Luan parecia grávida quando não encontra posição pra dormir e fica virando de um lado para o outro da cama. Isso tinha nome, preocupação. Ele não dormia, eu não dormia.
— Amor...
— Eu vou levantar, não tô conseguindo dormir. –deu um beijo na minha testa e levantou e saiu do quarto. Eu não conseguiria dormir bem sabendo que ele iria acordar cedo sem ter descansado, então eu levantei, calcei meu chinelo, peguei o roupão e fui atrás dele.
— Deveria ter pego pelo menos uma blusa. Tá frio.
— Desculpa te acordar.
— Não tem problema. Quer um chá? Vou fazer um pra mim.
— Aceito. –fomos para a cozinha, coloquei as xícaras na cafeteira, as cápsulas e procurei no armário alguns biscoitos.
— O que tanto te preocupa?
— Tô com a cabeça cheia, pensando na agenda de dezembro, a confraternização e agora essa história da Maria Luísa... fiquei pensando nisso desde que deitei, eu até dormi, mas acordei logo.
— Não disse que estava quase tudo acertado?
— Está, Arleyde propôs uma folga do dia 19 ao dia 26 de dezembro. Ai fechar as datas dos dias 27, 28 e 29. No dia 30 de dezembro eu entro de férias, volto só no dia 12 de fevereiro.
— E qual o problema?
— A parte financeira, recesso e afins.
— Por quê? –ele explicou que parte da equipe técnica que cuida de toda a infra dos shows recebe por diária e que a diária na virada é quase o dobro, e que mais dias parados o retorno financeiro é outro.– Entendi amor. O problema não é dinheiro, sua conta tem, a minha, a nossa em conjunta. Põe do seu bolso. Faz um levantamento dos últimos cinco anos, pega a média e paga esse valor. E se a ideia é um cachê maior, escolhe o dia 27 em uma casa de shows aqui em São Paulo e 28 e 29 no Rio de Janeiro que é mais movimentado na virada do ano. O que você acha?
— Que você deveria trabalhar comigo.
— Tô falando sério amor.
— Eu gostei da ideia, me manda no whats pra eu não esquecer vida.
— Tudo isso que eu falei?
— Não, só o resumo princesa.
— Tá. E a confraternização, você já não tinha decidido que seria no parque aquático?
— Eu ainda não sei.
— Tudo bem, eu vou te ajudar. Quando você voltar de viagem marcamos uma reunião aqui em casa que é um ambiente mais descontraído e vemos isso. E quanto a nossa filha... amor, amanhã tá logo aí. Conversamos com ela no final do dia ou você passa pra buscar ela no horário do almoço e a gente se encontra pra almoçar.
— Almoço.
— Seu chá. –falei entregando a xícara a ele.– Tem um cheirinho tão bom e com esse biscoito fica uma delícia.
— Tem gosto de mato.
— Melhor que tereré que é horrível e você toma sorrindo.
— Não fala assim do terás... –falei fazendo careta e ele riu.– Quer terminar de tomar no quarto?
— Não, vai ficar farelo e encher de formigas.
— Como quiser dona Fernanda. –fomos para a sala, nos acomodamos no sofá, terminamos de tomar o chá e ele dormiu no meu colo comigo fazendo carinho no cabelo dele. Dormi também e acordei com o dia clareando, Maria estava fechando a porta.
— Bom dia Fernanda.
— Bom dia Maria, tudo bem?
— Sim. Graças a Deus, e vocês? Dormiram no sofá, foi?
— Meu bebezão estava com insônia, descemos, tomamos um chá e fiquei com dó de acordar ele.
— Fez bem em descansarem aqui, esse sofá é muito confortável.
— Sim, demais. –Luan se mexeu e acabou acordando.– Bom dia amor.
— Bom dia, que horas são?
— Bem cedo, Maria acabou de chegar. Vamos subir?
— Sim. Bora.
Fomos pro quarto, ele deitou e eu fui tomar o meu banho. Estava com tempo, então lavei os cabelos e passei uma máscara, usei um óleo corporal com enxágue e sai exalando limpeza e calmaria. E meu marido? No celular.
— Não ia dormir mais? Tá no celular falando com quem?
— Uai, tô no Instagram. Quer ver?
— Não, tenho que me trocar. E você?
— Eu o que?
— Não tinha reunião?
— Pelas dez da manhã.
— Quer começar a reunião às 10h e ir almoçar que horas? –ele revirou os olhos e eu não falei mais, entrei no closet e fui me trocar. Body manga cumprida, saia cintura alta, blazer e salto.
— Você fica tão linda brava.
— Não fico não. Você tem que ser mais organizado com horários e isso eu falo sempre pra você.
— Amor, toda vida você soube que eu nunca fui diurno.
— Não falo mais. Beijos, tô indo tomar café.
— Vai nem me esperar?
— Hoje não amor, manda mensagem quando estiver indo pra lá.
— Tá bom, bom trabalho.
— Boa reunião, te mando mensagem ao chegar na minha sala. –falei saindo do closet, pegando o celular, a bolsa e descendo.– Maria eu tenho um marido muito enrolado.
— Ele é noturno, acordar cedo muda todo o fuso horário.
— Não defende não Maria. –ri.– Ele tem compromisso às 10h. Por favor, se der 09h e ele não tiver descido, chama ele pra mim?
— Chamo sim, pode deixar.
— Obrigada. –agradeci e comecei a comer. Maria foi minha companhia para o café da manhã, em seguida fui para o trabalho e cheguei cedo, o que me deu tempo para adiantar algumas coisas e me preparar para a manhã e slides e discussões.– Gabi estou livre a tarde, não estou?
— Sim, como ontem adiantamos alguns compromissos... os de hoje eu mantive para o horário da manhã, depois do almoço não tem nada marcado.
— Seguinte, fecha a minha agenda presencial. Irei sair de tarde, estarei disponível no celular e caso precise... também estarei com o notebook.
— Certo. Peço para transferirem as ligações para o meu ramal.
— Pode ir pra casa se preferir, fica home.
— Posso?
— Pode só reforça com as meninas da recepção.
— Pode deixar. Quer acrescentar mais alguma coisa?
— Sim, mas não pra hoje e nem precisa ser correndo tá. Preciso de uma cotação para confraternização com pelo menos três clubes.
— Clubes?
— Sim, piscinas, buffet self service e coisas assim.
— Anotado. Ér... a sala de reuniões está preparada. Os clientes na primeira recepção.
— Encontro eles na saída do elevador, pode deixar subir. –falei me levantando e indo ao banheiro, quando voltei o elevador havia acabado de sinalizar que estava no andar.– Ah, não acredito!
— Nanda, quanto tempo não nos vemos.
— Muito tempo, vamos lá? –cumprimentei a mulher que estava com ele e fomos para a sala. Encontrar com clientes antigos me deixava feliz e mais confiante de que tudo ia bem, e os negócios estavam fluindo.
Narrado por Maria Luísa
Meus pais chegaram tarde e nossa conversa acabou ficando para o dia seguinte. Acordei umas nove da manhã, mas levantei mesmo era mais de dez. Dormi tarde conversando com o Rique sobre um filme que inventamos de assistir por acesso simultâneo. Ainda levantei sem pressa, escovei os dentes e lavei o rosto, calcei os chinelos e desci.
— Bom dia Maria!
— Bom dia Malu, acordou mais tarde hoje. Está tudo bem?
— Sim, dormi tarde assistindo filme. Ninguém levantou ainda?
— Sua irmã e sua mãe foram pra empresa, seu pai pro escritório e a pequena Sophia que está com a Julia tomando um solzinho.
— Sol nem está esquentando. –ri.– E meu irmão?
— Desceu pra tomar café e disse que dormiria mais um pouco, parece que a neném passou um tempo da madrugada acordada.
— Ela ama dormir tarde.
— Criança faz muito isso de trocar o dia pela noite. Mas depois ajeita viu. Oh, fiz um bolo de iogurte fresquinho, achei que Nena estava aqui.
— Tá na minha vó, não sei nem quando ela volta.
— Tem que passear mesmo, aproveitar que nessa idade tudo é festa.
— Concordo Maria.
Tomei café na melhor companhia, nem percebi a hora passando. Por volta de meio-dia a Gabi, secretária da minha mãe ligou dizendo que tinha agendado um Uber pra eu ir encontrar a bonita na Company, estava agendado para às 13h. Ou seja, eu tinha que me arrumar.
Voltei pro quarto, tomei um banho, arrumei o cabelo e fui procurar o que vestir. Peguei uma calça jeans preta, tênis na mesma cor da calça, regata e um moletom por cima, estava pronta.
— Posso saber onde você vai.
— Encontrar a mãe.
— Vão sair?
— Almoçar.
— Só as duas?
— Não, meu pai vai também. –falei e ele ficou indignado, de boca aberta na escada.– O que foi?
— Os pais realmente tem os seus preferidos.
— No caso da nossa família, você, o bibelô da mamãe e o garotão do papai. –disse apertando as bochechas dele.– Tchauzinho, beijos, fui. –falei indo para o carro, quarenta minutos no maior papo com o motorista.– Obrigada Carlos, bom trabalho. –falei descendo do carro e entrando na Company.– Boa tarde, eu vou no andar da diretoria.
— Nome?
— Maria Luísa.
— Não tem nada agendado aqui, não posso te liberar.
— Ta bom, eu espero aqui. –falei sentando na poltrona que tinha em frente, mandei mensagem e fiquei esperando. Vinte minutos depois minha mãe desceu.
— Malu você poderia ter subido.
— A recepcionista não deixou, não discuti. Vamos mãe?
— Vamos, seu pai está chegando.
— Ele ainda esta com o seu carro?
— Hoje ele está com o dele. Sabe como ele é.
— Exibido (risos). –aguardamos um tempo na recepção, minha mãe cumprimentando todo mundo que passava até o bonitão chegar na maior pose, buzinou e nós fomos.– Oi pai.
— E aí minhas lindas, bora?
— Estou com fome mesmo. Mandei o endereço do restaurante, Gabi reservou pra gente.
— Ela tem suas senhas?
— Apenas do cartão corporativo.
— A Gabi é a faz tudo da minha mãe, nunca vi. –falei.
— Minha secretária, ué. Pergunta pro seu pai quem resolve tudo pra ele.
— Agora não é mais ele amor, contratei uma novinha.
— Ela sabe que você tem quatro filhos e uma neta?
— Mas dou um caldo vida.
— Pra mim que tenho a sua idade. –riu.– Vira a direita amor.
— E agora?
— Quarta esquerda e chegamos.
— Hamburgueria? Em plena semana?
— Gabi pensou que você fosse gostar. Eu gostei.
— Adorei, vamos antes que a senhora mude de ideia.
Meu pai deixou a chave com o manobrista, minha mãe falou sobre a reserva e fomos para uma mesa no andar superior, longe de todo e qualquer barulho. Sentamos, olhamos o cardápio, escolhemos o que iríamos comer e pedimos também as bebidas.
— Eu sei que estão curiosos, e eu tô bem nervosa pra falar então não me pressionem tá?
— Fica a vontade filha, relaxa.
— Bora comer então uai. –assim que as bebidas chegaram e as primeiras porções, eu respirei fundo e comecei a falar.
— Eu quero dividir com vocês que eu escolhi qual curso quero fazer, que é fisioterapia... –falei sobre estar em dúvida entre pediatria e fisioterapia, e como acabei escolhendo.– ...é uma área que foge de qualquer profissão na nossa família, mas eu me identifico, eu amo e tenho vontade de estudar. E não é só isso. Eu também sempre quis fazer intercâmbio e acabei não fazendo, tive minhas experiências internacionais e eu descobri que quero estudar em outro país. –eles estavam atentos a cada palavra que eu dizia.– Eu sei que vai ser tudo novo, um mundo novo, eu vou estar praticamente sozinha em um outro país... mas eu quero viver isso. Mas não vou e nem quero ir contra a vontade de vocês, até porque eu sou completamente filhinha de mamãe e papai, sou sustentada por vocês... quero estudar na Inglaterra, em New Castle. É isso. –soltei o ar que parecia estar prendendo esse tempo todo, respirei fundo, tomei todo o meu suco e fiquei olhando para os meus pais que nada diziam.
— Calma, vamos por partes filha. –minha mãe disse.– Você está na segunda metade do ensino médio, ainda tem mais um ano, o último. Então tem aí um ano e meio de preparo e tudo mais. Você pesquisou outras universidades? Pensou em ir pra New York? Afinal seus avós moram lá e...
— Mãe, eu quero ir pra Inglaterra. Eu sei que vou estar sozinha lá, mas eu pesquisei e foi a universidade que mais me encheu os olhos e é referência no curso que eu escolhi.
— Não estou colocando empecilhos, só quero ter segurança de que você sabe o que está fazendo.
— Eu sei que a maneira de ingressar é outra, que o idioma é completamente diferente, a moeda do país, o costume, o clima e que é muito longe daqui.
— Sim, nunca passamos mais de dois meses sem se ver. –falou com os olhos marejados.
— Mãe ainda tenho um ano e meio, e nem sei se serei aceita. Mas eu tenho me preparado, psicologicamente inclusive. Pai?
— Rapaz cê me pegou de surpresa. –ele já estava chorando.– Cara, eu nesse mundo fui turista, em mais de quarenta anos nunca morei fora ou passei mais de quatro meses morando em outro lugar. Foi sempre viajando, então essa experiência de estudar fora eu sou completamente leigo. Mas eu jamais te diria não sabendo que é o seu sonho, porque eu segui meu sonho e os primeiros a me apoiar foram os meus pais.
— Isso foi um sim?
— Da minha parte sim, mas eu preciso saber que vai ficar bem sem eu e sua mãe.
— Ai Malu, filha... eu já quero chorar. Como minha bebezinha vai morar em outro país?
— Mãe são só algumas horas daqui.
— Eu fiz intercâmbio e é uma experiência que eu recomendo a quem tiver dúvida ou receio, de verdade. Mas encarar uma faculdade é muito foda, a estrutura de ensino é outra e uma série de coisas. Olha, sou uma mãe superprotetora, porém vou te apoiar no seu sonho.
— Sério?
— Sim, mas com uma condição... –fiquei quieta.– Que me deixe por dentro de toda essa organização. Estadia, custos fixos e variáveis, e toda a parte burocrática da coisa. Tudo bem?
— Combinado! Ai eu amo vocês. –falei os abraçando pelo pescoço.– E só mais uma coisa.
— Tem mais?
— Quero passar dez dias lá, dez dias agora em dezembro nas minhas férias.
— Natal e ano novo? –minha mãe perguntou.
— Não, antes. E o Henrique topou ir comigo.
— Mas...
— Ele também faz parte da minha vida pai, e eu dividi essas minhas ideias com ele.
— E ele filha?
— Mãe, eu falei pra ele que não posso e nem vou pedir pra ele largar tudo aqui e seguir o meu sonho junto comigo. Mas que eu ficaria feliz se ele fosse comigo.
— É o que Maria Luísa?
— Pai, não estava nos meus planos namorar tão cedo. Assim como também não está nos meus planos eu colocar namoro na frente dos meus estudos. E isso ele entende, conversamos sobre futuro com frequência e de um jeito não convencional. De qualquer forma pensamos nisso hoje, eu não sei se estaremos juntos até lá... olha muita coisa pode acontecer em um ano e meio.
— Aí que orgulho. Isso mesmo filha, certinha né amor?
— E se estiver? Ele vai pra lá com você?
— Se for uma vontade dele, sim pai. Isso muda o seu sim pra mim?
— Claro que não, mas que eu teria uma conversa eu e ele, isso eu teria sem você e sua mãe perto.
— Eu te amo, sabia? Amo vocês dois.
— Você já pesquisou as coisas da viagem?
— Sim, só falta fechar.
— Vemos isso na próxima semana, fechado?
— Vocês vão me deixar ir?
— Sim, né amor?
— É, mas eu tô de olho.
— Ai obrigada, obrigada, obrigada! Vocês são os melhores pais do mundo. –falei toda feliz, empolgada mesmo e louca pra sair gritando que tinha dado certo e eu não morri de ansiedade.– Vocês não imaginam o quanto eu estou feliz, sério.
— Te deixamos com medo de contar?
— Não é medo mãe, é que meus irmãos não mudaram nem de cidade pra estudar e eu quero mudar de país. Aqui sempre será o meu lar, mas eu estarei em outra casa.
— É, eu ainda estou surpresa, vou levar um tempo pra digerir tudo e assimilar também. Mas saiba que pode contar com a gente em tudo. Foi como o seu pai disse, quando ele teve um sonho, os pais dele foram os primeiros a apoiar e nós estaremos aqui.
— Por você e pra você. –meu pai disse completando.
— Eu não sei o que dizer.
— Nem eu. –disse limpando as lágrimas.
A minha sensação era de ter tirado um peso enorme das minhas costas, real. Meus pais sempre se apresentaram a nós muito responsáveis com os estudos e com as profissões, mostrando total dedicação se aperfeiçoando e tudo mais. Então a cobrança nos nossos estudos sempre foi grande, principalmente da parte da minha mãe que herdou isso dos meus avós. A fisioterapia me escolheu, e eu demorei pra decidir, primeiro pensei que fosse apenas pra desviar o foco do rumo que minha família estava seguindo. Nada contra administrar os negócios da família, mas sim em querer algo diferente pra mim.
Dividir isso abertamente com os meus pais foi muito bom, eu estava com receio de não ser aceita, ninguém escolheu a área da saúde na minha família, as profissões eram sempre voltadas aos negócios, exceto minha bisavó que era bailarina. Bom, agora que meus pais sabem e disseram "Sim." posso falar mais sobre as minhas descobertas, pensar nas minhas metas e me preparar para essa minha nova etapa.
Ficamos por mais um tempo no restaurante, meus irmãos se convidaram pra nos encontram lá, meu pai também chamou meus avós e virou um passeio em família que se estendeu até a noite e chegamos em casa mais de meia noite.
— Malu está tudo bem? Você sumiu o dia todo. -escutei o áudio do Rique, ia responder, mas ele estava me ligando.– Estava quase indo aí. Está tudo bem?
— Está, muito bem por sinal. Conversei com os meus pais hoje sobre nossa viagem de férias é sobre estudar na Inglaterra.
— E aí, como foi? O que eles disseram?
— Que sim. –dei um grito.– Me deram total apoio, mas com algumas condições.
— Condições?
— Vou resumir porque passamos uma tarde inteira conversando e eu estava tão, mais tão nervosa que até desceu pra mim. –contei.– Mas assim, eles perguntaram o tempo todo se era isso mesmo que eu queria, e também que querem ter certeza de que eu vou ficar bem. Falei também que não iria sem o apoio deles porque não sou independente financeiramente, sou sustentada por eles e tenho muito consciência disso. Ah, e meu pai teve um pequeno ataque quando falei da viagem e que você iria comigo, o que levantou outra pauta, que foi como iria ficar nosso namoro a distância.
— Caralho, teve mais coisas?
— Você quer que eu conte agora?
— Lógico, fiquei o dia todo andando de um lado pro outro, minha mãe até chamou minha atenção dizendo que eu faria um buraco no chão de tanto andar pra lá e pra cá.
— Tá, vou só trocar de roupa, escovar os dentes e te ligo de chamada de vídeo. –falei desligando em seguida. Corri para o banheiro, escovei os dentes, fiz xixi, depois coloquei meu pijama, pulei na cama e liguei pra ele.– Você está todo despenteado.
— Passei o dia mexendo no cabelo. –sorriu.– Você está linda.
— Estou feliz. Leve. Radiante. Tô tão assim que nem sei se vou ter sono essa noite. Rique, você não tem ideia de como eu estava ansiosa para essa conversa acontecer o quanto antes... –ele estava nem atento a cada palavra que eu dizia e tão expressivo quanto eu nas reações no decorrer do assunto, eu contei tudo em detalhes e ele vibrando junto comigo.
— Sempre falei pro seu irmão que você era muito pra frente, que parecia ter mais maturidade que ele.
— Eu era curiosa, e minha mãe sempre e sempre foi muito aberta. Então acho que isso ajudou, enfim... meu pai ficou receoso sobre morarmos juntos.
— Por que?
— Pelo óbvio, não somos casados e não vamos nos casar só pra morar juntos em outro país.
— Sim, isso é.
— E eu falei o mesmo que conversamos aquele dia sobre os seus sonhos e planos, sobre o tempo e todas essas questões. Em um ano e meio podem acontecer muitas coisas, não estava nos meus planos namorar e tem sido incrível, você é meu amigo e muito parceiro, falamos sobre tudo, além da química, da intimidade... eu te amo e amo muito. E justamente por te amar que não vou te colocar contra a parede e falar ou você segue os seus sonhos ou você vem comigo e continuamos juntos.
— Você é a namorada perfeita, eu te amo.
— Eu sou mesmo, igual a mim você não arruma outra não. Valoriza hein.
— Eu valorizo, e minha mãe também, nunca vi elogiar tanto.
— Sua mãe me ama. Eu sou a nora que ela sempre pediu.
— Tem até o mesmo nome. –falou rindo.– Tá tarde, precisamos dormir.
— Não tô com sono.
— Também não, mas é para as horas passarem logo e eu estar aí beijando essa sua boca.
— Então vai dormir logo, boa noite.
— Boa noite, amo você e estou feliz que tudo esteja dando certo.
— Eu também te amo, obrigada por exatamente tudo. –beijamos a tela do celular, acenamos e encerrei a chamada. Apaguei as luzes, deixei o celular de lado e dormi.
Narrado por Fernanda
A sensação de ter feito do jeito certo vem quando tenho momentos como estes com os meus filhos. Passamos a vida inteira ensinando, instruindo e em algum momento eles irão caminhar com as próprias pernas. Mesmo com o nervosismo a Malu mostrou convicção no que estava dizendo e foi bem incisiva em suas escolhas, ao mesmo tempo que fiquei preocupada, fiquei emocionada e feliz. Minha menina estava crescendo e com dezesseis anos mostrou ums maturidade que eu com a idade dela não tinha, em partes.
Sei que foi um dia e tanto, Luan e eu voltamos em silêncio pra casa e ao chegar tomamos um banho e cama.
Narrado por Luan
Fernanda estava muito feliz e mesmo preocupada estava orgulhosa. E eu mais pensativo, sim, é o sonho dela e não deixarei de apoiar... mas vai ser difícil, eu sei que ainda falta tempo, mas é minha menina que vai mostrar em outro país durante alguns anos.
Chegamos em casa e fomos tomar banho juntos, algumas carícias, mas não passou disso e logo estávamos na cama.
— Amor, você tá quietinho. –falou virando de frente pra mim.– O que foi?
— Não posso ser negativo, mas vida... quem vai defender nossa filha em outro país.
— Tenho essa preocupação também, mas também penso que se aceitamos deixá-la ir podemos buscar meios de nos assegurar.
— Dando uma arma. –falei.
— Não amor, podemos sugerir ela fazer luta, auto defesa.
— A menina estudando pra vestibular e você querendo que ela faça luta.
— É. Uma horinha por dia e tá perfeito.
— Você está tranquila?
— Não totalmente. Eu sei que a Malu é responsável, é centrada e muito determinada, quanto a isso não teremos problemas. Ela nunca nos deu trabalho na escola. Em contrapartida nunca cobramos dela coisas que ela terá que fazer quando estiver morando sozinha. Ela vai precisar arrumar a casa ou apartamento ou o quarto, vai ter que se virar com comida, lavar roupas, essas coisinhas de casa.
— Veio pensando nisso no carro?
— Estou pensando nisso desde que ela contou pra gente. Eu estou com a cabeça fervilhando, pensando na moeda que é usada lá e plano de saúde. Amor, eu estou com a cabeça cheia de questionamentos, juro que se eu perguntasse pra Malu tudo o que eu quero saber ela iria desistir de morar fora só pra não ter que ficar me explicando, eu sou chata com isso. –falou disparada, dei risada.
— Rapaz... tá muito avançada.
— Sim. Quando eu fiz intercâmbio foi um mês, mas minha mãe ficou um ano antes na minha cabeça me enchendo de perguntas, acertando detalhes...
— Viajei a trabalho, de férias... estudar eu estudei aqui mesmo.
— Porque seu foco era outro, talvez que seguisse a biologia estaria nos Estados Unidos, por exemplo.
— Sim. Vida?
— Oi amor.
— E se a gente for pra lá conhecer? Mas em segredo.
— Duas semaninhas?
— Isso.
— Sim amor, eu adorei. Eu topo.
— Acho que vou ficar menos preocupado.
— Podemos ir nas suas férias, aliás... o que vocês decidiram sobre o final do ano?
— Dei a sua sugestão e todos estão de acordo. Fechamos 27 em São Paulo, Espaço das Américas, 28 e 29 no Rio de Janeiro, Espaço Hall.
— Onde iremos passar nossas férias em família?
— Quero ir pra Campo Grande vida, passar uns dias por lá.
— A virada de ano vai ser lá então?
— Por mim, sim. Quero sossego.
— Tá senhor quero sossego, vamos dormir bem agarradinhos? Suando juntos?
— A noite inteira. –falei abraçando sua cintura e colocando o nariz no meio dos seios dela.– Ô muié cheirosa.
— Você também é, pele de neném sabia?
— Ainda mamo como um. –falei e ganhei um tapa no braço.– Tá com sono?
— Uhuum...
— Não quer namorar não é?
— Hmmm um mamãe e papai, eu deitadinha?
— É, só quero sentir você. –falei subindo sua camisola, apalpando sua bunda e levando uma das mãos até a frente do seu corpo, tocando seu sexo e massageando.
— Amor sem preliminares, eu quero você! –deixei ela de barriga pra cima, segurando suas mãos acima da cabeça com uma das minhas. Abaixei a cueca e ela abriu as pernas em receptiva, deixando eu me encaixar e botar com força.– Isso Luan, de novo.
— Rápido?
— Não a-amor... –falou grunhindo.– Assim...
Fizemos amor aquela noite, bem gostoso, devagar e muito intenso. Fernanda não se conteve em ficar no papai e mamãe, montou em cima de mim espalmando as mãos no meu peito e rebolou sem piedade, em uma lentidão torturante e muito excitante. Essa mulher era uma deusa da sedução, mesmo gozando não parou até eu gozar, abaixou a cabeça deixando seus lábios se encontrarem com os meus, nos beijamos por longos minutos e fomos dormir.
~.~
Não sei o que falar, só sentir!
Oi amores, como vocês estão? Que saudades que eu estava de escrever e compartilhar com vocês cada palavra de um novo capítulo. Sei que estive ausente, tive meus motivos (quem me acompanha nas redes sociais sabe bem), mas estou voltando aos poucos e com a cabecinha cheia de ideias. Sei também que vai levar tempo para todas chegarem na mesma página, comentarem e está tudo bem. Espero vocês nós próximos capítulos, grande beijo. Amo vocês! ❤️
É MARAVILHOSO ter vc de volta postando pra nós. Sempre fico ansiosa para os próximos capítulos. Eu amo o companheirismo do Luan e da Nanda com os filhos. Quero maissssss
ResponderExcluirEntão vá ler mais mulher, e obrigada por continuar aqui viu. ❤️
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