Narrado por Maria Luísa
(...)
_ Você viu ontem o que a Ju postou no insta? -Rique perguntou enquanto andávamos pelo shopping.
_ A última ultra que ela fez, mas mandei mensagem e ainda não deu pra saber o sexo. -fiz bico e ele riu, me abraçando e dando um selinho.
_ O que está achando disso tudo?
_ Disso tudo o que?
_ Ah você tinha falado que o clima na sua casa não estava tão legal e que sua mãe estava meio assim.
_ Fiquei muito chateada, primeiro com o meu pai. Já começa por aí. Sabe, ele não me perguntou e já chegou me apontando o dedo e falando que eu era irresponsável, que ele tinha certeza que isso ia acontecer e despejou um caminhão de sermões. Chorei tanto, mas tanto.
_ Eu lembro, você comentou comigo.
_ Sim, foi basicamente isso. Ai meu irmão chegou com a Julia e contaram que estavam grávidos, aí quem surtou foi minha mãe e com razão... Art sempre foi o xodó dela, o dodói.
_ Ciúmes é?
_ Não Rique, minha mãe não tem disso não. É que meu irmão é o único filho homem, sempre foi na dele e ela nunca imaginava que ele iria engravidar a namorada. Seria mais provável eu ou a Mê como já aconteceu uns anos atrás, eu te contei, você lembra? -ele assentiu.- Aí ela ficou muito triste, começou a tratar ele sério e foi péssimo. Mas agora até que as coisas estão melhorando.
_ Em que sentido?
_ Voltando ao normal mesmo. Assim... voltamos a rotina corrida e não temos tempo de tocar muito no assunto. Na semana eu estudo de manhã, quando chego em casa só estamos Arthur, Thor, Maria e eu. Quando minha mãe está pra chegar com a Helena meu irmão está saindo pra faculdade... então nós nos encontramos mais ao finais de semana. Café da manhã de sábado, um almoço...
_ Ah, então por um lado é bom.
_ É. Também acho. Mas meu pai está felizão, muito avô babão.
_ E você não está tia babona?
_ Fiquei com bastante ciúmes de início, mas agora estou ansiosa. Um sobrinho ou sobrinha. Já pensou se nasce parecido comigo?
_ Vai ser lindão. -disse sorrindo e me dando outro beijo, um pouco mais demorado.- Ainda quer ir no cinema?
_ Não, poderíamos ir pra casa né?
_ Fazer o quê em casa? -perguntou sussurrando no meu ouvido, senti meu rosto arder e apertei forte a mão dele, toda sem graça.- Você é linda, sabia?
_ Sabia, mas é bom ser lembrada. -ri.- Queria ir pra casa namorar longe dessa gente toda.
_ Namorar sem roupa?
_ Henrique! Para...
_ Tô brincando gatinha, vamos então.
Continuamos nossa caminhada lenta até o elevador que nos levou ao estacionamento do subsolo, entramos no carro e antes dele dar a partida sentei em seu colo e ficamos nos pegando. Era um beijo aqui, uma mão ali. Henrique colocou o banco mais pra trás, inclinou um pouco mais e me ajeitou no colo dele.
_ Não íamos pra casa? -perguntei respirando ofegante.
_ Aqui está tão bom, quentinho, em silêncio.
_ Mas cheio de câmeras, vai que passa alguém.
_ Não precisamos ficar completamente sem roupa. Põe as duas pernas em cima do banco, agora tira essa calça... calcinha linda hein.
_ Engraçadinho, deixa meus ursinhos.
_ (risos) Deixo sim, só eles não me atacarem.
_ Para vai, tô ficando sem coragem. -ele segurou minha cintura e voltamos a nos beijar, ficamos um bom tempo assim até ele abrir o zíper da calça, baixar a cueca, colocar minha calcinha de lado e me encaixar nele. Gemi mordendo os lábios, sentindo ele entrar aos poucos, sem pressa.- Nossa... -suspirei.
_ Rebola devagar, rebola. -coloquei minhas mãos apoiadas no banco, aproximando meu pescoço da sua boca e movimentando o corpo do jeito que dava sem rapidez. Estava muito bom, eu estava pegando fogo e ele gemendo muito, sem vergonha alguma de nos escutarem.- Ô Malu, assim eu não aguento nem chegar em casa.
_ Me dá um beijo...
_ Até mais que um.
Henrique sempre me deixava à vontade e fazia com que eu me sentisse segura e totalmente entregue. Eu não me importei de estarmos no estacionamento do shopping, estava com ele e isso bastava. Aproveitamos muito, nos beijamos muito mais para abafar os gemidos e quando gozamos eu deitei minha cabeça no ombro dele e fiquei respirando fundo até minha respiração voltar ao normal.
Sai de cima dele e voltei a sentar no banco do carona, tirei a calcinha que estava molhada, coloquei na minha bolsa e vesti a calça jeans. Olhei pro lado e o Rique estava de olhos fechados, sorrindo e ainda pelado.
_ Tá tudo bem? -perguntei ajeitando o cabelo, mas sem deixar de olhar pra ele.
_ Melhor impossível. Por que nunca fizemos isso antes?
_ Não começa com essas perguntas sem pé nem cabeça que me deixam com vergonha.
_ Já falei que não precisa ter vergonha de mim, sou seu namorado. Temos intimidade pra isso.
_ Eu sei, mas...
_ Mas nada, relaxa. -colocou de volta a cueca, subiu e fechou o zíper da calça.- Maravilhosa.
_ Eu vou te bater. -demos risada. Um dos celulares começou a tocar e para minha sorte, era o dele.
_ Estamos indo embora já, tô no estacionamento... não, nada a ver. -riu.- ... a namorada é de quem mesmo? Trouxa! Tá bom, tchau. -e desligou.- Seu pai está te procurando, seu irmão acabou de me ligar.
_ Ué, meu celular tá aqui. -peguei e quando tentei ligar apareceu que estava sem bateria.- Será que ele ligou muitas vezes?
_ Melhor eu te deixar em casa.
_ Ah sério? -fiz bico.- Dorme lá em casa então?
_ Tenho que passar em casa antes.
_ Tá, deixa eu ligar pro meu pai. Empresta aí. -peguei o celular dele e disquei o número de casa.
_ Alô.
_ Oi pai, tudo bem?
_ Tudo bem e com você Maria Luísa?
_ Estou bem também. Ia te ligar antes, mas meu celular descarregou. Estamos saindo do shopping agora.
_ Tá vindo pra casa?
_ Vou passar no Henrique antes, ele vai dormir aí em casa.
_ Dormir aqui?
_ É pai. Daqui a pouco estamos aí, beijos.
_ Tchau. -Henrique ficou me olhando desligar o telefone e esperando que eu dissesse alguma coisa.
_ E aí? Ele tá muito bravo?
_ Está bem sério. Mas acho que é pose. Vamos?
_ Ainda acha uma boa eu dormir lá?
_ Está com medo do meu pai Rique?
_ Medo não, respeito pelo meu sogro. Vou te deixar em casa e vou dormir na minha.
_ Você que sabe. -dei de ombros e me sentei direito colocando o cinto de segurança enquanto ele ajeitava o banco do motorista.
_ Deixa de ser bicuda, é só hoje.
_ Já estava combinado de você dormir lá em casa, agora você quer furar comigo.
_ Malu, relaxa gatinha.
_ Não. Não estou tensa, nem nervosa.
_ Bicuda. -revirei os olhos e liguei o som, Henrique deu partida e seguimos para a minha casa.
Era um caminho curto até, em meia hora estávamos entrando no condomínio e quinze minutos depois paramos em frente a minha casa. Henrique estacionou e entramos de mãos dadas.
_ Boa noite, boa noite. -cheguei cumprimentando e meu namorado se soltou de mim e foi abraçando minha mãe, meu pai e terminou com a minha irmã no colo.
_ Demoraram hein, estavam aprontando.
_ Claro que não pai, estávamos no shopping.
_ Sei.
_ Chegou faz tempo é?
_ Sim, mas acordei agora que sua mãe chegou quebrando a casa toda.
_ Mentira dele, eu só estava no celular com a minha cunhada.
_ Outra escandalosa.
_ Chatinho você hein, tô subindo pra me arrumar viu Luan?
_ Vocês vão sair? -perguntei me sentando no sofá.
_ Fomos convidados pra um show de stand up, sua mãe estava querendo sair... aí chamamos sua tia também.
_ Já vi tudo. -ri.- Bom passeio pra vocês. -falei animada e meu irmão balançou a cabeça rindo de alguém coisa.- O que foi?
_ Sem muita comemoração, sua vó vem dormir com vocês.
_ Dormir? Vocês vão passar a noite fora?
_ É. E seu avô precisou viajar pra resolver umas coisas com a minha equipe. Se comportem, mamusca já é uma senhora.
_ Ai pai, quando foi que a gente não se comportou com a minha vó em casa?
_ Se tem uma coisa que ela faz é por ordem. -Arthur respondeu pegando o celular do bolso e atendendo.- Tudo bem bebê?
_ Pai! Me leva, por favor?
_ Não inventa Melissa, deixa eu sair com o meu marido em paz e sem filhos? -escutei minha mãe gritar da ponta da escada e nós darmos risada.
_ Quase impossível, ninguém mandou terem quatro!
_ Deixa de ser bocuda, vai. -disse meu pai brincando.- Vai aonde toda arrumada?
_ Sair com o meu noivo, vamos jantar fora.
_ Só jantar?
_ É paizinho, venho pra casa depois disso. Beijos, beijos, estou indo. -pegou a bolsa e saiu.
_ Todo mundo caçando seu rumo, tô vendo que vai ficar eu, a vó e a Nena.
Meu irmão deu risada porque sabia que eu estava falando a verdade. E não deu outra, meus pais logo saíram, minha avó chegou e enquanto ela preparava o jantar fui tomar um banho e colocar o celular pra carregar.
Quando desci meu irmão estava todo arrumado, cheiroso e disse que ia sair com os amigos. Sem a namorada, disse que não tinha hora pra voltar e foi de carro! Com o carro da minha mãe.
_ Seu irmão tá assim é?
_ Pois é vó, agora que é pai está com absolutismo. -revirei os olhos.- E a senhora hein, por que não viajou com o meu vô?
_ Ah minha linda ele foi a trabalho né, resolver umas coisas antes do seu pai sair de férias. Eu ia acabar ficando sozinha no hotel.
_ Vendo por esse lado seria chato mesmo.
_ Mas em... me conta como estão as coisas por aqui, sua mãe está melhor?
A gravidez ainda era assunto, ainda era novidade. Mas minha avó embora preocupada estava tão radiante quanto o meu pai e fazendo mil e um planos. Achei até bonitinho quando ela disse que estava com a saída da maternidade pronta e olha que nem sabemos o sexo ainda.
Ela terminou nosso jantar, havia feito lasanha bolonhesa com arroz branco e salada de alface com tomate. Suco de laranja fresquinho e de sobremesa sorvete com brigadeiro, que ela já tinha trazido pronto.
Não preciso nem falar que eu e minha irmã comemos até dizer chega e depois que eu ajeitei a cozinha nós fomos para a sala de cinema assistir filme de princesas.
Narrado por Fernanda
Luan não estava muito afim de ir e não precisava de muito para descobrir isso, mas disse que iria e se arrumou pra isso. Entramos no carro e eu liguei o som em um tom razoável e fiquei cantarolando.
_ Tá com sono ainda amor? Tá quieto. -perguntei ficando um pouco de lado e colocando a mão no braço dele.
_ Minha folga né. -respondeu baixo.
_ Eu sei amor, mas eu perguntei se você queria vir.
_ E eu vim porque queria ficar com você. Achou o que? Que eu ia ficar em casa?
_ Não sei amor. Ué. Pensei que você fosse gostar, por isso falei pra sua irmã que nós dois iríamos.
_ Tá bom, tá bom. -aumentou o som e eu ia desligar, mas fiquei quieta e calada até chegarmos na Bru.- Vou no banheiro. -e desceu do carro batendo a porta. Esse Luan era louco, temperamental.
_ Oi cunha, entra aqui tô quase pronta. -Bruna gritou da janela. Passei para o banco do motorista, estacionei o carro e desci depois de tirar a chave do contato e pegar meu celular.
_ Oi Bru, oi Rafa. -os cumprimentei e segui Bru até o quarto, ela estava terminando a make.
_ Brigaram né?
_ Ele é louco, estava normal até agora. Bateu a crise dos cinco minutos e ele tá bravo.
_ Já deu um beijinho nele hoje cunhada? Ele está com saudades.
_ Cheguei e ele estava dormindo, descansando da viagem.
_ Aquela hora?
_ Pra você ver. Acordou e agora tá assim.
_ Nem eu entendo meu irmão as vezes. -riu.- Minha amiga está vindo pra cá para nós irmos, tá?
_ Rafael não vai mesmo?
_ Não, vai ficar jogando com o Lucas.
_ E cadê meu pequeno que eu nem vi?
_ Laura foi buscar, estava na casa de um amiguinho daqui do condomínio.
_ Esse passeia viu.
_ Mais que a irmã dele, nossa.
Sentei na cama enquanto ela terminava a maquiagem, esperei também que passasse o perfume e nós descemos. Luan já estava em pé e no celular, se despediu do cunhado e foi saindo na frente. Revirei os olhos, me despedi do Rafa e saí em seguida.
_ Tá tudo bem Luan?
_ Sim, uai. Por quê?
_ Você está todo estranho, todo grosso e sem motivos.
_ Sem motivos? -riu.
_ Sem motivos sim, não te coloquei numa coleira e vim arrastando até aqui obrigado não. Veio porque quis, deveria ter feito igual seu cunhado e ter ficado em casa. -falei séria e ele continuou quieto.- Poxa, queria que fizéssemos uma coisa diferente. Tudo bem que não estamos só nós dois, mas temos a noite inteira. Para de besteira amor, tira essa cara amarrada.
_ Pi, a Alê vai esperar a gente na entrada do condomínio. -Bruna chegou falando e cortando nosso assunto, entramos no carro e seguimos.
Os espaços vazios foram preenchidos por uma cunhada bem tagarela e uma amiga igualzinha à ela e não teve como não se entrosar com os assuntos que surgiam. Mas ainda assim não engoli aquela mudança de humor repentina e a discussão que tinha tido com o Luan.
O teatro onde aconteceria o stand up ficava no shopping Frei Caneca, e demoramos pouco mais de quarenta para chegar, estacionar e pegarmos o elevador até o andar correto.
Assim que descemos fui ao banheiro quando sai Luan estava de braços cruzados conversando com dois caras, mascando chiclete e sorrindo.
_ Vocês dois não tem jeito. -Bruna comentou rindo.
_ Todo mundo tem um jeitinho cunhada (risos). Quem são?
_ Não faço a mínima, mas vieram cumprimentando e tiraram foto, agora estão de papo. Quer ir lá?
_ Não, estou bem aqui. Vamos nós três tirar uma foto. -propus e elas toparam já se posicionando. Algumas selfies e então pedimos para uma moça que passava tirar uma nossa de corpo inteiro, fizemos a pose e bem na hora do flashe senti mais na minha cintura e um beijo nada discreto no pescoço.
_ Desculpa, eu tô chato mesmo. Mas é que eu queria você só pra mim, minha folga inteira.
_ Eu sei amor, mas ela convidou a gente tão animada.
_ Chega de falar disso né, já estamos aqui. -falou me virando de frente para ele e por fim nos beijamos.- Mas depois nem vem, você é minha.
_ Combinado senhor ciumento de folga.
_ O casal... vai começar. Chega de beijar vai.
_ Vai amor, vamos.
_ Bora lá. -Luan segurou minha mão e entramos. Nos acomodamos e não demorou para começar o show.
Stand up era vida! Melhor show que eu havia assistido, foi realmente gostoso e engraçado sem ser apelativo. Pena que acabou depois de quase duas horas.
_ Valeu a pena, não foi?
_ Muito. Já quero vir mais vezes. -Alê comentou sorrindo.- Minha barriga está doendo de tanto rir.
_ Nem me fale. Vocês vão pra casa?
_ Queria comer alguma coisa antes, vamos Pi? -Luan ia revirar os olhos, mas eu o belisquei.
_ Eu adoraria. -respondi.- Onde vamos?
_ Algum restaurante aqui mesmo, esse shopping é enorme.
_ Depois nós vamos embora. -Luan sussurrou, dei risada e seguimos com as meninas.
Escolhemos um restaurante de comida árabe, jantamos e ficamos conversando por mais um tempo. Luan queria ir embora, estava ficando inquieto e passando a mão no cabelo de segundo em segundo, pegava o celular e na primeira chance pediu a conta e fomos para o carro. Deixamos as meninas em casa e fomos "dormir" fora.
Escolhemos um motel por um aplicativo que tínhamos e nossa noite terminou da melhor forma.
_ Eu amo você, sabia? -falei deitando a cabeça em seu peito e alisando sua barba enquanto continuava de olhos fechados.
_ Sou irresistível. -brincou todo sedutor, mexeu em meus cabelos e desceu a outra mão pelas minhas costas.- Dá vontade de sair daqui mais não.
_ Tô cansada demais pra isso (risos).
_ Quer pedir alguma coisa pra comer?
_ Não aguento mais comer não, comi demais naquele restaurante, misericórdia.
_ Um vinho?
_ Cairia bem, não é?
Luan ligou na recepção e pediu, não demorou e um rapaz nos trouxe. Pegamos as taças, nos servimos e ficamos sentados na cama, bebendo e conversando até o dia amanhecer. Nos vestimos, pagamos a conta e fomos para casa.
_ Papai! Você chegou, você chegou! -Helena apareceu correndo na direção da porta, Thor vindo atrás dela e Cecília quietinha perto do sofá.- Minha vó fez bolinha de pão de queijo e deixou eu comer danone.
_ Tudo isso, filha? -perguntou.
_ Sim. E ainda deixou eu brincar com a Ceci lá embaixo no quintal.
_ Ah é? E vocês estão brincando muito?
_ Não, estamos esperando a comida baixar a vovó falou. Não pode correr de barriga cheia.
_ Isso mesmo. -beijei sua testa.- Tudo bem Ceci?
_ Tudo tia.
_ Já comeu?
_ Comeu, mamãe. Só a Malu que não, tá deitada ainda!
_ Deitada ainda minha princesa?
_ É. E o Art saiu com o Leo e o Herique.
_ Foram jogar bola, disseram que voltam para o almoço. -disse minha sogra entrando na sala.- Como vocês estão? Foi bom ontem?
A pergunta da Mari seu margem para que falássemos de como tinha sido nossa noite, tanto no stand up quanto no restaurante e meu marido foi bem cara de pau quando disse que fomos namorar, aproveitar a noite sozinhos.
Depois de conversarmos mais um tempo pedi licença e subi para o meu quarto. Tirei os sapatos, toda a minha roupa também e estava fazendo um coque para ir direto pro chuveiro quando abriram a porta do quarto.
_ Mãe precisamos conversar. -Melissa foi entrando, tirando minhas coisas do meio da cama e deitando no colchão.- Estive conversando com a Julia...
_ E?
_ E que ela está se sentindo péssima pela senhora ter se distanciado dela, estar sendo fria com o Art e parece não querer seu primeiro neto.
_ E de onde ela tirou tudo isso se eu nem abri minha boca?
_ Mas sua cara diz tudo né mãe, eu bem te conheço. -deu risada.- Por fora está aí toda durona, mas eu tenho certeza que não vê a hora desse bebê nascer.
_ Ah é? E como tem tanta certeza?
_ A senhora ama crianças. Sempre gostou, sempre me disse isso. Por que agora seria diferente, hein?
_ O que você está sugerindo hein Melissa? Anda, fala logo.
_ Organizar o chá de fraldas e... ser um chá revelação!
_ Chá de fraldas?
_ É mãe. Iríamos estar bem mais entrosadas, envolvidas na gravidez e acompanhando de perto. É meu primeiro sobrinho ou sobrinha né, seu primeiro pitoquinho.
_ Posso tomar meu banho e a gente conversa?
_ Falei pra ela vir aqui depois do almoço.
_ Melissa!
_ Não inventa de sair hein, nem dormir.
_ Tá, tá bom. -dei as costas e entrei no banheiro rindo. Menina abusada, parecia eu quando mais nova e me metia demais na vida dos meus pais.
Sei que tomei um banho rapido. Escovei os dentes e quando voltei para o quarto Luan estava sentado na cama tirando o tênis. Continuei enrolada na toalha e fui procurar no closet o que vestir. Saia longa de tecido bem confortável, cropped de alcinha e continuei de chinelos.
_ Tô gata pra receber a mãe do seu neto, é?
_ Melissa só inventa, só...
_ Vai falar que não gostou? Achei sua cara. -falou rindo.- Mas é bom pra selar a paz.
_ Ninguém aqui estava em guerra não Luan. -retruquei.- Eu estava chateada, é diferente.
_ Estava é? Não está mais?
_ Ah Luan, você entendeu. Não enche.
_ Não está mais aqui quem falou. Beijo, tchau. Fui pro meu banho. -falou se levantando, tirando a camisa e me roubando um selinho antes de entrar no banheiro e encostar a porta.
_ Papai! -Helena entrou correndo no quarto.- Cadê o papai?
_ Foi tomar banho, por quê?
_ Ele disse que ia levar eu e a Ceci pra tomar sorvete hoje. -falou indo em direção ao banheiro e batendo na porta.- Papai!
_ O que foi princesa?
_ Já guardamos os brinquedo tudo.
_ Mas rapaz... É só depois do almoço.
_ Não quero comer comida papai, quero sorvete.
_ Papai está tomando banho, vai brincar e depois a gente conversa.
Helena cruzou os braços toda bicuda e saiu pisando forte. Continuei no quarto, penteei os cabelos e fiz um rabo de cavalo, nada de maquiagem porque eu estaria em casa mesmo, e desci.
_ Mas vovó ele falou. -Helena resmungava.
_ Você tem que obedecer meu amorzinho, papai vai te levar só que depois... depois que vocês comerem comida.
_ Mas eu não queria vovó.
_ A vovó fez aquela carne que você adora comer.
_ Frango!
_ Com bastante molho e queijo.
_ E o que mais vovó?
_ Arroz, feijão, salada e batata frita!
_ Eu quero almoçar vovó! Só batata e pamegiana.
_ Pamegiana é? -perguntei atraindo a atenção das três.
_ Sim, eu gosto mamãe. A vovó fez pra mim.
_ Vai dividir com a mamãe?
_ Eu não, cada um com a sua.
Ficamos ali pela sala entretendo as duas pequenas e nisso as horas foram passando. Não demorou e os meninos chegaram, suados, fedendo e sujos de barro e grama. Os três foram para o quintal ao invés de irem pro chuveiro, Arthur pegou a mangueira e começou a lavar os pés, os braços. Leonardo puxou a mangueira da mão dele e o molhou todo, fez o mesmo com o Henrique e a guerra de água começou.
_ Só vou falar uma vez. Se molharem aqui dentro os três vão limpar, os três hein. -falei e quando ia entrar me lembrei do almoço.- E não demorem, iremos almoçar daqui a pouco.
_ "Sim senhora." "Tá bom mãe." "Beleza sogra." -responderam os três e continuaram lá fora.
_ Mamãe, posso brincar com eles?
_ Não.
_ Mas por que mamãe?
_ Porque não Helena, vai brincar com a Cecília e aqui dentro. -ela franziu a testa e ficou bicuda.- Ou quer ficar sentada comigo? Desfaz esse bico, agora.
_ O que está acontecendo aqui hein?
_ Nada papai, nada.
_ Tem certeza?
_ Sim.
_ Ótimo.
...
Aproveitando que meus genros já estavam em casa e eu tinha o número da Julia, liguei convidando-a junto com os pais e a irmã para almoçarem em casa. Já que estariam aqui mais tarde e ela ficou toda feliz, agradeceu o convite e disse que iriam sim. Não falei nada pra ninguém.
Ajudei minha sogra colocar a mesa e finalizar nosso almoço, ela ainda fez a sobremesa de praxe e enquanto esperávamos pelos outros abrimos uma garrafa de vinho branco e ficamos papeando na cozinha, rindo de histórias antigas.
_ Mas sabe Mari, pra mim foi um choque quando eu engravidei também. Porque eu tinha um amor imenso pela Mê, mas não tinha passado pelas transformações e dores de uma gestação. Então por mais feliz que eu estivesse, tinha um medinho ali presente.
_ Toda mamãe de primeira viagem é assim. Tem esse receio, imagina como será o parto e como serão os dias pós parto. É uma loucura, ninguém entende a cabeça de uma grávida.
_ Não mesmo, mas até que eu fui bem. Melhor do que eu imaginava eu diria (risos).
_ Passou no teste, por três vezes.
_ Nem me fala. Doida eu né?
_ Filhos não são loucuras, eles vem no momento certo, não no nosso, mas no momento que Deus escolhe nos presentear.
_ Eu sei. Funciona com os netos também?
_ Com certeza, principalmente com os bisnetos. Estou tão feliz por eles. Meu neto mais velho está começando a construir a família. Ele sempre tão carinhoso, tão protetor com as irmãs, os primos e conosco também. Arthur é caprichado, cuidadoso. Meu neto é lindo.
_ Sou mesmo vó. -falou entrando na cozinha e beijando o rosto dela de surpresa.- Vó, tô com fome.
_ Cara de pau, já chega pedindo comida.
_ Já tomei banho, tirei o barro e a lama, tô cheirosão... posso comer já.
_ Pode esperar, não desceu todo mundo ainda. -falei e ele fez bico.- Mas pode ir escolhendo seu lugar à mesa.
_ O de sempre mãe, o de sempre.
_ Mãe, tô com fome. Já estão todos na sala.
_ Só mais uns minutinhos, estamos quase acabando aqui. -levantei a taça de vinho.
_ Tô lá fora com o Henrique então. -e saiu.
_ Tá bom. -olhei no relógio e assim que terminei a taça pedi licença a Mari e fui até a porta. Não tínhamos combinado, mas encontrei com as visitas descendo do carro e abri um sorriso para os receber. Cumprimentei os pais, irmã e por último minha nora, perguntando como estavam ela e o bebê.
_ Estamos bem, enjoando bastante, mas bem. -passou a mão pela barriga.
_ Entrem, fiquem à vontade.
Conforme eles entravam, percebi os pontos de interrogação pelos rostos que na sala estavam. Luan se colocou de pé e os cumprimentou, Arthur não tirava o sorriso do rosto enquanto abraçava Julia e beijava seu rosto vezes seguidas.
_ Você não me disse que vinham. -disse baixinho.
_ Sua mãe me ligou e convidou a gente.
_ Minha mãe?
_ É mô, ela me ligou hoje. Não tem muito tempo. -cochichou.
_ Bom, todos aqui... podemos almoçar que eu já estou cheia de fome. -falei indo na frente para a sala de jantar. Onde nós nos acomodamos e começamos a nos servir enquanto a conversa ia rolando.
Nosso almoço foi muito gostoso, já havíamos estado com os pais da Julia e sua irmã outras vezes e a companhia deles sempre foi muito agradável. Embora eu tenha sentido que a mãe dela estava um pouco mais na defensiva, deu tudo muito certo.
Depois de almoçarmos, fomos para a sobremesa. Os meninos foram caçando o rumo deles, Helena foi brincar com a amiga e meu marido estava em nosso bar junto com o pai da nora dele.
_ Querem ficar aqui ou ir lá fora? -perguntei.
_ Lá fora né mãe, olha o sol. -Malu respondeu por todas e foi indo na frente.
_ Vou lá em cima pegar o negócio no quarto, já encontro vocês.
_ Mô, você vem com a gente?
_ Não, confio em vocês. Muita mulher junta. -demos risada e fomos. Nos sentamos nos puffs e não demorou para que Melissa chegasse com um tablet, caderno e o celular com o carregador portátil plugado.
_ Dou por aberta nossa primeira reunião sobre o chá do nosso baby. Antes de tudo eu queria saber se você vai querer um chá de fraldas ou chá revelação.
_ Não tinha pensado ainda. Quer dizer, não sei se aguento esperar até o chá pra saber.
_ O bebê está para o mês de maio, não é? O chá poderia ser em fevereiro ou março, o que acham?
_ Fevereiro depois do aniversário da sua vó, certo?
_ Sim, isso. Depois da bisa. -Mari deu risada.
_ O tema não seria carnaval, né?
_ Não. Pensei em um bem neutro, mas muito bonito. Se for revelação.
_ Vai ter lilás?
E assim entramos no mundo das cores. Julia nos contou que havia pensado no chá revelação e que queria que fosse para os amigos mais próximos e familiares, mas nada muito grande. Uma estimativa de 80 à 100 convidados. Nas cores lilás e verde, tons mais claros e uma decoração simples e bonita.
_ Está muito cedo para pensarmos em comida?
_ Não Malu, não está. -falei rindo.
_ Almoço!
_ Acha que vai começar que horas? -Melissa perguntou levantando a sobrancelha.
_ Às 13h30, que as pessoas chegam até às 14h. Perfeito.
_ Mas, almoço, almoço? Ou almoço churrasco?
_ Ah não, toda festa fazemos churrasco. Não hein.
_ O chá não é seu querida, a mãe da criança que decide. -Mê rebateu dando risada.
_ Eu sou tia, tenho esse direito também.
_ Não pode ser massa? -Julia sugeriu.
_ Massa? -a mãe dela perguntou.
_ É mãe. Massa. Um "buffet" de saladas, dois tipos de macarrão, nhoque tradicional e recheado, e com molhos diferentes.
_ Eu prefiro. -falei.- É gostoso, diferente e prático.
_ Fechou então?
_ Sim titia afobada, anota tudo.
_ Tá, e as bebidas?
_ Isso seu irmão decide, eu não costumo beber.
_ Posso? -perguntei.- Sucos naturais, laranja, limão e abacaxi com hortelã. Se terá massa no cardápio, poderíamos acrescentar vinho nas bebidas.
_ Vinho? Num chá revelação? Mãe!
_ Ué Malu, o que tem?
_ Pessoal gosta de cerveja, caipirinha. Os amigos do meu irmão tomam uísque.
_ Tá, tá bom. Já entendi. Mas minha opinião é essa. -falei tranquila. Mudamos de assunto, mas coisas referentes ao chá. Agora estávamos pensando no lugar, nos convites e lembrancinhas.
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