Narradora
Fernanda terminou de se arrumar e pegou suas coisas, despedindo-se de todos e indo trabalhar.
Luan ainda curtiu sua preguiça por mais alguns minutos enquanto sabia que tudo estava sossegado, Maria Luísa continuava deitada, enquanto Helena ainda brincava com Arthur e o cachorro no quintal. Ele acabou cochilando e quando acordou disse a folha que iria subir para tomar um banho rápido.
Maria Luísa que não estava se sentindo muito legal ficou deitada, de olhos fechados e com uma sensação estranha na barriga.
_ Malia, olha o que o Thor fez! -Helena entrou segurando o cachorrinho que estava verde de tanto rolar na grama.- Malia.
_ Oi Leninha, fala.
_ Cê tá tudo bem? Qui cê tá deitada?
_ Nada não, tô com sono. -Helena ficou olhando, se aproximou e ficou fazendo carinho na irmã. Luan desceu sorrindo ao ver a cena, voltou a se sentar no sofá e pegar o controle remoto.-
_ Papai, a Malia ta dodói.
_ Tá sentindo dor Malu? -perguntou atento.-
_ Um incômodo, pai. Não chega ser uma dor.
_ Onde isso?
_ Barriga.
_ Já fez cocô? -perguntou deixando Maria Luísa mais vermelha que tomate.- O que?
_ Eu não tô com vontade de cagar, pai.
_ Na barriga ou de barriga?
_ Na barriga, pai. Eu nunca senti isso, é esquisito.
_ Mulher tem dessas coisas mesmo. Quer tomar um chá?
_ Não.
_ Um remédio?
_ Nem fui no médico.
_ O que você quer então, Maria Luísa?
_ Almoçar, tô morrendo de fome.
_ Vai ter que esperar um pouquinho, Maria ainda está preparando a comida.
_ E o que ela vai fazer de comida?
_ Não sei.
_ Pergunta lá, pai. Por favor?
_ ÔH MARIA! O QUE TEM PRO ALMOÇO HOJE? -gritou do sofá.-
_ Oi seu Luan, tô fazendo a mistura agora. Carne de panela com legumes, arroz, feijão e batata frita.
_ Não vai ter carne de casca, papai?
_ Carne de casca? -perguntou dando risada já, Helena cruzou os braços e fechou a cara.- Como que é a carne de casca?
_ Não sei o nome, papai.
_ Que carne é essa Maria?
_ Qualquer uma empanada, ela adora. Né Nena?
_ É, eu gosto muito. Cê fez?
_ Hoje não, hoje eu fiz outra ainda mais gostosa. Quer ver?
_ Quelo água, tia.
_ Vamos lá... -as duas saíram e Luan voltou sua atenção para a TV.-
_ Pai... minha barriga tá doendo.
_ Ôh minha nossa senhora. Quer ir no médico? -perguntou largando o controle e olhando para ela que ficou com os olhos marejados e fez que não com a cabeça, sentou no sofá, calçou os chinelos e subiu para o quarto.
Narrado por Luan
(...)
Maria Luísa não quis descer pra almoçar, ficou no quarto e quando eu subi ela estava dormindo. Coloquei Helena pra tirar um cochilo e fui para o meu quarto deitar um pouco, assistir um filme e aproveitar minha folga. Mas não consegui chegar nem na metade do filme que a Fernanda ficou me ligando, e ligando até que eu atendi.
_ Fala.
_ Tava dormindo?
_ Não, por quê?
_ E porque não atendeu logo essa merda?
_ Calma, eu hein... tava assistindo filme.
_ Tá tudo bem com as crianças? Tudo tranquilo?
_ Tá sim, por quê?
_ Malu me ligou e eu estava em reunião, tem 14 chamadas perdidas só dela. Ela tá bem? Você brigou com ela?
_ Não briguei não, ela que tá chata. Passou o dia deitada, não quis comer, tá manhosa.
_ Amor... ela tá enjoadinha mesmo.
_ Eu ofereci chá, remédio, perguntei o que ela queria e ela não falou foi nada.
_ Isso é normal, Luan. Melissa também foi assim, você não lembra?
_ Lembro do que? As duas são irmãs, se parecem mesmo.
_ Luan, eu tô achando que é TPM.
_ Com 11 anos, Fernanda?
_ Cada organismo é de um jeito, e se for?
_ Ah minha nossa senhora, só o que me faltava.
_ Você tem três filhas mulheres, queria o que?
_ Uma arma.
_ Ridículo. Vai ver como ela tá, se menstruou mesmo...
_ Ela não vai querer falar disso comigo, Fernanda. Não mesmo.
_ Eu vou demorar pra chegar.
_ Demorar muito?
_ Ainda está prevista uma hora e meia de reunião, estou tentando agilizar tudo e ir embora, mas ainda assim tem trânsito.
_ Daqui a pouco eu te ligo, tchau. -deixei o celular em cima da cama e fui até o quarto da bonita.- Maria?
_ O que pai?
_ Sua mãe ligou preocupada com as suas ligações. -falei ainda da porta.-
_ Eu queria falar com ela de uma coisa que aconteceu comigo, só isso.
_ Que coisa? Fala pro pai.
_ Não é nada de importante.
_ Você ligou 14 vezes.
_ Pai, nem eu sei direito o que é. Quero falar pra minha mãe.
_ E se eu puder te ajudar? Você ficou menstruada, é isso? -Malu foi ficando vermelha de vergonha, muito envergonhada.- Malu...
_ Ai pai...
_ Não precisa ter vergonha, sou seu pai.
_ Você é homem e homem não entende dessas coisas.
_ Quem te falou que não? -entrei no quarto e sentei na cama, pertinho dela.- Sua mãe disse que vai demorar um pouco pra chegar.
_ Ai que droga! É um saco viu.
_ Não quer tomar um banho?
_ Já tomei três banhos hoje, pai.
_ Conseguiu colocar o trem lá?
_ Não tinha nenhum nas coisas da minha mãe, nem na da Mê.
_ Vou ir na farmácia então... é... -cocei a cabeça e ela ficou me olhando.- O que?
_ Nada... -levantei da cama e sai do quarto, voltei para o meu e peguei o celular e mandei mensagem pra Nanda perguntando o nome do remédio e o jeito do bendito absorvente e fui na farmácia perto de casa, ainda conversei com o farmacêutico e voltei pra casa.-
_ Tá deitada ainda Maria Luísa?
_ Parece que eu tô vazando.
_ Vazando? -perguntei segurando a risada.- Toma seu negócio. Sabe colocar?
_ Não, pai. Você sabe?
_ Não muito. -disse sincero e ela me olhou com tédio, ri.- Oh, aqui tá o passo a passo, quando sua mãe chegar você tira as dúvidas. -joguei pra ela o pacote e sentei na poltrona.-
_ Vai ficar aí me olhando?
_ Sim. Agora vai logo, eu trouxe seu remédio também.
_ Tá. -deu tempo até de cochilar e nada dela sair, quando eu levantei pronto pra bater na porta ela saiu andando toda dura, com as pernas abertas.- Isso é horrível, meu deus. Parece que eu tenho um saco no meio das pernas. Pai, isso aqui tá certo?
_ Não sei Maria Luísa, não tô vendo. Mas não precisa andar assim também, anda direito.
_ Você já andou com alguma coisa no meio das suas pernas, pai?
_ Menina, fala direito comigo.
_ Tô perguntando ué, é estranho. Parece que vai cair. -disse pondo as duas mãos, ajeitando. Dei as costas e voltei para a poltrona, esperei ela sentar na cama outra vez e dei um Buscopan e ia sair do quarto quando ela me chamou.- Eu tô com fome.
_ A comida tá na cozinha, você que não quis descer pra comer.
_ Nossa pai, o que custa? Se fosse pra Helena você não ia nem questionar.
_ Não começa hein Maria Luísa. Menstruação não é doença.
_ Grosso.
_ Tô vendo que minha vida vai virar uma coisa viu. -resmunguei.-
_ Resmungão. Isso é coisa de velho, pai. Velho daqueles bem rabugento.
_ O tempo que você tá aí falando feito uma matraca, já tinha descido e colocado a comida.
_ Nossa, pai. -Maria Luísa disparou a falar e não calou mais a boca, comeu, voltamos para a sala e ela deitou comigo no sofá e ficou alisando meu braço.- Pai, e minha mãe hein?
_ Tá trabalhando.
_ Eu vou ficar assada com essa coisa.
_ Alguma coisa você fez de errado.
_ Coloquei no fundo da calcinha, grudei aquele adesivo do lado...
_ Cala a boca menina, isso é nojento.
_ Nojento é você.
_ Não sou eu que tô com sangue saindo da periq...
_ Parou, né? Os dois. Chega.
_ Cheguei! -Fernanda abriu a porta toda alegre, com a bolsa e mais um monte de sacolas. Thor não perdeu tempo e já foi pulando em cima dela.- Oi minha bolinha de pêlos, coisa fofa da mãe.
_ Tá feliz hein... -comentei e ela sorriu. Deixou as coisas em cima da mesinha de centro, fuçou nas sacolas e pegou um embrulho e parou na frente da Malu.-
_ Ai filha! Parabéns. -esticou os braços e a Malu ficou olhando, sem falar nada.- Pega, filha. É pra você.
_ Pra que presente? Eu tô sangrando! -fiquei de espectador daquele momento mãe e filha, que durou bons minutos.- Ai que lindo, nossa, obrigada. -ela recebeu uma pulseira cheia de frescuras, era bonita mesmo.-
_ Ótimo, agora silêncio que eu quero ver meu filme. -as duas me olharam com tédio e decidiram subir para o quarto.-
_ Duas doidas.
_ Também acho filho.
Narrado por Fernanda
(...)
_ Conta pra mãe. -pedi toda empolgada, sentando na minha cama com ela.- Deu tudo certo?
_ Não deu muito não, acho que tá errado isso aqui mãe.
_ Errado como?
_ Parece que eu tô com um saco, tá com volume aqui embaixo. -escutei toda boba Maria Luísa me contar de sua primeira menstruação e conversamos por bastante tempo sobre as coisas que ela tinha dúvida, até mesmo coisas que eu já havia dito em outras conversas e agora ela colocaria em prática.-
_ Comprei umas coisas novas pra você.
_ Coisas novas?
_ Calcinhas que vão segurar melhor o absorvente, e não vão deixar marcando.
_ Tá...
_ E por falar em calcinhas... você lavou as suas que manchou de sangue?
_ Tudo no lixo. -disse firme.-
_ Você tem duas mãos, tem sabonete no banheiro... então meu amor, sujou, água e sabão lava.
_ Mãe.
_ Tô falando sério. -ela revirou os olhos, fez bico, mas eu não me deixei intimidar.- Passou a cólica?
_ Um pouco.
_ Deixa a mãe tomar um banho, que eu desço e faço um chá pra nós duas.
_ Beleza. -concordou e deitou na minha cama.
Terminei meu banho e nós descemos, os meninos continuam vendo filme e Helena por incrível que pareça dormia em seu quarto. Entramos na cozinha e eu preparei um cházinho para nós duas, nos sentamos à mesa e conversamos mais um pouco, inclusive sobre ela não ir para a escola no dia seguinte.
_ Mamãe!
_ Oi neném.
_ Tade você?
_ Ela está na cozinha com a Malu, vai lá.
_ Mamãe.
_ Oi.
_ Cê chego né?
_ É. E você estava dormindo.
_ Tava cansada, mamãe. Brinquei demais com o Art e o Thor.
_ Cadê meu beijo?
_ Aqui oh. -veio para o colo, me deu um beijo bem molhado e gostoso, abraçou meu pescoço e pediu tetê.- Tade a Nelissa, mamãe?
_ Saiu com a vovó Ana.
_ Onde que ela foi?
_ Passear, nós vamos pra lá amanhã.
_ Pra casa do vovô!
_ E você não vai...
_ Vo sim.
_ Não vai não.
_ Vo sim com o meu papai.
_ Ele meu pai primeiro.
_ Feia. -mostrou a língua, Malu deu risada.- Mamãe olha a Malia.
_ É Maria Luísa.
_ Seu nome nem é di... di boneca.
_ Coisa feia, tá brigando com a sua irmã Helena?
_ Desculpa Malia.
_ Tá desculpada tampinha.
_ He ne na! -separou de maneira silábica.- Não é tompinha nenhuma.
_ Ela já entendeu, não é Malu? -ela assentiu.- Ótimo. Agora neném, conta pra mamãe você dormiu bem... -Helena gostava de falar, nunca vi. Aproveitei que estava pela cozinha e fui ver o que a Maria tinha deixado de comida.
(...)
_ Por que amanhã ela não vai pra escola? Vai ser assim todo mês?
_ Arthur meu filho, é só amanhã.
_ Não tá certo. Se ninguém vai, eu também não vou. Tá decidido.
_ Quem vai ter matéria da escola acumulada é você. Quer ficar em casa fica ué, depois não reclama.
_ Saco viu.
_ Mas o que tá acontecendo nessa casa?
_ Nada não, tá tudo em ordem. Bora subir que tá tarde.
_ Não tô com sono mamãe.
_ Fica brincando com o papai, ele também tá sem sono.
_ Papai tá dormindo mamãe. -olhei e Luan fingia dormir, jogou a cabeça pro lado e tudo.- Papai?
_ Buh! -assustou minha neném que mais gargalhou do que assustou.- Bora jogar videogame?
_ Eba! Joguinho de controle, vem papai.
_ Sem jogo de armas. -adverti.
Retirei toda a mesa do jantar, joguei os restos de comida no lixo, coloquei a louça na pia e as panelas com comida na geladeira. Prendi os cabelos, arregacei as mangas e limpei o fogão, passei uma vassoura no chão e lavei a louça deixando-a no escorredor. Apaguei as luzes depois de secar a pia, secar minhas mãos e subi.
_ Oh não esquece hein. Troca um agora antes de dormir e não precisa ficar toda dura, anda normal. É normal menstruar, acontece com toda mulher.
_ Tá, boa noite mãe.
_ Boa noite. -fechei a porta e dei um pulo no quarto ao lado.- De cueca?
_ Só hoje mãe.
_ Existe pijama, sabia?
_ A Helena até hoje anda sem camisa e ninguém fala.
_ Ah toma vergonha na sua cara que sua irmã é uma neném e você tá com quase 15 anos. Cara de pau.
_ Boa noite mãe, tchau.
_ Tchau, boa noite filho. -e finalmente pude me jogar na cama e relaxar de olhos fechados, fazendo... nada.
O dia hoje havia sido cheio. Reuniões por mais produtivas que sejam, também são exaustivas e isso me consumia mais.
Eu já estava debaixo das cobertas quando meu marido entrou no quarto, sorrindo.
_ Mas já?
_ Tô cansada, amor.
_ Só porque eu queria dar uma namorada? Compensar nosso não jantar...
_ Desculpa, mas hoje não vai dar. Tô morta.
_ Você tá me negando fogo, é isso? -perguntou brincalhão.-
_ Sim e não. Só estou cansada, sério mesmo.
_ Eu sei gatinha. -veio até mim, beijou minha testa e foi para o banheiro. Apaguei as luzes, fechei os olhos e dormi.
~.~
Quando os filhos vão crescendo ❤
E os pais surtando 👌😂
Amo esses momentos de família ❤
ResponderExcluirAmamos, sou apaixonada. ❤
ExcluirQuando você é tão apaixonada pela fic que acha que está começando a ficar louca pq está sonhando com os personagens sjsksk...
ResponderExcluirMentira! Me conta mais rs
ExcluirAhh e geo,Ainda tem grupo no wpp ou facebook?
ResponderExcluirTem sim amor, no whats só. Bora!
Excluir