horas e horas aqui falando, mas também não posso encher sua cabeça de coisas.
_ Não pensei por esse lado. E o que eu faço?
_ Arthur, eu sou sogra da Julia, o namorado dela é você.
_ Tá, vou pensar em alguma coisa.
_ Olha bem, minha neta tem só três meses. Usem camisinha. -ele não demorou a ficar vermelho, e deu graças à Deus quando Luan abriu a porta.
_ Tá bom o papo aí né?
_ Um monólogo, ele só balançava a cabeça. Boa noite filho, te amo viu. -beijou sua testa e saiu.
_ Tudo certo?
_ Sim amor, vamos dormir. Tô com preguiça hoje.
_ Não quer namorar?
_ Queria mesmo deitar na cama bem relaxada e você me chupar muito até eu gozar e dormir feliz de pernas bambas e trêmulas. -ofegou de olhos fechados, apertando os braços dele.- Essa é a minha vontade.
_ E eu?
_ O que tem você?
_ Não ganho nada.
_ Meu prazer, minha satisfação, meus gemidos.
_ Tá certo, certinho. Bora lá resolver isso.
_ Isso? Vou tomar meu banho, não vem atrás de mim. -Luan deu risada, tirou a camisa e deitou na cama. Fernanda tomou seu banho sem pressa, passou óleo por todo o corpo, enxaguou e saiu. Seu perfume exalando por todo o quarto, entrou no closet e ainda passou hidratante, perfume vestiu uma camisola bem fininha.
_ Êta mulher cheirosa rapaiz.
_ E de pele macia. Vai tomar banho não?
_ Tô fedendo?
_ Não vida, só perguntei.
_ Estava esperando você sair já que trancou a porta.
_ Uma mulher precisa de um momento só dela. É terapêutico.
_ E é?
_ Bobo. 
_ Te amo, não dorme. 


Narrado por Fernanda
Seria uma boa ter ficado acordada, porém a cama estava lindamente me abraçando, não resisti e peguei no sono antes mesmo que ele saísse do banheiro. Estava precisando relaxar, e foi o que fiz.
Assim que o dia amanheceu meu despertador, Helena, acordou.

_ Mamãe, tô com fome. -falou me cutucando.
_ Bom dia meu amor, dormiu bem?
_ Sim, mas agora eu tô com fome. -dei risada.
_ Cinco minutinhos pra mamãe?
_ Mas mamãe. -passei as mãos pelo rosto, sentei na cama ajeitando os cabelos, pisquei algumas vezes e levantei. Calcei meus chinelos, coloquei meu roupão e saímos do quarto deixando Luan dormindo.
_ Sabe que horas são? -perguntei bocejando.
_ Sim, hora de comer.
_ E você nem o pijama tirou ainda. Vamos lá.

Voltamos ao quarto dela, pedi para que fosse lavar o rosto e escovar os dentes enquanto eu separação uma troca de roupa. Calça de moletom, camisa de manga comprida e meias. Assim que saiu do banheiro, foi se trocando, ajudei com os cabelos e esperei que ela colocasse o pijama no cesto de roupa sujas. Ainda ajudei arrumar a cama e descemos.

_ Bom dia Maria.
_ Bom dia Fernanda, bom dia minha pequena.
_ Bom dia Ma! Hoje tem bolo?
_ Eita que alguém acordou com fome.
_ Parecendo que dormiu amarrada. -comentei.- Não me deu sossego até eu levantar e descer com ela.
_ Eu tô com fome, ela não entende eu Ma. -ajudei Maria colocar a mesa do café, servi minha caçula comilona e coloquei café preto em uma xícara pra ver se acordava.- Mamãe, o que a gente vai fazer hoje?
_ Eu não sei, o que a senhorita quer fazer?
_ Salão de beleza! 
_ A mamãe pinta sua unha.
_ Mas você nem tem aquele esmalte verde mamãe, só a Rita.
_ Vou ver tá bom.

Enquanto estávamos tomando café Thor acordou com todo o gás, pegou a coleira e jogou nos meus pés. Ou seja, comecei meu dia sem chances de voltar para a cama.

_ Ei garotão, nós já vamos. Helena ainda está comendo.
_ Terminei mamãe. Vamos!

Toda manhã íamos até o parque do condomínio, era uma caminhada rápida. Até porque espaço não faltava em nosso quintal. Quando voltamos troquei a água e coloquei a comida pro Thor, e fui para o quarto.

_ Bom dia amor, acorda. -chamei baixinho enquanto dava beijos no rosto dele todo.- Hein preguicinha, vamos levantar.
_ Hm.
_ Helena está sozinha com Thor lá fora, Maria está ocupada e eu preciso de um banho e resolver algumas coisas. 
_ Vida, ela está em casa.
_ Continua dormindo então. -falei indo em direção ao banheiro, tirei a roupa e assim que entrei no box ele abriu a porta e foi usar o banheiro.- Não ia dormir?
_ E você deixa?
_ São quase dez horas Luan.
_ E eu tô de férias ainda.
_ Então volta a dormir. -falei ligando o chuveiro e ignorando-o. 

Banho tomado, estava trocada. Estava com uma demanda da empresa para dar conta, e pensei em ir pra lá antes do almoço. Arrumei minha bolsa e desci.

_ Julia?
_ Oi, bom dia Fernanda. -ela sorriu sem jeito, estava com a Sophia no colo.
_ Bom dia, está tudo bem? -perguntei deixando minha bolsa no sofá e indo cumprimentar minha neta.- Oi vovó, bom dia.
_ Estamos bem. Arthur queria sair comigo, mas minha mãe não vai estar em casa hoje e ele disse que não tinha problema e que você ficaria com a Sossô.
_ Ele o quê? 
_ Mãe? Onde a senhora está indo essa hora? Não ia ficar em casa hoje?
_ A pergunta aqui não é essa. -falei séria, cruzando os braços.
_ Mãe, a Maria está chamando a senhora na cozinha. -falou piscando pra mim, descruzei os braços e o segui.- Julia não sabia que eu não tinha contado pra senhora, ela nem queria vir se quer saber. Justamente pra não dar trabalho.
_ Cuidar da minha neta não seria trabalho algum, desde que eu soubesse que elas viriam. E agora? 
_ Você falou pra eu me acertar com ela, estou tentando.
_ Pra onde vocês vão?
_ A senhora quer mesmo saber?
_ Ah meu Deus, não! Eu não precisava. Filho, nem tudo se resume a sexo.
_ Quem está falando de sexo é a senhora. Eu queria passar o dia com a minha namorada, eu e ela, conversar, comer junto...
_ Não vou falar nada pra você. -peguei o celular e liguei pra Isa.- Oi amiga, bom dia. Eu, vou ficar home hoje... isso, muda as reuniões presenciais para confe... os horários podem manter... te ligo mais tarde, beijos. -e desliguei.- Não acostuma, porque eu quando saía avisava antes e perguntava, não era "não tem problema, minha mãe fica com ela". As coisas não são assim.
_ Não vou fazer de novo, eu só agi por impulso.
_ Sei. E posso saber onde é que você vão?
_ Melhor não né? -riu.- Te amo mãe. -e saiu.

Já que não iria para a empresa, passei outra vez pela sala e fui trocar meu look social por um mais casual, mas não tão informal. Quando desci minha neta estava dormindo e no bebê conforto, Julia avisou que as mamadeiras com leite estavam na frasqueira térmica e uma bolsa com roupas e coisinhas assim. 

_ Uai, cê num ia pra empresa? -Luan perguntou ao me encontrar na sala.
_ Seu filho está fazendo comigo a mesma coisa que você fazia com a sua mãe.
_ Meu filho? -perguntou rindo.- Não é nosso mais não?
_ Não foi comigo que ele aprendeu fazer essas coisas.
_ Tá tudo bem? Você está estressada desde ontem de noite. E nós passamos o dia tão bem.
_ Eu sei, estou sentindo que estou desorganizada.
_ Com o que?
_ A empresa amor.
_ Mas você estava de férias.
_ Mas não era minha época de férias mesmo, mesmo. Tô me sentindo meio mal.
_ Ô vida, fica assim não. Quer uma massagem?
_ Quero que você olhe as meninas pra mim. Estou no escritório.
_ Meninas?
_ Amor, a Sossô vai passar o dia com a gente. Tá aqui quietinha dormindo.
_ Tinha visto não. -riu.- Arthur saiu mesmo?
_ Saiu.
_ Vai lá, vai. Mas se chorar eu te levo lá.

Sei que ele não faria isso, sabia que eu estaria ocupada. Entrei no escritório, liguei o note e me concentrei no que realmente precisava ser feito. Tive duas reuniões rápidas, uma terceira mais demorada e por fim a pausa para o almoço.

_ Ei vovó, eu quero mamar, cadê meu tetê? -brinquei com Sophia que estava beiçudinha e com os olhinhos cheios de lágrimas.- Eita bocão.
_ Onde tá as coisas dela?
_ Na cozinha Luan, pega pra mim por favor.

Sossô era muito boazinha, tinha dormido a manhã toda, acordou e eu lhe dei a mamadeira que ela tomou inteira. Deixei a bonita no bebê conforto enquanto a gente almoçava, ela não chorou. Só ficou olhando tudo, sorrindo sozinha.
Melissa apareceu e avisou que iria sair com o Leonardo, Helena terminou de comer e correu pra assistir filme, Maria foi pra casa e eu fui para mais uma reunião enquanto o vovô Luan estava encarregado de cuidar da bebê. O que não deu tão certo assim, ela começou sentir falta da mãe e com isso chorou bastante. Luan foi me chamar duas vezes e na terceira eu encerrei a reunião e fui acudir minha neta.

_ Amor, eu já olhei. A fralda está seca, ela não quis mamadeira também não.
_ Ela quer peito, quer a mãe dela.
_ Ih amor, agora lascou.
_ Liga pra eles, vou dar uma voltinha com ela lá fora. 

Fui conversando, ninando e tentando que ela acalmasse, e deu certo. Sophia dormiu, mas não saberia dizer se por muito tempo. Quando entrei Luan estava bem tranquilo, rindo no telefone e eu balançando a neném.

_ Então?
_ Fora de área ou desligado. -revirei os olhos.- Amor, desmancha essa cara.
_ É a única que eu tenho, a única. 
_ Não adianta ficar brava, uma hora eles chegam.
_ Eu falei alguma coisa?
_ Xiii rapaz, tô lascado mesmo. Senta um pouco.
_ Não, ela vai acordar.
_ Ela é um bebê.
_ Se chorar você vai segurar?
_ Cê tá chata viu.
_ Casou comigo sabendo que eu era assim, insuportável.
_ Mandona.
_ Independente.
_ Mimada.
_ Vai a merda Luan. Dá meu celular aqui.
_ Como quiser patroa, toma. -esticou a mão e quando eu fui pegar tirou.- Brincadeira, toma. -fez de novo.
_ Eu não sei o que tanto você está achando graça, sinceramente, puta que pariu. 

Não sei se eu era quem estava muito irritada ou se realmente Luan estava me irritando, mas não pedi mais. Fui pra cozinha, tomei água e voltei para a nossa varanda. Sophia custou a dormir, e quando dormiu foram por quase duas horas seguidas, mas no colo. Certeza que queria um colinho de mãe, mamar no peito e dormir, mas o jeito seria esperar.






~.~

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Capítulo 284

Narrado por Luan
  Ter a Nanda viajando comigo era ter uma companhia que conhecia o meu dia a dia em casa. Era ter cuidados desde a hora de acordar até o momento de dormir. Eu amava ter minha mulher comigo, como se fôssemos dois namorados.
Estava acordado, ela ainda dormia e eu observava.

_ Ei, bom dia. -ela sorriu toda preguiçosa ainda sem abrir os olhos.- Quer acordar não?
_ Bom dia vida, tô com sono ainda. -bocejou e me olhou.- Que horas são?
_ Quando eu acordei eram 09h36. Ainda dá tempo pra um café.
_ Estou com fome mesmo. -bocejou outra vez.- Algum compromisso hoje?
_ Não senhora, dia todo livre. Trabalho só amanhã de tarde.
_ Vamos passear então? Sabe que tem passeio de escuna aqui, você viu?
_ Lelê deixou tudo no esquema, saímos daqui às 11h30.
_ Ela também vai né?
_ Vai todo mundo, todo mundo de folga. -ela assentiu.
_ Tenha que arrumar então, tenho que estar linda. 
_ Mas isso você já é (selinho). Maravilhosa.
_ Também te acho um puta de um gato, gostoso e tesudo. -nos beijamos.- Já tomou banho?
_ Não. Estava te esperando.
_ Ficou com medo de ir sozinho? -riu.
_ Luan Jr. precisa de cuidados especiais pela manhã.
_ Neste caso eu te ajudo. 

  Ficamos mais um tempo na cama, e depois seguimos para um banho demorado e com um sexo excitante. Deixei Fernanda lavando os cabelos e saí para ir pedindo o café da manhã. Sequei os cabelos, coloquei uma sunga e fiquei de roupão.
Fui olhar o celular e tinham chamadas perdidas do Arthur, mensagens no WhatsApp também, mas quando retornei ele não atendeu.

_ Agora sim, acordada! -disse saindo completamente nua do banheiro, a vontade com o corpo dela.- Tá aprontando?
_ Não. Pedi nosso café. 
_ Huuuum adoro. -disse indo até a mala.
_ Amor, falou com o Arthur ontem? Vi que ele me ligou, mas agora de manhã quando retornei ele não atendeu não.
_ Falei sim, ele queria saber onde estava a chave da nossa casa em Ubatuba.
_ Uai, ele nunca foi de emprestar a casa pra ninguém.
_ Ele vai com os amigos. -respondeu séria.
_ O que foi?
_ Eu não concordo.
_ Amor ele está de férias, não vejo problemas.
_ Eu também não veria, desde que a namorada dele também fosse e até mesmo a filha.
_ E elas não vão?
_ Não, vai ele com os amigos. -repetiu.
_ Amor, por quê cê tá brava?
_ Porque isso só reforça ainda mais a ideia de que filho é da mãe. É chato, eu sou mãe de três meninas. E se isso acontecesse com uma delas eu não gostaria. E mais, isso só dá motivo pra Sonia e pro Claudio falarem, e com razão.
_ Falou isso pra ele?
_ Sim. E mais um monte de coisas.
_ O amor, ele só quer sair com os amigos.
_ Queria ver se fosse um dos seus genros se estaria nessa compreensão toda. -disse vestindo o biquíni e não falando mais nada. Nosso café chegou, o rapaz colocou a mesa e eu fiquei esperando a Nanda.
_ Desfaz esse bico amor.
_ Que bico?
_ Esse. Eu entendo o que quis dizer, eu só entendo nosso filho também.
_ Eu também, só não acho justo ele se divertir e ela ficar em casa. -disse encerrando o assunto ali, não está mais. Comemos, ela começou a falar de outra coisa e voltou a rir.


Narrado por Fernanda
(...)

#FlashbackOn
  Estávamos no camarim, Luan atendendo a imprensa local e eu no sofá conversando com os meninos. Arthur estava mandando mensagens no WhatsApp e ligando pro pai, como o celular estava comigo, atendi.

_ Pai, tá podendo falar?
_ Oi filho, espera aí. -pedi licença e fiquei um pouco mais afastada para conseguir escutar direito.- Oi, pode falar.
_ Mãe? Cadê meu pai?
_ Estamos no camarim, ele está gravando entrevista. Aconteceu alguma coisa? É só com ele?
_ Eu tô tentando desde tarde falar com ele. Queria saber onde fica a chave da nossa casa na praia.
_ Qual das casas? 
_ Em Ubatuba. 
_ No nosso closet, por quê? Vai emprestar a casa pra quem Arthur?
_ Emprestar? -riu.- Pra ninguém não. Tô pensando em descer uns dias com o pessoal.
_ Pessoal? Que pessoal?
_ Da faculdade, pra curtir um pouco das férias.
_ Entendi. E só vão vocês?
_ É, por quê? A senhora está toda desconfiada.
_ E sua namorada?
_ O que tem ela?
_ Também vai? Vão deixar a Sophia com quem?
_ Sophia vai ficar com a Julia, elas não vão.
_ Ah não? Mas ela também não está de férias?
_ Mãe...
_ Hm.
_ É ela quem não quer ir.
_ E você vai mesmo assim? Depois você não quer que os pais dela falem nada.
_ Nada a ver.
_ Nada a ver? Você se diverte e ela fica em casa?
_ Quer que eu faça o que?
_ Faz o que você achar melhor, você já está grandinho mesmo. Mas quando o pai dela vier reclamar você fica quietinho e escuta tudo. Porque eu não vou tirar a razão dele.
_ Tá, tá bom mãe. Que lugar do closet tá a chave?
_ Pendurada do lado esquerdo, chaveiro rosa com azul.
_ Beleza, obrigada mãe.
_ De nada, tchau. -falei encerrando a ligação e voltando para o sofá. Luan teria uma pausa de cinco minutos antes de atender os fãs.
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Não! Por que?
_ Cê tá séria, testa franzida e braços cruzados. -me deu um selinho.
_ Tá tudo bem, eu só acho que estou com fome.
_ Você acha? -riu, deu outro selinho.- Pede pra Lelê, tô indo mijar. -me beijou e saiu. Tentei ficar aparentemente tranquila, mas estava brava com o Arthur.
#FlashbackOff

  Luan fez um show lindo, me permiti aproveitar o show e deixar a preocupação de lado. De lá fomos em um rodízio e por fim descansar no hotel. Estávamos cansados, tomamos banhos separados e fomos dormir.
  O dia amanheceu e eu estava mais preguiçosa que o normal, mas depois de um banho saí pronta pra outra. Tudo bem que rolou uma tensãozinha quando tocamos no assunto férias do Arthur, mas depois mudamos de assunto e fomos curtir o dia de folga com os nossos amigos.
Passeios de barco são sensacionais e únicos, fora a comida, os drinks e as companhias sem dúvida.

_ Seu rosto está vermelho. -falei pra ele.
_ As costas ardendo tamém. -disse vestindo a regata.- Mas foi massa.
_ Arleyde sabe planejar uma folga como ninguém, uma pena ela não ter ficado pra curtir com a gente.
_ Agora só vamos nos encontrar no sul. -comentou no caminho de volta ao hotel.
_ Não vamos pra casa?
_ Daqui uma semana e meia, fico dez dias de folga e volto a viajar parece. Mas relaxa minha linda, pensa nisso agora não.
_ Tá, estou tentando. -o beijei e por fim entramos no elevador.- Temos planos para a noite?
_ Quer jantar fora?
_ Sim! Te deixo escolher onde. -falei lhe dando um selinho e pegando o celular.- Olha amor.
_ O que?
_ Helena na montanha russa junto com o meu pai. 
_ Coragem a dele, eu não vou nesses trem.
_ Amor é gostoso, é divertido.
_ É perigoso.
_ Medroso (risos).
_ Falou a que não assiste filmes de terror sem gritar.
_ Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
_ Ah tem sim. -apertou meu nariz.- Bora. -saiu na frente me levando pela mão.
_ Me leva de cavalinho?
_ Hmmm nada disso, tô ardendo vida, não inventa.
_ Chato, vou arrumar outro, você vai ver. -falei brincando e logo estávamos no quarto.- Quero um banho, mas...
_ Fazer um amor seria melhor. -disse me beijando no pescoço e indo até a minha boca. Tivemos um fim de tarde mais que excitante, ao nosso estilo, tanto que Luan dormiu deitado no meu peito. Fiquei alisando seus cabelos, sorrindo e completamente relaxada.


Narrado por Julia
  Sophia vinha há pouco mais de dois meses ensinando a mim algo novo todos os dias. Uma bebê muito tranquila, tinha suas noites agitadas, mas muito boazinha e minha companheira. 
Arthur sempre muito romântico, atencioso e cuidadoso tanto comigo quanto com a pequena e agora durante as férias ficou todos esses dias com a gente. Na consulta com o pediatra, nos banhos de sol pela manhã e no fim da tarde, nas visitas para os bisavós e quando eu queria tomar um banho mais demorado para lavar os cabelos ou dormir um pouco mais.

_ Sabe o que eu estava pensando bebê?
_ Não, no quê? -perguntei sentando no sofá e ajeitando Sophia para então amamentar.- Fala mô.
_ Meus pais voltam daqui três semanas, nossa casa está vazia.
_ Quer ir pra lá?
_ Não?
_ Não sei, aqui minha mãe me ajuda e lá seremos só nós dois, eu não sei não mô. -falei e percebi que ele ficou meio assim, mas não falou nada. Sophia mamou, arrotou e dormiu no colo. Eu e ele jantamos com os meus pais, Matheus e a Mila, e subimos para o quarto. Meu celular tocou, era o Rique.- Oiiiiiiiii. -atendi rindo.
_ Sequestrou meu brother? Tem quase dez dias que não vejo ele.
_ Hm juro que ele veio por livre e espontânea vontade. -ri.- Vão sair hoje?
_ Chamei, mas quem disse que ele atende.
_ Ele está aqui. Vou passar pra ele. -entreguei o celular para o Arthur e fui usar o banheiro, quando voltei ele estava sentado na cama me olhando.- Não vai?
_ Vai ficar chateada se eu for?
_ Claro que não, são seus amigos, você está de férias. Só você não ir dirigindo se for beber. 
_ Vou em casa antes. -falou se levantando, me beijou e saiu.
_ Arthur foi embora? -minha mãe perguntou.- Vocês brigaram?
_ Não, mãe. Ele vai encontrar os meninos. -respondi arrumando as coisas da Sophia no berço.
_ E ele volta pra cá?
_ Hoje não mais. Por quê?
_ Nada. Precisa de ajuda?
_ Não, ela mamou pouco antes da gente jantar, dormiu. Daqui a pouco ela acorda pra mamar de novo.
_ Então boa noite pra vocês, qualquer coisa...
_ Boa noite mãe, até amanhã.

  Ela saiu, eu troquei minha roupa por um pijama e me deitei com a Sophia na cama. Dormi por três horas seguidas, ela acordou resmungando, acendi o abajur e me sentei encostando na cabeceira.

_ Ei princesinha, a mamãe achou que você fosse dormir a noite toda hoje. -ela estava com os olhos bem abertos, com ar de riso.- É mamãe, tô com fome. -ela abriu a boca e abocanhou meu seio. Nossas madrugadas costumavam ser assim, eu com sono e ela bem acordada, sorrindo e as vezes soluçando, mas descobri que era fralda molhada.

  Depois da bonequinha arrotar eu acabei perdendo o sono, e fiquei no celular, no Instagram. Curti foto dos meus sogros no norte do país, das cunhadas viajando e boomerang do meu namorado brindando num barzinho perto da faculdade. Sophia estava acordada ainda, postei uma foto dela no stories e guardei o celular. Coloquei o episódio de uma série para assistir e acabei dormindo. 
  Não demorei a acordar, na verdade minha mãe me acordou levando meu café na cama.

_ Bom dia, dormiram bem?
_ Alguém ainda está dormindo mãe, bom dia. -disse me levantando e indo fazer minha higiene matinal rapidinha.- Essa noite ela acordou uma vez só.
_ Chorou?
_ Não, quis conversar mãe. Quando eu perdi o sono ela dormiu e até agora não acordou.
_ Vida de uma bebê, minha neta é linda até dormindo. Fofura da vó dela.
_ Uma princesa. -falei enquanto tomava café.
_ Vai sair hoje?
_ Arthur estava querendo que fossemos pra casa dele ficar uns dias, mas não sei.
_ Por quê?
_ E se eu precisar da senhora?
_ Você me liga. -sorriu.- Eu gosto muito do meu genro em casa, mas ele deve estar com saudades da casa dele.
_ Pensei nisso também, ficamos aqui duas semanas direto. 

  Enquanto conversava com a minha mãe aproveitei para ir arrumando as coisas. Eram mais roupas que eu tinha que levar, porque todo o restante tinha na casa do papai. Deixei minhas roupas separadas, carregador no jeito e teria ido tomar banho se a fominha não tivesse acordado.
  Dei de mamar, troquei sua fralda e a roupa.    Coloquei lacinho e deixei com a vovó enquanto eu me banhava. Não demorei, mas quando sai não tinha mais ninguém no quarto. Vesti uma calça jeans, blusa de manga comprida, calcei tênis e prendi os cabelos. Desci com as bolsas, minha necessarie, celular, carregador e chupeta.

_ Ele não me atende. -falei tentando ligar para o Arthur pela terceira vez seguida.- Será que ele está dormindo?
_ Dormindo? Matheus mandou um áudio disse que todos eles estão lá e está tendo churrasco.
_ Churrasco? Eles estão virados.
_ Eu tô pronta, vamos?
_ Mila...
_ O que foi?
_ Não sei se eu quero ir.
_ É a casa do seu namorado, vamos para vai. 
_ O carro está aí, quem leva?
_ O uber, pede aí. 

  Chamamos o motorista por aplicativo, demorou um pouco e aceitou. Não era longe, chegamos rapidinho, o motorista ainda ajudou descarregar nossas coisas. Alguém tinha entrado e não fechado a porta porque estava só encostada, empurrei e fomos indo.

_ Até que enfim, pensei que não iam vir. -Henrique disse vindo nos cumprimentar.- E aí Ju, oi Cá. E oi pra princesa do dindo, a mais linda de todas as afilhadas.
_ Ela é a única. -falei.- Só demoramos porque seu amigo do peito nem celular atendeu.
_ Não deve nem saber onde está o celular. -riu.- É impressão minha ou ela está maior?
_ É esse monte de roupas que eu coloquei nela, né filha? Fala pro padrinho que a mamãe deixou você toda empacotada.
_ Quem é essa princesa linda? -escutei uma mulher dizer e olhei pra ver quem era, Aline, reconheci das fotos e me perguntei o que ela estava fazendo ali.- Oi, oi. -deu um tchauzinho nos cumprimentando.
_ Minha afilhada, filha do Art. Fala oi pra titia Sossô.
_ Sophia? Uau, então você é a Julia? -assenti.- Como você está... diferente.
_ Enquanto você não mudou nada, né? Rique já venho. -falei deixando as coisas no sofá e indo ver quem estava no quintal. Deveriam ter umas quinze pessoas, falei um "Oi." e fui até o meu namorado que estava sentado rindo e quando me viu levantou num piscar de olhos.- Tá tudo bem?
_ Oi bebê, sim e você? Cadê a Sophia?
_ Lá dentro. Eu te liguei hoje... pensei que estivesse dormindo.
_ Estava no silencioso, quando eu fui retornar a bateria tinha acabado. -me deu um selinho.
_ Hm...
_ Quer comer?
_ Não, tô lá dentro. -e entrei pela cozinha. 
_ Você tá séria.
_ Arthur mal se despediu ontem e hoje não me atendeu, não deveria nem ter vindo.
_ Também não é assim, Kevin e eu que agitamos o churrasco.
_ Vou falar pra Malu que você convidou a Aline.
_ Seu cunhado é amigão dela e das amigas que estão com ela.
_ Vocês estão aprontando.
_ Estou de férias, sozinho em casa.
_ Não viajou com os seus pais?
_ Viagem de namorados duas semanas só, voltam logo. Se minha namorada estivesse, iríamos.
_ Pra onde eles foram?
_ Holambra, cidade das flores.
_ Dizem que lá é lindo. -ficamos conversando um tempão na sala, Sophia dormiu e acordou no colo dele.- Não são todos da faculdade...
_ É um que chama outro e vem outra e quando vai ver... casa tá cheia.
_ Sei. 
_ Vocês estão bem mesmo?
_ Até ontem estávamos, hoje eu já não sei. Nem aqui na sala ele veio, a saudade dos amigos deve ser muita. 
_ Também não é assim.
_ Não?
_ Sem brigar vai, vamos lá fora?
_ Não, eu vou dar peito pra Sossô e trocar a fralda dela.
_ Já sei trocar fralda. 
_ Então essa é sua dindo, o trocador está lá em cima. 

  Henrique e eu subimos, deixei tudo em cima da cama e fiquei de olho, ele trocou direitinho que ela nem chorou. Quando descemos fomos direto para o quintal, estava frio, mas não um frio insuportável.
Fui comer um pouco, tomei suco, e liguei pra Laís ir pra lá.


_ Não! Hoje não dá, tem que ser amanhã. -dizia um.
_ Amanhã de manhã, a gente se encontra na portaria do condomínio.
_ Ou cada um pega o endereço e vai, não precisamos ir em comboio. -Aline comentou.
_ Vocês quem sabe. O que você acha mana?
_ Eu acho que eu vou entrar e pegar outro cobertor pra Sophia que esfriou mais. -disse deixando meu copo em cima da mesa e saindo.
_ Ju!
_ Olha, isso está muito estranho. O que está acontecendo? -perguntei cruzando os braços.
_ Eu quem te pergunto.
_ Seus amigos te ligam, você sai correndo, some, não atende, arma um churrasco, agora organiza uma viagem pra praia. E nós? E eu que sou sua namorada sou a última a saber que nós iríamos viajar? 
_ Bebê, eu...
_ Não precisa se explicar, espero que aproveitem a viagem.
_ O que?
_ Eu e a Sophia não iremos, amanhã eu volto pra casa. -disse passando por ele e indo para o banheiro. Fechei a porta e fiquei encarando o espelho. Respirei fundo, peguei o celular e liguei pro meu pai.- Oi pai, tudo bem?
_ Tudo querida, e com vocês?
_ Estamos bem. Será que amanhã o senhor poderia vir nos buscar?
_ Pensei que fosse passar a semana no seu namorado.
_ Não, iremos voltar pra casa.
_ Você vem amanhã no fim do dia?
_ Não, queria ir pela manhã. Tudo bem pro senhor?
_ Claro, eu... eu aviso quando estiver chegando.
_ Beijos, te amo.
_ Boa noite querida, amo vocês. Se cuidem. -e desligamos. 
_ Mana? Tá tudo bem?
_ Sim. -falei abrindo a porta.- O que foi?
_ O cunhado falou pra eu vir te ver, que vocês discutiram.
_ Não. Não teve discussão, eu só falei a verdade. Entendo que só namoramos, mas agora namoramos e temos uma filha, então se for para viajarmos eu também teria que saber e não simplesmente "viajamos amanhã". Eu não vou, amanhã estarei voltando pra casa.
_ Julia! Por quê?
_ Porquê sim. E não tenta me fazer mudar de ideia.
_ Eu não vou, mas tem certeza? Eu também vou.
_ Não Camila, eu vou pra casa amanhã de manhã.
_ Okay, não está mais aqui quem falou.
_ Está sim, besta. -a abracei de lado e voltamos para junto dos demais.- Henrique olha minha filha hein.
_ Ô se liga, é minha princesinha né dindo?
_ Babão. Ela é a princesinha da dinda. -Laís disse rindo.
_ Grude vocês dois, a princesinha é da mamãe!
_ Nada a ver. -escutei Arthur dizer pra alguém no telefone.- Quer que eu faça o que... Tá, tá bom mãe. Que lugar do closet tá a chave... Beleza, obrigada mãe. -e desligou.
_ Sabe que pode ir com a gente. -Rique falou puxando a cadeira e sentando do meu lado.- Vocês estão no maior climão.
_ Porque ele não sabe conversar, não custava nada.
_ E agora você não vai por birra?
_ Não. Não vou porque praia no inverno é dez vezes mais frio, Sossô é pequena. Muita bagunça, fora que ela pode estranhar e não dormir bem, sabe?
_ Tá, entendo. Não vou te encher o saco pra ir não.
_ Obrigada.
_ Amiga, vou indo. A gente vai se falando, beijos, beijos. -se despediu de nós e saiu.
_ Ela é doidinha né?
_ Sim, mas é uma boa amiga. E ótima madrinha.
_ Malu que o diga. -riu.- Ah tô com saudades da minha namorada, saco.
_ Só mais alguns dias, ela deve estar morrendo de saudades. 
_ Escuta esse áudio...
_ Henrique eu te amo, mas essas são as melhores férias da vida.
_ Ela adora viajar.
_ Eu também, é bom. -entramos por conta do frio, me despedi e subi para descansar um pouco, estava tarde. Mas engano meu, Sophia não quis saber de dormir e nem ficar quietinha.
_ Pensei que estivessem dormindo.
_ Ela não quer dormir, nem deixar a mamãe dormir.
_ Só vou tomar um banho e fico com ela.
_ Obrigada. -ele me deu um selinho e foi para o banheiro, e diferente do que eu pensei não demorou.- Toda sua. -falei bocejando e indo me deitar.
_ Bebê?
_ Hmm.
_ Precisamos conversar. 
_ Não, quando estávamos precisando você simplesmente ignorou, então não precisamos.
_ Julia, eu...
_ Precisa arrumar sua mala, vai ficar lá o restante das férias.
_ Queria que você fosse comigo.
_ Não pareceu, mas também não quero discutir. Tô cansada, preciso dormir.

  Ele não falou mais nada, eu também não, dormi e não sei qual foi a hora que ele se deitou. Na manhã seguinte acordei com os meninos falando alto na sala, a porta do quarto estava aberta e nem sinal da Sophia. O relógio marcava 08h43. Levantei, coloquei uma blusa de frio e depois de lavar o rosto, desci.

_ Pijama de gatinha?
_ Estamos no inverno ô linguarudo. Bom dia.
_ Ótimo dia, pronta pra viagem?
_ Ah sim, meu pai está vindo me buscar.
_ Ligou pra ele? Eu ia te levar em casa.
_ Liguei pra ele ontem a noite, ele disse que viria. Então não vai precisar. -ele fechou a cara, mas já estava feito.- Hoje ela acordou cedo.
_ Quase nem dormiu. -Arthur comentou.- Vai tomar café aqui?
_ Não, como em casa. 
_ O interfone. -Kevin avisou, Arthur atendeu e como eu imaginava, era o meu pai. Então subi pra egsr minhas coisas, quando desci ele estava cumprimentando os meninos.
_ Bom dia querida. -me abraçou.- Vamos?
_ Bom dia pai, sim. Podemos ir. -dei tchau a todos, Sophia "deu tchau" e entramos no carro.
_ Acordaram cedo hoje.
_ Eles vai sair, por isso.
_ Sua irmã estava lá se ajeitando também.
_ E ela deixa o Matheus sair sozinho, pai?
_ Isso é verdade. -riu.- Você não quis ir?
_ Hmm não. Eles vão pra praia, essa época já é inverno, imagina o frio.
_ Ah sim, isso é verdade. Podemos fazer a noite da pizza em casa.
_ Ainda não estou comendo nada disso, ontem que dei uma escapadinha e comi churrasco.
_ Fizeram festa é? 
_ Encontro de amigos.

  Meu pai e eu fomos o caminho todo conversando. Chegamos em casa e ele foi descendo as coisas e quando entramos minha mãe saiu da cozinha surpresa, franzindo a testa.

_ Não ia ficar lá uma semana?
_ Mudança de planos, bom dia mãe.
_ Bom dia, mas o que houve?
_ Arthur vai sair, e eu não iria ficar lá sozinha.
_ Hm. E ele vem te buscar de noite?
_ Ele vai viajar mãe, vai ficar uns dias em Ubatuba.
_ E você não quis ir?
_ Não. Achei melhor voltar pra casa.
_ Você ama praia.
_ Eu sei, mas vai estar frio demais pra Sophia, melhor não.
_ Entendi. E quem vai?
_ Bastante gente, a minha irmã, Matheus... -fui falando e ela só ouvindo, depois deu as costas e foi para a cozinha. Meu pai desceu, se despediu e foi trabalhar. Camila já tinha ido. Passei na cozinha pra tomar café e depois fomos tomar um banho de sol. 











~.~

Essa família de férias não tem pra ninguém, não é?
Mas senti um clima de tensão por aqui, e vocês? Aguardem!  

sábado, 15 de maio de 2021

Capítulo 283

Narrado por Fernanda

Minha manhã não poderia ter começo de maneira melhor, mas aqueles cinco minutos voltando no carro me deixaram de rabo virado o resto da manhã, disfarcei um pouco quando fomos deixar o Thor com os meus sogros e assim que o Rober nos mandou mensagem voltamos para casa. Eu subi para trocar de roupa e fechar a minha bagagem de mãos.

_ Amor, está tudo bem?

_ Sim.

_ Certeza? Por que você está assim comigo?

_ Porque eu não posso comentar nada quando o assunto é Arthur e Julia que todo mundo nessa casa fala que é ciumes, que eu sou a chata que não compreende nada e vive pra falar mal na nora. 

_ Quem está voltando no mesmo assunto é você. Quem está de bico desde ontem porque ele dormiu na namorada foi você também. Então quem não vai falar mais nada sou eu. -falou todo grosso, seco e continuou sentado no sofá.

_ Vai ficar de grosseria comigo? É isso mesmo? -cruzei os braços e ele pegou o celular e ficou mexendo até o interfone tocar e buzinarem para sairmos. Sai na frente, cumprimentei o motorista, Well e sentei no banco da frente.

_ Vai aqui hoje patroa? Tá tudo bem?

_ Está sim, seu chefe que é de lua.

_ Quando ama é assim mesmo. Ele falou que o aeroporto estava cheio hoje. Foi tudo tranquilo?

_ Até que foi, mas acho que pelo horário também, estaria bem mais cheio se fosse agora horário de almoço... -fui o caminho inteiro no maior papo com o Well, chegando no aeroporto de Jundiaí encontramos alguns fãs paramos rapidamente para conversar, e seguimos de mãos dadas até o Bicuço.- ... o Leo não veio hoje?

_ Por que?

_ Porque ele sempre leva a gente, ué. -dei de ombros.

_ Não sei onde ele tá não. -respondeu soltando minha mão e pegando o celular.

_ Você tá parecendo meu namorado e não meu marido. Dá pra parar?

_ Parar com o que?

_ De pegar esse celular e ficar me ignorando.

_ Quem começou foi você. -rebateu.

_ Amor... -ele continuou na dele e eu deixei. Peguei o celular e liguei para o Arthur.- Oi filho, tudo bem?

_ Tudo bem mãe, e a senhora? Já saíram de casa?

_ Sim, chegamos aqui em Jundiaí agora. Vocês chegaram bem ontem? Sophia dormiu bem?

_ Chegamos graças à Deus, Sophia só teve um pouco de cólica essa madrugada, mas está melhor... dormindo até.

_ Que ótimo filho. Nós vamos ficar uns dias fora, mas manda notícias viu? Já estou com saudades.

_ Eu imagino que sim dona Fernanda. Também vou ficar, e me comportar também.

_ Eu acho muito bom, sabe que ela ainda está de resguardo né?

_ Sério isso mãe?

_ É sério. Muitas mulheres engravidam nessa época.

_ Relaxa, não estamos fazendo nada. Estamos esperando a consulta primeiro.

_ Arthur!

_ Uai, é a verdade. -riu.- Mas fica tranquila, só com camisinha agora.

_ Tudo bem, vou desligar tá? 

_ Tá bom, boa viagem. Mandem mensagem quando chegarem. Te amo mãe.

_ Também amo você meu filho. -e desligamos. Entrei no jatinho e me sentei na janela, bem no fundo. Luan demorou uns minutos e quando subiu veio sentar do meu lado, ficou me olhando, passou a mão na minha perna e me deu um selinho que logo se transformou em um beijo de tirar o fôlego.

_ Acordamos tão bem, fizemos um amor tão gostoso naquele chuveiro... vamos ficar bem? Vamos?

_ Desculpa meu mau humor, você sabe que eu...

_ Está na TPM. -me deu outro beijo.- Vou cuidar de você.

_ Eu sei. Te amo. 

A viagem foi longa, mas tão gostosa. Aterrissamos em solo bahiano, num calor lindo e de querer arrancar as roupas! Havia um grupo grande de fãs no aeroporto, Luan foi até eles e eu acenei de longe, mandei beijos e segui para o carro.

O hotel não ficava longe, em vinte minutos estávamos lá fazendo o check in e pegando as chaves dos quartos. Quinto andar, último quarto.

_ Amor, que horas é o show? Queria ir na praia.

_ Assim? Já?

_ Tô grudando de calor.

_ As praias aqui são cheias, você não vai conseguir aproveitar tranquila.

_ Então toma um banho comigo?

_ Agora! -disse tirando a camisa, trancando a porta e me levando no colo até o banheiro.- Sempre quis rasgar uma roupa sua, sabia?

_ E não vai ser esse meu body. Nem vem amor. -falei me afastando dele.

_ Depois a gente compra outro. -me puxou de volta pra ele, rindo todo safado.

_ Não, esse eu ganhei de natal do meu avô. -dizia fazendo bico e ganhei uma mordida.

_ Tudo bem, mas a calcinha eu vou.

_ Estou sem nenhuma. -sussurrei passando o pé na perna dele e o abraçando pelo pescoço.- Você vai me amar?

_ Cada centímetro do seu corpo.

Iniciamos nossa estadia muito bem, no quarto, no banheiro, outra vez no chuveiro e foi uma delícia. Eu estava destruída, um sorriso de orelha à orelha, estômago roncando de fome.

_ Vida, eu tô com fome.

_ Eu também, gastar calorias dá fome rapaz.

_ Porque não almoçamos fora? Eu queria tanto.

_ Eu não conheço muita coisa por aqui não muié.

_ Não queria comer aqui no hotel, estou quase que de férias. -falei cruzando os braços, ele respirou fundo, coçou a cabeça e disse que iríamos. Isso depois de um banho decente e trocarmos de roupa.

Meu look verão estava pronto. Um macaquinho aberto nas costas e com um decote em V lindo, todo florido. Rasteirinha, algumas pulseiras e muito protetor solar. Luan estava um gato e sem esforço algum. Vestia uma bermuda clara, polo azul marinho e chinelos.

_ Você é um gato sabia? Eu até molharia minha calcinha se estivesse vestindo uma. -falei rindo.

_ Acho que nossos filhos precisam viajar mais vezes para ficarmos mais tempo sozinhos.

_ Eu amo ser mãe, mas esse sossego aqui ninguém compra.

_ Sossego em partes, logo logo a correria começa. Ta preparada pra virar a noite?

_ Eu nasci pronta minha vida. Nunca te deixei na mão. -falei piscando e pegando o celular.- Tá com a carteira?

_ Sim. Por que?

_ Porque eu não vou levar a minha. Só estou levando o celular para o caso de as meninas ligarem ou alguém da empresa.

_ Vai trabalhar home?

_ Preciso amor. Não tinha como largar tudo, não estamos em época de férias. 

_ Eu sei. É que é puxado e cê fica toda estressada e não me dá atenção. 

_ Aí amor deixa de ser exagerado. Só irei responder e-mails e participar de uma ou outra áudio. Fica em paz.

Estávamos prontos, Well também, seguimos para um restaurante indicado por uma funcionária do hotel. A especialidade da casa era acarajé e eu não perdi tempo, comi até saciar minha vontade.

_ Amor, tem certeza que não quer? Está uma delícia.

_ Tenho vida, bom apetite.

_ Obrigada. 

Almoçamos e não demoramos por lá, Luan estava com sono e queria dormir antes do show. Voltamos ao hotel, ele dormiu e eu depois de trabalhar por meia horinha fiz o mesmo. Tive a sensação de acordar dez minutos depois, Luan me soltou e virou de costas e olhei para o lado e meu celular estava tocando.

_ Oi pai. Tudo bem com o senhor?

_ Oi minha filha. Agora estou ótimo, e vocês?

_ Descansados, quer dizer... Luan está dormindo. -falei.- Eles chegaram? -perguntei curiosa.

_ Sim. Já estamos indo para casa. Todos cansados da viagem, mas foi tudo bem. Helena está dormindo. Nem me viu ainda.

_ Dormindo, pai? Sério?

_ Melissa falou que ela ficou enjoadinha, mas não vomitou nem nada. -levantei da cama para não atrapalhar o sono do Luan e fiquei conversando com o meu pai da sacada enquanto assistia o sol se despedir.- Juízo vocês aí, vou desligar que sua mãe já está me olhando feio. "Fala que eu mandei um beijo também." Ouviu, né?

_ Sim. Amo vocês. 

_ Trate de aparecer, estamos com saudades de vocês também.

_ Vou ver quando seu genro terá uma folga mais extensa e iremos sim. Quando vocês irão pra Orlando?

_ Entre amanhã ou depois, tenho que ver com a sua mãe e as crianças.

_ Crianças, pai?

_ Minhas netas para mim são todas pequenas. Pequenas do tamanho da Louise e o Derick.

_ Eu gostaria muito viu. -ri.

_ Se cuida filha, amo você.

_ Também te amo meu velhinho, tchau. -desliguei e eu voltei para dentro do quarto. Fui ao banheiro e em seguida voltei para a cama.- Já estava acordado faz tempo né?

_ Não muito... -bocejou.- ... eles chegaram bem?

_ Graças a Deus sim. Só a Leninha que ficou enjoada durante o vôo, mas não vomitou. Chegou dormindo meu pai falou.

_ Dormindo? Helena adora ficar acordada olhando o céu cheio de nuvens.

_ Ela estava muito ansiosa amor, acordou muito cedo e foi cochilando para o aeroporto.

_ Saudades do vovô Hugo e da vovó Ana.

_ Muita. E meu pai também, disse que não vai para a empresa enquanto elas estiverem por lá.

_ Eu quando a Sophia está lá em casa.

_ Ela está tão gostosa, tá ficando gordinha. Viu a foto que a Julia postou hoje?

_ Não. Ainda não.

_ Ela está de olhos fechados com a língua pra fora.

_ Linda demais, minha nossa senhora. -deixei o celular de lado e me virei para ele, jogando minha perna por cima das coxas dele e abraçando sua cintura.- Quer dormir mais?

_ Não, quero ficar agarradinha suando junto.

_ Tô suado mesmo, tá calor demais rapaz.

_ Eu estou fresquinha, o ar condicionado já está no 20. Você não vai baixar mais, eu vou ficar com frio. -disparei a falar e ele me calou com um beijo.- Tá me mandando calar a boca?

_ Sim. Acabei de acordar. -riu fechando os olhos, bocejando em seguida.

_ A própria preguiça você. E sua roupa? Está separada?

_ Não.

_ Você está muito mal acostumado e tem tempo viu. 

_ Cê que gosta de ficar escolhendo roupas.

_ Seu estilo as vezes é meio duvidoso, né amor. Talvez seja isso.

_ Minhas fãs adoram meus looks até hoje.

_ É que você é gostoso né, pode até se vestir mal as vezes, mas é uma delícia. Eu mesmo só reparo no que me interessa.

_ Safada.

_ Sincera. Ai que preguiça! -falei me esticando toda na cama e ele dando risada.- Vamos jantar antes de ir?

_ Tá pensando na janta já?

_ O que acha de pedirmos um açaí? -falei me sentando.- Com bastante frutas, leite em pó e leite condensado!

_ Você sabe que eu não posso ficar comendo essas coisas.

_ Eu posso. -disse passando por cima dele e pegando o telefone para ligar na recepção. Pedi meu doce e fui ligar a TV para assistir alguma coisa já que o meu marido estava no celular assistindo stories.


Quinze minutos depois a campainha do quarto tocou e eu fui atender do jeitinho que estava, o rapaz do hotel ficou me olhando de cima a baixo sem dizer nada.


_ Boa tarde, é o meu açaí? -ele ficou todo sem graça, balançou a cabeça e se desculpou entregando minha taça.- Obrigada, viu.

_ Por nada, precisando meu nome é Marcos.

_ Eu ligo na recepção, obrigada. -entrei e fechei a porta.

_ Tava bom o papo hein.

_ Ah amor, ele ficou me olhando sabe? Me medindo.

_ Também né...

_ Vai começar?

_ Não. Vou jogar uma água que tá quase na hora de eu me arrumar.

_ Tá.


 Continuei na cama comendo enquanto ele demorou quase três horas no banho, saiu com os cabelos molhados e a toalha enrolada na cintura. 


_ Está tudo bem?

_ Sim. Por quê?

_ Você demorou quase três horas no banho. Aconteceu alguma coisa. Não quer conversar?

_ Agora não amor.

_ Okay.


Não toquei mais no assunto, percebi que ele estava meio azedo. Por fim, fui me arrumar, tomei uma ducha rapidinha sem molhar os cabelos e ao sair comecei toda a produção.

Uma maquiagem básica, cabelos escovados. Um vestido longo de alcinha e com uma fenda que iniciava no meio da minha coxa e sandália. Fazia muito calor e eu queria estar à vontade durante todo o show.

Tudo pronto. Seguimos com o combinado.


_ Está uma noite linda, não é amor?

_ Não tão linda como você. -falou me dando um beijo carinhoso no rosto.- Ficou bonito esse vestido.

_ Eu também gostei, estava dúvida entre ele e um outro... -Luan me deu abertura e eu expliquei até sobre a costura da roupa, e ele mesmo não entendendo muito se mostrou todo interessado. Fomos o caminho todo conversando, mudamos de assunto por algumas vezes e nos calamos conforme nos aproximamos e ele foi notado. Descemos de mãos dadas e nos aproximamos do portão acenando, ele mandando beijo e parando para uma e outra foto. Soltei sua mão e fui até uma senhora que estava mais afastada e olhava concentrada, segurando uma pelúcia e toda sorridente, emocionada.- Tudo bem com a senhora?

_ Estou ótima minha filha. E as crianças como estão?

_ Crescidas viu, tudo passeando. 

_ Se não for te atrapalhar, pode entregar pro Luan minha filha?

_ Claro, com o maior prazer. Como a senhora se chama?

_ Elisa. -sorri ao escutar um nome bem parecido com o da minha avó. Dei mais um passo em direção à ela e com jeitinho peguei o presente. Luan passou a mão pela minha cintura, jogou um beijo pra ela e entramos. 

_ Tá chorando amor?

_ Pra você, dona Elisa quem entregou junto com esse bilhetinho. Ela não é uma linda?

_ Lembrou da sua avó, não foi?

_ Ela me faz tanta falta sabia? Queria muito que ela acompanhasse as crianças crescerem, conhecesse a pequena. Ai amor, meus avós fazem falta. -falei todos manhosa, e ele me abraçou, beijou minha testa e limpou minha lágrima insistente. 

_ Fica assim não vida, eles estão sempre com a gente. 

_ Eu sei.

_ Bora patrão?

_ Bora. -seguimos pelo corredor dos fundos, entramos por trás do palco e demos de cara com o camarim. Tudo mais que organizado, bastante espaçoso também. A sala onde os fãs seriam recebidos, o outro cômodo com uma mesa linda cheia de coisas gostosas, sofá e uma parede de espelhos maravilhosa, além de um vestiário espaçoso.- Tem melão amor, quer ?

_ Só se você me der na boca.

_ Mas rapaz, brinca assim não minha linda.

_ Quer Well? Nem se o Lusn estivesse com muita fome comeria isso tudo.

_ Uma frutinha é sempre bom né.

_ Sempre, e o melão está com cara de estar docinho, docinho. -falei pegando um pedaço que já estava cortado. E bem na hora que eu comecei a comer entraram, escondi minha mão disfarçando e sorrindo cumprimentei os rapazes que entraram. Luan parecia os conhecer, já que foi todo sorridente e perguntou até sobre a esposa e filha de um deles.

_ Elas estão pra chegar, a Ester até me pediu pra falar com você. Queria ser a escolhida pra dançar com você no palco. -ele comentou Luan riu, e eu fiquei tranquila. Eles continuaram de papo, o celular do fulano tocou e ele saiu pra ir buscar não sei quem. Até aí tudo ia bem, eu continuava comendo meu melão em paz.

_ Luan! Quanto tempo. -olhei para a porta e ela vinha toda sorridente abraçando meu marido e dando um beijo no rosto como se fossem amigos de infância, primos até.- Quando meu pai falou que você faria show aqui eu cancelei tudo só pra vir te ver. Nossa que saudade que eu estava. -olhei pro Well que deu de ombros e balançou a cabeça, tipo "não sei de nada". Revirei os olhos e esperei todo o cumprimento exagerado acabar.

_ Cê tá bem Esterzinha? Cresceu hein mulher, tá bonitona.

_ Ah eu era adolescente, agora cresci. -riu.- Troquei de número também, perdi seu contato. -comentou mexendo nos cabelos. Fiquei esperando para ver o que ele iria responder, mas ele desconversou e mudou de assunto.- Vou dançar com você hoje né?

Eu parecia completamente invisível aos olhos da tal Ester, olha o nome! Mas fui indiferente, não fiz questão de cumprimentar também. Comi, fiquei no celular, postei uma foto no storie e levantei pra ir ao banheiro. 

_ Você não me passou seu telefone. Sua mulher não deixa? -escutei assim que estava para abrir a porta, sei que é feio, mas apaguei a luz e fiquei olhando pela fresta, e a abusada colocando a mão no peitoral dele.- Ela nem precisa saber, prometo só mandar mensagem quando você estiver viajando.

_ Acho melhor não confundirmos as coisas. O que aconteceu já passou, não vai se repetir.

_ Como você é exagerado, eu só te roubei um beijo. Que você nem me correspondeu e ainda pediu pro seu segurança me colocar pra fora. Mas foi uma delícia.

_ Eu era casado, ainda sou. Amo minha mulher e nunca iria trair a confiança dela.

_ Então contou pra ela do nosso beijo?

_ Já deu de assunto não é? Preciso me preparar para o show.

_ Te vejo no palco. -passou o dedo nos lábios dele e saiu. Abri a porta do banheiro e passei direto para o sofá, sentei de pernas cruzadas e peguei o celular.

_ Amor?

_ Hm...

_ Me dá um beijo?

_ Não. -falei séria, ele tirou o sorriso do rosto sem entender.- Por quê não me apresentou sua amiga Ester? Vocês pareciam bem íntimos.

_ Já estive aqui outras vezes, o pai dela é gerente geral daqui e nos conhecemos.

_ Se conheceram, trocaram telefone... ãn, e o que mais?

_ Amor...

_ Você poderia ter me contado.

_ Amor...

_ Para de me chamar de amor. Eu escutei cada palavra que do que ela disse, não foi ninguém que me contou não. Eu ouvi. E mais, tive a sua confirmação. 

_ Então agora sabe que ela me roubou um beijo. Um beijo que pra mim não significou nada, que eu não retribui.

_ Um beijo roubado enquanto você era casado comigo, em uma viagem que eu não estava e você nunca me contou. -repeti.- Tem diferença. E você pensa bem no que você vai fazer nesse show. Porque se ela subir naquele palco eu pego as minhas coisas e vou embora, está me entendendo?

_ Fernanda, isso foi há tanto tempo... -dizia nervoso.- Não vamos brigar por isso.

_ Não estamos brigando, estamos conversando. 

_ Ela é filha do meu amigo.

_ Que amigo o que Luan, que amigo é esse que nunca nem em casa foi e somos casados há mais de dez anos. Então não vem me falar que ele é seu amigo. No máximo um conhecido. -parei de falar quando escutamos batidas na porta, Well perguntou se poderia entrar e nos avisou que ele tinha dez minutos.- Eu não vim pra discutir. Não estou nem perguntando como esse beijo aconteceu, pra mim não tem a menor importância. Eu só queria que pelo menos hoje, aqui, você me respeitasse. -falei me levantando e saindo do camarim.

_ Está com a pulseira Nanda?

_ Não, acho que esqueci lá dentro. Tem outra aí?

_ Aqui. -Well me deu uma pulseira de acesso ao camarote e backstage, e foi me acompanhar até a entrada.- Não quis ficar lá embaixo hoje?

_ Ah faz tanto tempo que não curto um show assim, de espectadora Well. Dá saudades.

_ Qualquer coisa, tô com o celular.

_ Eu sei, obrigada viu.


Luan atrasou vinte minutos para entrar no palco, e com isso eu tive tempo para tomar dois drinks e encontrar duas ótimas companhias para não ficar sozinha. As luzes apagaram, o show começou e foi lindo. Lindo até o Luan convidar uma "fã" para dançar no palco, e sim foi a Ester. Na hora eu disfarcei perguntando onde ficava o banheiro, quando voltei a música estava em mais da metade. Ainda vi os dois se abraçarem e ela sair.

O show se estendeu por mais uns 50 minutos, e eu continuei por lá em respeito as minhas companhias. Quando terminou, esperamos a galera dispersar e eu as levei comigo para conhecerem o Luan. 

Ele as recebeu muito bem, sorridente, educado, simpático e tirou mais que uma foto, abraçou e elas foram embora. Esperei ele se trocar, e fomos para a van. Voltei calada, o caminho todo mexendo no celular.

_ Amor... precisamos conversar.

_ Que começar a conversa aqui? Eu não me importo. 

_ Você tem que entender que nem tudo depende de mim.

_ Esse discurso você usava quando a gente namorava, lembra? A desculpa era não se indispor com ninguém e foda-se o que eu penso e como me sinto. -falei séria.

_ As coisas não são assim...

_ Então me explica como são. Vai fala. 

_ Eu errei em não ter te contado, mas foi porque pra mim não significou nada, nunca mais pensei que iria me encontrar com ela.

_ Não me pareceu quando ela entrou no camarim se jogando nos seus braços, beijando seu rosto como se fossem melhores amigos. Pra quem achou que nunca mais iria ver você estava com bastante saudade.

_ Não é isso, você...

_ Eu sou louca, eu entendi errado, vi coisa onde não tem. Foi isso não é Luan? Era por causa dela que você estava todo estranho?

_ Não, eu... amor.

_ Eu não quero conversar, você está errado. Acabou.

_ Eu sei que sim, estou te pedindo desculpas.

_ Por ter mentido e escondido ou por ter me desrespeitado?

_ Eu não menti, eu omiti. E não te desrespeitei, eu só...

_ Foi um frouxo. Isso que você foi. Sorte a sua que eu respeito e muito a sua carreira, respeito os seus fãs. Porque eu ia vir embora sim, ah eu ia. 

_ Você poderia entender meu lado, amor estamos juntos há mais de anos, temos uma família, já temos até netos.

_ Temos tudo isso e você ainda preferiu me omitir. -falei com toda ironia e deboche.- Odeio ser feita de idiota e foi isso que você fez comigo. Fiquei com cara de trouxa quando aquela vagabunda subiu no palco e ficou se esfregando em você.

_ Não podemos resolver isso no hotel?

_ Quem quis começar o assunto aqui foi você. -respondi.


O climão era palpável. Mas eu não estava nem aí, estava com tanta raiva, tanto ódio. Sei que chegamos no hotel, ele desceu para falar com os fãs e eu esperei entrarmos no estacionamento e pegar o elevador direto para o nosso andar.

Cinco minutos depois ele entrou e depois de fechar a porta ficou me olhando, não dizia nada. O olhei de cima a baixo, revirei os olhos e fui tomar um banho. Não tive pressa nenhuma, tirei todos os acessórios, prendi os cabelos, tirei as sandálias e o vestido. Tomei aquela ducha bem forte que massageia as costas, ombros e lava toda raiva. Sai enrolada na toalha, e ele sentado na cama.


_ Tá mais calma?

_ Você sabe que não. Você me traiu, Luan.

_ Fernanda, você quer saber o que aconteceu?

_ Não me contou antes, também não quero saber agora. 

_ Já vi que você não quer papo.

_ Não quero mesmo. Não tem o que conversar, não tem o que eu entender. -falei indo me trocar e ignorando completamente a presença dele. Coloquei uma calcinha, pijama e deitei depois de colocar o celular pra carregar.

_ Não quero dormir brigado com você.

_ Então passe a noite acordado. -falei seca. 

_ Não vou passar a noite acordado, nós vamos conversar. -ele falou calmo, mas falou muito sério.- Eu só vou tomar um banho antes.

Foi o tempo de ele entrar no banheiro que eu me sentei na cama e passou um filme das últimas cinco horas na minha cabeça. E eu só conseguia fixar três coisas: ele estranho antes de sairmos do hotel, a tal da fulana no camarim e os dois no palco. Só isso e mais nada, não quando ele saiu do banheiro eu continuei onde estava. Esperei ele vestir uma cueca, secar os cabelos e depois de largar a toalha em cima da cadeira veio e sentou na cama perto de mim.

_ Olha, eu não fiz o certo. Eu sei disso, amor. Sei que se fosse eu no seu lugar eu também não entenderia, não iria querer saber e tudo mais. -respirou fundo.- Mas somos pessoas diferentes.

_ Lembra do Mateus né? Minha viagem pra Balneário com o Dudu e a Soraya. Ou o dia em que eu encontrei um amigo na balada. Ou melhor ainda, lembra do dia que estávamos no seu show e o cara me roubou um selinho no camarote? –falei uma situação atrás da outra, ele respirando fundo, querendo manter a calma e eu só cutucando.– Agora quando é você que erra, "somos pessoas diferentes", o caralho Luan ! –cruzei os braços.- Quando na sua concepção eu estou errada você quer expor meu erro, entrar na minha mente. E quando é com você prefere manter tudo por debaixo dos panos, não quer jogar a sujeira no ventilador. Você sempre foi assim! -ele não falou nada e eu encerrei por ali, não quis discutir mais, estava cansada e sem paciência nenhuma para continuar uma briga que não iria se resolver tão cedo.

O dia amanheceu e junto com ele uma crise de enxaqueca daquelas, levantei para ir até a mala pegar um comprimido e senti tontura. Voltei a me sentar na cama, respirei fundo e resmunguei um belo de um palavrão.

_ Tá tudo bem?

_ Minha cabeça está estourando, estou com tontura. 

_ Trouxe remédio?

_ Na minha necessarie. -respondi ainda sentada, de olhos fechados.

_ Toma, aqui. -ele estava com dois comprimidos e um copo d'água.

_ Obrigada. -tomei e voltei a me deitar.

_ Quer tomar café? -fiz que não com o dedo, puxei a coberta e cobri o rosto. Percebi quando ele deitou na cama e me abraçou pela cintura, minha cabeça mesmo coberta estava no peito dele. Eu estava com raiva dele ainda, mas ficar deitadinha assim era tão bom, tão bom que eu voltei a dormir e acordei muitas horas depois.

_ Que horas são?

_ Duas da tarde. Está melhor? -assenti.- Quer comer alguma coisa? -neguei outra vez.- Certeza?

_ Tô enjoada, com cólica... só quero ficar deitada.

_ Eu tenho uma entrevista em duas rádios, mais tarde tem show, mas vai ser tipo festival e eu só vou entrar umas duas da manhã. -explicou.- Você vai comigo?

_ Vou, por quê?

_ Te encontro mais tarde então. Vai me ligar se precisar de alguma coisa?

_ Sim, eu ligo.

_ Te amo, tchau. -me deu um beijo na testa e saiu.


Luan saiu e eu continuei deitada na cama por mais um tempo. Senti minha cólica ficar mais forte e tive vontade de ir ao banheiro, aproveitei e tomei um banho. Ao sair e depois de me trocar o celular começou a tocar. 


_ Lembrou que tem uma amiga, foi isso? -atendi brincando e ela deu risada.

_ Não só lembrei como pensei em você o dia todo ontem.

_ Em mim? Coisa boa?

_ Eu quem te pergunto. Está tudo bem?

_ Sim e não. Ontem andei me desentendendo com o Luan, fiquei numa raiva, mas numa raiva. Você acredita que ontem no camarim... -contei detalhadamente sem omitir minhas provocações e ela escutando tudo.- ... eu sinceramente estou cansada, cansada mesmo. Nós temos mais de 15 anos de casados, temos quatro filhos, uma neta e eu acho o cúmulo discutir por conta de ciúmes.

_ Amiga foi você que começou a discutir.

_ Porque eu pedi pra ele não chamar ela pro palco, eu pedi. Era o mínimo que ele poderia fazer, o mínimo. 

_ De coração? Posso ser mais que sincera?

_ Que pergunta né Dalila, claro que pode, tá louca?

_ Vocês sempre vão ter esse problema, sempre. Enquanto o Luan continuar fazendo shows, vai continuar o assédio. E se em mais de 15 anos você não aprendeu lidar com ele, vai ser difícil.

_ Eu entendi o que você quis dizer.

_ É seu marido, você tem ciúmes, mas se ele for te contar todo e qualquer beijo roubado que acontecer no camarim... meu Deus!

_ Está sabendo de alguma coisa que eu não sei Dalila?

_ Não estou sabendo de nada, estou falando que você está muito mais madura do que quando se conheceram. E outra, se você mesma ouviu a mulher dizer que ele pôs ela pra fora do camarim, por quê está criando caso?

_ Eu te odeio, sabia?

_ Também amo você amiga. -riu.- Fora isso tudo em paz?

_ Sim, tirando essa menstruação acabando comigo, tudo em paz. Estou sem meus bebês, vou ficar pelo menos duas semanas com o Luan.

_ As meninas foram pro tio Hugo, né? E o Art?

_ Deve estar idealizando o sonho de morar ele, Sophia e a Julia. 

_ Foi até bom que eu te liguei, você não sabe o que o Rodrigo fez antes de ontem.

_ O que?

_ O combinado era dar de presente um carro pra cada um deles. Aí o João Pedro falou pro pai dele, eu não quero um carro, eu quero um apartamento perto da faculdade.

_ Mentira!

_ Mentira? Eu quis matar o Rodrigo, matar. Fomos almoçar na minha sogra, todo mundo sentado na mesa, e ele entrega uma caixinha de presente para os dois. Um tinha o chaveiro de um carro, outro de um apartamento.

_ E você não falou nada?

_ Falar? Eu chorei, parecia ter levado um chifre. E ele "loira as coisas não são assim, não precisa disso". Estou sem falar com ele.

_ Dalila!

_ É um apartamento, eu sou a mãe dele e já tinha falado que não. Ele não fez filho sozinho, quem carregou na barriga foi eu. -Dalila e eu ficamos um bom tempo no bate-papo, e foi uma delícia, esqueci até da minha cólica inclusive. Nos despedimos porque ela tinha compromissos, e eu aproveitei para saber das minhas crianças.

_ Se eu não mando mensagem ninguém procura saber de mim, não é? -mandei o áudio no grupo e fui ligar na recepção do hotel para pedir um doce.

_ Aí mãe, a senhora é tão exagerada. Meu Deus. -Malu respondeu.- Estamos nos arrumando pra ir pro aeroporto.

_ Mas estão bem? Como passaram o dia?

_ Passeando, acordamos cedo e fomos no Central Park com a minha avó. Eu, a Nena e o Leo. Melissa foi pra empresa com o meu avô. -Malu mandou um áudio de 03:46.- E a senhora?

_ Dormi o dia todo. Liguei pra sua tia, e agora que vou comer alguma coisa.

_ Oi mãe, boa noite. -Arthur respondeu.- Nós estamos bem, Julia está fazendo a Sophia dormir e vamos jantar.

_ Ela melhorou da cólica?

_ Melhorou, melhorou sim. E meu pai, cadê?

_ Até eu estou em outro país sei que o papai estava numa rádio local. -Malu respondeu o áudio do irmão rindo.

_ Diferente de você eu tenho o que fazer. 

_ Muita saudade vocês dois, não é? -ri também.- Seu pai ainda não voltou pro hotel, ele tinha duas rádios pra fazer hoje... -resumi os compromissos do Luan e ficamos trocando mais algumas mensagens até eu escutar a porta se abrir e ele entrar todo sorridente, em ligação com alguém.

_ ... acabei de chegar, depois a gente vê isso aí cara. Beleza, fechado. -e desligou, tirando os sapatos, a camiseta e vindo pra cama enquanto desabotoava a calça. Meu olhar fixo no dele o tempo todo, Luan subiu na cama e antes que eu falasse qualquer coisa nos beijamos.- Você sabe que eu amo você, e só você. A mulher da minha vida, minha companheira, melhor amiga e amante. Eu te amo Fernanda, e odeio ficar em um clima ruim com você. Me perdoa amor?

_ Só se me der outro beijo desse. -pisquei e ele sorriu repetindo nosso beijo que se transformou em uma bela de uma transa, permitindo nossos corpos suarem. Luan tinha uma disposição de dar inveja em qualquer novinho. O deixei descansando e fui para o banheiro jogar uma água no corpo, estava muito suada e grudando também. Ao sair olhei para a cama e ele havia pegado no sono, estava dormindo profundamente.

Coloquei a roupa que estava pré selecionada para ir ao show mais tarde e liguei na recepção do hotel para pedir nosso jantar. Luan estava realmente exausto, deveria ter tido o dia cheio, nem sei se chegou a comer direito na rua. Separei também a roupa dele, coloquei nossos celulares pra carregar e fui acordar minha criança.


_ Amor, acorda. -o chamei.

_ Que horas são?

_ Quase onze e meia. Pedi nosso jantar aqui no quarto, tudo bem?

_ Aham. -respondeu bocejando, todo preguiçoso.

_ Amor, levanta, vai tomar um banho... -pedi.

_ Estou com sono ainda. -disse virando de bunda pra cima.- Já tomou banho e nem me esperou?

_ Você estava aí desmaiado, quase roncando. Eu ainda lavei o cabelo, se você quer saber.

_ Tá bom.

_ A comida vai chegar e você aí nessa calma. Amor...

_ Tô levantando vida, tô indo. -disse tirando o lençol que o cobria e indo nu para o banheiro. Ajeitei a cama, calcei meus chinelos e fui atender a porta minutos depois. Como imaginei, era o nosso jantar, pedi para o rapaz colocar em cima da mesa e fui tirando as tampas enquanto esperava Luan sair do banho.- E aquele negócio de me esperar pra comer?

_ Você que ficar cinco dias no banheiro, Luan. Eu tô com fome e temos horários. -falei e ele riu todo despreocupado, enrolou uma toalha na cabeça e se sentou à mesa.- Vai comer assim?

_ Não quero comer depois sozinho, nem sujar minha roupa.

_ Sei, sei bem. -falei pegando meu prato e assim nos servimos, jantar e ele foi se trocar.- Essa blusa de novo? Na mesma viagem?

_ Ah minha nossa senhora da aparecida, viu. O que é que tem?

_ Coloquei um monte na mala pra você usar a mesma que usou não tem nem três dias?

_ Qual então mor?

_ Essa coral, combina muito com você.

_ Com a bermuda jeans clara?

_ É amor, ela mesma. Vai pôr tenis?

_ Vou suar muito, tô até vendo.

_ Você já está suando, amor. Liga esse ventilador.

_ O ar tá no máximo já.

_ Eu tô bem fresquinha, você é quem sabe. -disse me levantando da cadeira e indo me sentar na cama, peguei o celular e fiquei no Instagram esperando ele se arrumar todo. Fiquei uma hora e meia esperando o Luan, e assim que ele ficou pronto nós avisamos o Well e descemos para o hall.

_ Bonitona em patroa.

_ Cheia de calor também. -ri.- Deu tempo de jantar?

_ Opa, e jantar bem ainda.

_ Nós também, ficar o show todo de estômago vazio ninguém merece. -comentei a caminho da van.- Vazio aqui hoje, cadê o pessoal que estava aqui?

_ Não eram muitos, Arleyde pediu para entregar à eles ingressos da pista VIP.

_ Uau, gostei viu. Bem inteligente da parte dela. -entramos na van e seguimos para o espaço onde aconteceria o evento, estávamos bem tranquilos, continuei no insta e vi stories do Dudu postando a localização de onde iríamos.- Vida, Dudu tá por aqui, você sabia?

_ Sabia. -riu.

_ Será que minha amiga veio? Vou bem ligar pra ela. -e liguei, cinco chamadas e ela atendeu toda eufórica. 

_ Oi Fê, tá me escutando?

_ Tô sim, tudo bem?

_ Ótima, eu amo esse lugar, ainda mais nessa época do ano. E você? Tudo bem? Tá por aqui também?

_ Chegando mulher, tô na van com os meninos. Vão continuar por aí?

_ Eduardo e eu viemos pro camarote agora, está lotado aqui.

_ Vou te mandando mensagem então.

_ Oh, vem pelo backstage, lado esquerdo, sobe a escada e estaremos aqui.

_ Combinado, beijos, até mais.

_ Até.

_ Rapidinha você né?

_ Contatos meu amor, contatos. -falei dando muitos beijos no rosto dele.- E as crianças hein?

_ Tão ótimas, na Disney amor. Tem coisa melhor não.

_ Não mesmo, do lado dos avós então... Aí amor, queria tanto ir pra lá. Não consegue uma semaninha de folga não?

_ Posso até ver, mas Lelê não disse nada não.

_ Vou pedir com jeitinho pra ela, poderíamos até ver pra levar o Bê amor.

_ Cê vai pra São Paulo buscar ele?

_ Claro, trago a Sofia também.

_ Férias na minha época era diferente viu. -riu.

_ Para vai, eles vão pra casa dos avós. 

_ Em Nova Iorque. -fomos falando disso ate chegarmos no estacionamento, descemos indo direto para o camarim.

_ O seu show é o último?

_ Nada, vai até amanhã 12h.

_ Que delícia, vim com a roupa certa.


O pré show estava uma delícia. Só nós e a equipe, aproveitamos até para tirarmos juntos uma foto no banner, gravar Uma stories e então fomos nos reunir para a oração.


_ Bom show, te encontro lá em cima depois hein.

_ Se comporta viu? Te amo.

_ Eu também amo você. -nos beijamos e fui para o camarote. Realmente a casa estava lotada, gente pra todos os lados e olhares curiosos o tempo inteiro. Chegando na entrada no camarote apresentei a pulseira e subi, um segurança me acompanhou até onde a Sô estava.

_ Fernanda! -disse me abraçando forte assim que entrei.- Por que não disse que vinha? Eduardo também não falou nada.

_ Mesma coisa Luan, se não fossem duas das do Luan eu teria assistido ao show sozinha.

_ Fala do meu amigo não cara. -Dudu disse defendendo.

_ Tudo farinha do mesmo saco. Tá bem Eduardo? -nos cumprimentamos.

_ Tranquilo, de férias da criançada.

_ Mentira dele. Eles estão em Porto Seguro, Eduardo tá que não se aguenta menina.

_ Eu conheço os filhos que eu tenho Fer. Soraya acha que eu tô dormindo.

_ Ele viveu, eu vivi, a menina tem que viver. -Soraya disse tranquila.- Minha filha é centrada.

_ Ela que não seja não. -demos risada e nos posicionamos para assistir o show mais esperado da minha noite. Luan cantou lindamente, ate dancei com o Dudu uma música e outra. Ao fim de sua apresentação fui ao banheiro e na volta ele já estava chegando no camarote, o recebi com um beijo gostoso e cheio de saudades.

_ Casal mais chiclete não tem. -ouvi comentarem.- Mas são lindos. 

_ Viu amor, somos grudinhos.

_ Pra vida toda. -disse me abraçando pela cintura.



Narrado por Arthur

Férias! Em outros anos eu estava de malas prontas viajando com as minhas irmãs ou meus pais ou até mesmo os avós, e hoje estou aqui, em casa, sentado no sofá com as pernas esticadas e Sophia deitada em meu peito enquanto a Julia dormia toda encolhida no outro sofá.


_ Você nem sabe Art, vovô comprou uma casa em Orlando! Só pra gente não ter que ficar em hotel quando viajar pra cá. -Maria Luísa estava mandando áudios e mais áudios contando sobre como estava sendo a viagem.- Enorme, a parte de cima tem quase oito quartos e todo o restante fica no andar de baixo, de fundo tem um salão de jogos e piscina. Sério, eu estou me sentindo muito em uma piscina de hotel, faltou o bar e um garçom ficar pra lá e pra cá.

_ É perto dos parques?

_ Vovô falou que são praticamente 20 minutos daqui lá, eu amei. E você? Tá fazendo o que?

_ Ninando a Sophia. Ela dormiu, Julia dormiu também... nem liguei a TV pra não fazer barulho.

_ Parece tão chato. Você está de férias, cadê a animação?

_ Com uma neném em casa? Mal estou beijando na boca. -ri.- Mas tô reclamando não, tô com o meu mundo nos braços.

_ Nossa estou amando saber que temos um grupo e você só conversa com a Malu no PV. Depois ainda fala que me ama. -Melissa mandou um áudio toda dramática.

_ A Mê não tá se aguentando de curiosidade, tá perguntando porque não conversamos no grupo


As duas quando começavam nem meu pai aguentava, mandei algumas figurinhas e guardei o celular. Acabei cochilando, despertei com a Sophia se esticando toda, olhei pro lado e Julia estava voltando do banheiro.


_ Acordei com o celular tocando. Eram sua irmãs, Mel e Malu. -disse sentando do meu lado e arrumando os cabelos.- Essa gosta de mamar, a boquinha dela mô.

_ Pidona que só.

_ Acordou na hora certinha, tá cheio já. -disse pegando nossa filha e se ajeitando pra dar de mamar.- Bem gulosa.

_ Tem coisa melhor que comer?

_ Ah não tem. Não vejo a hora de poder comer uma barra inteira de chocolate, beber muita coca cola e ir pra um sítio.

_ Ah, sítio tem no natal. Você vai né?

_ Não sei, natal se passa em família, com os pais. -falou sem jeito e eu entendi, mudei de assunto.- As meninas estão bem?

_ Otimas, chegaram em Orlando não tem muito tempo. Quase 16 horas de viagem da casa dos meus avós pra lá.

_ Tudo isso?

_ Sim, longe pra caramba. Helena deve ter dormido até não querer mais...

_ Coisa que eu faria, dormir é tão bom, tão gostoso mesmo. 

_ Tá uma bela de uma ursinha, só pensa em dormir.

_ Diz isso porque onde você encosta você dorme e choro nenhum te acorda.

_ Tô de férias. -brinquei.

_ E eu de licença, engraçadinho. Você vai jantar? Minha mãe disse que tem fricassê no forno, salada e arroz na geladeira.

_ Tô é com frio, isso sim. Já venho. -fui até o quarto  dela buscar uma blusa de moletom, peguei uma coberta e desci.- Pra você.

_ Obrigada, te amo. Como sabia que eu ia querer?

_ Você tem muito frio nos pés e está sem meias.

_ Ah é. -riu.



Narrado por Maria Luísa

Era eu quem mais agitava as férias com os meus avós, mas depois de duas semanas e meias longe, as horários desencontrando ao tentar falar com os meus pais ou o Rique, eu já ficava com saudades de casa. Lógico que aqui nós passeamos muito, é outra rotina, mas eu queria minha casa, meu cachorro e meu namorado, meus avós também. Dona Marizete está de férias da gente, mas sempre mandava uma mensagem.


_ O que foi hein? -Melissa perguntou deitando em cima de mim na cama e tirando meus fones.- Tá muito quieta.

_ Saudades de casa.

_ Eu também, mas demoramos tanto pra vir pra cá. 

_ Eu sei, eu amo vir pra cá, mas a rotina muda muito. Mas tô bem.

_ Mesmo? Fiquei sabendo de uma balada das boas aqui, se anima?

_ Se lá no Brasil eu não entro imagina aqui, tá doida?

_ Já falei com o vovô, é de um conhecido dele, frequentam o mesmo clube.

_ Melissa, se o papai souber estamos lascadas.

_ Só iremos eu, você e o Leo. Vai ser tranquilo.

_ Não sei.

_ De qualquer forma, eu vou. Parece ser tudo de bom lá, eu pesquisei e tudo mais.

_ Tá, a vó não vai ficar brava não né?

_ Acho que não, o vovô aceitou numa boa, mas me fez prometer que ficaríamos de olho em você.

_ Como se fosse preciso. -dei risada.

_ Isso foi um sim?

_ É, foi. Vou tomar um banho.


Fiquei realmente animada, minha primeira balada norte americana, seria incrível. Fui tomar um banho, lavar os cabelos e então comecei a me arrumar. Deixei um vestido separado, ele era estilo regata com um decote mais aberto e ia colado até um pouco mais da metade da coxa, separei também um tênis branco e fui preparar a make e cabelos.


_ Seu namorado tá sabendo é? -Leo perguntou entrando no quarto rindo.- Porquê olha esse tamanho de roupa.

_ Enorme. -disse pondo minha pulseira, aliança e indo procurar uma blusa na mala.- Minha irmã tá pronta?

_ Claro que não. Está terminando o cabelo agora, nem maquiagem fez ainda.

_ Nossa. E você?

_ Faltam só meus óculos escuros.

_ Vou bem pegar pra tirar fotos.

_ Se eu deixar né, isso sim. -disse sentando na cama.

_ Quer me falar alguma coisa? -perguntei separando uma jaqueta estilo college, eu amava.- Pronto.

_ Estou em desvantagem nesse rolê, melhor ficar de segurança. -brincou.

_ Bem mais fácil nós duas fazermos a sua segurança, Leo.

_ Malu, tá pronta?

_ Sim donzela. -respondi saindo do quarto.- E você?

_ Eu também, vovô vai levar a gente. E na volta podemos pegar um táxi.

_ Combinado.


Meu vô foi o motorista da vez, mas deu mil e um sermões, falou que não precisávamos exagerar com bebidas e para cuidarmos uns dos outros.O lugar não parecia ser muito longe, ficamos por pouco tempo rodando e logo chegamos.


_ Tchau vovô, até mais tarde. -beijei seu rosto e desci.- Então, vamos?

Minha irmã até gostava de sair, mas baladas não eram o forte da Mê. Eu sabia que ela estava indo porque eu e o Leo gostávamos e muito. Seguimos o fluxo até a entrada e assim que chegamos no segurança Melissa passou o contato que nos receberia. 

Não demorou e chegou um rapaz que parecia ter a idade do meu irmão, muito gato, simpático e todo cheiroso. Ele se apresentou e nos entregou uma pulseira, e pediu para acompanharmos ele.

A boate era enorme, o jogo de luzes muito show e o espaço do camarote nem se fala. Um bar de ponta a ponta, bartenders mascarados e preparados os drinks. Pedi o cardápio, escolhi um com um nome divertido e minha irmã me acompanhou. Leo pegou um outro e fomos para a grade.

Era a terceira vez que eu estava em uma balada e foi a melhor noite da vida, sério. Eu aproveitei todos os segundos, os DJs que passaram pelo palco eram demais e quando deu a hora de irmos embora eu me dei conta do quanto estava cansada.  


_ Ainda não sei como tem gente que vai o final de semana todo pra balada. -comentei.

_ É muito bom, eu ia muito. É que sua irmã não gosta.

_ Mas nunca te impedi de ir, até vou às vezes.

_ Muito as vezes mesmo. -riu.

_ Eu prefiro reunir os amigos em casa, são poucas pessoas, estamos mais a vontades...

_ Não tenho uma real opinião sobre isso ainda não. Sei lá, é legal sair. Também é legal reunir a galera em casa... mas viajar e curtir em outros lugares é dez. Estou sonhando com a viagem de formatura.

_ Já? Ainda faltam dois anos.

_ Um ano e meio. -corrigi minha irmã.- Nossa destino será Cancun, cinco dias em Cancun. 

_ Viagens de formatura são sempre uma delícia.

_ Viagem entre amigos são fodas, rola de tudo. -Leo comentou todo eufórico e minha irmã fechou a cara, ri muito.- Você já viajou comigo e os meus amigos.

_ Eu sei, mas tô pensando nas suas viagens sem mim. -disse séria.

_ Não loira, que isso. -abraçou ela de lado e beijou seu rosto.- Pensa nisso não.

_ Como não? Você era um safado Leonardo, um safado.

_ Começa não loira, passado é passado.

_ Agora "passado é passado". -disse cruzando os braços, eu peguei o celular e fui olhar as notificações enquanto nosso carro não chegava.

O que demorou quase dez minutos, mas também quando eu entrei, e me acomodei, dormi que nem vi qual foi o trajeto de volta.