{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Capítulo 292

Narrado por Fernanda
Com o passar dos meses a correria que eu pensei que iria diminuir só aumentou. Primeiro que me propus ajudar Maria Luísa com os detalhes da viagem com o namorado para a Inglaterra, segundo que havia me comprometido em encontrar um bom cerimonialista para cuidar dos detalhes do casamento da Melissa e um designer de interiores para organizarmos os móveis da nova casa do jeitinho que eles queriam, Arthur e Julia pediram para que eu olhasse Sophia enquanto estavam em aula na faculdade e assim mais uma adaptação a minha rotina que encontrava aquela gatinha todos os dias a noite depois que chegava do serviço, e minha princesinha Helena estava com mais aulas no ballet por conta das apresentações finais de fim de ano. Eu estava com a cabeça bem cheia, procurei até um psicólogo para lidar com todas essas atividades sem que eu tivesse um surto. Até porque meu marido estava viajando, estávamos nos falando apenas por celular e em horários alternados, estava com saudades do meu marido.

— Vamos acordar filha, bom dia. –falei entrando no quarto da Leninha, que dormia toda largada na cama.– Ei mocinha...
— Bom dia mamãe, tenho escola hoje?
— Tem meu bem, vamos levantar? –ela assentiu passando as mãos pelos cabelos igual o pai, sorri com a cena e fui auxiliando a bonita. Dei banho, troquei sua roupa vendo o quanto ela estava sonolenta e depois de pentear seus cabelos e arrumar a bolsa nós descemos para tomar café.– Bom dia Maria.
— Bom dia Ma.
— Bom dia meninas lindas. Dormiram bem?
— Bem, dormimos bastante não é filha?
— Sim, dormimos mesmo. –falou bocejando.
— Quer um leitinho?
— Danone só mamãe, e sucrilhos.
— E um pãozinho, senão você fica com fome na aula. 
— Bom dia, bom dia, bom dia. –Malu chegou toda sorridente, trocada para a aula e em seguida chegou Melissa e Arthur que levantou cedo para tomar café conosco e disse que iria correr depois.– Mãe, vamos?
— É também preciso entrar mais cedo.
— Mamãe deixa eu ir trabalhar com você hoje?
— Hoje você tem aula princesa, e depois a vovó e o vovô vão te levar no ballet.
— O Luquinhas também vai?
— A mamãe não sabe, mas vou perguntar pra sua vó. 
— Então vamos mamãe!
— Maria até mais tarde.
— Bom trabalho e boa aula pra vocês meninas. 

Fomos todas para o carro e primeiro deixamos Malu, aí fomos para a escola da Helena e segui com Melissa para a empresa.

— Mãe, a senhora está cansada, eu sei. 
— Um segundo semestre um pouco agitado, eu diria, mas estou dando conta. Inclusive hoje teremos reunião com o cerimonialista que você escolheu e em seguida com o designer de interiores. O Leo conseguirá vir?
— Sim, marquei com ele uma hora antes. Pra não ter erro.
— Ótimo. Tenho uma reunião com meus diretos, almoçamos e teremos as suas reuniões, preferi marcar aqui pra não perdermos tempo com deslocamento. 
— Por mim está bom também. Tô ansiosa, mais ansiosa do que no meu aniversário de quinze anos, mãe.
— Casamento deixa a gente assim, doidinha. Sua tia está super animada, mas não consegue vir hoje. 
— Ela pode ir com a gente na primeira prova do vestido, o que acha?
— Maravilhoso, sua tia tem ideias perfeitas quando o assunto é vestido.
— Eu sei, também acho. 
— E seu pai vai conhecer sua casa quando?
— No dia do casamento, mãe. Pensei assim... –Melissa detalhou toda a surpresa que faria para o Luan e eu amei cada um deles.– ... acha que ele vai gostar?
— Ele vai chorar muito e isso eu tenho certeza. 
— Ele está sendo privilegiado, nem os pais do Leo foram lá ainda.
— E por que não?
— Combinamos de marcar um almoço quando voltarmos de viagem.
— É uma boa. Decidiram pra onde vão?
— Sendo bem sincera, ainda não. Mas não queria praia.
— Por que?
— Mãe todas as nossas férias nós vamos para a praia, e temos tantos outros lugares para conhecer. 
— Sim, é verdade filha.
— Falando em viajar, Malu vai mesmo pra Inglaterra em dezembro?
— Vai, eles voltam no dia 23 e ela vai direto pra Londrina.
— Henrique também?
— Não, ele fica em São Paulo. Vai passar as festas com a família dele.
— Eles são um casal diferente não é mãe?
— Sim, comento isso sempre com o seu pai. Sua irmã é muito centrada, ela ama o namorado, mas não troca os momentos em família pra ficar com ele. 
— E ele é super tranquilo também. Que bom que deu certo.
— Também acho. 
— E meu irmão? Não vai casar?
— Melissa seu irmão nem trabalha. Não que ele precise, mas sustentar uma casa com mesada dos pais não funciona, não faz criar responsabilidade não.
— Eu sei, eu sei.
— Ele precisa amadurecer essa ideia.
— E a pequena, está ficando lá em casa de boa?
— Está, ela é muito boazinha e está acostumando bem.
— Falando em bebê, e a Manu já descobriu o que é o bebê dela?
— Ainda não, falei com a Soraya ontem e elas não conseguiram ver.
— Que pena, minha tia Bruna também não. Falei com ela esse final de semana, mas estamos apostando que seja um menino. 
— Eu e seu pai também. 
— Ele ainda vai passar mais um mês fora, não é?
— Ele vem pra Campinas daqui uma semana, faz um show e voa pra Vitória na manhã seguinte.
— E a senhora vai?
— Não sei ainda, me comprometi com o seu irmão, vamos ver.
— Eu e Leo podemos ficar com ela, um dia só de falta não vai me matar não.
— Vamos ver não é? Chegamos. Bom dia Carlos!
— Bom dia dona Fernanda, bom dia Melissa.
— Bom dia Carlos, bom trabalho. –descemos do carro, entreguei a chave pra ele manobrar e subimos, Melissa foi para o setor dela e eu para a minha sala começar o meu dia. 

Abri o notebook e esperei a Gabi chegar para confirmar a agenda do dia. Falamos por cerca de uma hora, assinei algumas documentações e fui chegar meus emails. A primeira reunião aconteceu às 10h45, foi mais uma atualização sobre a última semana e como estava o andamento de alguns projetos, não nos estendemos muito. Terminamos pontualmente ao meio-dia.

— Gata demais hein sogra. –escutei a voz e olhei para a recepção.– Dá uma voltinha. –estendeu a mão e eu entrei na brincadeira.– Vamos almoçar?
— Precisamos estar de volta em exatos cinquenta e dois minutos, Leonardo.
— Cacá está esperando a gente lá embaixo, Melissa está enrolando tem dez minutos. 
— Preciso pegar minha bolsa.
— Nada sogra, hoje é por minha conta. 
— Ter genro tem suas vantagens então?
— Ter eu como genro sim. –riu.– Nossa loira, demorou hein.
—Precisava terminar um consolidado antes de sair para almoçar, vamos?
— Bora. –deu um selinho nela e foram em direção ao elevador, avisei as meninas que estava saindo para almoçar.
— Oi Cacá, tudo bem?
— Tudo ótimo tia. E a senhora?
— Bem e com fome. –disse prendendo o cinto de segurança.
— Eu ia sugerir uma hamburgueria, mas conheço minha sogra.
— Preciso de comida meninos, comida.

A mulher mais velha no meio de três jovens adultos. Fomos em um restaurante de comida mineira, fizemos nossos pedidos e não demorou nada a chegar. Almoçamos tranquilamente, foi bem gostoso e na volta pedimos um Uber já que seria fora de mão Cacá passar por lá só para nos deixar.

— Gabi acabou de avisar que o cerimonialista chegou, vou escovar os dentes e encontro vocês na sala de reunião. –falei assim que entramos no elevador, enquanto ligava para a minha sogra.– Oi Mari, boa tarde. Tudo bem?
— Boa tarde querida, está tudo bem e com você?
— Bem também. Era pra eu ter ligado mais cedo, acabei esquecendo, Helena queria saber se Lucas iria com vocês no ballet.
— Amarildo e eu estamos saindo agora de casa, vamos paassar buscar eles, almoçar e vamos para o ballet juntos.
— Ah sim, obrigado pela ajuda. 
— Imagina, gostamos de fazer parte da rotina deles.
— Agradeço mesmo assim, fiquem bem.
— Você também querida, bom retorno ao trabalho. –e desligamos.
— Minha vó é uma santa, nunca vi.
— Ela é um amor e seu avô não fica atrás.
— Não mesmo. Qual é o nome do cerimonialista mesmo?
— É uma mulher, Marisa.
— Ouviu né Leonardo, se comporta.
— Sempre minha gatinha, sempre. –falou indo para a sala de reuniões. Segui para a minha sala, depois fui escovar os dentes e então adentrei a sala onde estavam os outros.
— Prazer, Fernanda. Mãe da Melissa.
— Marisa, prazer. –apertou minha mão.– Gostaria primeiramente de agradecer por terem fechado conosco, será uma satisfação imensa atendê-los.
— A empresa é bem conceituada e bem recomendada. 
— Sim, nós estamos no mercado há... –Marisa contou um pouco mais sobre a empresa e a forma como trabalhavam, métodos de pagamento e essas partes mais burocráticas, contratuais.– ... vocês fecharam uma data?
— Segundo semestre do ano que vem, não é Leo?
— Isso em setembro. 
— Teremos tempo hábil para trabalharmos as escolhas com muita tranquilidade. E será um casamento mais restrito a família e amigos? Ou uma festa maior e abrangente?
— A questão dos convidados ainda não ficou definida, temos os nossos que não são muitos, mas tem também os convidados dos nossos pais... –Melissa falou bem, Leo complementou uma coisa e outra e se mostrou interessado e atento ao que elas diziam e eu estava como espectadora. 
— Mãe, quer falar alguma coisa?
— Sim, nós podemos marcar a próxima reunião em casa, assim a Marisa conhece o espaço que vocês querem usar para a cerimônia e a festa.
— Ótima ideia. E quando pode ser?
— Aí é com o casal. –sorri.
— Aos finais de semana nós estamos livre, não é loira? –Marisa ficou olhando e eu quis rir, Melissa não estava mais loira há tempos, mas esse apelido persistia.
— Sim, estamos. Você trabalha aos sábados?
— De acordo com as necessidades dos clientes. 
— Ótimo. Então esse final de semana, pode ser mãe?
— Claro, fiquem a vontade. 

Deixei que definissem os horários, se seria no sábado ou domingo. Eles pareceram ter gostado, assinaram o contrato e nos despedimos da Marisa para então conhecer o designer, Eric. Diferente de Marisa que parecia ter minha idade, ele era muito mais novo e exalava masculinidade, alto, forte e um sorriso invejável.

— Prazer, Fernanda. Esses são Leonardo e Melissa, os donos do imóvel.
— Uma satisfação conhecê-la, me sinto lisonjeado. –disse ao apertar minha mão.– E mais feliz ainda em participar deste momento de vocês.
— Ótimo, trouxe a planta do imóvel para darmos uma olhada e pensar melhor nas acomodações de cada ambiente. –meu genro tomou a frente da reunião e foi incrível de ver como ele se desenvolvia bem e sabia exatamente o que estava falando. Melissa e eu dávamos sugestões em uma coisa e outra, mas sabíamos que iria mudar quando os esboços do projeto tomasse forma. Finalizamos, e ele se despediu.– O cara trabalha bem, mas é bem atirado.
— Viu só loirão, deu encima da minha mãe na cara dura.
— Eu bem vi, meu sogro não tá, mas eu estou cuidando das mulheres da vida dele.
— Puxa saco do meu pai, nunca vi. –Mê disse brincando. 
— O que acharam?
— Estou mais ansiosa que antes mãe.
— Sugiro uma terapia, vai ajudar muito nesse processo filha. E você também mocinho, embora os noivos sejam mais tranquilos.
— Tô de boa sogra, tranquilo. 
— Hm todo mundo diz isso até um mês antes, parece que acontece de tudo.
— Sim, verdade. Meus lindos, preciso voltar ao trabalho, mas fiquem a vontade, a sala está reservada para vocês.
— Valeu sogra, mas eu já vou indo. Preciso voltar pro escritório.
— E eu pro meu trabalho, mais tarde ainda tenho aula.
— Eu passo aqui pra te buscar. –sai da sala antes de eles se despedirem com beijos calorosos. Entrei na minha sala, tirei meus saltos e liguei pro meu marido. 
— Vida? Te acordei?
— Não amor, tava assistindo TV.
— Está tudo bem?
— Estou amor, e você?
— Estou bem e cheia de saudades. Você já almoçou?
— Ainda não, pedi agora pouco o almoço. E você? 
— Almocei com os meninos hoje, porque depois teríamos a reunião com o cerimonialista da Mê e do Leo.
— E como foi?
— Amor foi muito bom, eles gostaram bastante da Marisa e eu particularmente também. Ela é mulher mais velha, assim da nossa idade, pareceu ser bem profissional e flexível.
— Que bom amor, e eles definiram a data?
— Setembro do ano que vem, o dia ainda não.
— E o que você quer me contar?
— Queria ouvir sua voz amor, tantas coisas acontecendo, tô mais de um mês sem te dar um abraço. –falei toda emotiva e ele quieto do outro lado da linha.
— Também estou minha vida, muita saudade. Você está bem mesmo?
— Não estou desligando esses dias. –falei.– Está bem corrido. Viu quem está jantando com a vovó todos os dias? Vida ela está tão linda.
— Sabe que precisa descansar. Conseguiu ir pra consulta essa semana? Eu vi amor, ela está linda e cada vez maior.
— Sim, consegui e tem me ajudado bastante. Ela está e espertinha viu. Não vejo a hora de ela estar engatinhando e sabe o que melhor? Helena não está com tanto ciúmes, até me ajuda dar comida pra ela.
— É a convivência amor... –conversamos um pouco mais até o almoço dele chegar, e então nos despedimos. Voltei a trabalhar e dei um gás até às 17h. Peguei o carro e fui pra casa, pois precisava de um banho e receber minha pitoquinha.
— Mamãe hoje no ballet foi legal e a prô deixou o Lucas dançar comigo. –Helena chegou tagarelando assim que abri a porta.
— Sério filha? E ele gostou?
— Sim! Muito. Obrigado vovô! –abraçou Amarildo e entrou correndo em casa.
— Quer entrar sogro? Maria passou um cafezinho fresquinho.
— Marizete está me esperando no supermercado, mas eu volto outro dia viu. Tudo em ordem?
— Sim, cheguei agora pouco e estou esperando a bonequinha chegar.
— Dá um beijão nela, fiquem com Deus.
— Amém, vai com Ele. –esperei o carro sair e entrei.– Helena?
— Oi mamãe. –respondeu com a boca cheia de pão.
— Vamos subir pra tomar um banho depois que você comer.
— Cadê a Sophia? Ela não vem hoje?
— Já já ela está aqui. A mamãe vai tomar banho, não abra a porta pra ninguém, fica com a Maria e o Thor. –falei pegando minha bolsa, a mochila dela e indo pro meu quarto. Passei no quarto da Malu e ela estava sentada na escrivaninha estudando, estava de fones, entrei dei um beijo em seu rosto e ela olhou sorrindo.
— Oi mãe, boa noite. 
— Está tudo bem por aqui?
— Sim, estudando bastante. –falou bocejando.– Sophia chegou?
— Ainda não, vou tomar um banho. Sua irmã está lá embaixo, se puder dar uma olhadinha nela pra mim...
— Maria já foi?
— Não, está terminando o jantar. 
— Tá bom, estou terminando a aula aqui e desço.
— Obrigado. 

Segui para o meu quarto, deixei as bolsas em cima da poltrona e fui tomar o meu banho. Falei que não iria demorar, mas excedi o tempo, precisava lavar os cabelos e ter um tempo comigo, sozinha.



Narrado por Maria Luísa
Minha mãe saiu do quarto e eu finalizei minha aula antes de guardar tudo e descer para ficar de olho na mini terrorista da casa. Sim, Helena era um furacão ainda mais quando vinha do ballet, nunca vi.

— Helena?
— Oi Malu, tô comendo!
— O que de bom? –cheguei na cozinha perguntando, dei um beijo nela e sentei.– Dá um pedacinho?
— Não.
— Não vai dividir? Tem certeza?
— Só um pouco hein. –e me ofereceu o pão com frios que estava comendo.– Quer leite também?
— Não, obrigado. Maria! Fez o que de gostoso?
— Carne de panela, um arroz e feijão fresquinho e salada.
— Por isso que eu te amo Maria, você nunca decepciona. –elogiei.
— Cheguei gente.
— Sophia! –Helena falou alto toda sorridente.– Oi Art! Cadê a Julia?
— No carro. Oi Malu, oi Maria.
— Oi maninho. Tudo bem?
— Tudo bem, e tô atrasado. Cadê a mãe?
— Tomando banho, daqui a pouco ela desce.
— Sim.
— Mas eu fico com ela pra vocês. 
— Te amo, beijos, fui.
— Cadê as coisas dela?
— Na sala, em cima do sofá. –meu irmão saiu e a gatinha ficou entretida com a minha gargantilha.
— Como passa rápido, era um pacotinho outro dia. 
— Agora é uma bolotinha, olha essas bochechas gordas. 
— Uma lindeza. Fiz uma sopinha pra ela com caldo de legumes.
— Ela vai amar, não é bonequinha da titia?
— Já chegou é vovó?
— Chegou agorinha mãe, Arthur saiu não tem nem cinco minutos.
— Olha ela enquanto eu dou um banho na sua irmã?
— Tá bom, eu olho. 

Minha sobrinha e eu fomos para a sala e nos sentamos no tapete, Thor veio brincar e ela gargalhava quando ele lambia seus pés. Peguei alguns dos brinquedos que estavam na bolsa e ficamos ali até minha mãe descer. 

— Malu, deixa eu brincar também?
— Sim, senta aqui Nena.

Eu sabia que minha mãe estava cansada, tanto que ela sentou no sofá e acabou cochilando. Ficamos brincando até Sophia resmungar com fome, foi a hora que minha mãe despertou, prendeu os cabelos e levou ela pro cadeirão para jantar e Helena foi junto. Meu pai ligou no telefone fixo, disse que estava indo pro show, que estava com saudades e que nos amava. Foi bem rápido, ele fazia isso as vezes.
Aproveitei e fui jantar para depois escovar os dentes e ir dormir, caso minha mãe não precisasse de ajuda.

— Vamos Nena? Escovar os dentes?
— E depois eu volto pra brincar?
— A gente vai dormir, a Sophia também. –falei ela fez bico, mas estava cansada e não dicustiu comigo. Demos boa noite pra minha mãe e subimos, ajudei como disse que faria e segui para o meu quarto. Coloquei um pijama e ia deitar pra assistir filme.
— Malu?
— Oi Nena.
— Posso dormir com você?
— Deita aqui, vem... –ela veio correndo, deitou a cabeça no meu peito e ficou mexendo no meu cabelo até dormir. Eu estava sem sono, mas precisava dormir, então apaguei tudo e fiquei de olhos fechados até o sono vir. 



Narrado por Fernanda
Maria Luísa subiu com a Helena e eu com a Sophia, troquei sua fralda, coloquei um desenho pra ela assistir e esperei que dormisse para que eu pudesse fazer o mesmo. Passamos a noite juntinhas, ela sequer pensou em acordar, então descansamos bem e acordamos cedo no dia seguinte. 

— Bom dia vovó. –ela estava acordada e mexia nos meus cabelos, gargalhando de alguma coisa.– Dormiu bem meu amor? –sentei na cama, olhei sua fralda e troquei antes que vazasse. Peguei um lenço umedecido e limpei seu rosto, deixei-a com um brinquedo e levantei pra jogar a fralda no lixo. Lavei o rosto, escovei os dentes e voltei para o quarto prendendo os cabelos. Helena tinha aula, então peguei Sophia e seu brinquedo e saímos do quarto para acordar a titia. 
— Bom dia mamãe, bom dia Sossô.
— Já acordou é?
— A Malu me deu banho e me trocou mamãe.
— Então vamos tomar café?
— Vamos! 
— Mãe, tem remédio pra cólica?
— Tenho, mas você precisa comer antes de tomar.
— Vou terminar de me arrumar e já desço. Cadê a mochila da Helena?
— No meu quarto. Estou descendo com elas.
— Sophia tá acordada?
— Sim, vou dar a mamadeira dela.
— Bom dia titia dá um cheiro aqui dá. –ela gargalhou toda linda, deitando a cabeça no meu ombro.– É bom casa de vó né Sophia?
— É ótimo, a vovó ama. Não demora Malu. 
— Tá dona Fernanda. –e desci. Maria estava terminando de pôr a mesa, nos cumprimentamos e Sophia quis ir para o colo dela. Aproveitei para preparar a mamadeira e servir Helena.
— E acorda bem, não é?
— Todos os dias. Não me dá trabalho nenhum.
— É sério, odeio ser mulher nesses dias. Mãe eu tô tendo calafrios de cólica, isso não é normal. 
— Quer ir no médico?
— Não posso tenho prova hoje. O remédio está na sua bolsa?
— Na gaveta do banheiro.
— Tá. 

Esperei que Helena e Maria Luísa tomasse café da manhã e fui deixá-las na escola, e como eu iria entrar mais tarde na empresa não me importei em levar Sossô comigo. Ela voltou dormindo na cadeirinha, entrei em casa e Arthur estava só de bermuda e descalço, parecia estar nos procurando.

— Bom dia mãe, pensei que estavam dormindo. –beijou meu rosto e pegou a neném.
— Aqui nós acordamos cedo, precisei nem de despertador.
— Ela dormiu bem?
— Jantamos e ela dormiu, não acordou nem pra tomar mamadeira. Nem vi vocês chegando.
— Julia saiu mais tarde, chegamos onze e pouco, a senhora estava dormindo e se eu fosse tirar a Sophia ia acordar a senhora.
— Ela dormiu abraçadinha comigo. 
— Acostumou rapidinho.
— Colinho de vó é uma delícia. E você, dormiu bem?
— Dormi. 
— Vou subir pra me arrumar, bom dia.
— Vai lá dona Fernanda, vai. 

Pude subir, tomar um banho tranquila e trocar de roupa com calma para ir trabalhar. Troquei a bolsa por uma mochila onde coloquei apenas o essencial e minha carteira com os documentos, desci e encontrei minha nora amamentando.

— Bom dia Julia, tudo bem?
— Bom dia Fernanda, estou bem e você?
— Pronta para mais um dia. –sorri.– Eu já vou indo, mas me liguem caso precisem. 
— Combinado, bom trabalho.
— Tenham um bom dia. –falei pegando minhas chaves e indo pra o carro. Liguei o som, prendi o cinto de segurança e depois de ajeitar meus retrovisores saí. Havia fugido um pouco do congestionamento por conta das escolas, então em meia hora estava na empresa.– Bom dia Gabi.
— Bom dia Fer, bem?
— Bem, sem reuniões por hoje, certo?
— Sim e não. Seu pai pediu pra reservar um horário na sua agenda agora pela manhã.
— E falou do que se tratava? –perguntei indo em direção a minha sala, deixei minha mochila em cima do pequeno sofá e encostei na mesa.
— Assuntos confidenciais, foi o que a secretária dele me informou.
— Tudo bem, vou ligar pra ele. 
— Aviso se surgir algo urgente, do contrário todas as ligações estão indo para o meu ramal. E estou no corporativo também.
— Obrigado Gabi. –agradeci e ela saiu da sala. Liguei o ar-condicionado, abri as persianas e ajeitei minha mesa antes de ligar o note e chamar meu pai.– Bom dia pai, tudo bem com o senhor?
— Só assim para eu ter um tempo com a minha filha, é isso?
— Estou com muita saudade do senhor também, não imagina o quanto. Como vocês estão? E minha mãe?
— Analice está em uma conferência como nossa representante, seu irmão e eu estamos na sede. Mas não liguei pra falar de trabalho não, quero saber como vocês estão, há tempos não nos falamos direito... –meu pai e eu conversamos a manhã inteira sem nenhuma intercorrência e foi a melhor ligação daquele dia inteiro. Falei sobre mim e falei sobre quem mais ele queria saber, os netos e a bisneta, mostrei fotos e foi muito gostoso. Contei que Melissa havia escolhido o mês do casamento e estava iniciando os preparativos, assim como falei sobre a viagem da Malu para a Inglaterra e como Arthur estava empenhado com a faculdade. Papai perguntou dos meus sogros, cunhados e sobrinhos. Um verdadeiro bate papo, atrasei meus emails, mas valeu a pena cada segundo daquela ligação.– Tenho uma surpresa pra você, mas ainda não é o momento de contar.
— Ah pai, sério isso?
— Sério. –riu.– Ligo na próxima semana, te amo querida. 
— Eu também te amo muito, continua se cuidando tá?
— Eu estou, tô um coroa saudável.
— Ótimo, maravilha. –nos despedimos e eu avisei a Gabi que estava disponível, mas o dia estava bem tranquilo, tanto que fomos almoçar fora e quando voltamos consegui responder todos os meus e-mails pendentes. – Beijos meninas, até amanhã. –desci para o estacionamento e fui pra casa.
— Mamãe, o Arthur brigou comigo.
— Eu não briguei mãe, só falei que a Sophia não come bala.
— Mas ela chupou.
— E engasgou também. –falou e eu arregalei os olhos.
— Dia agitado nessa casa, não? Agora está tudo bem?
— Tirando o susto sim. 
— Estou indo tomar um banho então. Maria já foi embora?
— Foi sim.
— Maria Luísa?
— Estudando.
— Fez a lição de casa, Helena?
— Sim o chatão me ajudou.
— Obrigado filho. 
— Que isso mãe, precisa agradecer não. 
— Claro que preciso. –beijei seu rosto e subi para o meu banho. Vesti um pijama de frio, meias e chinelo, desci para a sala e sentei no sofá.– Seu avô me ligou hoje... 



Alguns meses depois (...)

Narrado por Maria Luísa
Eu estava realizando um sonho, mais feliz do que eu poderia imaginar e isso que não havíamos nem mesmo decolado. Meus pais haviam acabado de nos deixar na sala de embarque, Henrique e eu estava sentamos nas poltronas do avião ouvindo as orientações vindas da cabine de comando. 

— É sério, eu tô muito feliz! Muito. 
— Eu também, vai ser bem foda.
— Sim, eu não estou nem acreditando. Obrigado por vir comigo, vai ser ainda mais especial. –ele sorriu e nós nos beijamos, um beijo gostoso e cheio de carinho. Seriam 14 horas de viagem, mas minha ansiedade não me permitiu dormir um único minuto. Eu assisti filme, li um livro, joguei e ouvi música, porque meu namorado capotou. 
— Bom dia?
— Parece estar de noite lá fora e bem frio. –falei me ajeitando antes de levantar para desembarcar.
— Põe o outro casaco então, prometi pra minha sogra que ia cuidar da bebezinha dela. 
— E sei que vai. –sorri e saímos.

Passamos pelos trâmites necessários no aeroporto e fomos direcionados ao ponto de táxi para então irmos para o hotel. Henrique estava descansado, mas eu estava com o corpo dolorido e querendo dormir, fomos durante o caminho comentando sobre a paisagem que era linda. Assim que chegamos no hotel fomos recepcionados muito bem, fizemos o check in e seguimos para a nossa suite.

— Ihuu. Chegamos! –falei animada,  pulando em cima da cama.
— Depois de quase quinze horas de viagem.
— Sim, quase quinze horas na mesma posição, tô dolorida.
— Quer tomar um banho? Depois a gente descansa, está de noite mesmo.
— Vou ligar pra minha mãe antes.
— Tenho que ligar pra dona Luísa também. –disse pegando o celular e desbloqueando, fiz o mesmo.
— Oi mãe, chegamos.
— Maravilha, estava acompanhando seu voo. E o hotel?
— Não vi muita coisa, mas a recepção é linda, o quarto acabei de entrar.
— Toma um banho, descansa e eu espero você me ligar. 
— Tá bom, beijos mãe, te amo. 
— Eu também amo você, aproveite a viagem e me dê notícias. Beijos, filha.
— Beijos mãe, pode deixar que eu darei notícias e mandarei muitas fotos.

Encerramos a ligação e Henrique ainda estava com a Luísa no telefone. Escutei ele comentar sobre as horas de viagens, o que aconteceu do trajeto entre o aeroporto e o hotel em que estávamos, até sobre o quarto ele falou e depois de rir de alguma coisa disse a mãe que a amava e desligou.

— O que ela disse?
— Que aqui é lindo e vamos gostar muito, para não sairmos sem agasalhos por causa do frio, disse que a comida é maravilhosa, que viagem em casal não se resume a sexo e mais aquele monte de cuidados de mãe.
— Com coisa que não transamos quando estamos em casa.
— Mas aqui eu posso andar pelado no quarto. –disse rindo.
— Num frio desses, boa sorte. –ri.
— Quer comer alguma coisa?
— Não, eu quero mesmo é dormir. Mas vou tomar um banho antes.
— Tá bom, vai lá. 

Henrique ficou deitado no celular e eu fui tranquila para o meu banho naquele banheiro enorme e muito bem equipado, tinha de um tudo lá dentro. Aconchegante, espaço e com cores harmônicas. Prendi os cabelos bem no alto pra não molhar, tirei a roupa e tomei uma ducha bem quentinha e rápida. Quando sai meu namorado estava na porta, me deu um beijo rápido e foi tomar banho também.
Abri a mala, peguei um pijama, meias e fui colocar uma roupa e esticar a toalha e voltar para a cama.

— Chuveiro bom, não dá nem vontade de sair.
— Não mesmo. Você molhou o cabelo?
— Não consigo tomar banho sem molhar a cabeça. Mas liguei o secador pra secar já, nem fez barulho.
— É, não ouvi nada mesmo. 
— Mandou mensagem pra sua irmã?
— Amanhã. Vem deitar aqui comigo, vem? –ele deixou a toalha, vestiu uma cueca, calça de pijama e deitou.– Te amo.
— Eu também te amo. –falou ajeitando os cobertores, abraçou minha cintura e eu dormi em seguida.



Narrado por Luan
Rapaz Maria Luísa inventou de viajar e foi. Nós voltamos do aeroporto e passamos o dia nos meus pais, quando foi a noite fomos embora pra casa. Mas não dormimos, ficamos esperando Malu avisar que chegou e se estava bem.

— Amor?
— Hm...
— Quero namorar, cê num quer não?
— Não, quero descansar. Já viu se a Helena dormiu?
— Tá no celular.
— Luan tá tarde viu. 
— Tô indo lá pôr ela pra dormir.
— Obrigada, te amo. –lhe dei um selinho e subi. Abri a porta e ela estava vendo vídeo no último volume, rindo.
— Acordada ainda princesa?
— Papai vem ver comigo. –deitei na ponta da cama e ela veio se aninhando, segurei o celular e ficamos ali.– Papai?
— Hm...
— Se a Malu vai morar lá eu vou ficar aqui sozinha sem irmã?
— Ela quer ir morar lá, mas não dessa vez. E quando ela for ainda tem a Mel e o Arthur.
— Mas papai a Mel vai casar e morar na outra casa. Art também, ele namora papai.
— Aí lascou né pequena? Vai sobrar eu, você, sua mãe e o cachorro.
— Só?
— Rapaz e cê quer quem mais?
— Porque minha vó não mora aqui hein? Tem espaço.
— Porque ela gosta de morar na casa dela com o vovô.
— E o Tobias, papai.
— Tinha esquecido da bola de pêlos. Mas o que o papai quer dizer é que você não vai ficar nunca sozinha, cê vai crescer também uai.
— Ih papai, mas vai demorar um montão! Eu tô pequena ainda. 
— Ainda é minha bebezinha. –acariciei seus cabelos e beijei sua testa.– Está na hora de dormir, deixa eu guardar seu celular. –ela me entregou e depois me chamou pra deitar com ela, assim fiz até que minha pequena pegou realmente no sono e eu pude voltar pro meu quarto. 
— Demorou amor.
— Estava batendo um papo com a minha princesa.
— Ela já está com saudades da Maria Luísa.
— Rapaz eu tamém, será que ela vai gostar de lá?
— Amor é um país incrível, amei tudo o que vi sobre ele, se na prática realmente funcionar... eles irão curtir muito.
— Bom, ela cresceu né?
— Todos eles. Neném agora só a Sophia. –riu.– Amor, ainda quer namorar?
— Não, quero uma massagem. –pedi e ela não se negou a fazer. Levantou da cama, pegou as coisas e me deixou completamente relaxado. Dormi. 


Narrado por Maria Luísa
Depois de uma noite bem dormida e eu estar completamente recuperada, acordei com um sorrisão de orelha a orelha. Levantei da cama e vesti um roupão, fui até o banheiro fazer toda a minha higiene matinal e então voltei para acordar o Rique.

— Bom dia Rique. –falei no seu ouvido, estava deitada em suas costas.– Já está de dia.
— Já? –bocejou.– Bom dia Malu. –bocejou outra vez e abriu os olhos.– Dormiu bem?
— Muito bem, estou pronta para o nosso primeiro dia. Vamos? Tô com fome.
— Tá eu... –bocejou.– ... preciso acordar.
— Estou vendo, vou me trocar enquanto isso. 

Antes de ir me trocar, peguei o celular para mandar "bom dia" pra minha família e gravar uns storys no Instagram. Filmei um pouco do quarto, Henrique apareceu de fundo indo para o banheiro, e mostrei por último a vista olhando pela minha janela.

— ... sim, nós chegamos ontem a noite e tudo o que eu queria era dormir. Porque fiquei ansiosa durante todo o vôo e não consegui descansar. Maaaaaas hoje eu acordei super bem, está um dia lindo e iremos aproveitar ao máximo. –disse encerrando um para iniciar outro.– Não prometo que vou mostrar tudo, tudo... fazer um vlog, mas vou postar sobre a viagem sim. Beijos, beijos, beijos. Bom dia a todos! –disse me jogando outra vez na cama e teria rolado para o lado se meu namorado não tivesse deitado em cima de mim.
— Agora sim. –sorriu.– Bom dia gatinha. –e me beijou. Sério, Henrique beijava muito bem, muito bem mesmo. Ele apertava minha cintura de um jeito tão gostoso que se meu estômago não roncasse nós teríamos ficado na cama.– Achei que você fosse se trocar enquanto eu escovava os dentes.
— Estava no celular, mandei uns "bom dia", gravei uns stories... 
— Não vai ser uma viagem low profile?
— Érrrr não. Obviamente não vou postar tudo, mas quero registrar muitos momentos. –dei um selinho nele e fiquei olhando sem dizer nada.
— O que foi?
— Tô com fome, vamos descer e tomar café?
— Será que vai estar muito frio?
— Pra gente vai, um puta de um frio. Vamos! 

Havia separado minhas roupas por looks e colocando mais de uma opção de troca, ainda assim troquei de roupa mais rápido que o Henrique. Descemos de mãos dadas e tagarelando sobre as coisas diferentes que encontramos pelo caminho até o restaurante do hotel. Tudo lindo, mas tinha uma pegada um pouco rústica, não sei bem explicar. O salão do restaurante era bem grande e o buffet tão diverso quanto. Entramos na fila e fomos nos servindo, mas pensando sempre em não exagerar ou pegar algo muito diferente do habitual para não passar mal ou algo do tipo. Eu preferi pães, algumas frutas e suco. Henrique não, encheu o prato de bacon, ovos e alguns pães.

— Não vai pegar uma fruta? 
— Vou, do seu prato. –disse enfiando o garfo no meu morango assim que nos sentamos a mesa.
— Sem graça, por que não pegou pra você?
— Temos que dividir, por isso. –riu.– Eu vi o roteiro, hoje não tinha nenhum passeio marcado. –comentou.
— Minha mãe quem organizou tudo, ela deixou hoje para descansarmos. Mas eu quero andar um pouco, sentir o clima daqui, ver como são os ingleses.
— São normais. –deu de ombros.
— Normais eu sei, mas o sotaque. Acho que um dia inteiro dentro do hotel seria um dia de viagem perdido... –falei um tantão de coisas durante nosso café e o convenci de explorar ao redor do nosso hotel. Saímos e estava um clima agradável, considerando que estávamos bem agasalhados. Tínhamos um GPS e um sonho. Então fomos andar, não tínhamos um destino em específico, caminhamos devagar observando os estabelecimentos a nossa volta. Henrique era tão curioso quanto eu e isso fez com que nosso assunto rendesse por horas durante nosso passeio. Passamos por praças, cafés e lojas locais, entramos em uma estação e paramos para comer um doce de nome estranho, mas que era bonitinho.
— Você se imagina morando aqui?
— Durante um período, sim. Mas não pro resto da vida, tipo meus avós. Eu sou muito apegada aos meus pais, meus irmãos, então eu sei que vou ter essa dificuldade de adaptação por mais que tenha essa convivência de meu pai viver viajando. Foi assim desde que eu nasci, sabe?
— Mas eram intervalos menores, faculdade é um ano todo antes de férias e tal.
— Eu sei Rique, mas eu quero ter essa experiência. –falei tranquila.
— Eu tô dentro. Meus pais apoiaram muito essa ideia.
— Eles são muito adeptos a viagens.
— São, pra caramba. E vai ser bom pra mim também, sabe que eu não tinha muito essa perspectiva de morar fora.
— É bom sair do convencional as vezes. –sorri.

Falamos mais um pouco sobre o assunto enquanto íamos em busca de um restaurante para almoçarmos. Assim como no café da manhã, não fugimos muito do habitual, pedimos uma massa recheada e tomamos um vinho para acompanhar. Nesse meio tempo aproveitei para mandar uma foto nossa no grupo da família e guardei o celular para curtir esse momento com o meu namorado.



~.~

Capítulo 291

Narrado por Fernanda
Luan era muito meu parceiro, como eu o amava. Fui mimada o dia inteiro, na verdade ele deixou que eu ficasse quietinha o tempo todo, só me acordou para comer e se certificar que eu estava melhorando com o remédio. Só anoitecer levantei para tomar um banho e trocar o absorvente, sai do banheiro enrolada na toalha e ele estava todo arrumado. 

— Papai tô pronta.
— Só eu que não? –fiz bico, logo Thor entrou latindo, estava de roupa também.
— Bora na minha mãe?
— Agora? Sem avisar?
— Ela quem fez o convite, Bruna tá indo pra lá também. 
— Ligou pras meninas?
— Ninguém volta pra casa hoje. 
— Nossa amor, lembra quando íamos sair e levávamos aquele monte de crianças? Agora são só duas. –sorri.
— Eles cresceram rápido demais. 
— Estou atrasada? –perguntei mudando de assunto.
— Tá tudo quase pronto mamusca disse.
— Não vou demorar. Prometo.



Narrado por Luan
(...)

— Papai você não vai dirigir? –assenti.– E tá bebendo?
— Sua mãe dirige. 
— Hm e ela tá demorando. –disse bicuda e o cachorro resmungou, deitando no tapete.– Papai?
— Hm...
— Só vai nós quatro? E a Malu? E minha irmã Melissa? O Art não mora mais aqui não é?
— Rapaz quanta coisa. –ri.– Seus irmãos saíram, tão tudo namorando.
— Eu não quero namorar papai.
— Ah não é? Por quê?
— Quem namora só fica com o namorado nem sai com a mãe e o pai mais. Eu não quero papai.
— Aham, sei viu. Ô Fernanda!
— Não grita não que eu já estou descendo. –falou vindo tranquila. Estava de calça jeans, tênis, moletom e jaqueta jeans.– Tô pronta.
— Papai ela tá com a sua touca. –cochichou.
— Ela usa tudo o que é meu. –devolvi o cochicho.
— E aí, vamos ou não?
— Bora, toma a chave.
— Por que?
— Porque ele tomou cerveja mamãe, não pode dirigir assim.
— Tá vendo? Mandona igualzinha a mãe, tô lascado.
— Vai logo, vai. –fomos no Durango, Thor foi na frente junto com a Helena e eu atrás no celular. 
— Viu isso aqui? –mostrei uma foto da Melissa no story do instagram.– Era uma nenenzinha linda.
— Bochechuda e muito manhosa (risos).
— Imagina casada. 
— Leo é tão de boa, Melissa vai é discutir sozinha. 
— AH vai sim, duvido. Que rápido.
— Claro. Frio, chovendo... de noite ainda. –disse entrando no condomínio, e estacionando na garagem dos meus pais cinco minutos depois.– Cadê o carro da sua irmã?
— Sei nem se ela já chegou.
— E estava me apressando? –ri.– Helena sem bagunça vocês dois.
— Não vou poder brincar na minha vó?
— Sem bagunça.
— Tá né. –respondeu bicuda e foi soltando o cinto. Descemos do carro e a porta estava aberta, mamusca beijo nos receber sorrindo, deu aquele abraço forte, apertado e fomos entrando.
— E aí Amarildo veio, tranquilo?
— Assando umas carnes, bora tomar uma?
— Vovô! Você tamém?
— Eu o que minha princesinha?
— Cerveja, vovô. Cerveja!
— Mas o vovô tá em casa uai, tranquilo. 
— É sogro, hoje ela tá assim, entrona. 
— Que isso mamãe?
— Intrometida, filha. –respondeu e Helena cobriu a boca, rindo.
— Cadê a Bruna, xumba?
— Tomando banho.
— As crianças não vieram?
— O Lucas é criança, Laura não mais. –sorriu.– Estão vindo com o Rafael.
— Ele não tava viajando?
— Chegou hoje de tarde.

Alguma coisa tinha, mas fiquei na minha. Fui pro quintal com o meu pai e deixei as mulheres da minha vida na sala.

— Cê sabe o que é né pai?
— Sim, eu sei. –riu.
— E não vai me contar?
— Não.
— Ah paizão, por favor cara?
— Cê vai saber já já. Mas é coisa boa viu.
— Ah é? Tipo o que?
— Essa não colou não. 


Narrado por Fernanda
(...)

— Cu? Tô entrando. –brinquei.
— Fer, entra! –abri a porta e ela veio me abraçar.– Estava com saudades de você. Que bom que veio. O Pi também tá aí?
— Está sim, lá embaixo com o seu pai.
— Preciso te contar, tô grávida!
— Grávida? Meu Deus Bru, parabéns. –e nos abraçamos outra vez, então me agachei e beijei sua barriga que estava descoberta.– Como descobriu?
— Minha menstruação atrasou por quatro dias, aí veio aquele pouquinho e muito enjôo, muito. Aí marquei uma consulta hoje e levei minha mãe comigo. 
— Marizete está em todas.
— Sim, em todas. Meu pai levou nós duas e acabou entrando também. Vou ser mamãe de novo.
— E o Rafa?
— Ainda não contei, preparei uma surpresa pra ele.
— Sério? O que? –Bruna sentou na cama e começou a me contar como seria a surpresa, vibrei junto com ela e ajudei terminar de preparar enquanto ela terminava de se vestir.
— Mamãe?
— Oi amor.
— E minha tia Bruna em? Papai falou que ela tá demorando muito.
— Tô aqui pequena, vem dar um beijão na titia.
— Oi titia! Vamos descer?
— Vamos, vem cunhada. –descemos e minha sogra estava no telefone com alguém e meu marido de braços cruzados.– Oi Pi!
— Ô Piroca, vem aqui pertinho de mim.
— Saudades de mim? –foi até ele sorrindo, Luan ficou olhando, analisando e desfez a pose de durão.
— Cê tá me escondendo alguma coisa. Por que minha muié tá com essa cara?
— Que cara vida? –perguntei.
— Essa aí, eu te conheço. 
— Ai Pi, que ideia. –riu.– Estava com saudades de você também. 
— Não vai contar?
— Daqui a pouco. –disse sorridente e não contou mais nada. Esperamos na sala até Rafael chegar com a Laura e o Lucas, fomos para a sala de jantar, comemos e quando voltamos para a sala encontramos as caixinhas de presentes.
— Presente? Nem é aniversário de ninguém. –Lucas disse franzindo a testa. Laura mais curiosa foi procurando o nome dela e acabou entregando os outros.– Que isso?
— Abre filho, é um presente uai. 
— Madrinha me ajuda? –pediu e eu enrolei pra abrir, queria que Rafael e Laura vissem primeiro, e deu certo.
— AH mãe, sério? –Laura abriu um sorrisão.– Promovida com sucesso a duas vezes irmã mais velha, aí pai parabéns pra vocês.
— Cara eu vou ser pai de novo. –disse Rafael sem acreditar.– Amor, é a melhor notícia que você poderia me dar, a melhor de todas. –eles se beijaram e Luan ainda estava com a caixa dele na mão, sem dizer nada.
— Pi?
— Rapaz do céu tava esperando não cara. 
— Eu sim, e nós aceitamos. –falei e ele me olhou sorrindo.– Amor vou amar ser madrinha desse bebê também.
— Mas dinda, você é minha madrinha!
— E da Laura também. 
— Eu sei, mas...
— A dinda vai continuar mimando você, não se preocupe. –falei sorridente e ele fez o mesmo. 
— Aí gente essa minha família viu. Que delícia ter um bebezinho em casa, conta tudo mãe. 

Bruna estar grávida fez com que eu voltasse no tempo e revivesse todas as lembranças das minhas gestações passadas, principalmente a primeira. Eu não sentia que estava pronta, mas nutria um amor pela Melissa que foi fundamental para entender esse novo momento. 
Eu estava muito feliz por eles, Rafael era meu marido todinho, paizão super coruja. Chorou de felicidade, Bruna e eu também. Depois disso ficamos mais um pouco nos meus sogros e resolvemos ir pra casa.

— O que será que vem agora hein amor?
— Rapaz, tinha que ser homem. Muierada demais nessa família. 
— Muita mulherada amor, muita. 
— Bom, tô feliz, mais um bebezinho. –falei animada e toda sorridente. Helena dormia no banco de trás, Thor também. Luan voltou dirigindo e fomos o restante do caminho conversando.– Amor?
— Oi.
— Estava aqui pensando... ano que vem será um ano de bastante mudanças, não é?
— Por quê?
— Seremos nós quatro em casa daqui uns meses.
— E o que você pensa em relação a isso?
— A casa vai ficar grande demais. Não sei, mas pensei mudar pra um apartamento. 
—  Apartamento? E nossos carros?
— Amor não temos a necessidade de uma mansão.
— Depois a gente vê isso. –falou manobrando o carro e entrando no condomínio.
— Pensa com carinho. 
— Tá. Amanhã você vai pra Company?
— Sim, quer ir comigo?
— Nada, tô de folga. Mas se quiser eu te levo.
— Hmmm eu quero. Você vai acordar pra tomar café comigo amor.
— Vou é?
— Vai sim.
— Me acorda então. 

Chegando em casa, Luan entrou com a Nena e eu com a bolinha de pêlos. Entrei e acionei os sensores das luzes externas, tranquei a porta e subi para o quarto. 

— Vamos deitar?
— Tenho que trocar de roupa ainda.
— Se quiser eu te ajudo.
— Toda ajuda é bem vinda amor. 

E ele ajudou eu tirar cada peça de roupa, nós nos amamos por algumas horas e depois de um banho dormimos agarradinhos, sentindo o cheiro um do outro. Dormi tranquila, e acordei descansada, mas não tive coragem de acordá-lo. Me arrumei em silêncio, preparei a bolsa e desci para tomar café com a Maria.

— Bom dia Maria, tudo bem?
— Bem friozinho, mas bem e você, dormiu bem querida?
— Sim, e olha que dormi pouco. Ontem fomos na minha sogra, jantar em família... –comecei a contar, falamos sobre a gravidez da Bruna e comentamos sobre os meus bebês.– Até falei pro Luan de mudar pra um apartamento, ele está meio assim, mas faz sentido pra mim. 
— Bom dia Maria, bom dia amor. Tô pronto.
— Amor, você lembrou.
— Você que não me acordou. –beijou minha boca.– Tá pronta?
— Sim, vamos?
— Vambora. –falou.– Quer alguma coisa da rua, Maria?
— Não, trouxe tudo antes de passar na padaria de manhã. Vão com Deus viu.
— Amém. –beijei o rosto dela, fui até o banheiro escovar os dentes e fui encontrar o Luan no carro.– Tão lindinho com essa cara de sono.
— Eu tô é com preguiça.
— Eu sei vida. Obrigado, te amo.
— Eu também amo você minha linda. 

Luan me deixou na empresa e disse que ia passar na casa do Rober antes de ir pra nossa casa. Passei o dia trabalhando e no final do expediente recebi uma surpresa bem gostosa, meu marido foi com as crianças me buscar. Bernardo, Marina e Helena estavam no carro animados para continuar bagunçando, Luan disse que eles tinham passado o dia em casa.

— Dinda, eu tava com muita sodade de você. 
— Eu também estava príncipe, você brincou muito hoje?
— Sim! E tomei chocolate!
— Dindo bom esse né?
— Aham! A Marina chorou dinda, queria a mamãe. 
— Ah é?
— Sim, ela chorou um montão. Não foi padrinho?
— Não! –gritou bicuda.
— Ei, assim não princesa. –falei e ela pediu colo.– Vem aqui com a dinda, vem. –Marina veio pro banco da frente e deitou a cabeça em meu peito, dormiu em cinco minutos.– Rober está em casa amor?
— Sim, e a Isa tá indo pra lá. Chamei o Dudu também. 
— Churrasco?
— Não, pizza.
— Luan é dia de semana, sabia?
— Um dia só não tem problema não muié.
— Voce diz isso sempre que está de folga. Falar em ir pra academia ninguém fala.
— Tô ficando gordo, é?
— Se tivesse eu não ligaria. –segurei seu rosto e dei um beijo rápido.– Melissa saiu com o Leonardo, disse que vai dormir por lá hoje.
— Rapaz nem casou e já está assim?
— Vai se acostumando, ano que vem tá logo aí.
— Passou rápido demais. 
— Também achei, mas eles estão muito felizes e ansiosos.
— Eu tô é nervoso, vou chorar até.
— Eu também, acredita que estava pensando no meu vestido já amor?
— Acredito. –riu.– Queria passar no mercado?
— Tá faltando comprar o que?
— Meu whisky.
— Deixa de ser exagerado que tem garrafa fechada em casa, vamos direto né?
— Chata.
— A dinda não é nada de chata dindo. –Bernardo disse em minha defesa, franzindo a testa e tudo.
— Sou muito legal né Bê?
— Muito, eu te amo dinda.

Seguimos o caminho de casa, mas Luan foi por dentro para fugir do trânsito. Luan estacionou e outros dois carros estavam parados também na nossa garagem. Desci ainda com a Marina dormindo e tentei entrar sem fazer barulho, mas não deu jeito porque Thor latia querendo atenção.

— Thor vai deixar, já. –Helena ordenou e ele foi.– Pode entrar mamãe. 
— Obrigado filha. –segui até o quarto de hóspedes, coloquei minha afilhada na cama e fui cumprimentar nossos amigos que estavam na área externa, tomando cada um seu drink e esperando por nós.
— Chegou a dona da pensão. –Rober brincou.
— Engraçadinho (risos). Como estão?
— Não tão bem quanto você, mas estamos aí.
— São seus olhos Sô. Vocês estão lindas.
— É raiva que eu passo com o meu marido, não é Eduardo?
— Tá aprontando é Dudu?
— Muié tá brava que eu vou pra Trancoso sem ela.
— A trabalho?
— Gravação de um DVD, mas ela não vai conseguir ir. Vai eu e meus parceiros.
— Luan que não se comporte não pra ver. –falei.
— O que tem eu? –perguntou chegando com uma taça de vinho pra mim e se sentando ao meu lado.
— Vai pra Trancoso, né?
— Ô amor, vou a trabalho.
— Cuidado viu. Eu não vou, mas seus fãs me contam tudo. 
— Contam mesmo, rapaz. –riu.
— Mas falei pra ela ficar de boa, cunhada. Vou levar o Nicolas comigo.
— Filho acoberta o pai, eu sei. Tenho um Arthur em casa, passa pano pro Luan até hoje.
— Tem que correr junto né. –riu.
— Sem vergonhas. 

Ficamos lá fora conversando por mais um tempo, não tínhamos muitos assuntos para colocar em dia, mas comentamos sobre as festas de fim de ano, ideias para confraternizar com os demais e coisas assim. Quando Helena e Bernardo disseram estar com fome decidimos entrar, os rapazes decidiram ir até a pizzaria com as crianças e nós mulheres fomos arrumar a mesa de jantar e continuar conversando. Sim, abrimos outro vinho.
Aquela semana estava sendo atípica, mas estava uma delícia. 
Estar juntos de nossos amigos era algo que trazia aquela sensação de normalidade, família e descontração. Eu gostava muito. 

— Eu não consigo, juro. –Soraya dizia.– Olha, teve uma vez que nós fomos em uma festa na tia dele e uma ex-namorada dele e amiga da família estava lá. Assim, ex é ex, se é amiga da família paciência. Mas eu não tenho sangue de barata. Ela ficou puxando o tempo todo em que estávamos lá e me evitando, falando do passado dos dois. Eduardo não abria a boca, eu tive que ser a chata. Cheguei nela e falei "Olha não me leve a mal, vocês foram namorados, mas passou... tem anos isso, hoje o Eduardo está casado comigo, o mínimo que você deve a mim é respeito pelo meu casamento." juro pra vocês ele ficou vermelho na hora, engoliu seco, mas não me repreendeu e a mulher veio com aquele papo de "me desculpa, em nenhum momento eu quis te ofender" e saiu.
— Eu espero chegar em casa. –Isadora falou.
— Depende muito do meu estado de humor. –falei.
— Eu falo sempre pra ele que não faço com ele o que não gostaria que fosse feito comigo, e passamos por uma situação parecida no aniversário do meu irmão. O melhor amigo dele foi meu namorado na época de escola, perdi a virgindade com ele, mas não demos certo juntos. Nossos planos eram outros, mas ele não deixou se ser amigo do meu irmão. Aí nós chegamos, ele veio todo quente me cumprimentar, falar que eu estava bonita e o Edu do meu lado quieto. Falei pra ele que eu entendia a amizade entre ele e meu irmão, mas que não cabia aquele tipo de comentários que eu era uma mulher casada, com filhos e ele tinha que respeitar a mim e meu marido. Depois disso nunca mais.
— Fez certo. 
— Ele acha que eu sou bocuda demais. Eu sou sincera, não gosto da situação e já falo na hora.
— Errada não está. –concordei. Levantei pra ir ao banheiro e quando voltei o interfone estava tocando, atendi e era meu sobrinho quem estava na portaria.– Adivinha quem está chegando aqui?
— Quem? –perguntaram curiosas.
— Nicolas Borges.
— Ele quer alguma coisa, por isso veio atrás. –Soraya disse rindo.
— Já venho. –voltei para recebê-lo na porta, ele estacionou e já desceu do carro dando risada.
— Oi tia, minha mãe tá aí ainda né?
— Oi, está. O que você aprontou?
— Besteira. Nem liguei pra ela. –beijou meu rosto e foi entrando.– Licença aqui tia. 
— Toda. –entrei e fechei a porta, e voltei para a cozinha.
— Mãe, preciso falar com a senhora.
— Em particular? –ele assentiu, e os dois saíram em direção ao quarto de hóspedes. 
— Acho que vem novidade aí. 
— Certeza Isa, Arthur quando foi pai estava assim... cheio de querer conversar. Esses filhos deixam as mães malucas. –a conversa dos dois não durou muito, quando voltaram Soraya estava quieta e Nicolas nervoso.
— Gente vocês não sabem. Vou ser avó, avó. 
— Vai ser pai, Nicolas?
— Não, vou ser tio.
— A Manu tá grávida? –Isa e eu perguntamos juntas.
— Tá, e não falou nada. Como pode?
— Ô amiga, gravidez mexe um pouco com a nossa cabeça. Você vai ter que conversar com ela.
— Eu vou sim, quando chegar em casa, vou só esperar o Edu voltar.
— Não vão ficar pra pizza?
— Seria uma boa, né? Eu já estou aqui mesmo. –respirou fundo.– Preciso de mais vinho.
— Pra já! Aceita uma taça Nic?
— Não tia, obrigado. Tem Coca-Cola?
— Tem, vou pegar pra você. 



Narrado por Luan
Não demoramos na pizzaria, voltamos pra casa e fiquei surpreso por Nicolas estar lá também, Malu e Henrique também haviam chegado e estavam todos a nossa espera para comer.
Nós nos reunimos à mesa, servimos nossos pratos e fizemos aquela resenha gostosa. Fernanda estava inquieta, mas não disse nada. Não demorou muito Soraya, Dudu e Nicolas disseram que iriam embora. Isa e Rober também disseram que iriam aproveitar que as crianças já estavam dormindo. Fernanda e eu os acompanhamos até a porta de entrada, depois entramos para arrumar as coisas na cozinha e continuamos a beber na sala.

— O que cê queria me falar?
— Nada não amor.
— Não pareceu, eu te conheço vida. Fala pra mim.
— Dudu e a Soraya vão ser avós.
— Nicolas vai ser pai?
— Não amor, vai ser tio. Manu está grávida.
— Puta que pariu. Sério vida?
— É sério amor, por isso eles foram embora cedo. Nicolas veio aqui contar pra Soraya, pra ela conversar com o Dudu e os dois conversarem com a Manu. 
— Porra que situação, e agora amor?
— E agora não tem muito o que fazer, a criança vai nascer e ela vai ter cuidar.
— Ela tava namorando?
— Não. Tadinha, deve estar toda perdida.
— É foda. E a Soraya?
— Ah Luan, está bem surpresa. Mas disse que conversaria com ela.
— Rapaz mais essa agora, é?
— Por que mais essa? Está sabendo de alguma coisa que eu não sei?
— Não vida, é jeito de falar.
— Sei viu, deixa eu descobrir que você está escondendo alguma coisa de mim que você vai ver só. 
— Não amor, relaxa. Quer mais uma taça?
— Gente vocês ainda estão bebendo?
— Tô curtindo com o meu marido filha, e vocês, onde vão?
— Tô indo pra casa sogra, meu pai está viajando e eu não gosto de deixar minha mãe sozinha.
— Ah tá certo, mas está tarde viu. Vai com cuidado.
— Pode deixar, boa noite pra vocês. –e foi embora. Malu voltou e sentou no sofá da frente com o Thor no colo, ficou olhando pra nós.
— Está tudo bem filha?
— Sim, mãe. Acho que comi muito. Nossa senhora.
— Nem sabia que cê ia voltar hoje. –comentei.
— Ah pai, o senhor estava morrendo de saudades de mim.
— Só quer saber de namorar agora. Até sua irmã perguntou de você.
— Quem, a Melissa? 
— Helena.
— Henrique quer levar ela no parque amanhã, podemos?
— Sim, podem.
— Ótimo, vamos pra almoçar e passar o restante do dia fora.
— Falta amanhã amor, pra gente namorar o dia inteiro. –falei no ouvido dela.
— Tô menstruada amor, não. 
— Na banheira, hm... o que você acha?
— Não sei. –ri.
— Pai, quando o senhor volta a trabalha?
— Semana que vem, por quê?
— Queria saber. Não vai fazer nenhum show aqui perto? Quero ir.
— Sozinha?
— Não, nós sempre vamos juntos e meus sogros querem ir também.
— Bora todo mundo uai.
— Só falar o dia, vou subir, amo vocês. Boa noite. –nos cumprimentou com um beijo na testa e subiu para o quarto.
— Meus sogros. Tá vendo isso amor?
— Tão bonitinha namorando, não é amor?
— Ia ser mais bonitinha se tivesse solteira, só estudando. –gargalhei.
— Achei até que demorou muito, e foi com um amigo do nosso filho ainda. Praticamente cresceu junto.
— Melissa a mesma coisa, lembra não? Agora vai até casar.
— É amor, tudo assim. Amizades de escola, faculdade...
— Rapaz... ô vida tá me dando é sono isso aqui.
— Vamos tomar um banho e deitar então. Vem?
— Bora. 

Levantei do sofá primeiro que ela e fiquei observando-a sorrir, Fernanda estava corada pelo vinho, sorriu e jogou um beijo pra mim. Estiquei a mão e ajudei-a levantar, juntei nossos corpos e ficamos agarradinhos.

— Tem pele que cola na nossa e não desgruda mais... perfume que não passa. –cantei baixinho e dançamos pela sala, descalços, só nós dois. Entre beijos e sorrisos.– Sou seu fã...
— Eu sou a sua maior fã, te amo muito amor.
— Eu te vivo. –nos beijamos outra vez e subimos para o quarto assim aos tropeços até que entramos no banheiro, tomamos um banho gostoso trocando muitas carícias e depois de secos e trocados fomos dormir. Disse a Fernanda que estava cansado, mas ela dormiu primeiro que eu. 









~.~

Eu amo a rotina simples de um casal e como amo viu.
E vocês? 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Capítulo 290

Narrado por Fernanda
No outro dia acordei com cólica, mas levantei, tomei um banho e vesti uma legging e blusa de malha fria com manga cumprida, meias e desci pra tomar café antes de tomar algum remédio.

— Bom dia Maria, muita chuva?
— Mulher... tá chovendo e frio também, vim toda cheia de roupa. 
— Eu imagino, aqui dentro eu estou de meias e legging.
— Thor nem veio me receber quando cheguei, hoje está um tempo mais gelado e úmido.
— Nem me fale, eu não gosto de dirigir na chuva. –falei servindo café na minha xícara e tomando bem quentinho.– Eu dormi bem, sabe? Mas meu corpo está tão mole. Aquela vontade de ficar deitada o dia todo, tô muito safada Maria.
— Tem dias que acordamos assim mesmo. Olha só... quentinho, quentinho. –disse mostrando o bolo de pão de queijo que ela estava tirando do forno.– Helena pediu pra mim ontem. E esse aqui é pro Luan. –era um bolo de mandioca que estava com cara de estar uma delícia.
— Aí que delícia, eu quero um pedaço de cada...
— Claro, agorinha... –Maria foi minha companhia durante o café da manhã, aproveitamos até mesmo para definir o que seria o almoço. Depois disso subi para o meu quarto, procurei minha bolsa e peguei na necessarie que estava dentro dela um comprimido. Tomei e deitei mais um pouco.
— Nanda? –escutei uma voz bem de fundo chamando, grunhi e virei pro outro lado, minha cabeca latejou na hora.– Ei... –era o Luan.
— Oi amor, bom dia.
— Cê tá bem? São 10h37, não vai hoje?
— Hm não, tô com enxaqueca amor e cólica.
— Quer um remédio?
— Não, eu já tomei e não melhorei.
— Quer tomar café?
— Não amor, eu tomei. Levantei cedo, mas não tô legal. Quero ficar aqui quietinha.
— Tá bom, vou ficar quietinho com você então. –disse abraçando minha cintura, o quarto estava bem escurinho, barulho de chuva... dormi outra vez.
Papai tá na hora do almoço já e você nem tomou café, Maria fez até bolo. –acordei com a Helena dando uma dura no Luan que estava acordado, ainda deitado e fazendo sinal pra ela falar baixo.– Mamãe?
— Bom dia filha.
— Já tá de tarde, Maria fez até almoço. 
— Deixa eu ver se consigo adivinhar... Hm... Bife acebolado com batata frita e salada.
— Sim! Ela fez. –respondeu toda empolgada.– Papai?
— Deita aqui com o papai um pouco, só um pouquinho pra você esquentar que tá muito frio.
— Não quero deitar não, quero comer comida, vem papai... vamos.
— Rapaz, tá com fome é?
— Não, quero comer batatinha papai, vamos.

Helena não deu paz enquanto Luan não levantou e não desceu com ela. Enquanto eu me mantive preguiçosa, levantei apenas para ir ao banheiro e voltei pra cama. Peguei o celular, respondi algumas mensagens, olhei o email e voltei a dormir.



Narrado por Maria Luísa
(...)

— Oi paizito, boa tarde. –falei dando um beijo no rosto dele.– Oi, e tchau.
— Oi, e tchau? Onde você já vai indo e sem avisar?
— No meu namorado.
— Maria Luísa... tá chovendo, tá frio. Sossega em casa.
— Ué pai, ele vem me buscar de carro. Vai parar aqui na porta.
— Nada de dormir lá viu, pode voltando pra casa.
— Tá bom senhor Rafael, tá bom. Tchau.
— Tchau, avisem quando chegar lá.

Peguei o celular em cima do sofá, dei tchau pro Thor e fiquei esperando na porta. Assim que Henrique encostou eu fui pro carro, sentei no banco do carona ao lado do motorista e nos beijamos.

— Tenho que voltar pra casa ainda hoje. –falei e ele deu risada.– É sério.
— Oi Malu, estou bem também.
— Desculpa. –pedi.– Oi, estava com saudades.
— Eu também. Oh, pra você. –disse pegando uma sacola no banco de trás e me entregando.
— O que é isso?
— Presente, abre aí. –a sacola era pequena, de uma loja de jóias. Abri com todo cuidado e dentro tinha uma caixinha, abri e fiquei apaixonada.
— Sério isso? Ah, que lindo Rique. Eu amei, lindo.
— Pra entrar no clima da viagem. –disse dando-me um selinho. 
— Um berloque de soldado da Inglaterra, um mimo, tão delicadinho.
— Achei também.
— E você foi comprar com quem?
— Meu pai. 
— Sua mãe não quis ir junto?
— Era um passeio de homens, pai e filho.
— Ah que fofo. Ele ainda sai com o papai.
— Teve jogo, fomos assistir e depois passamos no shopping. Ele viu uma gargantilha na vitrine da loja e quis entrar pra comprar e dar de presente pra minha mãe.
— Seu pai é bem romântico, acho tão lindo.
— Minha mãe foi a primeira namorada dele.
— Tá brincando?
— Não, é sério. Ela está acostumada a ser mimada por ele.
— Assim como eu por você, obrigada pelo presente. Eu estou bem animada com a viagem. Você já falou com os seus pais?
— Falei com a minha mãe, ela escutou a gente conversando e depois veio falar comigo. 
— E o que ela disse?
— Que é uma bela oportunidade, você fez bem em aproveitar. 
— Tenho vontade de conhecer vários lugares do mundo, sabe? 
— Sei. –disse apertando meu nariz.– E eu vou com você. 
— Sua mãe está em casa?
— Sim, esperando a gente pro almoço.
— Seu pai também?
— O homem de negócios está fora hoje, em Campinas.
— Sério? Volta hoje ainda?
— Nada, daqui quatro dias. –respondeu enquanto manobrava o carro e por fim estacionava.– Chegamos.
— Rapidinho. –falei descendo e entrando na frente.– Oi sogra!
— Malu, querida. Tudo bem? –perguntou vindo me abraçar.– Como está linda.
— Obrigada. Estou ótima, e você?
— Muito bem também, obrigada. Cadê o Henrique?
— Aqui dona Luísa, entrando. Terminou o almoço?
— Ah sim, a mesa está posta. Vamos lá?

Fomos para a sala de jantar, tudo preparado. Ela havia feito couve-flor recheada com frios e gratinada, carne assada e um arroz fresquinho. Nós sentamos, servimos nossos pratos e começamos a comer. Minha sogra além de um amor de pessoa era muito comunicativa, tanto que passamos o almoço inteiro conversando inicialmente sobre a nossa viagem e o assunto se estendeu por muitos outros, acabamos falando sobre a culinária.

— Se me dão licença, irei me ausentar. Comportem-se crianças.
— Vai deitar?
— Ligar pra sua tia. 
— Tá.
— Tem torta de limão na geladeira, comam a vontade. –disse seguindo em direção as escadas.
— Vai querer?
— Agora não, estou satisfeita.
— Eu quero, vou lá pegar. –levantei tirando a louça suja da mesa e levando pra pia, enquanto o bonito estava com a geladeira aberta, pegando o doce. Esperei e fomos para a sala de estar.– Tá muito bom, tem certeza que não quer?
— Tenho Rique, tô cheia demais.
— Só pra experimentar, toma. –encheu a colher e colocou na minha boca, estava saborosa, bem docinha.
— Delícia.
— Quer mais?
— Não, obrigada. E aí, preparado para o próximo semestre?
— Sim, parece que fiquei sessenta dias de férias. Preciso de uma rotina.
— Mas você aproveitou bem suas férias.
— Demais. Arrumei até meu quarto depois da minha mãe ter falado um monte.
— Sua mãe?
— Não queira ver a dona Luísa brava, ela vira o cão.
— Não fala assim da minha sogra.
— Estou falando sério. Comprei um jogo novo de luta, joga comigo?
— Outro jogo de luta?
— Esse dá pra personalizar os jogadores, esperei pra jogar com você.
— Depois vamos assistir filme?
— Eu quem vou escolher.
— Não, você quem escolheu a última vez e você só sabe escolher filmes de terror, eu não gosto. –falei fazendo bico, ele riu e veio me beijando. Um beijo todo gostosinho, com gosto de torta, não lembro de ter visto ele colocando a travessa com o doce em qualquer outro lugar, mas suas mãos estavam livres para segurar a minha cintura.– Ei, calma... estamos na sala viu.
— E beijando na boca só, vem cá... –me puxou entre as pernas dele e voltamos aos beijos quentes e cheios de toque, sem que ele diretamente tocasse minha calcinha eu já estava pulsando e sentindo sua ereção me pressionando. Coloquei as pernas em volta da cintura dele me encaixando e abracei seu pescoço.– ... com uma chave dessas.
— Para, eu vou sentar no outro sofá.
— Não vai nada, vai ficar aqui agarradinha comigo. –disse voltando a me beijar e por ali ficamos uns tempão, ele não quis saber de jogo e eu muito menos. A sensação de calor só aumentava, assm como nossas carícias, era muito bom namorar o Henrique, nossa senhora! 
— Vou contar pro meu irmão que você fica me agarrando.
— Ah é? Tem certeza?
— Ele surta, tadinho do Art. Fica doidinho com esse monte de mulher na cabeça dele.
— Eu também ficaria. Quer jogar agora?
— Sim, vamos ver o tal do jogo. –disse levantando e ele fez o mesmo, mas assim que ajeitou a bermuda eu arregalei os olhos pelo volume que estava presente.– Henrique!
— Quer ficar roçando a bunda e achando que não ia dar em nada, não tinha como não ficar excitado.
— Aí, meu deus! Que vergonha e se sua mãe aparece? Cobre isso!
— Relaxa, vou no banheiro e te encontro lá em cima. –abri a boca e ele riu.– Mijar, Maria Luísa! Mijar. Não vou bater punheta não.
— Podre. –disse arremessando nele uma das almofadas.
— É sério, tô apertado mesmo. E tenho que soltar os cachorros.
— Na chuva?
— Aqui dentro e você não gosta deles.
— Claro, não posso confiar.
— Medrosa. Sua mãe tinha um tigre.
— O Lupy era da família, era dócil.
— Bem maior que um pitbull Malu.
— Você não ia no banheiro? Tchau, vai lá. –falei pegando meu celular e subindo para o quarto dele, larguei em cima da cama e fui usar o banheiro, quando voltei levei um susto com o cachorro em cima da cama.– Ai, mentira. Sério isso? –falei com medo.
— Ei garotão, fora. Desce daí. –e ele foi numa boa, Henrique fechou a porta.– Pronto. 
— Obrigada. –disse tirando os chinelos e subindo na cama.
— Meias de ursinhos?
— Sim, dos ursinhos carinhosos. 
— Esse desenho é antigo.
— Mas eu gosto dos personagens. –dei de ombros deitando e pegando o travesseiro dele, enquanto Henrique ligava o videogame e entrava no jogo.
— Vai jogar ou vai dormir?
— Jogar. Deitei porque sua cama está quentinha. –falei me aninhando toda, ele me entregou o controle e sentou encostado na cabeceira.
— Deita aqui e puxa o edredom. –indicou o meio das pernas e eu assim fiz.– Vou criar o meu personagem primeiro, depois você cria o seu. 

Henrique e meu irmão eram bem parecidos no assunto games. Ele explicou direitinho cada uma das funcionalidades das teclas neste jogo, fez todo um passo a passo e depois de eu seguir e conseguir montar minha lutadora nós começamos a jogar e ficamos horas ali brincando.

— Seu celular tá tocando. –ele disse vibrado na televisão.
— Tá aí do lado, pega pra mim, por favor. –ele pausou o jogo e me entregou.– Oi pai.
— Oi Malu, estamos indo pra casa da sua vó.
— E ela vai fazer o que de gostoso pai?
— De gostoso ela já fez, eu. Agora de jantar eu não sei. Vai ir pra lá ou vai ficar aí?
— Vou ficar aqui, manda um beijo pra vó.
— Se comporta, juízo.
— Tá bom pai, pode deixar. –e desliguei.– Vou dormir aqui.
— Seu pai quem ligou?
— Sim, pra avisar que está indo na minha vó.
— Não quis ir?
— Não, quero ficar com você. Grudada. –falei tirando a pausa do jogo para continuarmos.
— Toc, toc. –Luísa bateu na porta e girou a maçaneta, entrando em seguida.– Henrique, não disse que ia levar a Malu em casa? Está de noite já. 
— Eu ia, mas ela vai dormir aqui hoje mãe.
— Ótimo. Estou saindo, volto amanhã depois do almoço. Ainda tem comida aí ou vocês podem pedir algum delivery, só não fiquem sem comer.
— E posso saber onde a senhora vai? –dei uma cotovelada nele.
— Encontrar algumas amigas.
— A noite toda?
— Menino, sua mãe sou eu viu. Boa noite pra vocês.
— Boa noite. –falamos juntos.– Tá afim de dar uma volta?
— Volta onde? Estou de meia e chinelos.
— Pizzaria, drive thru.
— Então vamos. –falei levantando e indo fazer xixi outra vez.– Pronto, vamos?
— Que rápida.
— Sim, vamos logo. –disse pegando meu celular e descendo na frente, lembrei dos cachorros quando estava na ponta da escada, mas os vi deitados, dormindo.
— Desce na frente, apressadinha.
— Não enche. 
— Eu falei pizza, mas podemos comer outra coisa. O que você quer?
— Beirute com fritas e Coca Cola.
— Nossa, tem uma lanchonete aqui perto que tem um daora. Podemos comer lá mesmo, e depois vamos comprar minha pizza.
— Como quiser guloso.

Henrique dirigia tão tranquilo e concentrado que tirei até uma foto, ele nem percebeu. Rodamos uns vinte minutos até a tal lanchonete, estava movimentada, mas não muito cheia. Ele estacionou e descemos, esperei ele dar a volta e entramos de mãos dadas.

— Meu irmão já me trouxe aqui uma vez, eu e a Julia. –falei lembrando.– A batata aqui é sensacional.
— Os lanches também, tem um que é tipo x-tudo, é muito bom. Acho até wue vou pedir ele. 
— Eu vou no beirute, deixa eu ver o cardápio. –escolhi um de contrafilé com queijo, presunto, alface, tomate e ovo. As fritas com catupiry e bacon, e minha coca bem gelada.– E você?
— O número 27, com hambúrguer artesanal. E um guaraná de 600ml.
— Você está indo pra academia?
— Não. Tô precisando?
— Todo mundo precisa se exercitar. Quero ir. –comentei.
— Pra fazer musculação, aeróbico ou luta?
— Luta e musculação. 
— Boxe ou muay thai?
— Muay thai. Faz comigo?
— Sério mesmo? Você não vai desistir na primeira semana?
— Não. –respondi rindo.– Mas tem que ser de tarde, de manhã eu estudo e de noite quem estuda é você.
— Tá, vou ver os horários lá na academia e te mando.
— Não tenho roupa de academia, você vai ter que ir comigo comprar.
— Na academia vende, dá pra escolher lá.
— Melhor ainda. Tênis eu tenho. –falei.– Mas agora eu quero mesmo é devorar meu lanche, olha que lindo, dá até dó de comer.
— Eu como pra você.
— Não, sai fora. –disse pegando os talheres e cortando o primeiro pedaço, foi eu colocar na boca que ele começou a filmar.– Você é igual meu cunhado, nossa. –resmunguei.– Leo que faz isso.
— Tudo você tira foto.
— Esqueci, tira uma bonita pelo menos. –peguei o prato e fingi morder o lanche.– Deixa eu ver. –ele entregou o celular e eu mesma publiquei me marcando.
— "alimente sua princesa" eu nem te chamo de princesa.
— É, me chama de Malu. 
— Não tenho criatividade pra isso não.
— Bruto.
— Por acaso você me chama de príncipe?
— Não, chamo de Rique, meu amorzinho. –falei fazendo bico.– Come vai, tá esfriando o lanche.

Comemos o lanche de boa, falando das pessoas que estavam na lanchonete também e depois de pagar e pegar meu milkshake saímos de mãos dadas, felizes.

— Sabe dirigir?
— Não tenho idade pra isso, nem vem.
— Se quiser eu te ensino, o carro da minha mãe é facinho. –falou pegando as chaves e balançando na minha frente.– Quer ir com o carro?
— Você confia mesmo? Tá de noite, asfalto molhado...
— Confio. Eu vou te ensinar. –entramos no carro, ele me explicou três vezes, girei a chave no contato e fui bem devagarinho, muito devagar mesmo.– Oh dá seta e entra aqui a direita, isso aí.
— E agora?
— Vem pelo canto, devagar... olha aqui no retrovisor e entra a esquerda no drive thru. –entrei de boa, segui a fila bonita pagando de gatinha no carrão da minha sogra, fizemos o pedido e enquanto não ficava pronto ficamos namorando no carro.– Quer tirar sua carta aqui ou lá?
— Aqui.
— Antes de viajar? É. Mas o ruim é que pra eu tirar a carta tenho que ter dezoito, então só nas minhas férias do segundo ano de curso.
— Bem lembrado. Inglaterra, tenho que comprar uma mala falando nisso.
— Outra?
— Uma maior, vamos pra lá no inverno, colocar até duas cuecas.
— Não precisa de tudo isso não. –falei.
— Boa noite, pedido 1463. Certo?
— Sim, é o nosso. 
— Tenham uma boa noite. –falou entregando as duas caixas e o refrigerante.
— Obrigada. –o rapaz saiu e eu olhei pro Henrique de boca aberta, ele pediu duas pizzas.– Tudo isso é fome?
— Vai que bate uma fominha na madrugada.
— Péssimo. –falei ligando o carro outra vez.– Pra que lado fica sua casa?
— Vamos sair daqui e seguir reto, no final da avenida pega a esquerda e direita depois até o final.
— Nem sei que rua é essa.
— Duas pra cima da escola. É pertinho. –segui as orientações e chegamos, mas eu estava suando de nervoso.– Foi bem em piloto.
— Tirando a mulher que eu quase atropelei.
— Porque ela entrou com tudo na frente do carro. Você foi bem. –disse me incentivando. 
— Obrigada. –disse dando um beijo nele.– Ainda que jogar?
— Quero assistir filme, sem terror dessa vez.
— Amém. Vai levar isso aqui pro quarto. –ele assentiu.– Então vai pegar prato, copo, talher e pano de prato.
— Pano de prato?
— Vai encher os móveis de gordura? Por isso sua mãe xinga. –ele riu e foi buscar enquanto eu seguia. Entrei no quarto, coloquei tudo em cima da mesa do videogame e fui tirando a blusa de frio ficando só de blusinha de alcinha.
— Tem roupa sua na minha gaveta.
— Quero um shorts só. –falei indo pegar, achei um de pijama, tirei minha calça e fui vestindo o shorts.
— Poderia ficar sem, eu não iria ligar.
— Não, engraçadinho. –dobrei minha roupa deixando em cima da cadeira e indo pra cama.– Rique.
— Hm... –respondeu segurando minhas coxas.
— Quer comer ou namorar?
— As duas coisas. –disse sorrindo. Prendi os cabelos de novo e deitando por cima dele, beijando sua boca sem pressa e com muita vontade. Suas mãos subiram para a minha bunda, pressionando-a ao encontro dele que estava bem animadinho, continuamos o beijo e viramos na cama, foi o momento que meu celular e o dele foi pro chão.– Merda. Calma aí. –disse levantando da cama e pegando os celulares, os colocou do lado da TV e voltou pra cama sorrindo como um predador.
— Olhando assim parece que me devorar.
— E vou. –ele prendeu minhas pernas com as dele, segurou minhas mãos e voltou a me beijar, boca, pescoço e seios. Eu estava quente, ofegante e ansiosa pelo que viria a seguir e não demorou muito, Henrique me deixou nua sem que eu nem percebesse e seu rosto estava entre as minhas pernas, beijando meus lábios e eu entregue, tão entregue que quando seus dedos me tocaram eu gozei e ainda assim ele não parou. Fechei os olhos e faria o mesmo com as pernas tentando conter os espasmos musculares. Nossa! Ele segurou meu rosto entre as mãos, beijando minha boca e voltamos do início, beijos intensos e demorados, toques precisos, agora ele estava me penetrando lentamente erguendo as minhas pernas para ir mais fundo.
— Henrique... –chamei seu nome ofegante, seus lábios tocando meus seios, respirar fundo só intensificava tudo, contrair fazia com que ele se excitasse ainda mais. Nosso ritmo ficou um pouco descompensado e foi quando ele gozou, deixando seu corpo cair por cima do meu e ele rolar para o lado. Olhei e seus olhos estavam fechados. Joguei minha perna por cima da dele, que segurou minha coxa e ficou quietinho.– Está tudo bem? –ele assentiu.– Então porque está mudo? –ele deu um sorriso sacana e nos beijamos, que beijo bom.
— Está tudo perfeito. –beijou meu ombro.– Estava esperando meu corpo voltar ao normal, meu coração parecia que estava saindo pela boca.
— O meu também. –sorri deitei a cabeça no peito dele. Ficamos mais uns minutos deitados antes de ele sair da cama e ir para o banheiro, pensei se iria colocar uma roupa, mas na verdade meu corpo precisava de um banho e foi o que eu fiz. Bati na porta e entrei.– Preciso de um banho, pega uma toalha por favor?
— Não vai nem perguntar se eu quero ir?
— Você quer tomar banho? –ri um tanto sem jeito, mesmo a bastante tempo namorando Henrique e eu não tínhamos o hábito de tomar banho juntos, eu fugia em toda e qualquer oportunidade. 
— Com você, sim. –disse entrando no box junto comigo e foi muito gostoso, tirando o fato de o meu cabelo ter ficado todo molhado.– Quer um secador?
— Não, só uma outra toalha seca. –falei depois de vestida e sentada na cama.– Que filme vamos assistir?
— Maratonar Harry Potter?
— Você vai dormir antes mesmo do primeiro filme acabar.
— Quer apostar que não?
— Eu assisto todos. Tem certeza que quer apostar?
— Sacanagem, você é fã.
— Meu pai é fã, eu acompanhava. –o corrigi.– Ou podemos assistir os filmes da Barbie. Barbie e as doze princesas bailarinas, vamos? –pedi toda animada e ele me olhou como se eu fosse uma criança de cinco anos.
— Você tem dois estados de espírito.
— Sim, neste momento sou a menininha que quer assistir desenhos. Só esse vai... por favor?
— Te deixei escolher, trato é trato. Vou buscar a toalha, põe aí o filme. –procurei e não demorei a encontrar, quando Henrique voltou troquei de toalha, ele apagou as luzes e veio pra cama junto comigo. Dei play e nos deitamos para assistir.








~.~

sexta-feira, 18 de março de 2022

Capítulo 289

Narrado por Fernanda
Acordei muito disposta no dia seguinte e meu marido também, porque eu o acordei com beijos e foi aquele sexo gostoso da manhã que dava ânimo para enfrentar qualquer obstáculo do dia. Sim, eu e a palavra sexo temos uma ligação fenomenal que nada explica, nada mesmo. Deixei Luan dormir mais um pouco e fui tomar um banho, e adivinhem senti um desconforto bem no pé da barriga e pra não ter surpresa após o banho coloquei um OB e fui para o closet me vestir. Semana quase acabando, sem reuniões presenciais, minha escolha foi uma calça jeans, tênis branco e uma blusa social na mesma cor do tênis. Pulseiras, brincos e meu relógio. Estava pronta.

— Bom dia filha, dormiu bem princesa?
— Bom dia mamãe, sim. Hoje é dia de ir pra escola?
— Não meu amor, só semana que vem. Fez xixi?
— Sim. –respondeu coçando os olhos, olhei no relógio e ainda estava bem cedo.– Queria um leite mamãe.
— Espera aqui que eu vou pegar tá? –coloquei ela de volta na cama, e desci. A bolsa ficou no sofá, Thor veio abanando o rabo, dei "bom dia" e ele puxando minha calça com os dentes.– Ei, espera que eu vou trocar suas coisinhas. –e segui para a cozinha.– Bom dia Maria.
— Bom dia Fernanda, acordou mais cedo hoje. E está muito bonita.
— Maria, meu marido é incrível. Namoramos muito ontem a noite, namoramos hoje de manhã. Olha essa pele. –falei me aproximando dela, Thor latiu.– Tem neném mais manhoso que esse?
— Fui chegar perto da comida e ele rosnou pra mim.
— Tá carente. Vem Thor, vamos trocar a comida vem. –no cantinho onde estavam as coisas dele lavei, coloquei ração nova e água fresquinha.– Pronto, vai.
— Café está fresquinho.
— Eu aceito, estou com fome. Mas antes fiquei de levar um leite para a dona Helena.
— Ela voltou ontem?
— Sim, e voltou achando que hoje tinha aula. Nem deixei ela descer.
— Toma um cafézinho enquanto eu preparo o café dela. –Maria preparou uma bandeja com pães de queijo, leite com chocolate, cortou uma maçã e um pedaço de bolo de iogurte.– Prontinho.
— Por isso elas não te largam, você é maravilhosa Maria. –agradeci terminando minha xícara e seguindo com a minha missão. Entrei e acendi a luz, ela estava cochilando.– Helena, acorda filha.
— Tô acordada mamãe.
— Seu café da manhã, Maria quem preparou do jeitinho que você gosta.
— Tem até bolo!
— Sim. Senta direitinho pra comer. –ela sentou, tomou o leite, comeu os pães, o bolo, a maçã, agradeceu e voltou a dormir. Apaguei a luz, mas deixei as cortinas abertas antes de sair do quarto e voltar para a cozinha. Tomei o meu café e segui cm minha agenda, fui no meu carro dessa vez e cheguei bem mais cedo que o costume. Nem mesmo as recepcionistas estavam no prédio.
Oi Fê, bom dia. Tudo bem? Minha mãe não passou bem essa madrugada, ficamos no hospital e ela segue em observação. Posso ficar em home hoje?
— Gabi, bom dia. O que ela tem? Não, imagina. Tire o dia de folga, minha agenda está atualizada e eu consigo me virar. Fica tranquila, e melhoras para a sua mãe.
Uma intoxicação alimentar, estou cuidando dela. Muito obrigada, e pode me acionar caso precise, estou com o celular e meu note. Obrigada mesmo.
— Tudo bem, beijão. –olhei minha agenda, e hoje eu estava em paz, dia muito tranquilo mesmo. Análise de papelada, verificar alguns emails e acompanhar os índices. Quase que um dia livre.– Dalila você tem um compromisso comigo hoje e eu não aceito não como resposta, iremos almoçar juntas. –mandei um áudio.
E você não sabe da maior, passei o dia todo ontem com o pensamento em você. Mas a Sofia não estava bem e acabei não mandando mensagem amiga. Como estão as coisas por aí? Claro que irei, Coco Bambu?
— Sim, eu topo. O que minha bonequinha tem?
Eu não sei, mas acho que ela não quer voltar pra escola. Não sei bem, mas ela está numa manha que só. 12h30?
— Enquanto Helena acordou achando que tinha aula. –ri.– Combinado então, te encontro lá.

Parei de bater papo e tratei de adiantar as minhas coisas, o que foi ótimo, pois a manhã passou voando e ao meio-dia eu estava com a minha carteira, celular e chave do carro, saindo da sala.

— Meninas, estou indo almoçar. Volto mais tarde. Não tenho nenhum compromisso agendado, mas se por acaso aparecer alguém estou no celular. A Gabi hoje está de folga.
— Bom almoço chefe. –chamei o elevador e fui. Embora estivesse nublado, o dia estava gostoso, cheguei no restaurante faltando dez minutos para o horário combinado, pedi uma mesa para duas pessoas e então me acomodei.
— Amiga!
— Estava com muitas saudades de você. –disse e levantando e abraçando-a bem forte.– Amiga, nossas fofocas fazem falta.
— Sem dúvidas. –disse sentando à mesa.– Podemos beber?
— Óbvio que sim, não muito porque estou dirigindo.
— Eu também. –deu de ombros.– Por favor, duas taças de vinho rosé.
— Vendemos somente a garrafa.
— Pode trazer, por favor. 
— E como pratos principais o camarão e a lagosta Coco Bambu. –pedi. O garçom saiu e nós começamos a fofoca.
— Você está mais bonita, como consegue?
— Hoje eu acordei radiante, o que é estranho porque estou menstruada e geralmente ficamos um caco. Porém, meu marido tem cuidado muito bem de mim, não que ele tenha me negado sexo, mas de uns dias pra cá tem sido surreal, me senti... Deus que me perdoe amiga, mas quando eu traía o Murilo... nossa que sexo gostoso.
— Quem que me dera eu sentisse todo esse tesão, meu sonho. 
— Amiga, eu te conheço.
— Eu também me conheço, não estou conhecendo mais meu marido. Tem semanas que nós não transamos e não tô falando de uma super transa, estou falando do básico, papai e mamãe.
— Como isso?
— Cada dia uma desculpa. Um dia é o trânsito estressante ou dia o trabalho cansativo ou a rotina.
— E você tentou mudar alguma coisa?
— Nanda eu comprei um glitter pra passar no cu e nada. –o garçom arregalou os olhos, e saiu depressa assim que deixou o vinho e nossa comida.– Fiquei com tanta raiva que nem e masturbar eu masturbei. Não sei o que se passa. –falou.
— Já sentou com ele pra conversar?
— Sim, hoje pela manhã. Vim do estúdio de fotografia. 
— E aí?
— E aí que eu acho que ele está me traindo.
— Por que Lila?
— Intuição, uma mulher sabe quando está levando chifre. Mas não vim para falarmos disse, quero saber como você está...
— Vivendo muitos momentos novos, a fase adulta dos meus filhos. Arthur pai, Melissa se preparando pra subir no altar e a Maria Luísa se preparando para estudar em outro país.
— Oi? Outro país amiga? Tá brincando!
— Ela contou pra mim e pro Luan ontem mesmo, estava toda nervosa tadinha. Mas ela foi bem clara e eu não tenho muito o que fazer.
— Claro que tem, só falar que ela não vai.
— Deixa de ser doida amiga, você passou muitas temporadas viajando outros países.
— Trabalhando, não estudando.
— Realizando o seu sonho, era seu sonho na época.
— Sim, mas eram outros tempos. –disse se servindo de mais vinho.– Você reagiu bem?
— Falei pro Luan ontem que eu estou bem pilhada, mas porque quero que ela aproveite o melhor dessa experiência e com segurança e sem preocupações que tirem ela do foco.
— Você é doida. Eu surtei com o Rodrigo deu um apartamento pro João Pedro, imagina ele chegando e falando que quer morar fora? Eu não aguentaria.
— Preciso dar um voto de confiança, ela quer muito. Ou vai dar muito certo e ela vai seguir com o plano, ou vai ser menos que as expectativas e ela irá mudar os planos.
— E o Luan?
— Foi tão bonitinho, ele admitiu que estava receoso, mas disse que apoiaria porque quando foi com ele os pais fizeram o mesmo. Mas nada de imediato, temos um ano e alguns meses. 
— Só vocês dois sabem?
— E o namorado, agora você que vai fazer cara de surpresa quando ela anunciar.
— Sim. Farei claro. E a Mel?
— Outra surpresa também, chorei muito essa semaba e ainda cuidei de neta.
— Eu amo quando você paga sua lingua Fernanda, amo. –disse saboreando um pouco mais da comida.– Mas qual o motivo do choro?
— Ela me mostrou a casa onde vai morar. O condomínio é uma graça, a casa é a cara deles.
— Luan foi também? 
— Hm, não. Ela disse que faria uma surpresa quando fosse apresentar a ele. Não faço ideia do que ela está aprontando.
— E o Arthur, Fernanda?
— Julia deu uma dura nele esses dias, a ficha está começando a cair agora. 
— Judiação e vacilo né. Tudo bem que a gente engravidou nova, mas a faculdade estava concluída. Amiga sabemos que faculdade suga as nossas energia e o bom humor, nossa... imagina com uma bebezinha.
— Uma bebezinha manhosa, minha neta é linda, mas quando cisma... Lila não tem quem a faça parar de chorar.
— E acha que sai casamento?
— Sinceramente, ele precisa decidir o que ele quer pra vida dele. O Luan foi pai mesmo, presente... quando a Melissa veio morar com ele, que ela tinha que ter uma rotina, precisava de cuidados e atenção... quando ela era uma responsabilidade dele.
— Eu também fui assim amiga.
— Sim, mas a mulher amadurece em menos tempo tem todas as mudanças físicas e psicológicas. O homem não.
— E convenhamos ele foi muito mimado, falo isso porque os meus também foram e ainda são, enfim...
— É, o problema é que agora eu não posso me meter.
— Nunca pôde não é mesmo? Se metia de abelhuda e pura implicância.
— Mas alguma crítica dona Dalila?
— Não. –riu.– Quanto a isso estou tranquila. Mas a neném ainda é bem novinha e eles vão passar por muitos novos momentos.
— Sim, estranhei que ele não quis juntar as escovas de dente ainda.
— Pra voce ter outro surto? E eu não acho certo. Se for pra casar e os pais continuarem sustentando,  porque nenhum dos dois trabalham, melhor continuar no namoro.
— Coisa que eu concordo. Elas passam uns dias em casa, em outros ele vai pra casa delas e tem sido assim.
— Desencanou então amiga?
— Sim. Graças a Deus que ele está com ela e nenhuma outra folgada.
— Amém né. –riu. O celular tocou e ela atendeu fazendo careta.– Oi... não, eu sai... sim, com uma amiga... não dá pra conversar agora, em casa a gente se fala, tchau. 
— Que tal uma segunda lua de mel?
— Larguei todos os meus contatos no auge da juventude por ele e ele fazendo graça. Mas ele vai achar o dele amiga, ah vai.
— Lila não faça nenhuma besteira.
— Vou sumir uns três meses e ele vai ver.
— Sumir?
— Fechei um cruzeiro.
— Amiga e a Sofia.
— Vai ficar com os meus pais.
— Voce é maluca.
— Não, eu não sou. Sentei com os meus filhos, falei que estava em uma crise e eu precisava desse momento pra mim.
— E o seu marido o que achou disso?
— Não falei com ele. Se ele estava procurando problemas no nosso relacionamento agora ele vai ter. Começando pela falta de diálogo.
— Quando você embarca?
— Daqui dois ou três dias.
— Eu fico preocupada com você, vai me dar notícias?
— Sim, e postar muitas fotos. Prometo.

Dalila sempre teve jeito louco, mas único. Nosso almoço rendeu duas ótimas horas, mas eu tinha que voltar para a empresa. Então nós nos despedimos, desejei uma ótima viagem e voltei aos meus compromissos.

— Chefe, visita pra você. –Brenda disse assim que eu atendi o ramal.– Disse que é surpresa.
— Surpresa? Pra mim? É meu marido?
— Não, mas se ele quiser ser o meu eu não ligo. –disse baixinho.
— Estou indo aí. –coloquei o fone de volta no gancho e levantei curiosa pra saber quem era.– Mentira que você lembrou que tem uma amiga.
— Estava aqui perto. –falou ajeitando a camisa social e vindo até mim.– Tudo bem?
— Tudo ótimo, esse dia só melhora. –falei ficando na ponta do pé para abracá-lo.– Vem, vamos até minha sala.
— Não quero incomodar.
— Você nunca na vida será um incômodo. –falei puxando-o pela mão e indo até minha sala.– Acredita que hoje almocei com a Dalila?
— Outra doida, ela está bem?
— Ótima, de viagem marcada inclusive. Mas e você? E minhas nenéns?
— Estou bem, elas também, estão com a Karina viajando.
— Ficou sozinho em São Paulo.
— Tinha uns trabalhos agendados. –contou.– Um deles era perto daqui, resolvi passar.
— Tá bonitão, bem homão mesmo.
— Mais velho, voltei atuar. E hoje estava fazendo umas fotos.
— Que delícia, bem movintada a agenda. Vai em casa quando fazer uma visita?
— Eu fui, tomei café com a Maria e o Thor, porque você estava viajando. Ah, sabe quem eu encontrei?
— Não, quem?
— Lucila.
— Mentira, onde? Ai não acredito. Tenho tanta saudade dela.
— Continua do mesmo jeitinho, amou conhecer as meninas.
— Elas são lindas, uns amores. Thata volta às aulas quando?
— Semana que vem, Gabi também.
— Você trate de ir me visitar.
— Ah você também sabe onde eu mora, aparece lá pô.
— Vou mesmo. 
— Bom, tenho que ir, passei só pra dar um "Oi." mesmo. Mas a gente combina alguma coisa com mais tempo.
— Claro que sim, vamos marcar. –falei me levantando para acompanhá-lo até o elevador.– Davi um beijo pra você e pras meninas também.
— Não vou mandar beijos pro seu marido que fica estranho, mas um abraço com certeza. –me deu um beijo no rosto, um abraço e foi embora.
— Chefe, que homem!
— Muito bem casado viu meninas, mas um gatão não é?
— Eu não tenho ciumes.
— Esse Brenda não tem limites.
— Meninas, acho que vou pra casa.
— Aproveita pra fugir da chuva.
— É mesmo, farei isso.

Esses eram os meus planos, mas meu pai a quilômetros de distância sabe quando quero dar o cano e me colocou em uma videoconferência que terminou às 19h27. Só eu e os porteiros no prédio, peguei meu carro, liguei o som e fui pra casa.

— O que é isso? –perguntei ao ver Helena correndo pela sala de calcinha e meias.– Helena!
— Mãe eu não sei o que deu nela hoje, mas ela não quer vestir roupa. –Melissa disse sentando no sofá com o pijama na mão.
— Você já está uma mocinha pra ficar correndo sem roupa pela casa, vem vestir seu pijama agora.
— Mamãe eu estava só brincando.
— Helena, agora. –ela veio e ela mesma vestiu a roupa.– Viu só?
— Eu falei sério com ela.
— Igual seu pai falava sério com você. E falando nisso cadê ele?
— Deitado, disse que está com dor de garganta.
— Vocês jantaram?
— Sim, Maria fez couve flor recheada.
— Vou tomar banho e descer pra comer. –falei subindo para o quarto, abri a porta e Luan estava deitado dormindo, coberto até a cabeça. Deixei minha bolsa em cima da cadeira e fui ver se ele estava bem.– Amor?
— Oi vida.
— Tomou remédio?
— Tomei.
— E está melhor?
— Só a cabeça que está doendo.
— Descansa um pouco, vou tomar banho. 

Tomei banho e desci para jantar. Melissa me fez companhia, depois subimos e cada uma foi pro seu quarto descansar.

— Amor?
— Hmm... 
— Boa noite, te amo. 
— Eu também amo você vida, boa noite. –e dormimos.







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