{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

domingo, 23 de setembro de 2018

Capítulo 268

Narrado por Fernanda
  Os dias do mês de agosto pareciam demorar a passar, minha nossa. Dormia e acordava e ainda era agosto. O famoso mês com 365 dias!
  Mas não posso reclamar, afinal minha afilhada estava chegando. Sim, Marina tinha data prevista para nascer até o dia 21 e todos nós estávamos ansiosos por sua chegada. Pais, avós e padrinhos.
 Isa estava tranquila nesse final de gravidez, embora bem mais inchada e preguiçosa, mas com um barrigão lindo. E Rober já estava em casa, ao lado dela e cuidando do outro bebê da casa, senhor Bernardo. Meu Bê.

_ Ô dinda, sabia que a Manina tá quase nascendo? -ele me contava enquanto tomava seu café da tarde.- É verdade, meu pai que disse.
_ E o que você acha disso Bê? -perguntei ajeitando-o na cadeira.
_ A mamãe disse que ela vai ser minha amiguinha e meu e falou dinda que eu tenho que ajudar cuidar dela e da mamãe.
_ E tem mesmo, você está crescendo e é um homenzinho. A mamãe e a Marina vão precisar da sua ajuda.
_ Eu sô forte também, dinda.
_ Eu sei, meu amor. -beijei seu rosto.
_ Tudo bem por aqui? -a mãe da Isa perguntou sorrindo, deixando algumas louças dentro da pia.- Comendo direitinho, Bernardo?
_ Tô vovó, a dinda tá me ajudando. -falou voltando a comer.- Ô dinda, meu padrinho tá em casa?
_ Hoje não meu amor, hoje só vai estar a gente pra fazer muita bagunça.
_ Mas... -franziu a testa pensativo.- ... não posso fazer bagunça, a mamãe briga. 
_ Um pouquinho só ela não briga não. -levantei a mão e ele bateu em comemoração, rindo.
_ Bê, você contou pra dinda o que você fez já?
_ O que você aprontou, mocinho?
_ Disse que queria fazer um desenho bem lindo, o pai dele no videogame deixou. Quando eu entrei no quarto dele a parede estava toda riscada de giz de cera, riscos e riscos e mais riscos. Gritei com o Roberval todinho, ah gritei.
_ Ô amiga, coitado.
_ De mim né, onde já se viu? Rober é muito bobão, Bernardo faz o que quer nesse apartamento.
_ Isso é normal, eu sempre fui mais chata que o Luan nessa parte. Menos quando se tratava dos instrumentos dele, aí ele virava bicho.
_ Eu imagino. -riu.- Por falar nele, ele nunca mais veio aqui.
_ Tá com saudades do compadre, amiga?
_ Ele faz um creme de abacate maravilhoso, fiquei com vontade essa semana inteirinha.
_ Não acredito nisso, minha afilhada nascendo com cara de creme de abacate.
_ Eu espero a próxima folga dele. -brincou.- Acabou bebê?
_ Sim! -disse deixando o copo em cima da mesa e limpando a boca com a manga da blusa de frio, todo feliz.
_ Então dá tchau pra mamãe, pra vovó e pro papai também que sua madrinha está esperando.
_ Tá bom. -o ajudei descer da cadeira e já recolhi as coisas da mesa, guardando o que tinha que guardar e passando uma água no que ele tinha usado.
_ Sabe que não precisava, né?
_ Já sou de casa, Isa. E não vai cair meu dedo por isso. -riu.- Eu já vou indo, tá? Mas qualquer coisa me liga.
_ Pode deixar, amiga eu ligo sim. -nos despedimos e fomos para a casa da Mari depois de buscar Helena na escola.
_ Oi Mari, tudo bem? -nos cumprimentamos.
_ Tudo ótimo, querida. Como estão meus dois bebês?
_ Oi vovó, o Bê vai dormir lá em casa hoje. -deixei que eles entrassem e fechei a porta. Puff veio arranhando minha perna, pedindo colo e eu o peguei.
_ Oi sogrão, tudo bem?
_ Velho, mas de pé né? -riu.- E você, filha, está melhor?
_ Graças a Deus, sim. Estava comentando com o Luan esses dias, né... que ainda sinto falta, vez ou outra penso como teria sido levar a gestação até os nove meses. Mas estou bem, sogro.
_ Não é fácil não, minha filha. Mas você é uma mulher forte e mais que isso, tem uma família que te ama muito viu. -me abraçou.- E os meninos?
_ Bem, querendo férias já (risos). Arthur está estudando bastante por conta do vestibular, né. Maria Luísa ainda não está esquentando a cabeça com isso, mas está em dia com os seminários. E a Mê está ficando doida com a faculdade.
_ Daqui uns dias estão todos formados, não é? Helena já está na primeira série e daqui a pouco acaba o ensino médio também.
_ Tô ficando velha. -ri.
_ E eu então, tô vovô mesmo. Daqui uns dias bisavô.
_ E eu avó.
_ Vocês dois, vem jantar.
_ Mas já sogra?
_ Rapidinha, né? -brincou.- Podem ir se servindo, já estou levando o nosso prato principal.
_ Mamãe, a gente vai jantar aqui na vovó?
_ Delícia a comida dela, né?
_ Muito.
_ Vamos lavar as mãos para comer, vem.

  Jantamos com os meus sogros e fomos para casa. Dei banho nos pequenos, tomei meu banho e descemos pra assistir filme antes de dormir. E minhas companhias não aguentaram nem a metade do filme para dormirem.
  Os levei para o quarto da Nena e fui para o meu, pelo horário Luan deveria estar terminando o show. Mandei uma mensagem desejando boa noite e fui ler um pouco.


Dezembro de 2037


Narrado por Luan
  Cara de agosto à dezembro tive a impressão de ter passado num estalar de dedos, sem muitas novidades, a não ser comemorar mais um ano de vida do pai e do sogrão. Nascimento de mais duas afilhadas e comemorar agora no final do mês de novembro o aniversário da primogênita da casa. E isso que ainda faltavam algumas semanas para o natal e minha agenda estava apertada demais, já conciliando com os compromissos que teríamos em casa. Arthur se formava esse ano no ensino médio e ainda teria a apresentação do TCC. Minha Helena tinha a apresentação anual de ballet, assim como a Maria Luísa. E tinhamos os batizados das nossas mais novas afilhadas, Marina e Gabriela. Marina era filha do Rober com a Isa, estava com quatro meses minha bolotinha, e a Gabi filha do Davi com a Carina, completaria um mês agora em dezembro.

(...)


_ Oi, pai. Tudo bem? -Malu atendeu.
_ Tudo bem sim, Malu. E você? Está em casa?
_ Estou, é sábado né pai. -riu.- E ainda é cedo... tinha gravação hoje?
_ Ontem não tive show, dormi mais cedo. -falei me levantando da cama e indo para o banheiro.- Sua mãe está por aí? Não estou conseguindo falar com ela.
_ Pai ela está dormindo ainda. -frazi a testa.- Ontem ela ficou com enxaqueca o dia todo e  trancada no quarto, não foi nem pra empresa e ainda pediu pro Art levar a Nena na escola.
_ Mas o que ela tem?
_ TPM. E das bravas, viu. Ela até vomitou o almoço, depois não quis comer mais nada. Voltou a dormir.
_ Mas minha nossa... pede pra ela me ligar quando acordar?
_ Peço sim, pai. Assim que ela destrancar a porta. -riu.- Um beijo, tá?
_ Onde a senhorita está indo?
_ Minha irmã tá boazinha hoje, me chamou pra comer pastel na feira.
_ Panelinha, cêis duas.
_ Nunca pai, é que eu tô cheia de vontade e ela está indo com o Leo. Me ofereci pra ir.
_ Tá certa. -ri.- Nos falamos mais tarde, se cuidem.
_ Tá bom, o senhor também. Um beijo.
_ Beijos.

  Desligamos, e segui com o programado. Mais pro final de dia, antes do show liguei outra vez em casa e quem atendeu foi Arthur. Disse que a mãe estava no banho, mas continuava na dela. Nos falamos mais um pouco, eu desliguei e fui jantar. A caminho do show fui tentando e nada, ao chegarmos lá enquanto ia pro camarim o telefone tocou e para o meu alívio era ela.

_ Oi amor, boa noite. -bocejou.
_ Boa noite, vida. Melhorou?
_ Não. Essa dor de cabeça que não me deixa, uma cólica horrível, horrível. E eu já tomei remédio, desde ontem eu mal saio daquele quarto.
_ Não foi no médico não?
_ Eu pensei em ir e sei lá tomar alguma medicação na veia, mas não gosto de fazer alarde e não ser nada. Você sabe.
_ Eu sei que você não está bem. -falei preocupado.- Queria cuidar de você sabia?
_ Queria você aqui me dando atenção, me fazendo carinho... tô carente também amor. TPM esse mês me deixou um caco, tô ruinzinha.
_ Mas ainda não desceu?
_ Ainda não, mas quando descer também vai ser daquele jeito. Tô até imaginando.
_ Buscopan. -falei o nome do médico que a Melissa sempre me pedia.- Como estão as coisas por aí?
_ Arthur não para de falar no TCC que é no final dessa semana, né. E ainda tem a formatura na noite seguinte, não tive nem tempo de olhar as coisas.
_ Que coisas?
_ Nossas roupas, né Lu. O do Arthur é padronizado, ele está vendo com os amigos. Agora os convidados estarão de azul, ninguém pode ir de preto.
_ Por que não?
_ As alunas estarão de preto, no caso formandas.
_ Entendi. Eu tenho camisa azul?
_ Com certeza sim, mas eu tenho que ver se está inteira e ver seu sapato. As meninas eu sei que tem vestidos, saias... e eu tenho que ver o que tenho no closet.
_ Não quer comprar um?
_ Não. Tem coisa com etiqueta naquele guarda roupa, amor.
_ E cabelo, vai no salão?
_ Claro, é a formatura do meu filho. Tenho que estar linda.
_ E quem vai?
_ Todo mundo. Meus pais, os seus. Todo mundo aqui em casa, sua irmã e o Rafa, meu irmão e a Lívia.
_ O Derick e a Louise, não?
_ Mas são crianças de colo, não contam. A Laura e o Lucas vão estar com os pais do Rafa.
_ O padrinho dele?
_ Vai também com a esposa, as meninas não vão. E nós daqui de casa, incluindo o Leonardo, porque a Julia e o Henrique são formandos.
_ Gente pra caramba, se for contar são...
_ 15 pessoas.
_ Grande família. Dalila não vai não?
_ Ela não vai poder amor, vai estar viajando, mas ela estará na apresentação do TCC.
_ Então tá tudo certo?
_ Ah sim. Depois na outra semana já tem as apresentações de ballet e depois férias e natal.
Vai fazer aquilo mesmo?
_ Tenho que ligar pra eles amanhã, mas tenho toda a lista com todos os convidados que estou em mente. Faz um tempo que não passamos aqui em São Paulo.
_ Mas ano novo vamos pra Londrina, né?
_ Por mim sim, eu só queria ver o que seria melhor pra você que tem show né amor.
_ Mas o show é aqui Rio, de avião não é mais que duas horas até Londrina.
_ E a banda?
_ Vão todos pra casa.
_ Então eu vou com você, e voltamos juntos.
_ Só nós dois, é?
_ Só nós dois em um quarto de hotel. -brincou.
_ Sabe que eu viajo pro Rio dia 28, né?
_ Você comentou, eu não lembrava não. Quem mais vai estar lá?
_ Lembro não muié, mas uma galera viu.
_ Você vai tocar na virada?
_ Não, antes disso. Foi o que eu pedi pra Lelê, né?
_ Umas 22h?
_ Por aí.
_ Luan! -Arleyde entrou no camarim, fiz sinal para que esperasse.
_ Vida, preciso desligar... nos falamos depois?
_ Tô indo dormir, amor. Te ligo assim que acordar. Fica com Deus, bom show.
_ Amém, boa noite minha princesa. Amo você.
_ Também te amo. -desligamos.
_ O que manda pra nós?
_ Você tá atrasado, pensei que já estivesse atendendo no camarim.
_ Não tava conseguindo falar com a Nanda o dia todo, ela estava com dores e foi a única hora que ela me ligou.
_ O que ela tem?
_ Cólica, enxaqueca.
_ Coisinhas de mulheres, ainda bem né?
_ Isso é. Bora lá?
_ Agora, anda.

...

  A van me deixou na porta de casa o relógio marcava 03h47 da madrugada de sexta-feira. Peguei as coisas, entrei em casa e como era de se esperar tudo em silêncio no andar debaixo.
Passei na cozinha, tomei água. Voltei pra sala e subi para o meu quarto.
  Empurrei a porta devagar e Fernanda dormia abraçada ao meu travesseiro, sentindo meu cheiro. Deixei a mala e minha mochila encostada num canto e fui usar o banheiro, tirar a roupa e me juntar a ela. Subi na cama, puxei o travesseiro e ela abriu os olhos no meio do escuro e continuou quieta.

_ Oi. -ela não disse nada, levou as mãos até o meu rosto e me beijou com todo carinho, estava com saudades de suas mãos delicadas tocando meu rosto. Prendi meus dedos entre os seus cabelos, puxando-a pra mim e dando mais calor ao beijo, terminando com selinhos demorados. Ela jogou a perna por cima da minha e colocou o braço na minha cintura.
_ Que horas são?
_ Ainda de madrugada, deve ser nem quatro horas.
_ Foi tudo bem? -perguntou bocejando, se referindo a viagem.- Soube que estava chovendo na estrada do Mato Grosso, tentei te ligar.
_ Perdi o sinal, mas foi tudo bem. -respondi.
_ Com sono?
_ Não muito, tava com frio só.
_ Aumenta o ar, controle está aí do lado. -foi se aninhando como uma gatinha, achando espaço e me prendendo com as pernas, seus braços e fechando os olhos.- Te amo, tá?
_ Eu que amo você. -passei a mão em seus cabelos até que ela dormisse, o que não demorou e um tempo depois fiz o mesmo.

  Algumas horas depois acordei com ela se mexendo na cama, se soltou de mim e levantou indo para o banheiro. Olhei no celular e eram 06h07, a apresentação do TCC seria aberta ao público e começaria às 08h30. Cocei a cabeça, virei de um lado pro outro e acabei me sentando na cama. Fernanda saiu do banheiro já vestida com a lingerie e com a toalha enrolada no corpo.

_ Te acordei, né? -assenti e ela se aproximou me dando um selinho.- Bom dia. 
_ Levantou cedo, vida.
_ Acidente menstrual, levantei apertada e quando cheguei no banheiro já estava daquele jeito. Aproveitei pra tomar um banho, já vou ficar trocada.
_ Melhorou da enxaqueca?
_ Sim, mas da cólica não. Mas não está tão forte, dá pra ignorar.
_ Isso é bom.
_ Muito. Aproveita que já acordou e vai tomar seu banho, vou me trocar e acordar o Arthur. Maria Luísa disse que não vai e eu vou deixar a Helena dormindo com ela.
_ Tem certeza?
_ É entediante pra ela. E ela não teve aula hoje.
_ Férias, já? 
_ A partir de terça, sim. Segunda tem a reunião de pais.
_ Eita.
_ É neguinho, nossa semana está bem cheia. Não demora.


Narrado por Fernanda
  Luan foi pro chuveiro e eu precisava encarar o closet que embora estivesse cheio, estava um pouco bagunçado. Eu não escolhi muito o que vestir, peguei uma calça jeans preta e uma blusa vinho com alguns detalhes, uma sapatilha nude e acessórios. Penteei os cabelos deixando-os soltos, passei um batom mais claro e estava pronta. Guardei minhas coisas que estavam um pouco espalhadas e separei uma troca de roupa para o Luan, jeans escuro, camisa polo vermelha e tênis branco.

_ Mãe, tá acordada? -escutei a voz do Arthur, sai do closet e ele entrou no quarto.- Que camisa eu ponho?
_ Pensei que ainda estivesse dormindo, filho. Bom dia. -beijei seu rosto e coloquei as coisas do Luan em cima da cama.- Vamos lá ver?
_ A senhora já está pronta? Tá bonitona.
_ Obrigada, acordei cedinho. Você já tomou banho?
_ Já tô pronto, falta a camisa. Rosa ou lilás?
_ Você fica tão lindo de azul bebê, filho.
_ Não achei no meio das roupas.
_ Não procurou, não é? Porque eu guardei ela na sua gaveta antes de ontem. -falei indo até o guarda roupa, procurei pela blusa e encontrei.- Aqui. Põe ela.
_ Amassada?
_ Eu passo pra você, meu bebezão. -ri.- E o seu sapato?
_ Sapatênis, só vou usar sapato social amanhã a noite.
_ Tudo bem senhor Arthur Santana.
_ Por isso que eu te amo. -ele ia sentar pra colocar o sapato e o telefone tocou, pronto, esqueceu da vida e ficou no celular. Levei a blusa para o meu quarto e passei o ferro, Luan ainda estava com o chuveiro ligado e eu bati na porta apressando ele. Voltei ao quarto do Arthur para deixar a blusa em cima da cama e ele deitado.
_ Arthur, você tem horário né? Vamos desligando e depois vocês conversam? -ele ia me pedir pra esperar, mas acabou se despedindo e desligando.- Ela já está pronta?
_ Ainda vai tomar banho dona Fernanda. -riu.
_ Fica enrolando viu, você e seu pai são iguaisinhos. Meu deus!
_ A senhora que é apressada, cadê a blusa?
_ Folgado. -entreguei a ele.- Tô descendo pra cozinha, vai tomar café?
_ E vai dar tempo?
_ Se você não enrolar.

  Desci para a cozinha troquei a água do Thor e coloquei mais ração, enquanto ele dormia. Entrei na cozinha e Melissa já estava beijando o noivo, os dois prontos. Dei bom dia, preparei um café simples e rápido, esperamos os dois bonitos descerem para comermos e irmos para a escola.

_ Bom dia família. -Lila entrou no auditório sorridente, nos cumprimentando e sentando do meu ladinho.- Tudo bem amiga?
_ Ótima, cheia de orgulho do meu menino.
_ Passa rápido, né? Eu não perderia por nada, uma pena eu não estar na festa de formatura.
_ Só não te xingo porque ainda tem a do curso superior.
_ Ele andou me falando dos vestibulares, estudou tanto o bichinho.
_ De tanto eu e a namorada ficar na cabeça dele, porque o Arthur é meio preguicinha.
_ Eu sei, nós também éramos. -riu.- Mas graças à Deus tomamos um rumo.
_ Era o mínimo, né Dalila. Já pensou sermos duas perdidas?
_ Seríamos prostitutas, certeza. Porque olha.
_ Xiiiu, vai deixar meu marido horrorizado.
_ Tô acostumado com as duas já, nada mais me assusta.
_ Ô cunhado, você sabe que eu te amo.
_ Eu amo meus afilhados. -riu.
_ Sempre engraçadinho.
_ Silêncio vocês dois, vão começar as apresentações.

  Desde a primeira apresentação em que participei como mãe estive presente em todas as outras e era diferente sempre, eu era umas das dezenas de mães babonas que filma e fotografa também. Mas na apresentação do TCC não foi preciso porque uma empresa foi contratada para essa parte, estava ali apenas como espectadora.
  Os temas abordados foram sensacionais e muito bem explicados, sai de lá satisfeita e ainda mais certa de que todo o investimento que Luan e eu fizemos não havia sido em vão.
  Parabenizamos nosso menino, que estava mais leve e não suava tanto. 
  Saímos dali e voltamos para casa, Lila foi conosco e no caminho fomos decidindo qual seria o nosso almoço. Pensamos bem e optamos por almoçar fora, só passaríamos em casa para pegar as meninas.

(...)

  A parte nova iorquina da família chegou no final da tarde de sexta, todos muito cansados do voo e da longa, então só tomaram um banho rápido, jantaram e acomodaram-se nos quartos para descansarem. Só fomos matar a saudade mesmo no dia seguinte com o nascer do sol, depois de um bom café da manhã inclusive.
  Eu estava muito feliz por tê-los bem pertinho e saber que iriam ficar praticamente o mês inteiro conosco, meus grudinhos.
  Esperamos a noite de sábado para o nosso primeiro passeio, que foi a formatura do Arthur, dançamos, cantamos e registramos grande parte disso tudo. E nos dias que seguiram ainda tivemos outros compromissos como a apresentação de ballet das minhas meninas, o batizado das mais novas afilhadas e agora todo meu foco estava voltado para o feriadão do dia 25/12
  Eu vinha conversando com o Luan há um tempo, dizendo à ele que neste natal eu queria algo diferente. E ele comprou a ideia junto comigo. Bom, tínhamos entre os sobrinhos de sangue e de coração muitos afilhados, e que com a correria do dia-a-dia e as vezes nossos desencontros de agendas não estávamos sempre juntos. Então quis que a ceia de almoço de Natal com todos bem juntinhos. Os pais, os filhos, a minha família e a família do maridão.
  Foi trabalhoso, tive que listar nome por nome para não deixar ninguém de fora e procurar por um buffet que além da comida cuidasse de toda a parte decorativa. Seria uma grande festa e no quintal de casa, onde tínhamos espaço de sobra e seria bem mais aconchegante por termos privacidade.

_ O que acha de irmos dormir só um pouquinho? -Luan perguntou beijando meu ombro e baixando a tela do notebook.- Já está tarde e seu marido está carente.
_ Carente, é?
_ Luan Jr. também, sabia?
_ Tá um quase cinquentão safado, né amor?
_ Só sei te amar, e é gostoso demais quando nos amamos juntinhos. -abraçou minha cintura e beijou minha nuca.
_ Vai me levar no colo? Tô numa preguiça.
_ O que você quiser meu anjo. -me beijou e em seguida subimos para o nosso quarto, nos deitando na cama e tivemos um ao outro sem nenhuma pressa.












~.~

  Olha quem voltou! Euzinha mesma com um capítulo fofinho pra gente matar a saudade dessa família linda de bonita e toda intensa, não é?
Capítulo tranquilinho, bem na paz, com o avanço de alguns meses, mas sem tretas. Amo, quero muito que as coisas continuem assim! <3

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Capítulo 267

Narrado por Fernanda
  Voltar pra casa foi muito bom, tudo o que eu precisava. Contar com o apoio da minha família em um momento não muito fácil que estávamos enfrentando, independente da idade. 
  Luan ficou aquela semana conosco em casa e no domingo seguinte ele voltou a viajar, assim como as crianças retornaram das férias na segunda-feira.


_ Bom dia, Maria.
_ Bom dia, Fernanda. Acordou cedo hoje... já está até trocada minha filha.
_ Acabei de chegar, fui deixar a galerinha na escola. Chega de férias, né Maria? -brinquei. 
_ Bom dia mãe, bom dia Maria. -disse Melissa entrando na cozinha e sentando à mesa.- Pulou da cama, mãe?
_ Fim de férias. -sorri.- Tenho que estar na empresa já já.
_ Oba, então eu tenho carona (risos)?
_ Abusada.
_ Não vai comer?
_ Vou fazer xixi antes. -pisquei e sai da cozinha, deixei as chaves em cima da mesinha de centro e fui para o meu quarto. Usei o banheiro, tomei um banho, coloquei outra roupa e desci.
_ Que xixi demorado hein.
_ Tomei banho pra já descer de uma vez. -expliquei me sentando à mesa e comendo também.- Suas aulas voltam hoje também, não é Melissa?
_ Sim e meu psicológico não está preparado, mãe.
_ Cara de pau, estuda direito hein.
_ Eu estudo, só estou sofrendo porque não terei uma vida social por mais seis meses.
_ Aí que drama, Melissa. Com coisa que você sai todo final de semana.
_ Ah, eu sou viajante, prefiro praia do que balada, mas vou uma vez ou outra.
_ Eu conhecia todas, nossa. Eu e a Lila saímos de domingo, vínhamos pra casa e eu entrava de fininho, tomava um banho e tirava um cochilo de uma meia horinha e tinha que ir pra empresa.
_ E meu vô?
_ Nunca gostou, mas não sabia que eu aprontava assim. -dei de ombros.- Mas agora eu sou mãe, sei bem como é isso.
_ A gente nem sai. Nem meu irmão que é homem apronta.
_ Vocês gostam de viajar, viagem pra lá e pra cá.
_ Tem coisa melhor?
_ Não. Eu amo, amo, amo viajar.
_ Tá vendo.


  Terminamos o café e seguimos para a empresa.   Rotina, estou de volta! Nosso quadro de funcionários era muito bom e o funcionamento da empresa até mesmo quando eu não estava presente era maravilhoso. Profissionais competentes, eu poderia dormir despreocupada.

_ Reunião daqui 25 minutos, Fer. -a secretária avisou.
_ Beleza, estou finalizando a revisão da apresentação.
_ Precisa de ajuda?
_ Está tudo ok? Na sala? Com o coffee?
_ Sim, os clientes estão chegando... todos pontuais.
_ Ótimo, gosto assim.
_ Mais alguma coisa?
_ Por enquanto não, muito obrigada. -ela saiu e eu voltei ao que fazia.


...

_ Em nome da Company agradeço a presença de todos, espero ter esclarecido dúvidas e aguardamos tê-los conosco mais vezes. -falei encerrando a reunião com os futuros clientes, sorrindo e me despedindo de cada um deles.
_ Sala cheia hein, me conta... quem são?
_ Clientes novos. -respondi Melissa.
_ Bonitões hein mãe, meu pai sabe disso?
_ Não (risos). Nem vai, tadinho.
_ Ele me ligou hoje, perguntou quem ia me buscar na faculdade porque agora ele estava viajando.
_ Ele ficou todo preocupado, nossa.
_ A senhora vai viajar com ele esse fim de semana?
_ Estava pensando em ir na quinta-feira, mas vocês tem aula normal na sexta ainda.
_ Ah mãe, eu não vou. -falou me olhando toda desconfiada.
_ Não tá afim?
_ Voltei de férias agora não posso ficar faltando.
_ Ah entendo. -falei rindo.- Antes você chorava pra ir viajar com o seu pai, agora...
_ Agora tô estudando, trabalhando... eu posso até ir, mas só aos finais de semana.
_ Tá certa, concordo. Bora almoçar?
_ Pensei que não fosse me fazer essa pergunta hoje. -faliu se levantando e pegando o meu celular, saindo da minha sala.

  Melissa estava tão crescida, nem parece aquele toquinho que vivia abraçada na minha perna. Como o tempo voou, muito depressa.

_ Mãe, vamos.
_ Tô indo, Melissa. Tô indo.




Narrado por Luan
  Domingo voltei pra estrada e a cada dez perguntas que respondia, pelo menos três delas eram referente a perda do nosso bebê. Recebi o apoio de todos os amigos da equipe, banda e dos meus fãs que me abraçavam com amor e passando todo o carinho, desejando que tivéssemos força.
  Passou-se uma semana e eu já estava no ritmo outra vez, tivemos show na quinta-feira e sexta eu acordei tarde pra caramba, tinha passado até o horário de almoço. Arleyde ligando no meu celular e eu com preguiça até de atender, escutei batidas na porta.


_ Luan? -levantei do jeito que estava e olhei pelo olho mágico, era ela.
_ Bom dia Lêzinha, tava com saudade já?
_ Não, bom dia. -riu e foi entrando, sem nem me dar um beijo.
_ O que manda? -deitei outra vez.
_ A produção de um programa entrou em contato com a gente ontem à noite, quer dizer no final da tarde e perguntaram se você não poderia fazer uma participação no quadro.
_ Que programa Lelê?
_ Fábrica de Casamento.
_ Casar quem hein?
_ O casal participante se conheceu em 2018 e foi num show seu, ela é muito sua fã, já participou do camarim e o pessoal queria dar esse presente que seria você aparecendo na festa.
_ Mais rapaiz, sério mesmo Lelê?
_ Sério mesmo. Tudo vai acontecer lá em São Paulo, tá? Em uma segunda-feira... tô te perguntando porque é sua folga, e você faz o que quiser com ela.
_ Eu topo uai.
_ Beleza, então. Agora vai tomar um banho que eu tô pedindo seu almoço hein.
_ Fritas e bife acebolado, hmmm...
_ Frango grelhado, salada e um arroz integral né?
_ Pô Lêzinha, é sexta! -cobri o rosto.
_ Tem uma torta holandesa de sobremesa, hmmm... está uma delícia.
_ Fechado. Mas queria um sorvetinho também com uma calda de chocolate quente.
_ Abusado. Já foi?
_ Tô indo, tô indo.


  Levantei e fui direto pro chuveiro, estava calor demais na cidade em que estávamos e eu estava suando. Sai e fui me secando, vesti uma cueca boxer e enrolei a toalha na cintura pra procurar alguma roupa dentro da mala. A campainha do quarto tocou e eu imaginei ser a Lelê, fui abrindo e quase morro de susto.

_ Pai, isso é jeito de abrir a porta? -Malu perguntava de braços cruzados, séria igual a mãe dela.- Vai pôr roupa.
_ Uai, mas o que é isso? Surpresa boa hein rapaiz. -puxei minha pequena pra um abraço apertado.
_ Acredita que minha mãe me deixou faltar na aula? Pois é nem eu. -riu.- Boa tarde, pai.
_ Veio sozinha? -quando ela pensou em responder vi Helena chorando de braços cruzados e um bico enorme.
_ E engole esse choro que você nem apanhou. -ouvi Fernanda dizer.
_ Xiii rapaiz o que foi hein princesa? Conta pro papai. -peguei ela no colo, deitando sua cabeça no meu ombro.
_ A mamãe tá uma chata hoje.
_ Helena, não faz eu te pegar não. -disse se aproximando.- Oi amor, tudo bem?
_ Eu tô ótimo e vocês?
_ Muito bem. -disse sentando na cama e tirando os sapatos.
_ Posso saber o que aconteceu?
_ Eu tô falando pra ela Helena não corre, espera a porta abrir... e ela correndo desde que descemos do táxi, caiu no chão e ficou com o bocão.
_ Ô vida ela é criança.
_ Por ser criança ela tem que aprender ouvir os mais velhos. Vai, desce e vai lá lavar esse rosto.
_ Mas mamãe...
_ Tenho que falar de novo?
_ Eita que a muié tá braba demais rapaiz. -segurei seu rosto e dei um beijão.- Surpresa boa demais da conta, tava nem esperando.
_ Que bom que não estava aprontando, né? -riu me dando outro beijo.
_ Arthur e Melissa não vem?
_ Não, agora se denominam maiores de idade... tudo deles é "Ah não sei não" "ah mãe, fazer o que lá?" "ah não vai dar pra eu ir, não posso faltar". Larguei tudo lá e falei que não quero zona na minha casa.
_ Nem uma socialzinha, mãe?
_ Nem nada (risos). Amor, vamos embora no domingo depois do show.
_ Eu também. -falei indo me vestir, coloquei uma bermuda e deitei na cama.- Já almoçaram?
_ Ainda bem que o senhor perguntou, porque minha mãe me apressou tanto que nem café da manhã eu tomei.
_ Mentirosa. Eu te chamei era 10h20 da manhã, ainda avisei que nosso voo estava para às 11h45. Que horas você levantou?
_ 11h.
_ Respondido. -peguei o celular e liguei pra Lelê, deixando no viva-voz.
_ Oi Lêzinha linda, já pediu meu almoço?
_ Ainda não, por quê?
_ Vou descer pra almoçar.
_ Luan o que você tá aprontando?
_ Uai, nada. É que as meninas chegaram aqui e não comeram ainda.
_ Meninas? Que meninas, Luan?
_ Minha lindíssima esposa e minhas duas princesas.
_ E você nem avisa? Quer que coloque mais uma cama no seu quarto?
_ Não tia! Pelo amor de deus, não. -Malu se manifestou nos fazendo rir.
_ Ouviu, né? O quarto do lado está vago, né?
_ Sim, pelo menos até ontem de manhã estava.
_ Pode ser ele. É só as duas mesmo.
_ Tudo bem, vou buscar a chave. -e desligou.
_ Pronto, Maria Luísa. Resolvido.
_ Ótimo, porque vocês dois não dá.
_ Quando você casar você vai entender. -falei rindo.
_ Amor, ela já entende né filha? -parei de rir e olhei sério, Maria Luísa foi ficando com vergonha, querendo disfarçar.
_ Maria Luísa deu pra ficar fazendo essas poca vergonha agora é?
_ Minha mãe que fala demais, deus me livre. -disse indo para o banheiro e fechando a porta.
_ Ela tá grande, né?
_ Grande e namorando. -falei deitando a cabeça no colo da Nanda.- Vou ter companhia nos shows então?
_ Sim! -respondeu empolgada.- Quero ficar no backstage.
_ A senhora né? Porque eu e a Nena vamos assistir de frente pro palco.
_ E posso saber com quem? -Fernanda perguntou.
_ Sozinhas, ué.
_ Eu ainda sou sua mãe.
_ Que graça tem ver meu pai de costas? -cruzou os braços.


...

  Almoçamos no restaurante do hotel e depois as meninas queriam aproveitar a piscina, Fernanda e eu ficamos no quiosque conversando com o Juliano e o Testa. O sol foi embora e nós subimos pra tomar um banho e nos arrumar para o show que seria um pouco mais tarde, por volta de 00h30.

_ Mais rapaiz, que isso hein? -Fernanda saiu do banheiro já vestida com a lingerie, com uma toalha enrolada nos cabelos e descalça. Peguei sua mão e ela deu uma voltinha.
_ Tenho uma bunda bonita, né? -riu.
_ Lindíssima.
_ Bobo (risos). Comprei tem um tempo, nunca tinha usado.
_ Por que não?
_ Estava esperando pra usar com você e fora de casa. Já que eu vivo sem calcinha. -piscou.
_ Delícia. -abracei sua cintura e desci as mãos para a sua bunda.
_ Para, você tem que se trocar.
_ Eu sei, mas ainda são 19h34... -falei olhando no relógio.
_ Eu ainda tenho que dar banho na Helena e me maquiar.
_ Tô até duro sabia?
_ Tô sentindo mesmo, mas não posso te atrasar. -deu um selinho e me empurrou na cama.- Me ajuda escolher uma roupa?
_ Tem calça?
_ Com esse body aqui. -levantou a peça mostrando os detalhes.
_ E a saia preta? -ela fez o mesmo.- Não, muito curta. -falei "sério".- Brincadeira vida, tá linda.
_ Com qual blusa?
_ Qualquer uma. -dei de ombros.
_ Tem cinco blusas aqui, amor.
_ A preta combina mais com a minha.
_ Vou toda de preto? -cruzou os braços, me olhando de cara feia.
_ Vermelha, eu gosto de vermelho.
_ Com o salto nude?
_ Ah Fernanda e eu que sei?
_ Eu te ajudo escolher suas roupas, custa dar uma opinião?
_ Qual é mais confortável?
_ O azul.
_ Pronto, vai com ele. -falei dando as costas e vestindo a camisa.
_ Homens. -resmungou e voltou a se vestir. Demoramos uns quarenta minutos dentro daquele quarto e ainda faltava ela terminar a bendita da maquiagem... continuei no twitter fuçando e me antenando das coisas.
_ Atende pra mim por favor. -olhei para a tela do celular e Maria Luísa estava ligando.- Amor, atende?
_ Pronto.
_ Pai vocês já saíram do hotel?
_ Onde você tá, Melissa?
_ Na recepção e ainda fui informada que você já fez até checkout.
_ Mas... quem te falou isso?
_ O cara que está com a recepcionista. Eu tô com mochila, de salto e plantada aqui tem quase uma hora.
_ Tô descendo aí, me espera no balcão.
_ Tá, tchau pai. -e desligou.
_ Cê sabia que a Melissa vinha vida?
_ Ela não tinha dado certeza não, não tinha deixado nem eu comprar a passagem.
_ Tá aí embaixo.
_ Escutei vocês dois conversando, vai ir lá?
_ Agora rapaiz. -levantei da cama e em passos largos logo sai do quarto, Well estava parado perto da porta no celular e quando me viu logo desligou.
_ Já vai descer?
_ Buscar a Melissa, tá lá embaixo.
_ Eu vou lá.
_ Precisa eu ir?


  E acabou que nós dois descemos, ela estava escorada no balcão e no celular com cara de poucos amigos, quis dar risada.

_ Boa noite, boa noite. -cumprimentei os funcionários do hotel e ela me reconheceu pela voz.- Tá triste, é?
_ Lógico, ninguém nem deixou minha reserva feita. 
_ Cê disse que vinha?
_ Falei pra minha mãe que eu ia ver.
_ Então não reclama. Vem cá, me dá um abraço.
_ Eu estava com saudades do senhor, sabia?
_ Vamos subir, deixar essas coisas lá em cima.
_ Tá bom. -falei com o pessoal na recepção e eles se desculparam pelo ocorrido, eu disse que tudo bem e que entendia o trabalho deles. Disse que Melissa ficaria conosco e no quarto ao lado, com as irmãs, e assim subimos.- Como foi a semana de volta às aulas e ao trabalho?
_ Exaustivamente cansativa, pai. Dei graças à Deus que não teria aula hoje e mesmo se tivesse eu não iria... comprei minha passagem agora no fim da tarde.
_ Nem avisou sua mãe que vinha né?
_ Só avisei o Arthur e isso porque passei em casa correndo pra tomar um banho e pegar minhas coisas voando.
_ Ele não quis vir?
_ O aniversário da sogra dele é amanhã e ele ficou pra festa, almoço... sei lá.
_ Sendo trocado por uma mulher. -brinquei.
_ Ah, mas nós viemos. Todo mundo já está pronto?
_ Eu sim, já as outras três... -o elevador parou no nosso andar e nós descemos, bati na porta do quarto das meninas e minha pequena quem veio abrir só de calcinha e meias.- Ainda?
_ Papai. -riu colocando a mão na boca e correndo de volta pra cama, entrei no quarto e Maria Luísa estava se maquiando.
_ E sua irmã, nada ainda Maria Luísa?
_ Ué e eu que tenho que vestir ela? Cadê minha mãe?
_ Custava ajudar?
_ Pai, eu estava ocupada ué... minha mãe quem tinha que ver isso.
_ Ela é sua irmã, sabia?
_ Mas não é minha filha. -respondeu no mesmo tom, não falei nada. Chamei Helena, ajudei a se vestir e fomos para o meu quarto.
_ E aí, tudo certinho lá amor?
_ Sim, tá pronta?
_ Tô, só fecha aqui pra mim por favor... -disse virando de costas e segurando os cabelos no alto, fechei a gargantilha e esperei ela pegar a bolsa para fecharmos o quarto e descermos todos.





Narrado por Fernanda
  Quinta-feira à noite decidi que viajaria para o estado de Espírito Santo na tarde seguinte para acompanhar o Luan em um final de semana todo. Estava com saudades de vê-lo fazer o que mais amava e que o deixava mais apaixonante, sim era incrível e mesmo com o passar dos anos eu não me cansava nunca de assisti-lo.
  Arrumei minhas coisas e esperei Helena dormir para arrumar as dela, falei com Arthur e Maria Luísa que já estavam em seus quartos e esperei Melissa chegar da faculdade para fazer o convite.
Arthur disse que tinha compromisso e não iria. Melissa ficou no "vou, não vou" e eu não fiquei insistindo. Maria Luísa prontamente disse que iria e que não iria nem pra escola pra gente pegar o voo mais cedo e chegarmos lá ainda de tarde. Helena acordou bem cedo na sexta e me chamando pra levá-la na escola que tinha educação física e ela ia jogar muito vôlei. Ri.
Contei que iríamos ver o papai e ela ficou ainda mais animada, despertou e não dormiu mais. Queria que eu levantasse, lhe fizesse companhia no café e pintasse suas unhas pra ela não ir pro show feia.

  Chegamos tranquilas, aproveitamos a tarde e de noite estávamos prontas para curtir o show do meu maridão. Seguimos em duas van para a casa de shows, fomos separadas do Luan e ao chegarmos descemos pela frente, acenando para alguns fãs e entrando rumo ao camarim.

_ Meu deus, imenso. -Malu falou se jogando no sofá.- Macio! -deitou.- E esse cheiro? -levantou e indo para a mesa e tirando as tampas das travessas.
_ O que tem de gostoso aí? -perguntei.
_ Eu. -Luan respondeu empurrando a porta, rindo.- Que cê tá fuçando aí Maria Luísa?
_ Tô com fome, né pai. O que é isso aqui?
_ Comida saudável. Lêzinha que pediu.
_ Não vi a tia Lê ainda. -dizia pegando um copo e indo abrir o refrigerante.
_ Malu eu também quero. -Leninha pediu.
_ Começou a bagunça aqui, se comportem hein. -pedi.
_ Deixa elas amor, gosto tanto quando viajam comigo. -me abraçou pela cintura e quando aproximou seus lábios para me beijar a Arleyde entrou procurando por ele.- Bem na hora. -colocou a testa no meu ombro, rindo.
_ Oi Fer, tudo bem? -me cumprimentou com um beijo e um abraço, fazia um tempinho que não nos víamos.
_ Ótima e você Lê? Cuidando desse meninão arteiro?
_ Tentando né, ele dá mais trabalho que os meus. -riram.- Oi meninas, tudo bem? Boa noite.
_ Oi tia Lê. -Melissa a cumprimentou, Helena e Malu fizeram o mesmo.
_ Pedi uma coisa pra vocês, tudo que vocês gostam... mas só vai chegar durante o show.
_ Porcarias, né Lêzinha? -Luan perguntou rindo.
_ Elas podem, queimam calorias brincando. E o senhor já comeu?
_ Tive tempo nem de dar um beijão gostoso na boca da minha mulher. -brincou me dando uma juntada.
_ Aproveita pra beijar agora e não esquece de comer hein... você terminando a janta, atende as meninas e se prepara pro show.


  E foi o que fizemos. Jantamos ali, Luan e eu, as meninas não quiseram nada além de refrigerante e docinhos. Ele escovou os dentes e trocou de blusa para o atendimento no camarim que ainda acontecia e era beeeeem mais tranquilo que anos atrás.

_ Mamãe eu posso ir lá?
_ Não, você vai fazer bagunça.
_ Mas eu queria ver as meninas também.
_ Vamos lá. -levantei e dei uma olhada no espelho, ajeitei o cabelo e saímos de mãos dadas. O espaço era duas salas depois, tinha uma fila com alguns fãs e os cumprimentei antes de pedir licença ao Well para entrarmos.
_ Papai, também quero foto. -falou entrando na frente dele e pedindo colo.
_ Você pode tudo minha princesa, fala oi pra ela.
_ Oi, você veio abraçar meu pai?
_ Bem sua filha né? -Rober perguntou de canto, rindo.
_ Sua sobrinha, não sei o que você tá falando. -ri.
_ Como cresce rápido, Bernardo já está com quatro anos.
_ Aí é a melhor fase, Rô. E agora vai vir uma pitica pra te deixar de cabelos em pé.
_ Tô numa ansiedade que você não tem ideia.
_ Está bem perto hein, ela vai ficar em casa?
_ Vai, a mãe dela chega amanhã já. -fez careta.
_ Só minha sogra que é legal?
_ Ah, ela não é chata, mas até hoje não vai muito com a minha cara não.
_ Isso que vocês estão casados e com dois filhos. 
_ Nem ligo, deixo ela pra lá.


  Ficamos ali papeando, o atendimento chegou ao fim e voltamos para o camarim dele. As meninas esperaram Luan se aquecer, fomos para o camarim da banda e depois da oração fui ao banheiro, estava apertada.

_ Mãe, quero assistir o show de frente pro palco. -Malu disse.
_ Coloca a pulseira, a gente sobe pro camarote.
_ Tem uma pista VIP aqui, não precisa a gente subir.
_ Eu vou ver.
_ Ah sério, mãe?
_ O que foi que tá bicuda aí?
_ Quero assistir o show aqui em baixo e minha mãe não quer deixar, tio.
_ Tem um espaço reservado, é tipo um camarote. Bem aqui na frente, se quiserem eu converso com o pessoal.
_ Eu topo, Melissa também.


   E acabamos que descemos todas, mais o Rober e um segurança da casa. Nossa presença rapidamente foi notada, mas o assédio não foi tanto de início porque estávamos todos concentrados em assistir o show... e foi lindo do começo ao fim, lindo mesmo e não é porque ele é meu marido não. A turnê estava linda, as músicas incríveis e eu cantei todas do começo ao fim do show.

_ Tá chorando, Mê? -ela olhou pra cima sorrindo, dizendo que não.- Eita amor hein.
_ Mandei um áudio do show pra ele e olha o que ele me respondeu. Mostrou o áudio cheio de declarações ao estilo Leonardo.- Eu amo muito esse homem.
_ Boba apaixonada. -Malu disse brincando.- Será que eu vou ficar assim, mãe? -me perguntou enquanto saímos dali e íamos pra o corredor de acesso aos camarins.
_ Vai ficar pior (risos). Cansou, Nena?
_ Cansei, mamãe. Tô com sono, já. -bocejou. Olhei no relógio de pulso e realmente estava bem tarde, se estivéssemos em casa Helena já estaria em seu 15° sono.
_ O jantar das minhas meninas chegaram, tá? -Arleyde avisou.- Depois me falem se gostaram. -piscou e saiu.
_ Quer comer, filha? -ela fez que não e deitou no sofá.- Nem um pouquinho?
_ Não, mamãe.
_ Come um pouquinho, você nem jantou comigo e com o papai.


  Depois de eu muito insistir, ela comeu metade de um lanche, tomou suco e comeu algumas batatas. Dormiu encostada no sofá, coloquei a blusa de frio por cima dela e me sentei na poltrona, conversando com as meninas. Luan estava demorando a voltar e eu fui procurar saber onde é que ele estava para irmos embora.

_ Com licença, boa noite. -falei ao chegar em uma sala e me deparar com um grupo de pessoas. Todas elas minha bem vestidas, homens e mulheres. Um deles me encarou, olhando de cima a baixo como se eu fosse um pedaço de carne, encontrei Luan de costas falando com algum deles e Rober fuçando na câmera fotográfica.- Quem são? -cochichei.
_ Contrante, sócios... aquela ali é a acompanhante dele. -se referia a ruiva que estava tirando selfie com uma taça de espumante na mão.- Queria falar com o Luan?
_ Saber onde ele estava, né? Tá tarde. Nena já dormiu e as meninas estão lá comendo.
_ Xii eles entraram num papo ali agora, nem foto tiraram ainda.
_ Vai demorar então. -ri.
_ Fer? -olhei e ele me chamava.- Vem cá. -caminhei até ele toda desconfiada, mas sem deixar isso tão na cara.
_ Oi, boa noite. -o cumprimentei.- Tudo bem? -sorri.
_ Depois de um show desses não teria como estar ruim, Luan já é de casa. -me estendeu a mão.- Júlio César.
_ Fernanda, esposa do Luan. -sorri.
_ Esposa? -perguntou surpreso.- Pensei que fossem irmãos.
_ Não, nos casamos tem alguns anos. -ele puxava assunto, Luan continuou ali conosco e eu sentindo olhares me devorarem. Júlio pediu licença, dizendo precisar atender uma ligação e eu virei de frente para o meu marido.
_ Que foi? -riu.
_ Que horas nós vamos embora, lindo? -perguntei alisando seu rosto, falando baixinho.- Já deu de assunto, né?
_ Eu já est... -ele foi interrompido.
_ Luan! Será que se importaria de tirar uma foto com a gente? -perguntou me empurrando com a bunda e já abraçando o meu marido na minha frente, como se eu nem lá estivesse. Dei licença, deixei que tirassem a tal foto e até peguei um copo d'água pra ver se abstraia.
_ Você é nova aqui? -escutei um homem perguntar, olhei por cima do ombro e ele estava atrás de mim.
_ Não sou daqui, só vim pro show.
_ Acompanhante do Luan.
_ Esposa. -respondi indo para o outro canto da mesa.
_ Você é uma mulher muito bonita, jovem...
_ Sim, obrigada.
_ Me desculpa a pergunta, mas quantos anos você tem? Deixa eu ver se acerto... 23?
_ Não, essa é a idade da minha filha.
_ Filha?
_ Sou casada, tenho filhos com o meu marido. Quatro.
_ Não pensei que... -ele não sabia o que dizer.- É que você...
_ Amor, vem cá.
_ Licença. -e sai.- Cara chato.
_ O que foi?
_ Cheio de assunto pro meu lado, não gostei dele.
_ Ele estava te olhando desde a hora que você atravessou a porta. Sócio do Júlio César, marido dela morena ali.
_ Coitada, ter um marido canalha desses.
_ Para amor. -riu.- Você está linda mesmo. -nos beijamos rapidamente.- Quer ir embora, né?
_ Tudo bem, eu espero.


  Luan fez mais uma sala e dei graças a Deus quando a Arleyde chegou e deu um jeito de ir logo com aquilo, tiramos fotos e se despediram. O mesmo infeliz veio pondo a mão na minha cintura e sussurrou o número do telefone dele.

_ Eu não sei qual o relacionamento que você tem com a sua esposa, mas eu não traio meu marido. Então se puder ser menos inconveniente e manter a postura, eu agradeço. -sussurrei de volta.- Tenha uma ótima noite. -sorri e me afastei.
_ O que ele te disse? -Luan perguntou sério.
_ Nada demais, já coloquei ele no lugar dele. Vamos?
_ Sim senhora. Não vejo a hora de chegarmos.
_ Sabe que eu também não? -nos beijamos e acidentalmente sua mão foi parar na minha bunda dando aquela apalpada discreta e muito gostosa. Não fiquei atrás, alisei seu pau por cima da calça e segurei firme.- Na van a gente conversa melhor, né? -sai na frente e fomos chamar nossas meninas.
_ Demoraram hein, meu deus.
_ Já vamos voltar pro hotel? -Melissa perguntou.
_ É, né? Queria ir pra onde?
_ Balada né mãe, aqui têm?
_ E você não entra. -falei rindo.


  Luan pegou Helena que ainda dormia no colo e seguimos para a van, dessa vez fomos juntos, porque a banda havia ido na frente. Chegamos, as meninas foram para o quarto e depois de deixar Helena na cama voltamos para o nosso e fomos namorar a noite toda e dormimos quando já amanhecia. E acordamos próximo ao meio-dia, mas demoramos um pouco para levantar.

_ O que acha de irmos pra piscina? -perguntei animada.
_ Vai nem dar graça, viajamos daqui umas três horas pro Rio. -bocejou.- Quer descer?
_ Então não, né? Queimo minha bunda lá. -brinquei.
_ Cê nunca gostou de tomar sol, lembra? -riu.
_ E você de passar protetor solar, até hoje é uma briga.
_ Nem tanto vai. -falou sorrindo.- É que gruda.
_ Mas protege do sol. Amor, pega meu celulsr por favor.
_ Vai ligar pra quem se eu estou bem aqui do seu lado?
_ Pro meu filho que está sozinho em casa.
_ Ah bom, tá certo. -me entregou o aparelho e eu disquei o número. Chamou, chamou e nada. Caixa postal. Disquei outra vez e quando estava pra cair a ligação ele me atendeu.
_ Oi mãe.
_ Demorou pra me atender, tá tudo bem? Tá em casa?
_ Tá tudo bem sim, e senhora? Sai de casa agora, tô indo pra casa da Julia e com o seu carro.
_ Arthur!
_ Relaxa, estou indo aqui por dentro e está no viva-voz.
_ Dormiu bem? Ela dormiu em casa?
_ Dormi na minha vó porque ontem fui jantar na tia Bruna com ela e meu vô. Aí fui embora hoje de manhã, tomei um banho e tô indo pro aniversário da sogra.
_ Ah tá... amanhã a gente já está voltando, viu?
_ Meu pai também?
_ Sim, segunda-feira ele está de volta.
_ E ele tá bem? O pessoal aí? -conversamos um pouco, ele disse que tinha chego e que depois me ligava e desligou.
_ Não estou sabendo lidar. Ele saiu com o meu carro, Luan.
_ Ele sabe dirigir, e sabe que não pode beber.
_ Ele não é louco, eu mato ele.
_ Mata nada. -me roubou um selinho.- E as meninas com os namorados?
_ Melissa já está vendo casa, viu? E lá pelo condomínio mesmo, mas aquelas ruas mais pra cima e no fundo.
_ Mas ela não ia esperar?
_ Ela tá ansiosa, quer que passe logo. Quer casar logo.
_ Tô ficando até com dor de barriga. Tô ficando véio, Fernanda.
_ Estamos sim, casando nossa menina.
_ A mais parecida com você. -sorriu.- Vocês se deram tão bem.
_ Muito bem, Melissa foi amor a primeira vista. Nem nos meus melhores sonhos imaginei que fossemos tão próximas. Pensei que ela sentiria muito ciumes do Arthur, mas são um grude que só.
_ E que grude, minha nossa senhora, Arthur não tem paz.
_ Tem sim, elas cuidam direitinho dele.
_ Igual você cuida de mim.
_ Uhum, sempre que puder. -nos beijamos com carinho, safadeza e levantamos para arrumar nossas coisas e partir rumo à cidade maravilhosa.













~.~

  Gente não estou sabendo lidar com essas crianças crescidas, e vocês? Melissa quase casando, Arthur já está dirigindo, Maria Luísa namorando e a Nena com quase 10 anos! Sim, estamos velhas. Haha 
  Fora o casal que se ama mais a cada dia é mesmo nas situações inconvenientes se saem muito bem, não é? O que foi aquele sócio cara de pau? E as mulheres empurrando a Nanda na hora da foto? KK se fosse uns anos antes isso seria um problemão, não é?

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Capítulo 266

Narrado por Maria Luísa
  Recife, que lugar lindo.
 Aquela praia de Boa Viagem era um sonho, o calor que fazia também era fantástico. Eu estava simplesmente amando, uma das melhores coisas que fiz nas férias.


_ Só fofocando, né? -Henrique perguntou saindo do banheiro com a toalha enrolada na cintura.
_ Minha irmã e não fazemos fofoca. -ergui as sobrancelhas, cruzando os braços.
_ Toda mulher diz isso. -deu de ombros.
_ Nada disso, estava falando com ela do casamento da Nay... o casamento que ela e o Leo foram padrinhos.
_ Vi algumas fotos ontem no stories dela, mas não associei. -disse se trocando.- Vai ir agora? -apontou com a cabeça pro banheiro. 
_ Preciso tô com o biquíni cheio de areia, tô pior que criança.
_ Ficar no raso dá nisso.
_ Queria que eu passasse dos recifes?
_ Nem de brincadeira. 
_ Henrique, pronto aí? -a mãe dele bateu na porta.
_ Malu está tomando banho, mãe. -entrei no banheiro e não escutei o restante da conversa dos dois. Tirei o biquíni e tomei um banho rápido e não muito quente, meus ombros estavam ardendo. Aproveitei para enxaguar as peças do biquini e tirar o excesso de areia, lavei os cabelos e sai.
_ O que sua mãe queria?
_ Conhecer mais um ponto turístico, perguntou se iríamos.
_ E nós vamos, né?
_ Sim, ela está nos esperando no hall da pousada.
_ Seu pai também vai?
_ Com uma câmera profissional registrando qualquer movimentação suspeita de uma boa foto.
_ Vocês curtem esse negócio de turismo, real.
_ É um costume que eu tenho desde pequeno. -contava enquanto eu me vestia.- Meus pais sempre pregaram a política de que antes de conhecer o exterior eu tinha que conhecer o país onde eu morava.
_ Engraçado, você não tem cara de quem curte viajar tanto assim... você é muito parecido com o meu irmão, acho estranho.
_ É um jeito de estar com os meus pais. Às vezes nossa rotina é chata, corrida e acabamos não tendo tanto tempo junto.
_ Sei bem como funciona. -respondi me lembrando das inúmeras viagens a trabalho do meu pai e a corrida da minha na CDM.- É um jeito de aproveitar sem pressa.
_ Sem pressa e só a gente. Minha mãe sempre procura reunir todos, mas ficar só nós três mesmo só viajando.
_ É uma delícia, estou amando estar aqui com vocês, participando disso. -beijei o rosto dele.
_ E eu amo você estar aqui. -segurou meu rosto e beijou minha boca de um jeito tão doce, carinhoso e demorado.
_ Henrique? -Luísa chamou outra vez.
_ Estamos descendo, já. -me olhou de cima a baixo.- Tá pronta?
_ Sim, vou de chinelos mesmo.
_ Dois. E vamos antes que ela venha aqui de novo.

Encontramos os pais dele no térreo e fomos bater pernas, conhecer mais do lugar e foi muito gostoso. Andamos bastante, voltamos após um jantar muito gostoso, e seguimos para o quarto.
_ Que dia! -respirei fundo, descansando os pés e fechando os olhos.
_ Cansou? -senti seu corpo pesar sobre o meu e abri os olhos no susto, sendo surpreendida por um beijo um tanto rápido. Selinhos, leves mordidas. Sua mão do lado da minha cintura levantando um pouco minha blusa, minha respiração já deu aquela acelerada e por reflexo segurei os braços dele.- Calma. -beijou meu rosto e outra vez minha boca, sorrindo. Segurei seu rosto e fechei os olhos beijando-o com mais calor, mais vontade. Abracei seu pescoço e mãozinha que estava na minha cintura subiu por dentro da blusa ao encontro do meu sutiã.

  Eu não estava com medo, tão pouco apreensiva.   Na real cada toque acontecia de um jeito tão natural que quando me dei conta já estávamos nus, entre beijos e carícias. Era tão bom, gostoso. Ele beijava meu pescoço, perto dos seios, alisava minha pele e dizia o tempo todo que eu era linda e que amava estar comigo... assim... tão íntimos.
  As luzes apagadas e as janelas no quarto aberta permitindo que somente a lua nos iluminasse, abracei seus ombros e cheguei ao ápice dizendo o nome dele. Ele deitou a cabeça no meu peito e continuamos abraçados, com as mãos entrelaçadas.


_ Dá vontade de ficar a noite toda assim. -beijou meu rosto.
_ Eu também ficaria. -disse bocejando, já me ajeitando na cama.
_ Tá pegando gosto em. -brincou.
_ Você tem me ensinado bastante. Tudo na verdade. -ri.
_ Nem tudo minha gatinha. -mordeu meu braço bem de leve.
_ Eu queria tentar uma coisa... nova... -comentei mordendo os lábios, quase sem coragem de continuar. Estava sentindo meu rosto pinicar de vergonha.
_ O que?
_ Não sei como falar, fico sem graça Rique.
_ Ah, não precisa Malu. Somos namorados, pô. Normal.
_ Queria ir por cima. -falei escondendo o rosto no ombro dele.- Já ouvi dizer que é bom.
_ Eu gosto. -me beijou e foi beijando mais, criando todo um clima tudo de novo. Fomos nos sentando na cama, Henrique me colocou sentada de frente pra ele e sem deixar de me beijar me ergueu pela cintura e eu me sentei, encaixando nele por inteiro.- Tá tudo bem?
_ Ahaam... -respondi gemendo, ele não fez nada. Quer dizer, estava me relaxando. Enquanto nós nos beijamos conforme íamos nos movimentando todo o tesão foi voltando e era diferente, era crescente e não demorou para que eu relaxasse, curtissem aquele nosso momento e juntos chegarmos ao orgasmo. Foi tãaaaaao bom, tãaaao intenso.


  Tá, um dia irei me acostumar. Mas por enquanto continuo sem saber exatamente o que fazer depois do sexo, sugeri um banho e funcionou. Saímos, nos trocamos e ficamos conversando sobre coisas aleatórias até bater o sono e irmos dormir.
  No outro dia não levantamos tarde, acordamos por volta de 07h30 e o sol estava estalando. Fui pro banheiro, fiz o que tinha que fazer e já sai indo na direção da minha mala pra pegar um biquíni. Deixei a saída de praia em cima da cama, pelo menos enquanto eu passava protetor solar e prendia os cabelos. Henrique saiu já de sunga, bermuda e regata com os cabelos molhados. Me deu "bom dia" com um beijo e descemos.

_ Dormiram bem crianças?
_ Bom dia, bom dia. -os cumprimentei antes de responder que havíamos dormido bem.
_ Bom dia mãe, pai. -beijou o rosto da mãe, abraçou o pai e se sentou ao meu lado.- Dormimos muito bem. -beijou meu ombro, sorrindo pra mim que denunciei nossa transa ficando vermelha de vergonha.
_ Tão grandes, né Miguel? Lembro eu com a idade deles. -riu tomando um pouco mais de suco.
_ Melhores fases, só pensar nos vestibulares e no namoro. -deram selinho.
_ Ah, vamos comer né? -Henrique bateu a colher no copo, rindo.- Tão me constrangendo, pô.
_ Aí que sem graça. -falei.
_ Vai falar que gosta de ver seu pai beijando a boca da sua mãe.
_ Ah é estranho, mas eles são casados então...
_ Filhos. -disseram os pais dele.- Comam bem, que teremos um dia e tanto.


  E realmente tivemos, incrível eu diria. Tanto ele quanto os outros quatro dias em que finalizamos a viagem e voltamos para São Paulo. O clima já não era o mesmo, fazia frio e ameaçava chover.
 Eles foram me deixar em casa, me despedi e entrei.


_ Malu! -Helena veio correndo me abraçar.- Você chegou!
_ Tudo bem nega? Como você tá?
_ Brincando de massinha, fiz um sanduíche.
_ Eu quero depois em.
_ Não pode comer de verdade a mamãe disse, só de mentirinha.
_ Ah, mas eu tô com fome. -brinquei.
_ Tem comida, mamãe fez batata frita com ketchup.
_ Nossa mãe, então é assim? -falei largando a mala atrás do sofá e indo pra cozinha.
_ Oi bonita, lembrou que tem casa? -riu.- Fizeram boa viagem? -perguntou vindo me abraçar, beijou meu rosto e se afastou olhando meu rosto, meu corpo.
_ Oi mãe. Por que a senhora tá me olhando assim?
_ Tá mais bronzeada. -sorriu.- E aí como foi lá?
_ Ma ra vi lho so. Muito! -puxei uma cadeira, sentei e começamos a conversar. Falei por cima como tinha sido a viagem e perguntei como tinham sido as coisas em casa, perguntei como estava o bebê e onde estavam os meus irmãos e meu pai.
_ Arthur foi pro Hopi Hari com a turma dele. Sua irmã saiu com o Leo era cedo, até agora nada. E seu pai, está dormindo.
_ Tá brincando, né? Mãe, são quase 17h da tarde.
_ Ele estava ruim tadinho, o tempo virou e ele ficou resfriado. Tava começando a dar febre, ao já dei o remédio.
_ Tadinho do meu véio, vou subir pra dar um beijo nele.
_ Já aproveita e leva sua mala, e já desfaz viu? 
_ Nossa, nem cheguei ainda. Eu em mãe. -ela deu risada.
_ Não me enrola, anda.


  Saímos da cozinha, peguei minha mala e subi para o meu quarto. Deixei em frente a porta e fui falar com o meu pai, entrei no quarto dos dois é a TV estava ligada e ele espirrando dentro do banheiro.

_ Pai?
_ Chegou agora? -perguntou voltando pro quarto.
_ Descalço, pai? -cruzei os braços.
_ Fala baixo. -riu.- Como foi lá?
_ Muito bom, passeei viu. Mas quero saber do senhor.
_ Tô aqui com esse nariz que não para de escorrer, recebendo os cuidados para uma criança de 07 anos de idade.
_ Xarope?
_ Antigripais, cházinhos e muito cafuné.
_ E o senhor nem gosta, né?
_ Quase nada. -riu.- Cadê o malacabado?
_ Pai!
_ É brincadeira. Ele se comportou?
_ Sim.
_ E a senhorita? Maria Luísa, eu tô de olho viu? Cê que num estuda não viu?
_ Pai, ainda estou de férias viu.
_ Semana que vem já acaba. Quero só ver.
_ Relaxa, tá? Vai descansar. -beijei a testa dele.- Tô indo desfazer a mala antes que minha mãe suba aqui, aí já viu né?
_ Encrenca na certa (risos).


  Voltei para o meu quarto e respirei fundo pra sentir com gosto o cheiro do meu cantinho, que saudades! Antes de abrir a mala me joguei na cama e peguei o celular.

_ Melissa? Onde você tá? -mandei um áudio e vários pontos de interrogação em seguida.- Hein? Mê? Ei... 
_ Saindo Mongaguá, por que?
_ Que feios, nem me esperaram pra fazer o bate volta. 
_ Então né, pra Recife ninguém me levou.
_ (ri) Fui com a sogra, o sogro... eu já era a mala da viagem.
_ Com toda certeza, porque pensa né... Mas me fala, o que você quer?
_ Contar da viagem, tô cheia de novidades.
_ Já contou pra mãe?
_ Não deu tempo, tô desfazendo a mala.
_ Nossa, quero sentar com a desculpa de ver filme é fofocar a madrugada inteira. Leo não vai pra casa mesmo.
_ Por que? Cansou de dormir aqui?
_ Ele vai levar as meninas no circo, ele e o Chris.
_ Pra esses passeios ninguém me chama, né?
_ Para de chorar, vai. Nós vamos no Stand Up.
_ Que dia?
_ Temos que ver o dia, mas antes das férias acabarem.
_ Semana que vem, triste isso.
_ Maria Luísa? -escutei minha mãe chamar.
_ Mê, até mais tarde. Código dois. -e levantei.
_ Tô vendo você desfazendo as malas.
_ Mãezinha, tava procurando minha irmã.
_ E achou?
_ Claro, ela tava na praia. Mas tá voltando já.
_ Ótimo. Tô no quarto, tá?
_ Tá bom, já está indo deitar?
_ Tomar um banho, tenho que lavar os cabelos.
_ Mãe, por falar em cabelos... não tem como a senhora marcar uma horinha pra mim não?
_ Pra quando?
_ Bem rápido, tô com os fios ressecados.
_ Sol, água salgada...
_ Combinação do horror. -falei fazendo careta.
_ Tá, eu ligo amanhã no salão. 
_ Obrigada! -ela piscou e saiu do quarto.


  Hora de pôr a mão na massa, desfiz toda a mala deixando separado o que eram roupas sujas, as que foram usadas e as que eu nem mexi. Algumas para o cesto e o restante pra dentro do guarda-roupas. Guardei os sapatos, maquiagem, necessarie e por fim a mala.
  Desci pra comer alguma coisa e meu irmão estava entrando, não pensei duas vezes antes de terminar de descer a escada correndo e pular no colo dele.


_ Oi Art.
_ Minha coluna já era. -disse me segurando pela cintura.- Cê tá grandinha, né? -nos abraçamos, beijei o rosto dele todinho e desci.
_ Tava com saudades. -me recompus, virando para cumprimentar minha cunhada.- Oi, Julia.
_ Tudo bem Malu?
_ Tudo ótimo. E vocês?
_ Com fome, mas preciso de um banho.
_ Tava calor lá?
_ Pra caramba. -meu irmão respondeu encostando a porta.- Fiquei sem camisa lá.
_ Porque é um exibido. -Julia comentou.
_ Se você que tá de alcinha ficou com a marca da blusa, imagina eu que lindo ia ficar com a marca da camiseta.
_ Horrível mesmo, pelo amor de deus!
_ A mãe tá aí?
_ Tomando banho?
_ E a Nena?
_ Lá em cima no quarto da mãe.
_ Melissa?
_ Ainda não chegou. -respondi indo pra cozinha.
_ Ô, vamos pedir esfiha?
_ Eu topo.
_ Vai ligando, tô subindo pra tomar banho. -disse dando a mão pra Julia e indo pra escada. Antes de eu ligar, fiz um misto quente pra dar aquela forrada no estômago e depois que eu achei o cartão da minha mãe, eu liguei e aproveitei pra pedir algumas a mais porque sabia que minha irmã estava voltando pra casa.




Narrado por Melissa
  Na segunda-feira nós acordamos cedo, cedo mesmo, deveriam ser no máximo, estourando umas 08h30 da manhã. Leo tinha falado com a corretora de imóveis que íamos querer olhar as casas que estavam a venda e queria o primeiro horário. Às 09h.
  Visitamos cinco casas e olhamos tudo, desde a entrada até o quintal dos fundos. Uma mais linda que a outra e todas elas grandes, não tinham menos de cinco quartos e eu batendo o pé com o Leo que não precisávamos de tudo isso. Na sexta casa eu bati o olho e gostei de cara, olhamos tudo e o quarto principal me deixou babando. Muito espaçoso, com um closet de encher os olhos.


_ Eu amei essa casa. -falei me pendurando no ombro dele.- E você loirão?
_ Também. -falou.
_ Podemos fechar então?
_ Vamos ver, né? -ele falou sorrindo enquanto íamos saindo e logo entrando no carro, ele deu uma buzinada e saiu.
_ Você não gostou?
_ Gostei loira, gostei sim.
_ Então por que não fechamos?
_ Tô vendo umas coisas antes.
_ Ah é? E vai fazer suspense?
_ Sempre que der. -riu beijando minha boca.- Bora almoçar?
_ Na minha casa ou na sua?
_ No quintal do espeto.
_ Essa hora?
_ Ué, deu fome. -riu.- Mas se não quiser...
_ Eu quero, quero muito. -falei rindo.- Por que não chama sua mãe?
_ Liga aí pra ela. -dizia manobrando o carro. Desbloqueei o celular, procurar o telefone dela e disquei.
_ Oi Mel. -atendeu.
_ Sogra, tá pronta?
_ Pronta pro que? O que vocês estão aprontando?
_ Vamos almoçar fora, topa?
_ Topo sim, vou trocar a Cecília e esperamos vocês.
_ Até daqui a pouco então. Beijos.
_ Beijos, até já. -encerramos a ligação e seguimos para a casa dele que não era longe dali, chegamos em poucos minutos.
_ Oi sogra, tudo bem? -desci do carro e lhe cumprimentei.
_ Tudo bem, Mê?
_ Ótima, ótima, ótima. -respondi me inclinando pra pegar a Ceci no colo e dar um abraço daqueles.- Tudo bem Ceci?
_ Sim. -respondeu rindo.- Você tá me fazendo cócegas.
_ Desculpa. -ri também, deixando-a descer.- Vamos?
_ Vamos.


  Entramos no carro e fomos todos para o Quintal do Espeto, lá era gostoso e eu já havia ido outra vez com um pessoal da minha faculdade. Almoçamos por lá, conversamos bastante também e depois ele me deixou em casa. Liguei pra minha mãe.

_ Mãe?
_ Oi Mê. Tá tudo bem?
_ Sim, mas tô ansiosa. A senhora está bem?
_ (risos) Ansiosa com o que Melissa? -perguntou.
_ Eu não tinha contado nada pra senhora, mas ontem o Leo comentou sobre umas casas que estavam a venda e hoje nós fomos olhar algumas.
_ Mentira! Sério?
_ Sério, mas ainda fiquei na dúvida. Eu não queria casa, porque acho as casas desse condomínio muito exageradas de tão grandes. E preferia um apartamento. Mas ele quer casa.
_ Ah, vocês precisam entrar num consenso né Mê.
_ Eu sei, até vimos uma casa que eu fiquei apaixonada. Poucos quartos, a sala era grande até, um closet maravilhoso no quarto principal. -contei toda empolgada.- Aí mãe, quero casar logo!
_ Já pensou em quando?
_ Hmmm não temos data ainda, porque quero terminar a faculdade primeiro... mas queria que passasse logo.
_ Tá com pressa por quê? Tá grávida, Melissa?
_ Não! Não é isso. É que eu amo o Leo, minhas férias estão acabando e sei que iremos passar pouco tempo juntos nesse semestre.
_ Jovens. -riu.- Eu e seu pai não nos víamos sempre também.
_ Ah, mas a senhora viaja bastante com ele.
_ Sim, sim. E era tão gostoso, nossa. Às vezes era tudo decidido de última hora. Ou eu ia pro show e nem dormíamos juntos, eu já voltava.
_ Doida, doida.
_ Apaixonada, é diferente. -ri.- Mas já que você está tãaaaao ansiosa assim, poderia começar procurando um cerimonialista.
_ Cerimonialista? Não tá cedo?
_ Ah, não. Ele ou ela vai te direcionar em tudo e pensa que por estar longe, você vai ter muito mais tempo e muitas outras opções de tudo. Salões, buffets, decorações, vestidos, penteados. E cá entre nós que três anos voam.
_ É, né mãe. Verdade. E onde que eu acho um cerimonialista decente?
_ Vou procurar e te mando os contatos que eu tenho, pode ser?
_ Quando isso?
_ Assim que chegar em casa, agora eu preciso desligar tá?
_ Tá bom, beijos mãe.
_ Beijos, se cuida. -desligamos e eu subi, estava sozinha em casa e ainda com sono. Deitei e dormi.


...

_ Hmmm... -tentava me afastar, dando tchau e ele me beijando, rindo.- Leo!
_ Chata. -mordeu minha bochecha.
_ Quero um banho, sabia? -falei soltando meu cinto e virando pra pegar minhas coisas no banco de trás.- Não vai entrar pra ver a Malu?
_ Tenho que tomar banho também, será que sua irmã tá pronta?
_ Acho muito difícil.
_ Então vou em casa e passo aqui depois.
_ Tá bom, loirão. -falei abrindo a porta.
_ Tem certeza que você não quer ir com a gente?
_ Sim, vou ficar em casa fofocando.
_ Nossa, duas boca aberta. -fiz careta e desci do carro, ele foi embora e eu entrei.
_ Oi, oi, oi boa noite. -falei encostando a porta e já agachando pra fazer carinho no Thor que estava pulando e abanando o rabo.
_ Meu deus, pensei que não ia chegar mais! -Malu disse toda exagerada, vindo me abraçar.- Tava com saudades.
_ Eu vi, quase 30 pontos de interrogação. -ela deu risada.- Nossa, esfiha?
_ Eu quem deu a ideia. -Arthur levou e antes de ir pra cozinha abraçou minha cintura e beijou meu rosto.- Tranquila?
_ Até demais. -ri.- Tudo bem Julia? -cumprimentei minha cunhada e sentei pra comer.
_ Melissa!
_ Oi!
_ O Leo nem me esperou? Eu tô pronta já. -olhei para a escada e ela descia toda toda. De calça jeans, bota cano longo e jaqueta de couro.
_ De batom ainda?
_ A mamãe deixou Art.
_ Eu não, pode tirando. -falou "sério" e ela olhou pra trás como quem pedia socorro.
_ Arthur, deixa a menina. -minha mãe disse descendo com a mochila na mão.- Oi Melissa, oi Julia.
_ Oi. -respondemos.
_ O Leo já foi?
_ Culpa minha mãe, falei que a Nena não estava pronta ainda. Aí ele foi em casa e passa aqui antes de irem.
_ Tá bom, eu vou subindo tá? Boa noite pra vocês e Helena, se comporta hein.
_ Tá bom mamãe, boa noite. -e sentou no sofá de pernas cruzadas para esperar.
_ Então quer dizer que você vai sair é?
_ Vou no circo com as minhas amigas e o Leo.
_ Acha isso bonito?
_ Sim. -deu de ombros.
_ Quer esfiha?
_ Só uma né? -e pegou, comendo bem lenta pra não sujar a roupa.
_ Melissa, fui no Hopi hoje.
_ Ah é mesmo, a mãe comentou. E aí, como foi?
_ Muito bom, nem choveu e ainda esquentou. -contava.- Deu pra ir em todos os brinquedos e ainda repetimos na montanha russa de madeira.
_ Melhor montanha russa da vida!
_ Julia tem medo. -riu.- Grudou as unhas na minha perna e não abria o olho por nada.
_ Aí que isso Ju, foi em piores lá em Orlando.
_ Tava sentindo minhas pernas ficarem moles antes da primeira queda. 
_ Quase desmaiando, vai ver era pressão.
_ Também achei, fomos comer depois disso e eu fiquei melhor pra ir na montanha russa do escuro. -comemos e eles contando sobre o parque. Leo buzinou avisando que tinha chego, levantei pra levar minha irmã na porta e ele me chamou de porquinha só porque eu ainda não tinha tomado banho.
_ Tava comendo, ué.
_ Gorda. -me deu um beijo.- Tranquilo Nena?
_ Oi Leo. -deu um beijo no rosto dele e voltou pro lugar.
_ Bom passeio pra vocês, e boa madrugada Leo. -imitei minha irmã.
_ Vou bem dormir, tô nem vendo.
_ Ah sem graça, tem que assistir tudo.
_ Nós vamos, né meninas?
_ Sim! -responderam juntas.
_ Ótimo, vão com Deus. Até amanhã. -dei tchau e entrei.- Cadê os dois?
_ Fizeram igual cachorro magro, comeram e subiram. -Malu disse recolhendo os copos.
_ Vai subir? Preciso tomar banho e te contar umas coisas.
_ Eu também preciso te contar umas coisas.
_ Leva as esfihas, vou pegar copo limpo.


  Maria Luísa e eu fechamos a casa, apagamos as luzes e subimos para o meu quarto. Tranquei a porta do quarto, mas deixei a do banheiro aberta pra dar tempo de pôr o papo em dia, começando pela viagem dela. Ela contou de tudo, tudo mesmo, inclusive das intimidades dela com o boy. E eu como uma boa irmã, escutei tudo.

_ Mas vocês dormiram juntos todos esses dias?
_ Dormimos, lá era uma pousada. Os pais dele ficaram em um quarto e nós ficamos no quarto da frente.
_ Meu pai infarta se descobre uma coisa dessas.
_ Ah, a mãe sabia. E de verdade, não rolou nada tão assim. Eu chegava cheia de sono, comia e dormia.
_ Você é bem sossegadinha né? Porque eu quando tive a primeira vez com o Leo, queria direto e sempre querendo uma coisa nova.
_ Eu ainda tenho muita vergonha, muita.
_ Vergonha de quem?
_ Sei lá, de fazer errado. Ele é mais velho e já não era virgem.
_ Mas com aquela carinha de nerd também não era um fodão. Convenhamos.
_ Eu sei. Ele é muito meu neném, Mê.
_ Ah, Malu tá apaixonada gente.
_ Sempre fui, quer dizer... ele é apaixonante Mê e mais velho. -falava deitando na cama, sorrindo.
_ Sempre achei ele uma gracinha, desde quando ele começou vir aqui em casa. Mas muito novinho, pelo amor.
_ Ah, mas por que não? Eu sou mais nova que ele alguns anos.
_ Sei lá, é muito mais comum a mulher ser mais nova que o homem. A mãe é a assim, a vó Ana, a vó Mari, você e eu. -dei de ombros.
_ Meio que uma regra (risos). Mas me conta. -virou ficando de lado, me olhando.- Como foi o casamento da Nay com o Cacá? Eu vi as fotos, deu até vontade de casar, tudo muito lindo.
_ Foi simplesmente maravilhoso, você não tem ideia. Além de ela estar linda, saiu tudo ainda melhor do que ela tinha cotado, imaginado. As fotos então... sem palavras.
_ Você chorou?
_ Até o noivo. -ri.- Leo se segurou, mas naquelas né. Tava todo "meu melhor amigo está casando".
_ É, agora vocês já podem ir pensando também né? Demorou demais já. -aproveitei que ela tinha tocado no assunto e contei tudo de novidade, desde nossa conversa, até a visita as casas e o papo de procurar um cerimonialista.- Sou bem a favor.
_ Quem não, né?
_ Já tem ideia de qual igreja você quer casar?
_ Queria casar em uma chácara bem grandona. Andei pesquisando fotos e achei tão lindo, mas aí teria que ser em uma época que não fosse frio e nem de chuva.
_ Já começa a procurar uma. Ou quer ir pra Londrina?
_ Nossa família toda mora aqui em São Paulo ou no caso do vô nos States, acho que vai dar muito trabalho deslocar todo mundo daqui pra lá... contando com maquiadores, cabeleireiros e etcetera.
_ Então faz aqui. Essa casa é imensa mesmo, é bem localizada e todo mundo já conhece.
_ Não tinha pensado nisso, de verdade.
_ Eu sou a mente pensante dessa casa, eu e meu pai. -falou pegando mais uma esfiha e enfiando na boca, a acompanhei e passamos horas é mais horas conversando, decidimos ver um filme já era tarde. Tanto que não assistimos nem metade e capotamos.





Narrado por Luan

(...)


_ Tá tudo bem? -perguntei sentando na cama e passando a mão nas costas dela, massageando.- Nanda?
_ Eu tô com dor. -foi o que ela respondeu.- Me ajuda ir no banheiro.
_ Dor onde?
_ Em toda a região do abdômen. -sussurrou é aquilo foi me preocupando ainda mais. Levantei com calma, mas também com uma certa pressa e fui com ela ao banheiro e outro susto, ela estava sangrando, um pouco mais estava.
_ A gente precisa ir no médico, né?
_ Eu tô com medo. -me abraçou forte e senti suas lágrimas molharem meu peito, continuei acariciando seus cabelos e beijando sua testa.
_ Eu tô aqui, vai ficar tudo bem. -nos beijamos e eu deixei ela na cama, indo trocar de roupa.


  Era madrugada de domingo. Coloquei um jeans, moleton e tênis. Fernanda só pediu uma blusa de frio e depois de pegar os documentos dela e os meus descemos, entramos no carro e fomos.
 Chegando no hospital e o clima não era dos melhores, assim como a cara do médico e da enfermeira. Examinaram, examinaram e examinaram e quando vieram dar notícias o doutor foi claro.


_ Você é o marido da paciente, tudo bom? -estendeu a mão agora sem luvas.
_ Como ela está?
_ Você precisa ser forte, tá? Ela vai precisar muito de você. Sua esposa sofreu um aborto espontâneo, o sangramento foi um aviso de que ela estava perdendo o bebê. Eu sinto muito.


  Eu não sabia muito bem o que pensar, mas me senti muito triste, sem chão também. Estávamos esperando nosso bebê com todo o amor de mundo. Abaixei a cabeça e chorei sozinho, em silêncio até dar uma aliviada.

_ Licença, o senhor é o acompanhante? -assenti.- A paciente está acordada, pode entrar se quiser.
_ Valeu. -limpei as lágrimas mais insistentes e entrei no quarto.
_ Ei, não fica assim. -falou abrindo os braços e me abraçando de maneira acolhedora e reconfortante.- Também fiquei triste. -dizia respirando fundo.- Mas se aconteceu, foi porque tinha que acontecer. -beijou meu rosto.- Deus sabe de todas as coisas, e mesmo triste, sei que ele fez o melhor e na hora certa.
_ Você parece tão calma.
_ Não sei se é calma ou falta de reação. -suspirou.- Mas a única coisa que eu tenho pensado desde que o médico me deu a notícia foi que temos quatro filhos lindos e saudáveis, não estamos sozinhos. 
_ Eu te amo, tá?
_ Eu o amo muito também. -ela voltou a me abraçar, nos beijamos e ela deitou ficando quietinha e dormindo em seguida.


  Usei o banheiro, e aproveitei que ela dormia para ligar em casa e avisar os meninos. Liguei pra Melissa, que atendeu toda sonolenta e confusa.

_ Pai?
_ Filha, bom dia.
_ Ligou errado? -perguntou com a voz rouca.- Onde o senhor tá?
_ Sua mãe não estava se sentindo bem, vim com ela pro hospital.
_ E como ela tá? E o bebê?
_ Sua mãe está bem, mas perdeu o bebê.
_ Mentira, pai! 
_ Também queria que fosse. -suspirei.
_ E como ela tá? Como o senhor ficou?
_ Ela tá bem, está dormindo agora. Eu tô muito triste, não vou mentir, mas não podemos fazer nada.
_ O senhor nem dormiu, né?
_ Não, mas perdi o sono também. Eu tô ligando porque saímos sem avisar nenhum de vocês, dá uma olhada na Nena tá?
_ Tá bom, pai. Pode deixar, se cuidem.
_ Beijos, tchau. -desligamos e eu voltei para dentro do quarto. Fernanda estava de olhos abertos, mas quieta.- Tá sentindo alguma coisa? -ela negou.- Tá tudo bem?
_ Vai ficar, não é?
_ Vai sim. -puxei a poltrona para mais perto da cama e me sentei.- O médico falou mais alguma coisa?
_ Disse que existem uns procedimentos a serem feitos, levem em torno de dois ou três dias.
_ Ah sim. 
_ Tá com sono, né?
_ Um pouco. -respondi encostando a cabeça no travesseiro dela e fechando os olhos enquanto recebia o carinho de seus dedos no meu rosto.
_ Amor?
_ Hmmm...
_ Você ligou em casa?
_ Sim, falei com a Mê.
_ E ela?
_ Tá preocupada com você, pediu pra gente se cuidar.
_ Isso sempre. -sorriu.- Deita aqui comigo.
_ Não posso não muié.
_ Mas eu que tô pedindo. -fez bico.
_ Nada disso, tô aqui do seu lado.


  Falamos mais um pouco e ela voltou a dormir, acabei cochilando ali com ela e acordamos os dois com o meu celular tocando. Era meu pai, falei o que tinha acontecido e ele disse que sentia muito e que poderíamos contar com ele com o que precisasse. Ocorreu a troca de plantão e então Fernanda foi atendida por outro médico e lá fomos nós para mais uma bateria de exames.



Narrado por Melissa
  Quando meu pai e eu finalizamos a ligação eu fiquei muito chateada e preocupada com a minha mãe. Sei bem como dói perder um bebê ainda sem nem mesmo saber o sexo, mas sabendo que ele crescia ali dentro de você. Meus pais estavam muito felizes com a chegada de mais um filho, mais um bebê pra bagunçar pela casa.
  Ainda estava cedo, fiz uma oração pedindo que tudo ficasse bem e voltei a dormir. Acordei um bom tempo depois, minha irmã já estava na minha cama e mexendo no meu cabelo.


_ Mê, eu não achei a mamãe.
_ Nena, a mamãe está no hospital.
_ O que ela tem?
_ Ela perdeu o bebê.
_ Perdeu! Minha nossa senhora e agora Mê?
_ Agora ela vai ficar lá uns dias, e quem vai cuidar de você sou eu.
_ Cê que vai me dar banho?
_ Sim.
_ E brincar comigo e arrumar meu cabelo e...
_ Sim, Helena. Sim. -respondi descobrindo meu rosto.- Já quer levantar?
_ Tô com fome.
_ Mas tá cedo, não quer dormir mais não?
_ Não. -e continuou me olhando, tive que levantar. Mas não troquei de roupa, só lavei o rosto, fiz xixi e descemos.
_ Bom dia, Maria. -lhe cumprimentei.- Pensei que estivesse de folga, mulher.
_ Voltei de viagem tem uns dias. -sorriu.- Querem tomar café? Tô acabando de esquentar o leite.
_ Queremos sim, deu até fome agora.
_ Sem vergonha. Como estão as férias?
_ Tiveram seus dias bons, hoje nem tanto.
_ Por que?
_ Meu pai me ligou essa manhã, minha mãe perdeu o bebê Maria.
_ Ô judiação, não acredito.
_ Não acredita no que dona Maria? -Arthur chegou dando um beijo no rosto dela.- Bom dia, bom dia.
_ Bom dia. -respondi.- A mãe foi pro hospital essa madrugada Arthur, e ela perdeu o bebê.
_ Perdeu o bebê?
_ Sim, não sei bem como foi. Mas aconteceu...
_ Não acredito, mano. Nossa... e ela tá no hospital ainda?
_ Tá, o pai ligou, mas não disse nada além disso.
_ Como ela está?
_ Ah, bem. Triste, né?
_ Pra caramba. -disse se sentando.- Malu já sabe?
_ Acho que não, ele ligou estava todo mundo dormindo.
_ Ah tá... você vai passar lá?
_ Ele me pediu pra ficar de olho na Helena.
_ A gente revesa, ué. A irmã também é minha.
_ Vou ligar pro Leo então e ver se consigo ir agora de manhã.
_ Fechou. -tomamos café sem a preguiçosa da Maria Luísa que ainda estava dormindo, depois subi com a Helena e coloquei ela no chuveiro enquanto ligava pro Leo.
_ Oi, te acordei?
_ Sky me acordou. -bocejou.- Esqueci a porta aberta e essa dinossaura entrou latindo e pulando em cima de mim.
_ (risos) Coitado, gente. Ela não fica presa?
_ Não, disse minha mãe que ela é domesticada.
_ Vai saber né, bom dia.
_ Bom dia, loirinha. Não tá bem, né?
_ Não, minha mãe passou mal essa madrugada e quando meu pai chegou com ela no hospital... ela tinha perdido o bebê.
_ Caramba hein, não acredito.
_ Fiquei triste por eles, lembrei da gente sabia?
_ Ô loira... 
_ Senti vontade de chorar também. -falei olhando pela janela.- Quero ver minha mãe Leo.
_ Vou tomar um banho e tô indo pra aí, tá?
_ Tá bom, estou terminando de dar banho na minha irmã.
_ Helena?
_ Sim.
_ Tá bom. Te amo, tá?
_ Eu também te amo, muito. Tchau.
_ Tchau. -e desligou.
_ Nena?
_ Me ajuda lavar o cabelo.


  Ajudei e acabei entrando no banho junto com ela. Terminamos, saímos e nos secamos. Peguei primeiro sua roupa, ajudei a bonita se vestir, secar os cabelos e deixei ela descer. Entrei no meu quarto, procurei um jeans e um moleton por estar frio, calcei um tênis e desci.

_ Mê, onde a gente vai. -Helena perguntou levantando do sofá.
_ Eu vou visitar a mamãe, você vai ficar com o Art tá bom?
_ Tá bom, manda um beijão bem grande pra ela.
_ Tá bom, beijo. -peguei minha chave e sai, Leo estava estacionando o carro.- Oi loirão.
_ Bom dia loira. -dei um selinho nele e a volta no carro para me sentar no banco do carona.- E aí?
_ Bom dia. -coloquei a mão por trás de seu pescoço puxando-o para um beijo decente e com mais língua.
_ Tá melhor?
_ Não chorei. -dei de ombros.- Acho que isso é bom.
_ Vai ficar tudo bem. -dizia colocando a mão por cima da minha e fazendo carinho.
_ Eu sei, nós ficamos bem. -ele sorriu sem mostrar os dentes e saiu com o carro.


  Chegamos lá e ainda não era horário de visita, liguei para o meu pai e ele desceu para nos encontrarmos na recepção. Levei ele pra tomar um café, conversamos um pouco e só depois que minha terminou a bateria de exames que nós pudemos entrar. Primeiro eu, depois o Leo.
  Nos abraçamos, eu chorei mais que ela. Conversamos também e ela me disse que estava chateada, mas não iria culpar nem Deus nem ninguém, aconteceu porque tinha que acontecer.


_ A senhora vai ficar aqui até que dia?
_ Amanhã ou depois.
_ Então mais tarde eu volto pra dormir com a senhora, meu pai precisa descansar.
_ Sim, mãe. -riu.- E seus irmãos?
_ Preocupados com a senhora.
_ Eu tô bem, parem com isso. -sorriu.
_ Tudo bem, então dona Fernanda. Pai?
_ Pois não.
_ Eu volto mais tarde pra dormir com a minha mãe e o senhor vai pra casa descansar.
_ De jeito nenhum.
_ Não estou pedindo, pai.
_ Tá vendo né sogrão, sua filha é um sargento.
_ Ha ha que engraçado. Ele precisa dormir, precisa tomar banho, precisa comer. Estava doente até outro dia, não pode abusar.
_ Ok, entendi filha. -me abraçou de lado.- A noite a gente troca, mas amanhã eu venho cedo.


  Pisquei pra minha mãe que deu risada, me despedi e nós fomos embora. Passei o dia com a minha irmã e o meu noivo, quer dizer, ele mais dormiu do que nos fez companhia.
  Quando foi de noite, tomei outro banho e coloquei uma roupa bem quentinha e ainda peguei uma manta. Ajeitei a bolsa colocando meus documentos, chave de casa, carregador e fone de ouvido.
  Leo se ofereceu pra ir me levar, ainda ficou uns minutos comigo e voltou com o meu pai. E aí ficamos eu e ela a noite toda, ela jantou, conversamos, ela dormiu e eu como estava sem sono fiquei no celular.










~.~

Ufa, cheguei! 
Como estamos? Querem falar sobre o capítulo? Super deixo, até porque aconteceram algumas coisas né? Boas e ruins. E o próximo está melhor ainda, corre. <3