{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

segunda-feira, 14 de março de 2022

Capítulo 286

Narrado por Julia
Havia sido uma noite um pouco agitada. Sophia estava enjoadinha e quase não dormiu, minha pequena amanheceu o dia brigando com o sono. E eu? Exausta. Seis e meia da manhã e em pé pelo quarto, andando de um lado para o outro com ela no colo.

— Bom dia filha, tudo bem por aqui? –meu pai perguntou entrando devagar, beijou minha testa e olhou para a Sophia que estava bem acordada.– Ela não dormiu?
— Quase nada, cochilou só... resmungou muito. Só quis colo.
— Será que foi alguma dorzinha?
— Não sei. –suspirei.– O senhor já está indo?
— Sim. Passei pra dar um beijo em vocês, volto no final de semana.
— Boa viagem, vê se liga.
— Você também. Te amo, se cuida. –se despediu e saiu do quarto.
— Vovô foi trabalhar e você nada de dormir, não é mocinha? –ela sorriu.
— Bom dia.
— Oi mãe, bom dia. –falei.
— Ei vovó você está acordada já?
— Não quer saber de dormir. –respondi bocejando.– Quer muito colo.
— Quer tomar um banho? 
— Preciso, estou com o corpo tenso, dolorido. Não sei o que ela tem não. –disse.
— Eu quero minha vó, por isso mamãe. –falou brincando, pegando-a no colo.– Toda suada também. Será que não é cólica?
— Ela não chorou, só resmungou. –falei prendendo os cabelos e indo para o banheiro tomar uma ducha. Não molhei os cabelos porque estava um tempo frio, também não demorei pra não abusar da boa vontade da minha mãe. Ao sair, coloquei um pijama e pulei na cama.
— Dá o peito pra ela enquanto vou preparar alguma coisa pra você comer e aí você descansa um pouquinho. –assenti, ela me entregou Sophia e saiu.
— E a senhorita quer mamar é? –ela abriu a boquinha toda linda, coloquei ela no peito e deixei.– Tão linda essa neném mamãe, tão princesa.
— Hoje vocês madrugaram. Bom dia Ju!
— Nem dormimos né filha? Tô cansada.
— Tô vendo essas olheiras. O que foi? Você está assim desde que voltamos de viagem. Ainda não se acertou com o Arthur?
— Você sabe que não.
— Por isso Sophia está agitada assim, culpa de vocês dois. –disse revirando os olhos.– Estou indo trabalhar, mas qualquer coisa me liga.
— Tá, bom trabalho. –nos despedimos e ela saiu.
— Hoje eu vou precisar sair, marquei de ir ver umas coisas com a sua tia.
— O dia todo?
— Sim.
— Ótimo. –revirei os olhos.– Mãe... –fiz bico.
— Vou te ajudar dar banho nela antes e mais, o seu almoço está pronto já.
— Tudo bem. –deixei Sophia terminar de mamar, tomei café e minha mãe foi dar uma volta com ela enquanto eu tirei outro cochilo. 

Acordei um tempo depois, coisa de uma horinha. Sophia não estava no quarto, nem minha mãe. Levantei, calcei minha pantufa e desci. Ninguém na sala, nem na cozinha, quando fui olhar o quintal levei um susto.

— Arthur?
— Oi, bom dia. Vim buscar vocês.
— Bom dia. Pra quê?
— Passear. Eu e você.
— Não, nada disso. Não tem ninguém aqui em casa, não tem quem fique com ela.
— Minha mãe ué.
— Não é assim. Sua mãe tem os compromissos dela.
— Eu já falei com ela. Vamos? Por favor.
— Não arrumei nada da Sophia, estou de pijamas.
— Eu te ajudo. Se bem que tem coisas coisa dela lá, não precisa de nada.
— Eu não sei, onde vamos?
— Confia em mim?
— Sim.
— Só vai precisar de uma troca de roupa e um biquíni.
— Biquíni nem pensar, não vou usar.
— Maiô? –revirei os olhos.– Estou tentando.
— Tentando o que?
— Fazer as pazes. –suspirou.
— Tá, eu vou lá em cima. 

Voltando ao quarto separei uma troca de roupa de frio, outra de calor e um maiô que fazia anos que eu não usava, escova de dentes, calcinha, absorventes para os seios, minha carteira e chinelos. E pra Sophia peguei o bebê conforto, um cobertor e o pano de boca.

— Podemos ir. –falei encontrando–os na sala.– Só vou precisar tirar leite.
— Eu espero. –sentei na cozinha mesmo e usei s bomba para tirar o leite, fiquei um tempo, mas fiz nas duas mamas.– E aí?
— Vamos. –peguei a frasqueira, meu celular, as chaves de casa e saímos. 

O caminho não era demorado, mas pareceu uma eternidade. E pior foi chegarmos lá e eu ter quase certeza que a mãe dele estava pronta pra sair e não fazia ideia de que estávamos indo pra lá. Eu não sabia onde enfiar minha cara, de tão sem graça que eu fiquei. E agradeci mentalmente quando voltamos para o carro e Arthur deu partida.

— Tem certeza que é uma boa a gente ir pra longe? Sophia está manhosa hoje.
— É só um dia, só a gente. –fiz que sim com a cabeça e fiquei quieta.– Falei pra minha mãe ligar qualquer coisa.
— Ela não vai ligar, ela sabe tudo sobre bebês. Teve quatro filhos, fora os sobrinhos e afilhados. 
— Isso é verdade. –riu.– Ela passou a noite bem?
— Agitada, cochilando e resmungou bastante.
— Será que estava com dor?
— Ela estava inquieta. Mas não era fralda suja, nem fome, Sophia ficou brigando com o sono. –contei.– Não dormi quase nada.
— Vamos demorar um pouco pra chegar, se quiser descansar um pouco. –concordei com ele já ajeitando o banco do carro e dormi. Não estava tão confortável quanto estaria na minha cama, mas parecia ter dormido por horas e horas.– Bebê? –abri os olhos devagar.– Chegamos.

Fiquei uns segundos para assimilar, pisquei algumas vezes e por fim sai do carro. Arthur estava com as nossas mochilas, todo sorridente e com a porta aberta. Soltei o cinto e desci, dei aquela espreguiçada, bocejei e olhei em volta. Muito verde, o espaço era enorme.

— Um hotel fazenda. Meu tio falou que aqui é muito bom.
— Tio? Que tio?
— Rober.
— Falou pra ele que estávamos brigados? –perguntei cruzando os braços e ele riu.
— Não, falei que queríamos passar um dia tranquilo antes de voltar às aulas.
— Hm... aqui é lindo. –disse.
— É que ainda não viu lá dentro. Vem, vamos entrando.

Seguimos até a recepção, ele confirmou a reserva e fez o check in. Recebemos um cartão e fomos para o nosso quarto, as bolsas ficaram em cima da cama e eu fui andar pelo quarto, olhar o banheiro e as janelas. Um vista linda, eu estava amando e não tínhamos nem uma hora lá.

— Tô com fome, ainda estão servindo o café. Bora?
— Sim, eu te acompanho. –descemos, nos servimos e sentamos para comer, em silêncio.
— Bebê? –olhei e continuei quieta.– Olha eu... quero me desculpar com você. Deveríamos ter conversado antes, eu fiquei empolgado com a ideia e não vi problemas, você sempre topou viajar comigo e na maioria das vezes era em cima da hora. Não achei que tivesse problemas.
— Nosso namoro sempre deu certo porque sempre fomos muito transparentes um com o outro, você nunca decidiu nada por mim pelo contrário... sempre perguntou como eu me sentia, o que eu queria. E dessa vez não foi assim, você organizou tudo com os meninos e era indiferente eu ir ou não. Foi assim que me eu me senti. –ele não falou nada, ficou quieto esperando eu terminar de falar.– Como se nosso namoro não fosse uma prioridade.
— Bebê estamos de férias, desde que nos conhecemos nós viajamos nas férias.
— Não foi a viagem que me chateou Arthur, foi nós termos uma filha e você não sentar e conversar comigo. Nas outras férias eu não era mãe nem você pai.
— E vai ser esse impasse toda vez?
— Impasse? Pensar com calma agora é impasse?
— Depois da gravidez você mudou muito.
— Estranho seria se eu não tivesse mudado. –ficamos mais um tempo em silêncio. Meus olhos ardiam denunciando que estava perto de as lágrimas cairem e não demorou para eu pensar que aquele passeio havia sido um erro. 
— Ju?
— O que foi Arthur?
— Não foi isso o que eu quis dizer.
— Mas foi o que você disse. Sabe quando eu disse que estava grávida lembro de você dizendo que passaríamos por isso juntos, que seríamos nós três. A Sophia nasceu, os dois primeiros meses foram ótimos, perfeitos, mas na primeira oportunidade de mostrarmos mudança você só pensou em você. Desculpa, eu não sou assim.
— Tá dizendo que eu fui egoísta?
— É, você foi. Eu entendi que você queria aproveitar, o que me chateou foi você nem se interessar em realmente saber o porquê eu não tinha ido. 
— E quer me falar o por quê?
— Não vai fazer diferença. –suspirei com a voz embargada pelo choro, tentei falar outra vez e chorei.– Eu sei que a gente se ama, mas desde a gravidez não me sinto segura, não me sinto bonita e confortável com o meu corpo...
— Bebê para de chorar, você é linda e eu amo você. Não fazia de que você estava se sentindo assim, me desculpa? De coração...
— Promete que não vai fazer isso outra vez?
— Prometo. –falou beijando minha mão e meu rosto, limpou minhas lágrimas.– Eu te amo, você é uma mãe e uma namorada maravilhosa.
— Eu também amo você. –disse olhando nos olhos dele, nós nos beijamos, terminamos o café e fomos aproveitar o dia.

Tivemos um dia bem cheio, porém muito gostoso. Fizemos atividades como arvorismo, depois uma trilha rápida que finalizou com uma tirolesa e voltamos andando a cavalo. O tempo pareceu melhorar um pouco, mas não estava confiável encarar a piscina. Então entramos, fomos almoçar e descansar no quarto, eu sei que poderíamos ter feito amor, mas eu estava com sono e dormi minutos depois de estarmos deitados. 
Acordei com a sensação de que meu sono estava em dia, Arthur estava me olhando.

— Dormiu hein. –comentou sorrindo.
— Muito. –disse bocejando.– Não lembro quando foi a última vez que dormi por tantas horas assim.
— Antes da gravidez, certeza. –riu.– Vamos jantar antes de ir?
— A comida daqui é boa.
— Não é melhor que a da minha vó. –falou sorrindo.– Tô indo tomar banho, vamos?
— Hmm, não podemos ficar mais uns minutinhos? –sugeri e ele me abraçou, nós nos beijamos e com mais alguns minutos estávamos suando entre os lençóis. Arthur estava mais safado que o normal, me pegava com jeitinho e não me deu tempo para pensar em coisas negativas em relação ao meu corpo, foi perfeito.
— Bebê?
— Oi.
— Precisamos ir, bora tomar um banho?
— Só um banho. –afirmei e ele riu beijando meu ombro e se levantando. Fomos para o banheiro, tomamos uma ducha rápida e bem quente e voltamos para o quarto, nos vestimos e js guardamos nossas coisas.– Estou com fome.
— Bora comer.

Entramos no restaurante, nos servimos e então nos acomodamos para comer. Tudo uma delícia, a sobremesa então... comemos bem e depois disso fizemos o checkout, fomos para o carro e o destino foi a volta pra casa.

— Meu celular está sem sinal, olha o seu. –pedi enquanto reiniciava o aparelho.
— Também. Será que minha mãe ligou?
— Bem que eu achei estranho não chegar nenhuma mensagem. –esperei ligar novamente, o sinal havia voltado e as mensagens não parando de chegar, notificações de ligações perdidas também.– Mô, seu pai e sua mãe ligaram.
— Pra mim também, mas já estamos voltando, relaxa.
— Não, vou ligar de volta... vai que aconteceu alguma coisa. –falei ligando para o meu sogro.– Oi.
— Rapaz, cêis sumiram. –disse rindo.
— Os celulares ficaram sem sinal, está tudo bem? Vocês ligaram... 
— Sophia ficou enjoadinha agora de noite, Nanda queria saber onde estavam... se já estavam voltando.
— Estamos, saímos tem uns cinco minutos.
— Beleza, cuidado na estrada. –e desligamos.
— Mais calma?
— Sim. 



Narrado por Maria Luísa
(...)

— Isso porque você estava com saudades, imagina só se não estivesse. –falei ainda de braços cruzados e bicuda porque ele não terminava aquela partida nunca.– Henrique!
— Calma Malu, tá acabando já. –falou sem tirar os olhos da tela.– Não, tô falando com a minha namorada. –riu.– Cala a boca. –deixei ele no quarto e desci para me juntar aos meus sogros na sala de estar.
— Cansou de ficar naquela bagunça que Henrique insiste em chamar de quarto?
— Ele não sai daquele jogo. –respondi revirando os olhos.
— Não sei que graça ele vê nisso. –comentou negando com a cabeça.– O culpado é o Miguel. Os dois passavam horas jogando, principalmente em dias chuvosos. –contou.
— Mais de anos Luli, ele pegou gosto.
— Coisa feia... falando mal do namorado. –disse sentando do meu lado e beijando meu rosto.– O que foi bicuda?
— Você foi me buscar pra não me dar atenção.
— Manhosa. –mordeu minha bochecha.– Estou curtindo o resto das minhas férias. –cruzei os braços e ele riu me abraçando.– Cinema?
— Agora? Eu nem me arrumei.
— Quer arrumar mais o que? Você está de tênis, jeans e moletom.
— Está linda Malu. –Luísa disse sorrindo.
— Tá, mas que horas?
— Vou trocar de roupa só. –falou dando um beijo na minha bochecha e saindo correndo. Foi o tempo de eu ir ao banheiro e quando voltei ele estava pronto, com as chaves e o celular.– Vamo aí.
— Bora. Tchau lindos, beijinhos.
— Tchau, foi bom te ver. –Miguel disse sorrindo ao me abraçar.– Volte sempre que quiser.
— Faço das palavras dele as minhas. Você será sempre bem vinda na minha casa Malu, um beijo. –disse ao me cumprimentar.– E você filho, cuidado com a filha dos outros.
— Podexá dona Luísa, fui.
— Vão de Uber? –meu sogro perguntou.
— Tô com o carro da minha mãe, pai. Vou na moralzinha. –respondeu abraçando minha cintura e saímos.– Tem um filme louco que eu quero assistir, mas é terror.
— Ah não! Eu não gosto de filme de terror, Henrique!
— Calma Malu, eu vou estar lá com você.
— É... vai dormir comigo também? Porque hoje eu vou ir pra minha casa.
— Por que? Amanhã a casa iria ser só nossa.
— Namoro não se resume a sexo. –falei rindo e ele não aguentou e riu também.– Sério que vai ser terror?
— Sim, mas na proxima você quem escolhe.
— Você vai ficar comigo no telefone até eu dormir, saiba disso. –disse ajeitando o cinto de segurança e ligando o som.– O carro da sua mãe cheira Giovanna Baby.
— Desde que eu era criança, ela troca de carro, mas o cheiro é o mesmo. –falou.
— Cheirinho de neném, eu amo. 
— Nenenzinha.
— Não é de neném que você me chama quando está gemendo.
— Pegou pesado hein.
— Besta. Sei que as férias nem acabaram ainda, mas estou pensando nas próximas. –ele me olhou e riu.– Mas quero que você vá comigo.
— Pra onde?
— Inglaterra, em New Castle upon Tyne. Fica no Reino Unido.
— Sabe que lá de dezembro e janeiro ainda é inverno.
— Quero ir conhecer a cidade.
— O que tem lá?
— Minha universidade dos sonhos.
— Tá falando sério? Quer ir morar fora?
— Sim. Eu quero tentar.
— O curso todo?
— É. Seis anos só.
— Quer fazer a pós aqui?
— Ainda estou pensando, mas poderia ser em um outro país. Não sei.
— Tá bom, mas quer passar as férias todas lá?
— Dez dias. Pra mim é o suficiente.
— Tá, vamos. Já sabe o dia?
— Preciso falar com a minha mãe antes.
— Acha que ela vai encrencar?
— Estou torcendo para que não, porque eu quero muito ir.
— Vai dar certo.

No caminho até o shopping comprei nossos ingressos, ele me deixou na entrada de pedestres e foi estacionar enquanto iria para a fila do Burguer King. Deu tudo certo, ele chegou faltando duas pessoas serem atendidas, depois seguimos para a sala de cinema e entramos com quinze minutos de antecedência.

— Já está de olho fechado e o filme bem começou ainda.
— Não enche tá, me deixa quieta. 
— Qual é a cadeira?
— H17.
— Bem no meio?
— É, anda logo. –ele riu e foi me guiando, nós nos sentamos e eu peguei o celular, diminuí todo o brilho da tela e coloquei no silencioso.– Desligou o telefone?
— Não, tá no silencioso. Relaxa. –pediu beijando meu rosto, depois minha boca e ficamos nessa troca até o filme começar. Eu não curtia filmes de terror, até assistia, mas não eram os meus preferidos. Assisti levando sustos, gritei duas vezes e sai da sala com a cara vermelha por ter chorado perto do final.– A namorada de vocês também chora no cinema? –olhei e ele estava me filmando.
— Para Henrique, não tem graça. 
— Eu te amo Malu, dá um beijinho aqui.
— Não, quero ir embora. –ele riu e continuou gravando.
— Conta pra galera do filme.
— Uma bosta, perda de dinheiro.
— Ela adorou né amor. –abraçou minha cintura e guardou o celular em seguida.– Quero outro lanche, bora?
— Quero um milkshake só. –falei.
— Pegamos seu milkshake e vamos para a fila do BK depois.

Sim, ele me zoava, mas não me deixava com fome nem com vontade. Ficamos no maior love na fila, ele comprou dois e mudamos de restaurante. E sim, também pedi coisa, batata com cheddar e bacon.

— Já percebeu que a gente só sai pra comer?
— E tem coisa melhor? –respondeu com outra pergunta.
— Não tem (risos). Tô feliz que aceitou viajar comigo.
— Tô feliz que fui convidado. Mas tô aqui pensando...
— No que?
— Vamos namorar a distância? –perguntou receoso, eu achei tão lindo.
— Eu não sei. –respondi e ele franziu a testa.
— Vai terminar comigo amor? 
— Não, para de ser doido.
— Então o que? –ergueu as sobrancelhas.
— Olha, ainda tenho mais dois anos de ensino médio e você de faculdade. Também não sei se serei aprovada na universidade lá, também não falei com os meus pais...
— E se tudo der certo? Seus pais aceitarem, você ser aprovada...
— Eu vou. E gostaria muito que você fosse pra essa aventura comigo, mas jamais iria te pressionar pra largar tudo aqui. Entende?
— Então você pensou em mim?
— Em te chamar sim, mas não tenho como prever seus planos pós faculdade. Se você quer uma especialização, se quer consolidar sua carreira aqui ou em outro país... se vai querer estar namorando comigo ainda.
— Eu ia fazer um drama, na você tá certa. –riu.– Não pensei no que fazer depois da faculdade, mas quanto a estar namorando... eu vou, com você, sempre.
— É o que eu quero também, mas...
— Mas...
— Mas nada, meu couro cabeludo coça e nem sabemos se vou concluir o ensino médio. Eu te amo, e você está nos meus planos. –falei segurando o rosto dele e dando um selinho.– Faz essa carinha não...
— Você é muito madura pra sua idade.
— Gosto de ser realista, vai que você tem o sonho de sei lá... ir pra Irlanda. Ou se mudar pro Rio. 
— Por enquanto tô sem rumo. –riu e continuou a comer, comi um pouco da batata, terminei um dos milkshakes e estava cheia, estufada.– Não tá aguentando comer né?
— Não, tô cheia. Quer? –perguntei e ele esfomeado comeu todo o restante da batata, tomou o refrigerante e foi tomando o milkshake no caminho até o carro.– Falou com o Art hoje?
— Falei sim, por quê?
— Pra onde que ele foi? 
— Saiu com a Ju, foram pra um hotel fazenda.
— Hmmm viagem de casal é?
— Eles precisam de um tempo, sei lá. 
— Não sei que tanto brigam. –revirei os olhos.– Se eu ficar chata assim me avisa.
— Ela não é chata, você que sempre implica com ela.
— Nada a ver, defensor da cunhada indefesa.
— Um dia você vai ver que é besteira essa sua birra com a mulher do seu irmão.
— Mulher não, namorada e mãe da filha dele só. –entramos no carro, ele pagou o estacionamento e foi me deixar em casa.– Henrique?
— Fala aí.
— Queria dormir com você.
— Na sua casa?
— É, na minha cama enrolados no meu edredom da Barbie.
— Só se você dormir com aquela calcinha de ursinho.
— Vou dormir de pijama, olha o frio que tá. 
— Vou pensar no seu caso. 

Estava uma noite bem fria, mas gostosa, ruas bem vazias. Não demoramos a chegar em casa, estava tarde e encontramos meu irmão com a Julia e a Sophia na sala. Os cumprimentei e disse que iria tomar banho, larguei Henrique com eles e subi, mas não demorei, era só pra esquentar e colocar um pijama de frio.

— Vocês vão jogar? –perguntei terminando de descer a escada e vendo meu irmão mexer atrás da TV.– Tão brincando né?
— Pensei que fosse dormir. –Art disse rindo.– Faz companhia pra sua sobrinha, a mãe dela foi tomar banho. –olhei para o bebê conforto e ela estava mais que acordada, brincando com as mãozinhas que não saiam da boca.
— É titia, eles parecem ter cinco anos de idade. Vamos subir e largar eles aí. –peguei ela no colo e fui para o meu quarto levando só a fraldinha de boca, chupeta e o ursinho.– Ei titia, você tá tão linda de pijama de ursinha. –ajeitei um espaço para ela na cama e me sentei. Sophia era muito parecida comigo, gorduchinha e toda cabeluda.
— Oi, posso entrar?
— Pode, entra aí. –falei.– Tomou banho rápido.
— Tomamos banho antes de sair do hotel fazenda, mas meu corpo estava gelado. –comentou.
— E como foi lá?
— Divertido, descansei também.
— Descansou? Você e meu irmão?
— Sério Malu, eu e ele... –ela começou a contar do dia incrível que teve com o meu irmão e me perguntou como tinham sido as férias e ficamos a noite inteira acordadas conversando. Sophia dormiu e seguimos com o bate papo, agora o assunto era faculdade e carreira.– Estamos no segundo ano né, estou de licença... mas adiantando trabalhos e outras atividades.
— Mas você arruma tempo pra fazer?
— Os dias em que a Sophia está mais tranquila, sim. Ou então quando passo a noite acordada com ela tento adiantar alguma coisa.
— Seu dia tem quantas horas? Cinquenta?
— Olha, tem dias que eu tenho a impressão de não ter feito nada.
— Imagino.
— E você, se preparando os vestibulares?
— Sim, mas me aprofundando no inglês, tenho dois anos de ensino médio ainda.
— Um e meio na verdade.
— Sim. Fiz alguns simulados online, mas está de boa. 
— Qual o seu curso?
— Fisioterapia.
— Bem legal, era uma das minhas opções, mas me identifiquei melhor com nutrição.
— Psicologia é bem mais sua cara, combina.
— Não sei se daria certo, talvez... –deu de ombros.– E quer fazer especialização?
— Ainda não pensei em qual, mas quero fazer sim.
— O que importa mesmo é você cursar algo que realmente tenha vontade.
— Sim.
— Mas sempre pensei que seguiria a profissão da sua mãe ou algo relacionado. 
— A area da saúde sempre me fascinou, estava entre pediatria e fisio. Não tenho sangue frio pra seguir na área jurídica, e administrar o império da família me deixaria doida e já tem gente demais. Meus pais, meus avós pais da minha mãe, a Mel, meu vô Amarildo também.
— Vendo por esse lado... também não quis a parte artística?
— Nem passou pela minha cabeça. Meu pai é ótimo no que faz, mas ele se sacrificou muitas vezes sabe? Não quero isso. 
— Fala dos momentos em família?
— Também. Agora é mais tranquilo, estamos mais acostumados, mas a nossa vida é um livro aberto. Não existe privacidade, por mais que a gente tente.
— Ah, mas você nunca pareceu não gostar.
— Eu acostumei, é diferente.
— É estranho, literalmente do dia pra noite meu instagram estava com mais de 500mil seguidores. 
— Sim, eu nunca soube o que era ser anônima.
— Muito louco isso.
— Demais. –falei.– Vamos assistir um filme?
— Não sendo terror.
— Não mesmo, um bem fofinho. –coloquei "A princesa e o sapo", mas dormimos antes do final. 
— Bom dia filha. –escutei Julia falar bem baixinho.– Você dormiu bem? É está com uma carinha ótima. –Sophia gargalhou.– Bagunceira. Vamos ir pegar suas coisas lá embaixo. –voltei a dormir e acordei sozinha na cama horas depois. Levantei, calcei minhas pantufas, usei o banheiro, lavei o rosto e fui procurar o meu namorado. Pensei que ele estivesse em alguns dos quartos de hóspede, mas não, estava no quarto do Art e dormindo os dois na mesma cama. Bem amigos.
— Dormiu com o seu irmão? –escutei minha mãe perguntar.
— Não. Dormimos eu, Sophia e Julia. Meu irmão dormiu com o Henrique, olha isso. –ela franziu a testa toda confusa e veio olhar, riu.– Perdi meu namorado.
— Eles sempre foram amigos, bom dia filha. –cumprimentou dando um beijo na minha testa.
— Bom dia mãe. Dormiu bem?
— Bem tarde. –riu.– Mas precisava acordar cedo hoje.
— Vai pra empresa?
— Sim, sua irmã vai ficar com o seu pai. Mas acho que eles vão sair. –comentou.– Vai descer?
— Sim, estou sentindo cheirinho de café daqui, Maria certeza que já chegou.
— Então vamos. –descemos as duas, na sala encontramos a bolsa da Sophia aberta, mas o resmungo dela vinda da cozinha.– Bom dia Maria, bom dia Julia... e bom dia pra neném mais linda da vó dela. –Sossô abriu o maior sorrisão banguela.
— Bom dia vovó. –Julia brincou.
— Dormiram bem?
— Sim, dormimos. E a senhora?
— Também, mas tinha desacostumado acordar cedo. –disse.– Maria, toma café com a gente. 

Assim começou o nosso dia. Terminamos o café, minha mãe foi se arrumar e eu sentei com a minha sobrinha no sofá, ela era muito gostosa de pegar e ficar abraçando, cheirando. Sim, sou muito babona.
Minha saiu para ir trabalhar e um tempo depois Melissa chegou.

— Bom dia! Maria Luísa acordada antes das dez? Qual o milagre? –Melissa perguntou indo até nós.– Oi tia, bom dia. 
— Nem vem acabei de pegar.
— Não tenho pressa, vou passar o dia com vocês. –disse colocando a bolsa em cima do sofá.– Tudo bem cunhada?
— Sim, estamos. E você?
— Ansiosa. O que vão fazer hoje?
— Eu nada. –respondi.
— Ju?
— Nada também, por quê?
— Topam ir conhecer um lugar comigo?
— Que lugar?
— Vão saber quando chegarem lá. –disse toda sorrindo. E nós como curiosas que somos, topamos.
— E que horas vai ser isso? –perguntei.
— Poderíamos ir agora, o que acham?
— Então vamos. Precisa ir de carro?
— Sim, você dirige cunhada?
— Vamos no carro de quem?
— Do pai, vamos. –disse toda animada.
— Tenho certeza que você está aprontando Melissa.
— Não fala nada, espera a gente chegar lá.











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2 comentários:

  1. Ahhh, estou ansiosa para os próximos capítulos. Soso, você sabe que é a minha escritora FAVORITA, NÉ?! Saudades de ler essa fic

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