Capítulo 198 - Parte XI

Narrado por Melissa 

  Meu "amor platônico" pelo professor tem anos. Para ser mais exata, dois anos e quase seis meses.   Sim, ele entrou na escola para substituir o sr. Ronan e aconteceu do professor Ronan conseguir uma oportunidade melhor, e a escola ficou com o sr. Andrade. 

  Ele me chamava a atenção por ser bonito, ser forte e ter cara de ser experiente e eu nunca tinha ficado com um homem mais velho. Além de curiosidade, tinha um "quê?" de provocação. Mas não imaginei que ele perderia a cabeça daquela forma e acabar do jeito que acabamos naquela sala. Ele beijava muito bem e juro, valeu esperar cada misero segundo.

_ Vamos, Melissa... -entrei no carro acenando para as meninas.-

_ Mãe, meu pai está em casa?

_ Estava dormindo na hora que eu sai.

_ Af, ainda?

_ Ele vai voltar a viajar essa semana, está todo carente.

_ Aí, o papai poderia parar de cantar e ficar em casa com a gente.

_ Se ele abandonar os palcos, ele morre. Estar ali é a vida dele, ele ama e faz por amor, com a alma.

_ Eu sei, é só minha pré-saudade falando mais alto. -ela riu e voltou a se concentrar no caminho de volta para casa, em silêncio e eu também.-

_ Tudo bem na escola?

_ Por que? 

_ Porque eu quero saber, foi tudo bem?

_ Fo-foi... foi normal, mãe. Escola é sempre a mesma coisa.

_ Tá gaguejando por quê?

_ Ué, nada. Tô normal.

_ Nenhuma novidade?

_ Não, uai. Por quê teria? Em plena semana, duas provas e mais duas aulas sobre exercícios funcionais... -comecei a falar e não calei a boca até que chegamos em casa, descemos do carro e  eu fui para o meu quarto guardar minhas coisas, trocar de roupa e descer para almoçar.

Narradora

  Como mãe, Fernanda percebeu a mudança de comportamento na filha porém não quis ser invasiva. Ficou pelo andar de baixo preparando o almoço para ela, o marido e sua filhas, Melissa e Helena. Maria Luísa e Arthur ainda estavam em aula, ela de ballet e ele de muay thai.

_ Mamãe!

_ Oi meu amor, você acordou é? -foi até a filha pegando-a no colo e voltando para perto do fogão, tapou a panela e baixou o fogo. Voltou para a cadeira e sentou-se.- Acordou tarde hoje, hein...

_ Tá dodói ati oh. -mostrava seu pescoço.- Só dói.

_ Deixa a mamãe ver? -Helena abriu a boca e ao olhar Fernanda viu sua garganta irritadinha.- Ih filha, tá doendo?

_ Tá, só dói mamãe. -deitou a cabeça no peito da mãe e não quis levantar, tanto que Fernanda teve que tomar cuidado ao olhar as panelas quando preciso foi.

  Tudo pronto, Melissa desceu e ficou com a irmã enquanto Fernanda subiu para chamar o marido.   Luan dormia gostoso, tranquilo e sequer pensava em acordar, embora estivesse com fome. Ela por conhecer muito bem o marido o acordou com carinho, cheio de beijinhos e subindo em cima dele sem se importar com o vestido que também subia. Luan colocou as mãos em suas coxas, apalpando sua bunda e ela riu ainda beijando-o.

_ Que bom que você já acordou (selinho). Desce, vamos comer.

_ Quero comer você, não comida.

_ Deixa de taradisse, as meninas estão nos esperando e depois temos que buscar os meninos.

_ Maria Luísa não cansa do ballet não?

_ Não. Ela ama dançar, ama de paixão.

_ Percebi... Arthur ficou pra luta?

_ Sim, até ligou. Disse que vai esperar você buscar ele.

_ Eu nem disse que iria.

_ Mas vai. Vou precisar levar uma certa mocinha na pediatra.

_ Por que? O que ela tem?

_ Acho que a garganta dela está querendo inflamar e eu conheço a filha que eu tenho.

_ Chorona, tudo essa Helena chora. -risos.-

_ Ela é um neném, normal isso.

_ Eu sei minha bicuda linda. -beijaram-se outra vez e levantaram da cama.-

_ Nossa hein, pensei que iam deixar a comida esfriar.

_ Fica quietinha vai... -beijou sua testa e pegou Helena no colo, ela estava toda cheia de dengo. Quase não comeu se não fosse por insistência da mãe.-

_ Pai, quando eu vou viajar com você hein?

_ Quando você estiver de férias.

_ Isso vai demorar dois meses, pai. Ou seja, muito. 

_ Quer ficar faltando na escola, é? -ela concordou sem vergonha alguma.- Não, depois sua mãe me dá bronca.

_ Minha mãe não dá bronca nem na Leninha.

_ Porque ela tem quase dois anos e não apronta.

_ Ah não... quem comeu o meu creme? Quebrou três dos meus perfumes? E pintou minha camiseta da escola de canetinha?

_ Mas, ela nem sabia o que estava fazendo.

_ Ah pai, quando ela estourou as cordas do seu primeiro violão você ficou todo nervosinho.

_ É diferente.

_ Sei bem "o diferente". -risos.

  O almoço foi tranquilo, depois Fernanda trocou Helena e Luan foi levá-las ao hospital. Melissa ficou sozinha em casa e dizer que estava sozinha seria o mesmo que dizer que os seus pensamentos estariam voando longe... o que não era muito diferente de Andrade.

  Finalizou seu expediente, levou suas coisas para o carro e seguiu para casa.

_ Ah, Melissa... o que você está fazendo comigo menina? -fechou os olhos e mentalizou aquele sorriso um tanto inocente, seu olhar de menininha... sorriu.- Para com isso Andrade, você não tem mais idade pra isso. -falou para si mesmo voltando a se concentrar no trânsito, e logo estava em casa.

  Um homem aparentemente tranquilo, não tinha contato com sua família e morava sozinho. Sem namorada ou ficante, não tinha mais o costume de sair para noitadas... pelo contrário, gostava muito dedicar-se à sua pós-graduação. Horas e mais horas de estudo, ou gastando energia de alguma outra forma.

  Não demorou para estacionar o carro, entrou e seguiu para o banho, estava com calor, cansado do dia corrido e aproveitou que não teria aula para descansar um pouco mais. Terminou seu banho, colocou uma roupa mais confortável e se jogou no sofá onde em poucos minutos estava cochilando.

...

_ Não entendo porque foge tanto de mim... não sou uma ameaça para você. 

_ Imagina se fosse. -riu tendo-a em seus braços, depois disso deram um longo beijo e ele acordou. Suado, ofegante e com um sorriso sacana. Ele havia apenas sonhado com a estudante.

  Enquanto isso Luan voltava para casa com as crianças, pediu para que tomassem banho e ficassem com a irmã mais velha enquanto ele iria buscar Fernanda e Helena no hospital. No caminho recebeu mensagens em seu celular, mas as ignorou, guardou o celular e foi até sua esposa e filha, Helena estava fazendo inalação mas continuava inquieta.

_ Filha, tem que ficar quietinha... -Fernanda advertia.- ... senão vai demorar mais... -o celular do Luan começou a tocar, ele ao ver o número ignorou a chamada. Mas não parou de tocar, Fernanda percebeu e ficou quieta até que tocou pela quinta vez.- Não vai atender?

_ Não é nada de importante...

_ Cinco vezes e não é importante? -riu irônica.- 

_ Amor, para com isso vai.

_ Eu não estou fazendo nada. -fechou a cara, até porque odiava isso. Luan não era de esconder nada, muito menos ligações e aquilo foi no mínimo estranho.

  Helena pode ir para casa, mas antes tiveram que dar uma passada na farmácia e enquanto Fernanda desceu, o celular voltou a tocar.

_ De novo? Quem é hein? -perguntou Fernanda entrando no carro, ele fingiu não ter escutado e desligou o telefone.-

_ Vai passar em mais algum lugar?

_ Não, vamos pra casa. -se limitou a dizer isso e ao chegarem não o esperou pra entrar, foi indo logo cumprimentar os filhos e subir para guardar sua bolsa e deixar o xarope da Leninha no quartinho dela.- Ah Luan... você que tente me enrolar que eu arrebento você e a cadela que está atrás de você...

_ O que você falou?

_ Isso mesmo que você ouviu. É melhor você dar um jeito nessa vagabunda que vive te ligando ou eu vou fazer isso. -e saiu deixando-o sozinho e sem tempo para resposta.

~.~

  Hm... e essa "tensão" aí hein? Pior, depois de um momento de "romance?"... Vocês acham que a Melissa vai contar para alguém ou que alguém irá descobrir? Hein? Hein?