{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Capítulo 285

Narrado por Fernanda
Fim de férias, a caminho de casa. 
Luan e eu estávamos cansados, dormimos boa parte de voo e acordamos minutos antes de nossa aterrissagem. Ainda estava cedo, madrugada bastante fria em São Paulo. Pedimos um táxi direto pra casa, chegando fui tomar um banho pra esquentar e em seguida pulei na cama e dormi por horas e horas sem me preocupar com horário pra acordar.

_ Vida, acorda... seu celular tocando. -Luan me cutucou e abri os olhos toda lenta, segui o som e levantei para atender.- Alô?
_ Mãe, boa tarde. Tudo bem?
_ Oi filha, tudo bem e com vocês?
_ Estamos bem, vovô pediu pra ligar avisando que não vamos conseguir embarcar hoje. Teve uma tempestade de neve aqui e o aeroporto está fechado.
_ Tudo bem Malu, conseguiram reagendar as passagens?
_ A secretária do vovô está vendo isso.
_ Qualquer coisa me avisem, tá bom?
_ Tá bom, beijos.
_ Beijos, amo vocês. -e desligamos.- Amor, quer levantar? 
_ Não, tá tão bom aqui. -disse virando pra mim e abraçando minha cintura.- Quem era?
_ Malu. Eles não voltam hoje, aeroporto fechado por conta da friaca novaiorquina.
_ Só estamos nós então?
_ Se o Arthur não voltar hoje, sim.
_ Hmmm... -grunhiu.- Quer dormir mais um pouquinho não?
_ Quero. -tambem o abracei e dormimos por mais um tempo. 

Tempo o suficiente para eu acordar e me dar conta de que estava sozinha na cama. Banheiro estava com a luz acesa, mas a porta não estava fechada, continuei deitada e não demorou para o meu marido sair com uma toalha enrolada na cintura e a outra apoiada nos ombros.

_ Descansou vida?
_ Uhuum.
_ Quer levantar não?
_ Vai me levar pra jantar?
_ Não exatamente. -riu.- Dudu nos convidou para a noite do fondue.
_ Mas eu tô com fome de comida amor, falou pra ele que a gente ia?
_ Disse que ia te acordar primeiro. Mas não é agora, agora. É ali por umas dez.
_ E agora são?
_ 18h37. 
_ A gente passa em algum restaurante antes. -sugeri.
_ E depois vamos pra lá?
_ É amor.
_ Tá. Onde a senhorita deseja ir?
_ Hmmm, Coco Bambu. O que acha?
_ Acho ótimo, vai se arrumar agora?
_ Por acaso você está me acelerando amor?
_ Jamais, eu só estou quase pronto.
_ Entendi, estou indo para o meu banho.
_ Tô vendo bem o banho que cê tá indo tomar. -riu e foi para o closet. Levantei sem pressa alguma, arrumei a cama e então fui para o banheiro. Não lavei os cabelos, porque não queria secar, foi uma ducha rápida.- Azul marinho ou essa vinho? -perguntou ao me ver sair.
_ Isso não é vinho, é marsala. 
_ Pra mim é tudo a mesma coisa.
_ Mas não é, vai combinar com aquele seu tênis preto.
_ Tá, sei qual é.
_ Vai ficar lindo, vou me trocar.
_ Não demora, não precisamos chegar lá tarde.

O senhor atrasado pedindo para que eu não demorasse, dei risada e fui me vestir. Minha escolha da noite foi um body de mangas compridas, uma calça jeans e uma jaqueta na mesma cor que a polo do Luan. Calcei uma bota e fui para parte dos acessórios, pulseiras, meu relógio e troquei o par de brincos por outro um pouco maior. Penteei os cabelos, fiz um coque alto. Escolhi o perfume e finalizei com uma bolsa pequena, preta. 

_ Amor, estou pronta. Bonita? -perguntei sorrindo.
_ Como sempre, linda. -me deu uma juntada.- Cheirosa também. 
_ Obrigada amor. Te amo, podemos ir.
_ Põe na sua bolsa, vida. -disse me entregando a carteira enquanto estávamos descendo as escadas.
_ Tô com saudades dos meus filhos, olha esse silêncio amor.
_ Tá perfeito, dá pra namorar em cada canto dessa casa até eles voltarem.
_ Não seria uma má ideia, mas temos compromissos.
_ Tudo bem. Mas vamos de Ferrari, e eu de piloto.

Um homem com o seu brinquedo não quer guerra com ninguém, e eu sabendo disso, apenas o segui. Entramos no carro, ele deu partida e rumamos o restaurante que não ficava tão longe de casa. Era dia de semana, e mesmo sendo época de férias, estava bem tranquilo. 

_ Boa noite, já sabem o que pedir?
_ Nem sei por onde começar, mas quero um... -Luan nem precisou abrir a boca, fiz meu pedido e o dele, e ainda escolhi as bebidas.- Amor, tô amando todos esses nossos dias grudadinhos, mas tô morta de saudades dos nossos filhos.
_ Eita mãezona coruja.
_ Sou e não nego. Como vai ser quando todos eles estiverem casados?
_ Nem tô pensando nisso, quem tá um passo de casar é a Melissa e por enquanto só.
_ Sim, depois o Arthur... Malu...
_ Maria Luísa não casa tão cedo. 
_ Ué, e por quê não?
_ Vida só namorando está de bom tamanho.
_ Depois eu que sou ciumenta.
_ Muito mais que eu, e você sabe que não é mentira minha.
_ Fica quietinho, fica.
_ A verdade dói, é?
_ Luan, vai a merda, vai.
_ Não é amor mais?
_ Amor, vai a merda, vai?
_ Vou mexer não que cê tá com fome.
_ Bem lembrado. -peguei meu celular olhei a hora e voltei a guarda-lo na bolsa.- Só nós vamos pro Dudu?
_ Não, vai uns outros amigos nossos. 
_ Ah tá. Amor, vamos fazer um almoço lá em casa amanhã?
_ Por quê?
_ Quero ver seus pais, minha neta e meu cachorro.
_ Almoço ou churrasco?
_ Almoço. Coisa simples.
_ Certo, eu topo.
_ Ótimo. 

Nosso jantar chegou e nos deliciamos, comi com tanta vontade que o Luan até riu de mim, mostrei o dedo do meio. O restaurante não estava lotado, ficamos a vontade para terminar nossa refeição. Paguei a conta, saímos de mãos dadas e seguimos para a casa dos Borges. E no caminho uma viatura deu farol alto, Luan estacionou e esperamos os policiais virem até nós.

_ Boa noite, habilitação e documento do carro. -todo sério.
_ Boa noite. -peguei a carteira do Luan e entreguei o que ele pediu. Tudo certo, fomos liberados e por fim, chegamos no Dudu.
_ Sempre estilosa, não é? -disse Soraya me cumprimentando, ela estava linda.- Fiquem a vontade.
_ Pra você. -falei entregando o vinho que havíamos comprado.
_ Ah, obrigada! Entrem. -nos deu espaço.- Tudo bem Luan?
_ Ótimo minha linda.
_ Eduardo está lá fora com os rapazes.
_ Fui. 
_ Dinda! -Bernardo veio correndo e abraçou minhas pernas.
_ Oi meu amor, que saudades de você. 
_ Eu também, a mamãe trouxe a Marina! E ela não está dodói mais. -contou enquanto íamos para a sala, onde encontrei a Isa e outras duas amigas da Sô.
_ Oi princesa, como você está linda. -Marina veio toda risonha para o meu colo, me enchendo de beijos.- Tudo bem Isa?
_ Ótima. Como foi a viagem?

Há algumas semanas eu não me encontrava com a Isa, então tínhamos muito o que colocar em dia e aquela noite foi a oportunidade perfeita. Claro que acabamos falando de outros assuntos, por estarem mais pessoas presentes e estava sendo uma delícia. Nada de rotina, ainda em ritmo de férias.



Narrado por Maria Luísa
Ficamos em Nova Iorque mais tempo que o esperado, mas foi gostoso, ficamos em casa e juntos. Alguns jogos de tabuleiros, cartas e tomamos chocolate quente com marshmallows. Cada dia teve seu momento especial, mas eu estava com muitas saudades de casa e quando desembarcamos em São Paulo, embora estivesse cansada da viagem, meu sorriso ao ver meu vô Amarildo foi enorme e eu entrei da frente da Nena para abracá-lo bem forte.

_ Vô eu te amo, e estava cheia de saudades!
_ Eu também estava, de cada um de vocês. -disse me soltando devagar e cumprimentando os outros.
_ E meu pai, cadê? -perguntei.
_ No carro, o movimento por aqui estava grande, como o Well está de folga achamos melhor assim.
_ Pensei que ele estivesse dormindo.
_ Ele sempre dorme. -Melissa disse rindo.- Vamos? Quero muito minha casinha, comida da minha mãe e deitar descalça no meu sofá.
_ Vovô me leva no colo? -Nena pediu e ele levou. Seguimos carregando as malas, o carro do meu pai estava a nossa espera. Socamos tudo no bagageiro, entramos no carro nos acomodamos e partimos.
_ Pai eu juro que quero esmagar o senhor de tanto abraçar, mas eu espero chegar em casa.
_ Rapaz, me aperta não uai. -brincou.
_ Até eu sogrão, preciso te dar os parabéns. Aguentar essas três juntas dá não.
_ Sem graça. -Mê deu um tapa nele.
_ Palavra sogrão, confia.
_ É que cê num viu quando a mãe tá junto.

Estava cedo, perto do horário de meio-dia na verdade. O trânsito estava tranquilo, chegamos em quase quarenta minutos, vovô disse que o almoço estava pronto e nos esperando. Foi o tempo de descer do carro, abraçar meu pai, entrar, abraçar o Thor, minha mãe e minha vó, lavar as mãos e ir comer.

_ Aproveitaram as férias?
_ Ai vó, muito, muito mesmo. -falei.- Tudo bem que dessa vez o voo pra Orlando pareceu uma eternidade, minha bunda doeu de ficar sentada naquela poltrona, mas valeu a pena.
_ E a casa nova?
_ Meu vô é muito exagerado. Ele comprou uma casa maior que essa. -Mê contou.- Muitos quartos, salão de jogos, piscina e sem contar que a sala de estar e cozinha eram imensas.
_ Eu achei mil vezes melhor que ficar em hotel. 
_ Porque é uma preguiçosa e adora ficar de pijama até tarde.
_ Claro, estava de férias Melissa, férias!
_ Desculpa pra ficar desarrumada.
_ Sim, mãe. Melissa se maquiou todos os dias da viagem, todos. -contei.
_ Eu iria passear, e isso fizemos muito. Foram poucos os dias em que realmente ficamos em casa, fazendo nada. Até trabalhar com o meu vô eu fui. -contamos sobre a viagem, mas também estava precisando de descanso, então fui pro meu quarto. Coloquei um pijama e cama.
Dormi por um bom tempo, acordei com o celular tocando muito e várias vezes seguidas
_ Alô?
_ Te acordei né?
_ Uhum.
_ Quer voltar a dormir?
_ Sim. -ele riu.- Te amo tá?
_ Também amo você. -desliguei e voltei a dormir, mas não durou muito, alguém entrou no meu quarto e subiu em cima de mim, beijando meu rosto.- Hmmm...
_ Parecendo uma gata grunhindo. -riu.- Acorda Malu, vim te ver.
_ Horas?
_ Muito tempo de sono. -disse me dando um selinho e se levantando.- Acordou?
_ Acordei mais ou menos. Estava ligando pra avisar que vinha?
_ Mais ou menos. Mas você me dispensou.
_ Só atendi porque estava tocando muito. Você poderia ter ligado pro meu irmão, ele ia falar que eu estava dormindo.
_ Tá, tô indo embora então. -disse e ia saindo, levantei correndo e pulei nas costas dele antes que alcançasse a escada.
_ Eu tô com muitas saudades de você. -falei prendendo minhas pernas na cintura dele.- Mas estava com sono também, só isso. Não vai, por favor.
_ Eu não ia, ia só descer pra tomar água. 
_ Não acredito que corri a toa.
_ Medo de me perder.
_ Besta, me dá um beijo vai. -desci e assim que Henrique virou nos beijamos. O beijo com saudades era tão mais gostoso, demorado, com pegada... quando as mãos dele alcançaram minha cintura, pulei em seu colo e segurei em seus cabelos, continuamos o beijo e toda aquela coisa quente até escutarmos Helena chamar meu pai.
_ Papai a Malu tá se agarrando aqui oh, tá mostrando tudo a calcinha dela! -gritou da ponta da escada, desci do colo do Rique rindo.
_ Ainda reclama de ser filho único? -perguntei cochichando.- Vou tomar um banho, já venho. -dei um selinho nele e corri de volta para o quarto.
Joguei uma água rapidinho no corpo, escovei os dentes e sai enrolada na toalha. Vesti um pijama de frio, meias e pantufas, estava pronta.
_ Quantos anos você tem mesmo?
_ Sem graça. É lindo.
_ Combina com a pantufa. -sentei em seu colo e no primeiro beijo meu pai estava "tossindo", olhei e ele cruzou os braços até eu me sentar na poltrona.
_ Foi mal pai.
_ Tô subindo, juízo. Os dois.
_ Boa noite pai.
_ Boa noite sogro. Boa noite sogra.
_ Ótima noite pra vocês. Vem Helena, vamos deitar.
_ Tchau Henrique, boa noite Malu. -beijou o rosto dele e foi pro colo do meu pai.
_ Tá com fome? -perguntei e ele negou.- Eu tô, preciso comer.
_ Trouxe uma coisa pra você.
_ O que? É de comer?
_ Não, mas é sabor morango. -deu risada.
_ Esperou eu tomar banho pra querer me fazer suar? Nada disso. Tô indo na cozinha.

Entrei na cozinha e para a minha felicidade o jantar estava pronto. Minha mãe tinha feito macarrão com queijo e filé de frango a milanesa, coloquei meu prato, o suco e fui para a sala.

_ Macarrão com queijo?
_ Sim, minha mãe que fez. Experimenta. -dei um pouco na boca dele.
_ Muito bom.
_ Se quiser, está em cima do fogão.
_ Jantei antes de sair de casa. E antes que eu me esqueça, minha mãe está com saudades.
_ Quando ela voltou?
_ Anteontem. Contou a viagem todinha já, fez um jantar para receber um casal de amigos do meu pai e me fez contar das minhas férias.
_ Ótimas né?
_ Não foram completas. Faltou você.
_ Eu sei, também senti a sua falta, principalmente nas últimas semanas. Mas aproveitei e muito. Aquela balada que eu fui com a Mê e o Leo, maravilhosa.
_ Balada. Aqui não quer ir comigo nem em barzinho, agora com o cunhado.
_ Besta. Nada a ver, foi diferente daqui.
_ Imagino que sim, mas vem cá, conta uma coisa pra mim.
_ O que?
_ Nenhuma cantada?
_ Tiveram, claro. Mas eu namoro, sabe? E estou em satisfeita com o meu namorado. -lhe dei um selinho.- E você, se comportou?
_ Viajei com o seu irmão.
_ E com a Camila, Matheus, Aline... as amigas dela e mais um monte de gente.
_ Temos amigos em comum, por isso ela foi. Mas fica tranquila, só fui educado.
_ Não gosto dela. -falei e ele ficou quieto.- Tudo bem que quando um não quer, dois não brigam, mas não vou com a cara.
_ Vocês nem nunca conversaram, ela não é chata. -revirei os olhos.- Mas vamos deixar a Aline pra lá, vamos matar a saudade não é?
_ Uhuum, vamos. -terminei de comer fui deixar as louças usadas na cozinha e na volta decidimos ir para o meu quarto. Ali Henrique ficou bem mais a vontade, tirou o tênis, a touca e foi para a cama. Já eu primeiro fui escovar os dentes para depois voltar para o quarto e tirar minha pantufa.- I que gostoso ficar assim com você. -abracei sua cintura e deitei a cabeça em seu peito.
_ Fez falta seu carinho. -disse alisando meu cabelo.- Seu cheiro.
_ Deveria ter ido com a gente. Meu vô perguntou de você.
_ Eles estão bem?
_ Sim, ótimos. Tanto ele quanto minha vó. -falamos um pouco dos nossos familiares, da última semana e terminamos tirando a roupa. Sim, eu estava com saudades de fazer amor com o Rique, sentir ele grudado em mim.- Isso...
_ Não faz barulho. -sussurrou sorrindo.- Quer ir por cima?
_ Aham! -trocamos de posição, ele sentou encostado na cabeceira e eu me ajeitei sentando de frente pra ele. Senti ele mais fundo, e não contive o gemido.
_ Pelo amor de deus, alguém vai acabar escutando. -sussurrou outra vez, dei risada.
_ Tá bom. -o beijei e continuamos, apoiei em seus ombros e foi ainda melhor. Henrique me deixava tão a vontade e eu estava com tanta saudades que não liguei nem para o cansaço nas pernas, que ficaram trêmulas quando gozei, e deixei meu corpo cair sobre o dele. Achei tão lindo quando ele segurou meu rosto e me beijou, todo gostoso esse meu namorado.
_ Eu te amo demais Maria Luísa.
_ E eu amo você Henrique. -voltei a beijar aquela boca vermelha e um tanto inchada. Nos deitamos e joguei uma das pernas por cima dele e estava sorrindo quando meu celular começou a tocar, olhei e era a Mê.- Pois não...
_ Liguei pra você trancar a porta, porque a cena que eu vi.
_ Aí que vergonha, Melissa!
_ Pois é, poderia ter sido a mãe. Enfim... boa noite pra vocês. -e desligou.
_ O que foi?
_ Melissa entrou aqui e nem vimos, que vergonha.
_ Estávamos bem ocupados. -me deu um selinho, e levantou pelado pra fechar a porta.- Ah! Tô com sede, tem suco?
_ Pega lá gatinho, traz água pra mim também?
_ Tá. Tem alguma bermuda minha aqui?
_ Tem, eu acho. -levantei, vesti meu moletom e a calcinha, fui procurar pelas gavetas e achei uma samba-canção.- Aqui.
_ Valeu. -Henrique saiu do quarto e eu fui arrumar a cama, coloquei o celular pra carregar e peguei o controle da TV.- Seu pai estava lá na sala com cara de poucos amigos. 
_ Quero nem ver. -ri.- E minha água?
_ Não desci, tá doida? 
_ Henrique! Você voltou com sede? -ele assentiu.- Não acredito. -revirei os olhos e coloquei minha calça, pantufas e desci.- Sem sono gatinho?
_ Sua mãe é maluca.
_ O que ela fez?
_ Me colocou pra fora do quarto, e eu não fiz nada.
_ Mentiroso, safado! Seu sem vergonha. -olhei pra trás e ela estava na escada, de braços cruzados, soltando fogo.- Ele é um ordinário.
_ Okay, vocês precisam se resolver, eu vou tomar água.
_ Sede no meio da madrugada é?
_ Pai, beijar na boca deixa a garganta seca.
_ Ele tá no seu quarto é?
_ Sim, veio dormir comigo. -ele ia perguntar mais alguma coisa, mas voltou a ficar em silêncio. Fui pra cozinha, tomei água, peguei o suco pro Henrique e subi.
_ Tudo certo?
_ Ele e minha mãe discutiram, o motivo eu não sei não.
_ Ainda bem que ele não me viu. Tinha suco?
_ Tinha, aqui. -entreguei e fui ao banheiro, quando voltei ele já estava deitando com o controle na mão.- Filme ou série?
_ Filme. Posso escolher?
_ Pode, não sendo de terror...
_ Aquele que você gosta. A princesa e o sapo.
_ "Eu tô verde, eu tô gosmenta." -imitei a Tiana.
_ "Não é gosma, é muco." -completou rindo.- Muito bom.
_ É lindo, eu amo. -nos ajeitamos, e assistimos o filme inteirinho, depois colocamos um de romance e no terceiro eu já estava dormindo. Não sei até que horas Henrique ficou acordado, mas na manhã seguinte quando acordei a TV estava desligada e ele dormindo pesado.
_ Ei casal, acordados? -minha mãe perguntou da porta.
_ Bom dia mãe. Eu tô, já a preguicinha aqui ainda não.
_ Estou terminando de colocar a mesa viu.

Aquela foi a deixa para eu me levantar e ir lavar o rosto, escovar os dentes e prender meus cabelos. Voltei para o quarto, ainda estava com frio, então nem troquei de roupa. Tentei acordar o Henrique que só abriu os olhos, me deu um beijo e voltou a dormir. Então deixei ele lá.

_ Bom dia família.
_ Ótima dia né Maria Luísa?
_ Sim, minha noite foi maravilhosa. A sua não?
_ Não como eu gostaria. -dei risada.
_ Arthur quando minha neta vem pra cá?
_ Julia mal tá falando comigo, mas fácil a senhora ir lá.
_ Foi feia a coisa então hein. -comentei.- Pra ela que fica te lambendo não tá falando com você.
_ Cuida?
_ Malu, minha filha.
_ Ué, tô mentindo? 
_ Para de pôr pilha vai. -meu pai falou rindo.- Já já os dois se acertam. 
_ Aí irmão eu te amo, mas no lugar da minha cunhada eu ficaria muito chateada. -Mê falou fazendo bico.- Poxa, custava ter falado com ela?
_ Foi de última hora
_ Mesmo assim.

Os dois começaram a conversar e minha mãe bem aproveitou a deixa pra dar aquele sermão no meu irmão que não falou um "a", escutou foi tudo e sem fazer cara feia. 


Narrado por Julia
Arthur passou uma semana e mais alguns dias na praia, não procurei saber como estava, mas ele todos os dias dava alguma satisfação, e eu não respondia. Não me interessava saber.
Minha mãe quis tocar no assunto e eu fingi não perceber, meu pai até tentou um sermão e eu fiz o mesmo. Simplesmente evitei o assunto e foi assim até a volta.
Tanto ele quanto as meninas e meus sogros voltaram para São Paulo. Melissa me ligou, perguntou como estávamos, disse que estava com saudades e que iria nos visitar. 

_ Oi princesa, acordou é? -ela sorriu.- Bom dia meu amor, bom dia. -cheirei seu pescoço e fui amamentar. Era um dos nossos momento da manhã. Primeiro eu tomava café, depois amamentava e então íamos tomar sol e pra fechar a manhã, um banho.
_ Eita que cheiro gostoso de princesa da vovó.
_ Ela fez cocô até a metade das costas mãe.
_ Saúde né neném.
_ Sim, muita. E hoje teremos visitas.
_ De quem?
_ Minha cunhada vem aqui, mandou mensagem mais cedo.
_ E vem só ela, é?
_ Não. Ela e o Leo, e talvez a Maria Luísa.
_ Já sei até o que eu vou fazer de almoço. 
_ Sei que se fizer arroz e ovo vai ficar uma delícia.
_ Ligar pro seu pai e agora. -disse saindo do quarto. Terminei de ajeitar Sophia e descemos.- Seus sogros vem também?
_ Acho que não mãe, pelo menos ela não disse nada.
_ Não quer confirmar? Assim faço mais comida para o almoço.
_ Vou ligar para ela. -coloquei Sophia no carrinho e peguei o celular, liguei pra Mel e esperei chamar. Assim que ela atendeu nos cumprimentamos e eu fiz a pergunta, ela disse que iria perguntar a eles e me retornava. E por fim, eles viriam.

Era bem mais comum eu ir para lá do que eles virem aqui pra casa, então quando vinham, minha mãe fazia disso um evento, conseguia ser ainda mais caprichosa e eu a ajudava. 

_ Mãe, preciso de um banho. Estou toda descabelada, cheirando leite também. E agora alho. -comentei rindo.- Ou a senhora quer ir primeiro?
_ Pode ir, quando voltar, eu vou. 
_ Tá bom. 

Subi e tomei um banho rápido. Coloquei uma jardineira e regata, chinelos e estava pronta. Quando desci minha mãe estava com a Sossô no colo.

_ Chorando? -perguntei.
_ Com todo o fôlego. -disse rindo.
_ Ei mamãe o que foi? -ela estava toda beiçuda, com as lágrimas nos olhos. Sentei, ela mamou até não querer mais, ficou até mole.
_ Prontinho? Estou indo tomar banho.
_ Tá bom mãe. Pode ir tranquila. -ela subiu e uns minutos depois a campainha tocou, levantei com a bebê ainda no colo e acordada para atender a porta.- Oi, oi. -os cumprimentei, e fui dando espaço para que entrassem.
_ Oi Ju, oi princesa da titia.
_ Oi cunhada. -Leo foi o segundo, meus sogros e Arthur por último.
_ Tudo bem?
_ Comigo sim e você?
_ Com saudades.
_ Hm. -ele entrou e fechei a porta.- Fiquem a vontade, o almoço está quase pronto.
_ Fica tranquila, tomamos café tarde. -Fernanda disse.- Estava cheia de saudades dessa pequena. Me dá minha neta Melissa. -pediu estendendo os braços. Melissa deu risada e entregou a sobrinha para a mãe.- Tô tão linda vovó, uma gatinha com essa faixa. 
_ Aproveitar enquanto ela não tira (risos).

Uma coisa que eu descobri depois de mãe é que nunca faltaria assunto quando fosse conversar com outras mães ou sobre os filhos. Minha sogra e cunhada estavam sempre perguntando algo, observando as mudanças da Sophia e com isso tivemos papo durante toda a visita, foi muito gostoso. Almoçamos assim que meu pai chegou, e depois da sobremesa voltamos para a sala.

_ Ih, quer a mamãe. -Helena falou esticando os braços.- Tá chorando.
_ Já venho, vou trocar a fralda dela.
_ Vou junto. -Melissa se ofereceu e subiu comigo.- E aí cunhada, e você e meu irmão?
_ Continuo chateada com ele. -falei.- Eu sei que foi a primeira vez, mas tenho receio de que seja assim sempre ou então na maioria das próximas vezes.
_ Ele foi um cabeçudinho, af.
_ Eu entendo ele querer sair, eu também quero. Só que tenho me restringido de algumas coisas, mas sempre fui muito aberta com ele.
_ Queria que ele tivesse ficado?
_ Queria que ele tivesse conversado comigo sobre ao invés de só me comunicar. Seria diferente. 
_ Você iria?
_ Não, mas não teria sido pega de surpresa. Sei lá. -dei de ombros.
_ E aí não se falaram mais?
_ Não sobre o assunto. Ele não acha que errou, e eu não quero ter que ficar pontuando coisas sabe?
_ Te entendo. Meu irmão nunca vacila, mas dessa vez ele deu uma escorregada, até minha mãe falou isso pra ele.
_ Mas eles não brigaram né? -perguntei preocupada e ela riu negando.
_ Mas ele bem que merecia uma bronca. -riu ainda mais.- Posso trocar essa boneca?
_ Claro titia, pode sim.
_ Melissa deixa eu ver tamém. -pediu Helena.
_ Mas sem mexer nas coisas.
_ Tá né. -Melissa soube trocar muito bem a sobrinha, Sophia ficava atenta e Helena sempre de olho. Terminamos e voltamos para a sala, onde ficamos por mais um tempo e então eles disseram que iriam embora.
_ Podem voltar mais vezes, muito bom recebê-los aqui.
_ Fala isso não que a muié vai querer vir todos os dias. -meu sogro disse brincando. 
_ Estaremos aqui. 
_ Arthur, vai ficar? 
_ Vou sim, vão com Deus.
_ Juízo, os dois. -e entraram no carro, saindo em seguida. Ficamos nós três na sala, em silêncio.
_ Não fica assim comigo.
_ Assim como?
_ Bebê você nunca foi fria comigo, sempre carinhosa, preocupada e receptiva. Tô me sentindo um estranho, tô com saudades. -falou sentando na minha frente e segurando minhas mãos, olhando nos meus olhos.- Nós nunca nem brigamos.
_ E também não estamos brigando agora.
_ Vamos ficar nessa? -perguntou e eu não respondi, então ele me deu um beijo na testa, fez o mesmo com a Sophia e foi embora.


Narradora
Arthur estava sem jeito, achou melhor ir para casa e chegando na mansão encontrou seus pais conversando sentados no sofá.

_ Ué, mas não disse que iria ficar? 
_ Julia está estranha, tá fria comigo e eu não tô me sentindo bem. -falou suspirando e indo em direção ao quarto, no andar superior da casa.
_ Amor, vai lá, conversa com ele.
_ Mas não tem o que falar.
_ Luan! Eu não estou acreditando.
_ Uai, nem sempre eu sei o que dizer. -Fernanda revirou os olhos e foi se levantando do sofá, calçou os chinelos e subiu.- Filho? -chamou batendo na porta.
_ Tá aberta, entra aí mãe. -Fernanda entrou e o encontrou de cueca, parado na porta do banheiro.
_ Quer me contar o que está acontecendo?
_ Nem eu sei. Ela está chateada, mas não fiz nada de errado. Eu viajei com os meus amigos, Julia nunca foi ciumenta mãe. Não sei o que houve.
_ Senta aqui, vem conversar com a mamãe. -disse se sentando na cama e batendo com a mão no colchão.
_ Fala dona Fernanda, fala que eu tô errado.
_ Não é que você esteja errado, só está vendo  situação de um ângulo diferente.
_ Metáfora?
_ Não filho. Assim. -se ajeitou, ficando mais próxima dele.- Uma mulher quando engravida passa por processos desde essa descoberta. E além das transformações físicas, passa por transformações psicológicas. E quando a criança nasce é a mesma coisa. Porque muda completamente a rotina, nós amadurecemos, mas as vezes ficamos inseguras com o corpo e isso mexe demais com a autoestima. Você já parou pra pensar que ela pode não ter ido porque está, sei lá, acima do peso. Eu poderia ficar horas e horas aqui falando, mas também não posso encher sua cabeça de coisas.
_ Não pensei por esse lado. E o que eu faço?
_ Arthur, eu sou sogra da Julia, o namorado dela é você.
_ Tá, vou pensar em alguma coisa.
_ Olha bem, minha neta tem só três meses. Usem camisinha. -ele não demorou a ficar vermelho, e deu graças à Deus quando Luan abriu a porta.
_ Tá bom o papo aí né?
_ Um monólogo, ele só balançava a cabeça. Boa noite filho, te amo viu. -beijou sua testa e saiu.
_ Tudo certo?
_ Sim amor, vamos dormir. Tô com preguiça hoje.
_ Não quer namorar?
_ Queria mesmo deitar na cama bem relaxada e você me chupar muito até eu gozar e dormir feliz de pernas bambas e trêmulas. -ofegou de olhos fechados, apertando os braços dele.- Essa é a minha vontade.
_ E eu?
_ O que tem você?
_ Não ganho nada.
_ Meu prazer, minha satisfação, meus gemidos.
_ Tá certo, certinho. Bora lá resolver isso.
_ Isso? Vou tomar meu banho, não vem atrás de mim. -Luan deu risada, tirou a camisa e deitou na cama. Fernanda tomou seu banho sem pressa, passou óleo por todo o corpo, enxaguou e saiu. Seu perfume exalando por todo o quarto, entrou no closet e ainda passou hidratante, perfume vestiu uma camisola bem fininha.
_ Êta mulher cheirosa rapaiz.
_ E de pele macia. Vai tomar banho não?
_ Tô fedendo?
_ Não vida, só perguntei.
_ Estava esperando você sair já que trancou a porta.
_ Uma mulher precisa de um momento só dela. É terapêutico.
_ E é?
_ Bobo. 
_ Te amo, não dorme. 


Narrado por Fernanda
Seria uma boa ter ficado acordada, porém a cama estava lindamente me abraçando, não resisti e peguei no sono antes mesmo que ele saísse do banheiro. Estava precisando relaxar, e foi o que fiz.
Assim que o dia amanheceu meu despertador, Helena, acordou.

_ Mamãe, tô com fome. -falou me cutucando.
_ Bom dia meu amor, dormiu bem?
_ Sim, mas agora eu tô com fome. -dei risada.
_ Cinco minutinhos pra mamãe?
_ Mas mamãe. -passei as mãos pelo rosto, sentei na cama ajeitando os cabelos, pisquei algumas vezes e levantei. Calcei meus chinelos, coloquei meu roupão e saímos do quarto deixando Luan dormindo.
_ Sabe que horas são? -perguntei bocejando.
_ Sim, hora de comer.
_ E você nem o pijama tirou ainda. Vamos lá.

Voltamos ao quarto dela, pedi para que fosse lavar o rosto e escovar os dentes enquanto eu separação uma troca de roupa. Calça de moletom, camisa de manga comprida e meias. Assim que saiu do banheiro, foi se trocando, ajudei com os cabelos e esperei que ela colocasse o pijama no cesto de roupa sujas. Ainda ajudei arrumar a cama e descemos.

_ Bom dia Maria.
_ Bom dia Fernanda, bom dia minha pequena.
_ Bom dia Ma! Hoje tem bolo?
_ Eita que alguém acordou com fome.
_ Parecendo que dormiu amarrada. -comentei.- Não me deu sossego até eu levantar e descer com ela.
_ Eu tô com fome, ela não entende eu Ma. -ajudei Maria colocar a mesa do café, servi minha caçula comilona e coloquei café preto em uma xícara pra ver se acordava.- Mamãe, o que a gente vai fazer hoje?
_ Eu não sei, o que a senhorita quer fazer?
_ Salão de beleza! 
_ A mamãe pinta sua unha.
_ Mas você nem tem aquele esmalte verde mamãe, só a Rita.
_ Vou ver tá bom.

Enquanto estávamos tomando café Thor acordou com todo o gás, pegou a coleira e jogou nos meus pés. Ou seja, comecei meu dia sem chances de voltar para a cama.

_ Ei garotão, nós já vamos. Helena ainda está comendo.
_ Terminei mamãe. Vamos!

Toda manhã íamos até o parque do condomínio, era uma caminhada rápida. Até porque espaço não faltava em nosso quintal. Quando voltamos troquei a água e coloquei a comida pro Thor, e fui para o quarto.

_ Bom dia amor, acorda. -chamei baixinho enquanto dava beijos no rosto dele todo.- Hein preguicinha, vamos levantar.
_ Hm.
_ Helena está sozinha com Thor lá fora, Maria está ocupada e eu preciso de um banho e resolver algumas coisas. 
_ Vida, ela está em casa.
_ Continua dormindo então. -falei indo em direção ao banheiro, tirei a roupa e assim que entrei no box ele abriu a porta e foi usar o banheiro.- Não ia dormir?
_ E você deixa?
_ São quase dez horas Luan.
_ E eu tô de férias ainda.
_ Então volta a dormir. -falei ligando o chuveiro e ignorando-o. 

Banho tomado, estava trocada. Estava com uma demanda da empresa para dar conta, e pensei em ir pra lá antes do almoço. Arrumei minha bolsa e desci.

_ Julia?
_ Oi, bom dia Fernanda. -ela sorriu sem jeito, estava com a Sophia no colo.
_ Bom dia, está tudo bem? -perguntei deixando minha bolsa no sofá e indo cumprimentar minha neta.- Oi vovó, bom dia.
_ Estamos bem. Arthur queria sair comigo, mas minha mãe não vai estar em casa hoje e ele disse que não tinha problema e que você ficaria com a Sossô.
_ Ele o quê? 
_ Mãe? Onde a senhora está indo essa hora? Não ia ficar em casa hoje?
_ A pergunta aqui não é essa. -falei séria, cruzando os braços.
_ Mãe, a Maria está chamando a senhora na cozinha. -falou piscando pra mim, descruzei os braços e o segui.- Julia não sabia que eu não tinha contado pra senhora, ela nem queria vir se quer saber. Justamente pra não dar trabalho.
_ Cuidar da minha neta não seria trabalho algum, desde que eu soubesse que elas viriam. E agora? 
_ Você falou pra eu me acertar com ela, estou tentando.
_ Pra onde vocês vão?
_ A senhora quer mesmo saber?
_ Ah meu Deus, não! Eu não precisava. Filho, nem tudo se resume a sexo.
_ Quem está falando de sexo é a senhora. Eu queria passar o dia com a minha namorada, eu e ela, conversar, comer junto...
_ Não vou falar nada pra você. -peguei o celular e liguei pra Isa.- Oi amiga, bom dia. Eu, vou ficar home hoje... isso, muda as reuniões presenciais para confe... os horários podem manter... te ligo mais tarde, beijos. -e desliguei.- Não acostuma, porque eu quando saía avisava antes e perguntava, não era "não tem problema, minha mãe fica com ela". As coisas não são assim.
_ Não vou fazer de novo, eu só agi por impulso.
_ Sei. E posso saber onde é que você vão?
_ Melhor não né? -riu.- Te amo mãe. -e saiu.

Já que não iria para a empresa, passei outra vez pela sala e fui trocar meu look social por um mais casual, mas não tão informal. Quando desci minha neta estava dormindo e no bebê conforto, Julia avisou que as mamadeiras com leite estavam na frasqueira térmica e uma bolsa com roupas e coisinhas assim. 

_ Uai, cê num ia pra empresa? -Luan perguntou ao me encontrar na sala.
_ Seu filho está fazendo comigo a mesma coisa que você fazia com a sua mãe.
_ Meu filho? -perguntou rindo.- Não é nosso mais não?
_ Não foi comigo que ele aprendeu fazer essas coisas.
_ Tá tudo bem? Você está estressada desde ontem de noite. E nós passamos o dia tão bem.
_ Eu sei, estou sentindo que estou desorganizada.
_ Com o que?
_ A empresa amor.
_ Mas você estava de férias.
_ Mas não era minha época de férias mesmo, mesmo. Tô me sentindo meio mal.
_ Ô vida, fica assim não. Quer uma massagem?
_ Quero que você olhe as meninas pra mim. Estou no escritório.
_ Meninas?
_ Amor, a Sossô vai passar o dia com a gente. Tá aqui quietinha dormindo.
_ Tinha visto não. -riu.- Arthur saiu mesmo?
_ Saiu.
_ Vai lá, vai. Mas se chorar eu te levo lá.

Sei que ele não faria isso, sabia que eu estaria ocupada. Entrei no escritório, liguei o note e me concentrei no que realmente precisava ser feito. Tive duas reuniões rápidas, uma terceira mais demorada e por fim a pausa para o almoço.

_ Ei vovó, eu quero mamar, cadê meu tetê? -brinquei com Sophia que estava beiçudinha e com os olhinhos cheios de lágrimas.- Eita bocão.
_ Onde tá as coisas dela?
_ Na cozinha Luan, pega pra mim por favor.

Sossô era muito boazinha, tinha dormido a manhã toda, acordou e eu lhe dei a mamadeira que ela tomou inteira. Deixei a bonita no bebê conforto enquanto a gente almoçava, ela não chorou. Só ficou olhando tudo, sorrindo sozinha.
Melissa apareceu e avisou que iria sair com o Leonardo, Helena terminou de comer e correu pra assistir filme, Maria foi pra casa e eu fui para mais uma reunião enquanto o vovô Luan estava encarregado de cuidar da bebê. O que não deu tão certo assim, ela começou sentir falta da mãe e com isso chorou bastante. Luan foi me chamar duas vezes e na terceira eu encerrei a reunião e fui acudir minha neta.

_ Amor, eu já olhei. A fralda está seca, ela não quis mamadeira também não.
_ Ela quer peito, quer a mãe dela.
_ Ih amor, agora lascou.
_ Liga pra eles, vou dar uma voltinha com ela lá fora. 

Fui conversando, ninando e tentando que ela acalmasse, e deu certo. Sophia dormiu, mas não saberia dizer se por muito tempo. Quando entrei Luan estava bem tranquilo, rindo no telefone e eu balançando a neném.

_ Então?
_ Fora de área ou desligado. -revirei os olhos.- Amor, desmancha essa cara.
_ É a única que eu tenho, a única. 
_ Não adianta ficar brava, uma hora eles chegam.
_ Eu falei alguma coisa?
_ Xiii rapaz, tô lascado mesmo. Senta um pouco.
_ Não, ela vai acordar.
_ Ela é um bebê.
_ Se chorar você vai segurar?
_ Cê tá chata viu.
_ Casou comigo sabendo que eu era assim, insuportável.
_ Mandona.
_ Independente.
_ Mimada.
_ Vai a merda Luan. Dá meu celular aqui.
_ Como quiser patroa, toma. -esticou a mão e quando eu fui pegar tirou.- Brincadeira, toma. -fez de novo.
_ Eu não sei o que tanto você está achando graça, sinceramente, puta que pariu. 

Não sei se eu era quem estava muito irritada ou se realmente Luan estava me irritando, mas não pedi mais. Fui pra cozinha, tomei água e voltei para a nossa varanda. Sophia custou a dormir, e quando dormiu foram por quase duas horas seguidas, mas no colo. Certeza que queria um colinho de mãe, mamar no peito e dormir, mas o jeito seria esperar.






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