Capítulo 192 - Parte V

Narrado por Luan

  Eu tenho um azar do caramba. Angélica tinha que aparecer justo quando a Nanda está de greve e mais, num show meu em que a Nanda está comigo. E veio com uma conversa mole, um papo estranho de desculpas e que queria voltar a ser minha amiga, que não queria ficar em um clima chato comigo e não sei o que mais. Louca! Pedi pra ela sair do camarim, insisti na verdade e ela continuava no assunto de um bom tempo atrás.

_ Estou atrapalhando alguma coisa? -"Fudeu, tô lascado!"- Hein? Alguém pode me explicar isso?

_ Quem é ela mamãe? -Melissa perguntava segurando a perna dela.-

_ Filha fica quietinha, fica... Entra lá no camarim do papai, onde tem o sofá...

_ Mas...

_ Vai Melissa... -Fernanda os deixou em cima do tapete.- E você? O que você está fazendo aqui sua vagabunda? -arregalei os olhos, Fernanda nunca foi de xingar mulher  nenhuma por mais raiva que estivesse.-

_ Vagabunda? Eu... 

_ Você o que? Veio atrás do Luan outra vez? Pensou o que? Que ele teria uma outra recaída e voltaria a me trair? -Angélica deu uma risada irônica e cruzou os braços indo até Fernanda que estava parada bem na porta.- Hein?

_ B U R R A. -soletrou em alto e bom som.- Isso que você é. Muito burra! -riu novamente.- Luan e eu não ficamos juntos aquela noite e olha que eu tentei e muito levá-lo pra cama e me acabar... -foi se aproximando dela.- Mas não! Ele foi fiel até o último segundo e mesmo bêbado ficava falando de você... Idiota!

_ Cala a sua boca!

_ Não... Agora você vai escutar tudo, tudinho. -riu sarcasticamente.- Naquela noite eu estava ali me autopromovendo, queria sim ser vista outra vez com o Luan e com isso adquirir status, sair nos sites como a mulher que levou o cantor aparentemente fiel a trair sua amada. E eu consegui. -palmas.- Te fiz sofrer, chorar, eu separei vocês! -bateu no peito e quando olhei Fernanda ela estava vermelha, as lágrimas caiam sem o seu consentimento.- Você caiu direitinho, não confiou no seu homem e deu ouvidos a mídia! Por que será, né? -ria ainda mais.-

_ Você é uma piranha. -vociferou.-

_ Não, não, não querida. Sou inteligente, coisa que na época você não foi. Sabe... Eu sabia que isso teria um preço, que seria prazeroso!

_ Prazeroso? Você tem problemas... 

_ Eu o fiz beber, beber muito, copo atrás de copo. -contava devagar.- Mas quando eu vi que demoraria acabei dando uma ajudinha. Conhece boa noite cinderela? -estavam cara a cara e aquilo me assustava, mas não tive reação alguma.- Foi assim que levei o seu homem pra cama, mas se te deixa ainda pior... Eu conto... Ele apagou assim que chegamos no quarto, dormiu feito pedra ainda sob o efeito da droga... Eu bem que tentei tirar uma casquinha, mas nada seria melhor que ver sua cara de corna sofrida quando visse fotos nossas! -foi aí que escutei o primeiro tapa, acordei e Angélica estava com a mão no rosto e ainda assim não tirava o sorriso do rosto.-

_ Eu vou acabar com você! -grudou nos cabelos dela e quando tive a reação de dar um passo as duas estavam no chão. Fernanda montada em cima dela, estapeando seu rosto enquanto Angélica ia pra cima com as unhas, rodavam por aquele chão e eu sozinho não conseguiria separar as duas, foi aí que Rober voltou pro camarim e o Cirilo saiu do banheiro.- Sua vadia! Você vai pagar tudo o que fez!

_ Fiz você se trouxa! Você não é mulher pra ele, não mesmo!

  Se eu pensava que já tinha visto briga, aquilo ali estava mais violento que o UFC! As duas se batiam tanto que quem tentava separar acabava levando, Fernanda voltou a ficar por cima e descontava toda sua raiva, sua fúria. Num momento de distração lhe agarrei pela cintura e fiquei segurando ela que se debatia muito.

_ Me solta! Quero acabar com essa cara de vagabunda que nunca mais ela vai ter coragem de olhar pro namorado de ninguém, pra homem nenhum.

_ Se acha muito forte não é? Não passa de uma coitada, medrosa! -Fernanda avançou e grudou em seu cabelo.- Sua louca, me solta!

_ Vou te deixar careca! Vagabunda! 

_ Chega! -puxava Fernanda e os cabelos de Angélica eram ainda mais puxados.-

_ Nunca mais você vai me fazer de idiota.

_ Uma única vez foi o suficiente. -riu.- 

_ Tira ela daqui! -falei e os seguranças da casa a levaram. Fernanda ofegava, ainda nervosa e com os punhos fechados.- Amor...

_ Agora não Luan. -disse saindo do camarim e entrando no banheiro.-

_ Papai... -Melissa chamou bem baixinho.- Tá tudo bem com a minha mamãe? -seus olhinhos estavam marejados.- Por que ela tava brigando com a moça? -uma lágrima caiu.- Eu vi a moça batendo na minha mamãe... -veio correndo pro meu colo e chorando.-

_ Já passou meu amor, sua mamãe está bem... Não precisa chorar Princesa.

_ Cadê ela então? -tentava limpar o rosto.-

_ Foi no banheiro e já vem aqui, vou te deixar com a tia Arleyde. Cadê o Art?

_ Dá ela aqui, boi.

_ Não padrinho, quero ficar com o meu pai... -dizia me abraçando.-

_ Princesa, vai com o Roberval. O papai já vai pegar você de novo, é coisa rapidinha. -ela assentiu e acabou indo. Continuei em pé e escutei a poeta sendo destrancada, Fernanda saiu do banheiro e foi impossível não notar os sinais de que ela havia brigado. O pescoço com arranhões, seu rosto um pouco vermelho e os braços com manchas que estavam ficando roxas.- Nossa...

_ Eu posso até ter apanhado, mas ela está bem pior que eu. Aquela vagaranha teve o que mereceu, queria ter batido mais sim e queria ter encontrado uma tesoura pra deixar ela careca, Luan!

_ Só de ter deixado o rosto da menina sangrando você deveria se dar por satisfeita. -falei cruzando os braços.- Não acha que as duas foram longe demais, não?

_ Não, e se pudesse voltar no tempo... Voltaria ao começo da discussão e teria avançado nela antes.

_ Fernanda, você nunca foi disso...

_ O que é hein? Não posso brigar mais?

_ É que você nunca foi disso...

_ Nunca fui de fazer muita coisa... -aquilo soou como uma indireta, mas eu não disse nada.- ...não precisa ficar me olhando desse jeito.

_ De que jeito?

_ Você sabe... -fechei os olhos e não demorou para que alguém ali entrasse, para minha sorte era a Arleyde.-

_ Você está bem Nanda? Precisa de alguma coisa?

_ Maquiagem, vou pegar na bolsa...

_ Se machucou muito?

_ Eu tô legal, relaxa. -

_ Luan... Cinco minutos, ok? -assenti e ela saiu.

Narrado por Fernanda

  Sabe quando sua cabeça está a mil? Muitos pensamentos em um espaço curto de tempo, era assim que eu estava depois de uma briga com a loira vadia. Primeiro lavei meu rosto, respirei e ao me encarar no espelho notei marcas que não passariam despercebidas e sim, estavam doloridas, eu nunca fui de brigar assim e a última vez que apanhei vocês sabem... Enfim... Eu estava refletindo, refletindo muito, refletindo sobre o que aconteceu e me deu uma vontade enorme de chorar. Chorar? Mas por quê? Raiva? Arrependimento? Ressentimento, talvez? 

  Peguei a necessarie de maquiagens e ao abrir fiquei olhando e não aguentei, me apoiei na penteadeira e chorei igual criança, chorei muito mesmo, de soluçar. As lágrimas estavam afetando minha visão. Foi quando senti as mãos de Luan tocarem meu braço e em seguida fui puxada para o seu peito e me firmei ali, quanto mais chorava, mais aquilo me aliviava e eu me sentia menos... culpada. Isso, essa era a palavra. Na verdade eu me sentia culpada pela briga que tive c o Luan por conta disso e culpada ainda mais por ter perdido parte da confiança que havia depositado nele por mentiras de uma mulher desequilibrada e completamente amarga, sem coração, sem amor. Que "destruiu" parte de um relacionamento com um sorriso no rosto e sem demonstrar arrependimento algum.

_ Para de chorar, eu não aguento te ver assim. -beijou minha testa.-

_ Como eu pude ser tão burra? -sussurrei.- Eu duvidei de você, eu não quis te escutar... Eu... Eu... deixei que isso atrapalhasse o meu relacionamento com você, mesmo você me jurando que não tinha feito, que ela havia agido de má fé... Não fui justa com você.

_ Amor, entenda que não estamos sempre certo. Não é sempre que tomamos a decisão correta.

_ Você me perdoa?

_ Assim como você já me perdoou outras vezes. -ele segurou meu queixo entre os dedos e ergueu minha cabeça, dando um beijo casto em meus lábios.- Promete que vai ficar bem?

_ Prometo tentar... -nos beijamos outra vez e ele saiu, seguiu para o palco enquanto eu entrei no banheiro outra vez, lavei meu rosto e voltei para refazer a maquiagem e cobrir os arranhões mais aparentes. Ao terminar respirei fundo me olhando no espelho e pude respirar aliviada. Dei uma passada de escova no cabelo e estava "inteira". Escutei uma gritaria e em seguida Luan cantar no microfone, peguei o celular e me tirei uma foto.

@fermarques: Ser transparente me faz livre de toda culpa e todo medo,
me dando a certeza de uma consciência tranquila.

  O guardei e apaguei as luzes ao sair do camarim e ir em direção ao palco, onde encontraria meus filhos.

_ Mamãe, deixa eu ficar no seu colo um pouco? -Melissa estendeu os braços e eu não soube dizer não, então me sentei na cadeira que estava lá justamente para mim e ela se sentou no meu colo toda carinhosa.- Eu te amo, viu. E não chora por causa daquela moça lá... -recebi dela um beijo gostoso no rosto e depois voltamos a atenção para o show.

  O show foi lindo e era o que eu precisava, me importei em estar ali e nada mais. Afinal, o que eu queria? Estava com a minha família, meus filhos e meu futuro esposo. Estávamos felizes, éramos felizes... Então eu tinha que esquecer o que houve, passar uma borracha e pensar no que será daqui pra frente. 

 Sinto que agora sim seguirei minha vida em paz... Sem ex-namoradas loucas, sem meu ex-namorado na minha cola... Sem mentiras, sem interferências desagradáveis. Seria nós! Apenas nós para conduzir nosso relacionamento, nossa vida à quatro. Sorri com esse pensamento e me permiti aproveitar cada segundo do show que estava lindo, ainda mais perfeito quando Luan chamou no palco um meninho que estava no meio das meninas e cantaram juntos, pensa em uma mulher completamente apaixonada... Pensou? Era eu.

_ Vamos indo pra van? Falta duas músicas para finalizar e assim que ele acabar aqui vai direto pra lá... -Well comentou e eu assenti, até porque as crianças estava quase dormindo. Tanto que ele levou Melissa no colo e eu levei Arthur e a bolsa que havia colocado as coisas dos dois. Me sentei no fundo e os deitei no mesmo banco, fiquei aguardando meu digníssimo noivo entrar.

_ Nem demorei... -entrou se justificando e me arrancando risadas.- Uai, já dormiram?

_ Estão cansados. -falei passando a mão na testa da Mê e tirando o excesso de suor.- Os dois estão grudando, assim que chegarem no hotel...

_ Vão dormir, e amanhã a primeira coisa que farão vai ser tomar banho.

_ Amanhã, só?

_ Melhor do que eles acordarem pra tomar banho e não deixar você dormir depois.

_ Tá, tudo bem...

(...)

_ Mamãe... -Melissa não conseguiu dormiu muito, uns dez minutos depois que chegamos no hotel ela me chamou.- Tô grudano... Dá um banho?

_ Dou meu amor, vem cá... -fui tirando sua roupa ali mesmo.- Mamãe vai pegar seu pijama, tá bom?

_ Tá. -falou deitando na cama, caindo de sono. Mas já era um costume ela não dormir suada, ela não conseguia a menos que estivesse muito, muito, muito cansada.-

_ Já acordou?

_ Ela quer tomar banho... Vamos filha, aproveita que seu pai saiu do banho e antes de acordar seu irmão pra mamar.

_ Tá bom... -a coisa mais chata de se fazer, dar banho em criança com sono. Melissa queria até chorar e chorar mais que o Arthur (risos). Mas depois do banho ela capotou, já Arthur não ia acordar tão cedo. 

  Foi a minha vez de ir pro chuveiro e co gesso que alguns dos hematomas arderam ao entrar em contato com a água, mas eu continuei e saí de lá depois de lavar os cabelos. Luan estava de boxer preta, regata branca e deitado sem coberta. Passei por ele sem deixar de apreciar seu lindo corpo.

_ Vai babar aí...

_ Você nem imagina onde eu gostaria se estar babando agora.

_ Óia sua safadinha. -risos.- Vai dormir pelada?

_ Sem lingerie, só pijama.

_ Camisola é mais fácil de tirar, sabia?

_ Sei que vou me trocar pra ir dormir... Estou dolorida... -fui sincera e ele assentiu voltando a se entreter com o jogo no celular. Como tinha dito, me vesti e depois de tirar o excesso de água do cabelo e passar um óleo reparador, apaguei as luzes e fui me deitar com ele.- Amor?

_ Hm... 

_ Boa noite, te amo. -senti sua mão na minha cintura me puxando mais perto dele, me ajeitei e entrelaçamos nossas pernas e deitei minha cabeça em seu peito e dormimos.

~.~

  Angélica precisava de uns tapas desde que ameaçou aparecer, pois agora isso foi mais que merecido. Onde já se viu falar desse jeito com a Nanda? Perdeu o juízo e alguns fios de cabelo, não é?
Mas pensem pelo lado bom, um fantasma a menos na vida do nosso casal. Que o clima melhore e bem rapidinho.
  Beijos!