Por Você Sou Capaz de Mil Loucuras: Capítulo 196

Narrado por Luan

Retornei de viagem antes mesmo do que eu previa e encontrei minha casa de pernas pro ar. Maria Luísa de calcinha pulando no sofá, Arthur jogando videogame e o barulho no último, e da porta eu conseguia escutar gritos da Melissa.

_ Papai!

_ Maricotinha, tudo bem com você princesa?

_ Sim.

_ Cadê sua roupa?

_ Na cama da mamãe.

_ E cadê sua mãe.

_ Ela falou que tá de saco cheio, que não aguenta mais e que vai embora dessa casa. -arregalei os olhos.-

_ Vai me dar um abraço não cara?

_ Tô jogando papai.

_ Cabeção. -baguncei os cabelos dele e subi.- Amor... -abri a porta devagar e fui entrando sem fazer movimentos bruscos.-

_ Ela tá dormindo papai, deixa ela.

_ Não, vamos lá... -chegamos mais perto e ela nem se deu o trabalho de abrir os olhos, Fernanda estava jogada na cama.- O que foi?

_ Preciso de uma semana sozinha, só isso.

_ Quer viajar sem mim?

_ Não é sem você, é sem todo mundo. Porque se eu ficar mais cinco minutos dentro dessa casa eu vou surtar e matar uma criança.

_ O que eles fizeram? -quando ela ia responder Melissa entrou no quarto chorando.-

_ Olha o que ela fez com a minha blusa...

_ Eu num fiz foi nada papai é metira dessa menina.

_ Ela jogou tinta, tinta de tecidos.

_ Melissa você tem quinhentas blusas... O que é uma blusa?

_ É a blusa de quando eu fui pra Disney e eu guardava como uma lembrança agora vem essa menina enxerida, muito da xereta e fica mexendo. Você fica longe do meu quarto, porque se eu ver você perto das minhas coisas Luísa eu vou te apertar até doer, até você ficar roxa.

_ Papai ela quer apertar eu! Não deixa, não deixa! -abraçou meu pescoço.-

_ Eu tô falando muito sério, sua chata. -saiu batendo a porta.-

_ O que tá acontecendo nessa casa?

_ O que tá acontecendo é que eu tenho certeza que sua filha está de TPM e eu também estou. -aquela foi a frase que eu nunca imaginei ouvir na vida, as duas de TPM juntas. Respirei fundo e sentei na cama.-

_ Quer conversar?

_ Não, quero ficar no meu canto.

_ Tá bom, nós vamos descer. -falei me levantando da cama e saindo do quarto, passei no quarto da Melissa e ela estava toda encolhida na cama.-

_ Pai...

_ Oi.

_ Trouxe algum doce pra mim?

_ E não tem doce aqui em casa não?

_ Quero brigadeiro.

_ Eu tamém.

_ Você não quer nada, quem está pedindo sou eu.

_ O papai vai me dar tamém sua bobona. -segurei a risada.-

_ Sem briga as duas, sem briga. Vamos descer um pouco?

_ Eu tô com cólica, pai.

_ Tomou remédio?

_ Tomei.

_ Então tá bom. Bora Maricotinha.

Luci ainda não tinha chego, então a casa estava um pouco bagunçada, Rúbia também não estava, Fernanda não tinha descido do quarto ainda... Fiz o tetê da Maria e deixei ela na sala deitada no sofá. Tirei a blusa de frio e comecei a dar uma geral lá embaixo, até limpei a cozinha e fiz arroz na panela elétrica, bife acebolado e salada roxa como diz minha filha e de tomate.

_ Chega de jogo, desliga aí.

_ Ah não papai, deixa eu brincar.

_ Depois você joga mais, agora desliga e vai lavar as mãos pra você almoçar.

_ Tá. -continuou lá.-

_ Já foi? -ele desligou e me entregou o controle.- Isso aí cara... Maria? -estava jogada no sofá, só de calcinha ainda, ôh menina viu. A levei para o quarto, coloquei na cama dela e chamei as outras duas bonitas que desceram juntas e sem se matar. Vai entender...

Narrado por Fernanda

TPM era um saco, eu sei disso. Tão, mais tão chato que eu me tornava insuportável.

E era o segundo mês da Melissa e foi pior do que eu imaginava, ela estava de TPM também. O que explicava a tensão naquela casa.

Descemos pra almoçar e eu imaginei que a Luci tivesse chego, já que estava tudo limpo. Mas não, meu marido prendado que limpou a sala e a cozinha, varreu o andar debaixo inteiro e ainda fez a comida. Raridade, eu sei. Mentira, não era raridade porque ele desde que nos casamos me ajuda em casa e antes disso também. Não tenho do que reclamar, de verdade.

_ Mamãe, olha minha língua!

_ Tô vendo filho, tá roxa.

_ É rosa mamãe, da cor da minha língua.

_ Uhum... -ajudei ela comer pra não derrubar na roupa e comi, depois retirei a mesa e lavei a louça, limpei o fogo e fui pra sala.- Vem aqui pertinho de mim, eu não mordo.

_ Nem se eu pedir? -disse, dei risada.-

_ Só você pedindo. -ele sentou no sofá e eu no colo dele, abracei-o pelo pescoço e nos beijamos muito eu não estava nem vendo se as crianças ainda estavam na sala.-

_ Mamãe! Não! -começou a chorar.-

_ Por que você tá chorando?

_ Porque cê tá beijando o meu papai, o meu!

_ Seu papai?

_ É, meu... Sai mamãe, não podi. -ela me empurrou de verdade, ainda limpando as lágrimas.-

_ Vem no colo do papai, princesa.

_ Só quando a mamãe sair. -sim, uma filha tão ciumenta quanto o pai. Igualzinha, igualzinha viu.-

_ Não pode ter ciumes da mamãe, a mamãe é sua amiga. -Luan dizia a ela.-

_ Tem que ter ciúmes das vagabundas que chegam perto dele, as piranhas filha.

_ Qui é vagabunda? E piranha? A de pôr no cabelo?

_ É meu anjo, são elas. -dei risada.-

_ Papai, deixa eu tomar sovete? A mamãe não que deixar.

_ Conta pra ele porque.

_ Porque eu fiquei doente amanhã papai.

_ Tava pequena?

_ É. Aí o seu Dino deu injeção na minha bunda.

_ Deu, filha?

_ Deu. -fez beicinho.- E eu não chorei porque a mamãe falou que eu sou uma mocinha.

_ Uma mocinha muito linda. -beijou seu rosto.- Arthur dormiu mesmo? -assenti.- Pensei que a gente ia jogar.

_ Ele sempre dorme depois do almoço, todos os dias. -falei deitando no sofá e pegando o controle da TV.- Melissa tá quieta hein, vou ir lá ver. -levantei do sofá e fui até o quarto da bonita.- Filha?

_ Oi mãe...

_ Tá tudo bem? -me aproximei devagar e sentei na beirada da cama.- Passou a cólica?

_ Passou, mas aquele remédio me deu sono.

_ Sono? Em mim dá é fome. -risos.-

_ Mãe, vamos sair hoje? Não queria ficar em casa.

_ Seu pai precisa descansar amor.

_ Nem na minha vó? Na minha tia Bruna?

_ Sua tia nem está aí. Esqueceu que ela foi pra casa da sogra?

_ A Laura foi também?

_ Foi. Voltam semana que vem que já é natal quase.

_ Que bosta. Vou ligar pro meu vô me buscar, posso?

_ Pode ou chamar eles pra virem aqui.

_ Espera aí... -pegou o celular e colocou uma senha cabeluda e abriu o app do WhatsApp.- Oi vó, vai fazer o que hoje? Meu pai chegou de viagem, vem aqui em casa você e meu vô? E trás aquele doce que eu te pedi tá?

_ Oi minha bonequinha, a vó vai sim. Deixa seu vô voltar no mercado.

_ Tá. Trás o Puff.

_ Pode deixar. Um beijo.

_ Beijos.

_ Eu vou pegar uma blusa pra sua irmã e vou descer. Você vai ficar aqui?

_ Tão fazendo o que lá embaixo?

_ Vamos ver filme, vai ser legal o precoce.

_ Não fala assim mãe. -riu.-

_ Então para de ser chata e vem.

_ Tô indo...

Nós descemos e ela sentou juntinho do pai, eu fiquei sem espaço e deitei no outro sofá com Arthur que ainda dormia. O filme era um desenho, muito bonitinho e que a Maria amava e já deveria ter perdido as contas de quantas vezes tinha visto, já que sabia as falas.

Quando foi mais pro final da tarde meus sogros chegaram e eu fui pra cozinha com a Mari preparar o café da tarde.

_ Ôh vó, deixa eu fala uma coisa.

_ Fala princesa...

_ Meu vô é seu namorado né?

_ É sim.

_ E você beija ele na boca?

_ Beijo ué. -riu.-

_ E meu papai não biga?

_ Não pode brigar meu amor, se brigar apanha no bumbum.

_ Aí não, no bumbum dói. E não podi beija na frente dos filho eu não deixo.

_ Eu sofro sogra, posso nem usufruir do meu marido.

_ Aí que abuso.

_ Essa sua neta, folgada.

_ Qui é folgada? -até explicar foi conversa viu, quando terminarmos de colocar a mesa os bonitos já chegaram atacando.-

_ Quem fez esse bolo?

_ O padeiro, certeza.

_ Seu rabo que foi o padeiro, agora eu cozinho.

_ Tô lembrado disso não. -mostrei o dedo do meio e ele riu. Ridículo.-

_ Vai se lembrar quando tiver com fome e a Rúbia precisar faltar.

_ Não seja vingativa.

_ Deixa de ser idiota. -o empurrei.-

_ Quanto amor vocês dois.

_ Pura demonstração de afeto, vô. -Melissa disse rindo.

Nos sentamos à mesa e comemos juntos, depois Luan ficou com a louça e eu com os meus sogros ficamos na sala conversando, olhando algumas fotos das crianças de quando eram pequenos.

Luan se juntou à nós e mais assunto. Sei que eles foram embora mesmo já estava bem tarde, as crianças tinham dormido e eu teria feito o mesmo se meu marido não fosse um tarado que só pensa em sexo.