Capítulo 196 - Parte II

Narrado por Fernanda

  Terminei de tomar meu banho e troquei de roupa, peguei a bolsa com a roupa das meninas de apresentação e a minha que era pequena só estava meus documentos, o das crianças e os documentos do carro.

_ Lê, vamos?

_ Você não vai direto pro aeroporto? -perguntou surpresa.-

_ Até iria, mas o Luan insistiu pra ir. Enfim... Tá pronta?

_ Uhum... -ela estava de calça jeans cintura alta, um cropped e salto alto, cabelos soltos e maquiada.- Gostei da sua roupa.

_ Fazia tempo que eu não ousava tanto. -estava de macaquinho, salto alto, coque e uma maquiagem feita para o dia sem muito exagero.-

_ Deveria ousar bem mais, você tem roupas incríveis.

_ Roupas são roupas, uma etiqueta só diferencia o preço.

_ Sei que sim.

  Seguimos para o carro, coloquei as bolsas no banco de trás e fomos. Chegando na casa dos meus sogros estavam todos prontos, minhas duas bailarinas já estavam de coque e maquiadas, sapatilhas...   Arthur estava de jeans branco, camiseta polo azul marinho, tênis branco e touca.

_ Que lindo meu homenzinho. -apertei as bochechas dele.-

_ Aí, te me doendo mamãe. Para...

_ Aí bebê, a mamãe tava com saudades.

_ Eu não sou um bebê mais. Bebê é a Maria Luísa.

_ Sô a pincesinha do papai. -mostrou a língua e cruzou os braços.-

_ Ninguém merece esses dois.

_ Ainda ranzinza, Melissa?

_ Cadê meu pai hein? 

_ Vai buscar meus pais no aeroporto e encontra conosco na escola de ballet.

_ E a Lê?

_ Esperando no carro.

_ O tio Testa falou que ela é gostosa e o papai falou que sim, sabia?

_ Aé?

_ Gostosa igual comida? -perguntou e eu não respondi nada.- Hein mamãe?

_ Quando a gente chegar na escola você pergunta pro papai, pode ser?

_ Tá bom. -Mari estava vermelha de vergonha e meu sogro não disse nada.-

_ Esses meninos.

_ Menino é o Arthur que só tem cinco anos. Agora esses safados tem mais de vinte anos nas costas e falam qualquer coisa na frente da criança.

_ Releva, não vale a pena brigar.

_ Não mesmo. Não vou falar nada pra ele. -fui com as meninas para o carro e em seguida meus sogros se juntaram à nós, Amarildo na verdade foi dirigindo.

  Chegando na escola de ballet e estava bem cheio. Nós entramos e fomos aos nossos lugares, deixei reservado na frente mesmo porque queria ver minhas meninas de pertinho. Assim que entramos vi meus pais e Heitor, os cumprimentei e me sentei ao lado do Luan.

_ Que foi?

_ Nada. Por que?

_ Ficou seca de repente.

_ Deve ser porque seu filho veio me falar que você e o Rober estavam dizendo que a Letícia é gostosa.

_ O QUE?

_ Fica quieto, mas bem quietinho mesmo que você não tá com moral comigo.

_ Fernanda você vai acreditar em uma criança de cinco anos?

_ Não é qualquer criança não, é o meu filho que eu ensinei a não mentir. Já o pai dele...

_ Quem te garante que eu falei isso? -perguntou aos sussurros.-

_ Você é um safado, não fala comigo. Vai atrás dela seu sem vergonha.

_ Amor, relaxa tá. Quer beijinho?

_ Vai se foder, Luan.

_ Epa, não vamos descer o nível.

_ Luan você merece uns tapas bem dado na cara.

_ Se for iguais aos de ontem eu não logo não.

_ Canalha.

_ Seu canalha... -dizia ainda sussurrando.-

_ Cachorro...

_ Au au... Minha cadelinha. -dei um beliscão na perna dele torcendo pra ter ficado a marca.-

_ Se você não parar com as gracinhas eu vou apertar é o seu pinto, seu ridículo.

_ Tá aí toda brava à toa.

_ O caralho que é à toa.

_ Minha filha, não estamos em casa.

_ Você tem sorte que você tem uma sogra. Porque se você não tivesse... Você não respeita nem a mulher que ajuda olhar os seus filhos.

_ Como se ela merecesse.

_ E por que não mereceria? Tá sabendo de alguma coisa que eu não sei?

  Quando ele ia falar a diretora da escola chamou a atenção de todos os presentes dando início as apresentações, naquele momento eu me desliguei de tudo. De verdade me concentrei em ver minhas meninas lindas em cima do palco. Melissa tinha mais desenvoltura e prática, já a Maria ainda tinha vergonha e não se soltava tanto. Sei que no final eu as aplaudi de pé, comemorei mais que qualquer outra mãe presente.

_ Vocês estavam tão lindas. -as abracei muito.- Minhas princesas. Luan, tira uma foto nossa. Vem filho...

_ Tira aqui Pi, quero sair na foto tamém uai. -ele veio para o meu lado, segurou na minha cintura e sorrimos pra foto.-

_ Já pode soltar...

_ Quem estava falando da babá era o Roberval e não eu, então não enche.

_ Ah, não enche? Vou lembrar disso quando suas mãos procurarem meu corpo por baixo das cobertas. -falei no ouvido dele e sai de perto.- Gostaram?

_ Eu poderia ter sido melhor, fiquei com vergonha. -disse Melissa indo pro colo do avô.-

_ Você foi linda meu amor, dançou muito bem. 

_ Obrigada mãe. -sorriu.-

_ E você minha bonequinha... Estava tão linda mamãe. -ela riu e veio pro meu colo.-

_ Eu tava dançando, bem bonita.

_ A mamãe viu. -falei pegando a blusa de frio e pondo nela.- Você gostou?

_ Muito. Quero de novo. Cadê minha pê?

_ No carro, põe o sapato.

_ Ah não, o papai me leva no colo. Papai!

_ Vem princesa...

_ Essas mulheres viu. -Arthur disse como se fosse grande.- Vamos vó, vamos que não dá não.

Narrado por Luan

(...)

  Chegando em casa meus sogros subiram para se ajeitarem nos quartos. Fernanda deu banho nas meninas e descemos, comemos todos juntos e depois ficamos por ali conversando.

_ Mamãe, tetê.

_ Você acabou de comer meu amor, espera um pouquinho.

_ Tá...

_ Vou subir e trocar de roupa... Vai ficar de calça jeans, Luan?

_ Não, bora lá... -subimos e entrei no closet.- Tá brava ainda?

_ Você poderia respeitar a menina.

_ Menina não que ela é bem grandinha, e mais, ela não é a inocente que você pensa. Ela não presta, ela deu em cima de mim e quando eu deixei claro que era muito bem casado ela inventou uma desculpa.

_ Mas ela nunca foi disso e olha que mora aqui há três anos, Luan. Três anos! Como que... Não pode ser!

_ Fernanda, calma...

_ Calma? Como que você me pede calma? Luan eu confiei nela! Sabe o que é você acreditar na pessoa? Ajudar ela a ser alguém na vida e ser retribuída assim?

_ Não fica assim por ela, não vale a pena.

_ Não? Ela vai se arrepender de ter feito isso.

_ O que você vai fazer?

_ Colocar ela pra fora da minha casa, dissimulada, safada. Aí que raiva...

_ Não precisa ter raiva, não aconteceu nada.

_ E você quer que eu deixe acontecer? Nada disso. Ela tem que aprender como que histórias como a dela terminam.

_ Fernanda...

_ Quando ia me contar que estava dando em cima do meu marido? -tarde demais, elas já estavam frente à frente.- Cínica!

_ Por que você está falando assim comigo?

_ Por que? Não se faça de idiota. Você acha que eu tenho quantos anos?

_ E-eu não sei do que você está falando.

_ Fala pra ela, Luan. Fala!

_ Você se insinuou pra mim. -falei sem jeito, não queria que as coisas fossem expostas dessa maneira.-

_ Eu respeito muito o seu Luan, nunca me insinuaria pra ele sabendo que ele é casado ainda mais com você que me ajudou muito, deu um sentido, um rumo na minha vida.

_ Respeita? Você não respeita nem a Fernanda nem ninguém. Pensa que eu não percebi suas roupas mais curtas, suas investidas?

_ Meu deus! Não... Não foi isso que aconteceu. Ele foi quem me seduziu, fez com que eu me sentisse atraída por ele e eu fiquei com vergonha, com medo de te contar.

_ Por mim? Tá ficando maluca? Eu nunca nem olhei pra você, você é louca e tá querendo acabar com o meu casamento.

_ Você fez isso sozinho e eu tenho como provar.

_ Provar o que? -perguntei assustado e ela saiu da sala, quando voltou jogou uma troca de roupas minha no sofá.- O que significa isso?

_ A roupa que você chegou de viagem, ainda está com o seu perfume!

_ Sua vagabunda! -Fernanda avançou nela que nem deu tempo de segurar, as duas caíram no chão e as duas se batiam. Eu e meu sogro mais o meu pai entramos pra separar.- Fora da minha casa, sua vadia...

_ Antes vadia do que cor... 

_ Já chega, escutei merda demais. Some daqui, some!

_ E minhas coisas?

_ Suas coisas? -Fernanda se dirigiu ao quarto que era dela e fui tirando das gavetas.- Olha aqui suas coisas... -rasgava uma por uma sem se importar com os protestos da Letícia que a chamava de louca.- Tá fazendo o que ainda aqui? Você chegou aqui sem nada e vai sair daqui sem nada. Fora! -Letícia olhou-nos completamente perdida e saiu correndo.-

_ Filha! As coisas não precisavam ter sido assim.

_ É porque não era com o seu marido. -foi grosseira com a mãe e saiu do quarto, Analice saiu e ao voltar trouxe novamente Letícia.-

_ Pega suas coisas com calma, e toma esse dinheiro pra ficar em algum hotel por alguns dias.

_ Sogra...

_ Luan não precisa ficar se não quiser, mas eu não vou fazer com a filha dos outros o que não  gostaria que fizessem com a minha.

  Sai daquele quarto pensando da mesma maneira, quando cheguei no nosso quarto Fernanda chorava muito abraçada ao travesseiro, não falei nada. Sentei-me ao seu lado e alisei suas costas.

_ Por que comigo? Será que no mundo só existe pessoas filha da puta? Luan, eu tentei ajudar a menina na maior boa vontade.

_ Já foi, passou...

_ Não vai passar tão cedo e isso está sendo horrível de se pensar. -chorou ainda mais.- Você se sentia atraído por ela?

_ Ela é muito bonita, linda na verdade. Mas uma beleza admirável e não que eu quisesse algo com ela. Para de chorar...

_ Não consigo droga! To com raiva!

_ Ela vai passar... -fiquei abraçado à ela até que ela dormiu e eu sai do quarto. As crianças estavam todas dormindo no sofá, meus pais e meus sogros em uma conversa descontraída e eu com a cabeça a mil tentando processar os últimos acontecimentos.

~.~

  Sobre estar apaixonadas pelas duas irmãs fazerem ballet. Como faz?? ❤

  Foi bem difícil escrever esse capitulo, porque por mais explosiva que a Nanda seja ela dificilmente sai nos tapas com alguém. Mas saiu! Acham que ela agiu certo? Ou vai voltar atrás na decisão?

  Façam suas apostas!

PS: Tentativa mais que falha de responder os comentários, mas essa semana saí. Agora beijos que eu tenho que estar de pé já já. ♥