Capítulo 209

Narrado por Fernanda

  Melissa viajou com os amigos e eu fiquei em casa com o Luan e as crianças, almoçamos e ficamos curtindo o sabadão a nossa maneira, jogando no Xbox a tarde inteira: dançando, praticando "esportes" e até mesmo lutando. Luan estava mais animado do que na noite anterior, brincou mais no videogame com as crianças do que eu. Quando ele sentou para descansar um pouco nosso "au au" subiu em cima dele e ficou pulando querendo brincar, aí não teve jeito e ele foi para o quintal com a bola, Helena e Arthur. Deixando eu e Maria Luísa na sala, nos dando tempo para pensar no jantar.

_ Mãe, por que não vamos no shopping?

_ Porque de sábado é muito cheio, pensa no seu pai não tendo um segundo de paz... -fiz careta.-

_ No JK é tranquilo, meu vô sempre leva a gente lá porque ninguém fica em cima.

_ O que acha de irmos no mercado e comprar as coisas para fazer hambúrguer e cachorro quente?

_ Com suco?

_ (ri) Não, com refrigerante.

_ Por isso que eu te amo, mãe. -pulou em cima de mim sem nem pensar duas vezes.-

_ Minha filha você está pesadinha, vamos descendo né?

_ Meu pai me pega no colo.

_ Seu pai me pega no colo. -falei mordendo os lábios e rindo, enquanto ela me olhava com uma cara de "minha mãe é louca" não vendo maldade no pai dela me carregar no colo as vezes.- Topa?

_ Só vai nós duas?

_ É, deixem eles brincarem, não vamos demorar. Faz um favor, entra lá no quarto e pega a bolsa da mãe.

_ Por que eu?

_ Porque você é mais jovem. 

_ Conversa fiada, ai mãe...

_ Para com isso Maria Luísa, você é novinha ainda filha. Você só tem 11 anos, deixa de preguiça.

_ Deixa de preguiça. Sobe lá velhinha. -riu.-

_ Vou te pegar viu, você vai ver só. 

_ Pega nem o Thor... 

_ Abusada. Vou avisar seu pai que estamos indo lá, não demora hein. -levantei do sofá cheia de preguiça e quando cheguei no quintal minha filha estava verde de grama, com os cabelos bagunçados, rindo. Luan estava deitada na grama e Thor todo feliz corria em volta dele.- Eu estou indo no mercado com a Malu, não demoro.

_ Vai assim?

_ Assim como? De shorts?

_ Que mais parece uma calcinha, né?

_ Meu filho, eu tive três filhos, dancei muito, malhei muito também pra ter esse corpo maravilhoso. Não posso esconder ele do mundo.

_ Tô vendo, olha esse treco mostrando toda sua barriga e aberto nas suas costas.

_ Amor, já passamos dessa fase tem um tempo.

_ Eu não.

_ Tá bom. Estamos indo.

  Esperei Maria Luísa e fomos no meu carro, o mercado não era longe, mas estacionar foi chatinho demais. Demoramos quase meia hora pra ir e voltar. Chegamos e estavam todos na sala, sentados no sofá e Luan pensativo demais e quando o questionei ele ficou bravo. Falou que não estava gostando da nossa filha passar a noite fora.

_ Amor... era só falar pra ela vir embora. Ela perguntou, não perguntou?

_ Não. Ela avisou que ia ficar e começou com muita explicação. -disse mais enciumado que antes.-

_ Ela já passou a noite fora antes.

_ Estava com pessoas responsáveis, de juízo. E não com um bando de universitário metido a besta que adora encher a cara e sair pegando todo mundo.

_ Não fala assim que ofende. 

_ Eu não estou brincando, tô falando muito sério Fernanda. Eu não confio naquele moleque.

_ O Leonardo já é um homem, que estuda, tem habilitação e não é nenhum demente. Eu confio nele.

_ Eu não.

_ Tá bom Luan, não vou discutir com você por isso. Tô com fome, quero fazer logo isso, comer e colocar todo mundo pra dormir.

_ Isso mesmo, foge do assunto.

_ Minha nossa senhora, a Melissa está bem grandinha. Sabe o que é sexo, drogas e bebidas. Se ela quiser transar ela vai, se quiser beber ela vai também, se quiser usar drogas ela vai usar. Nós ensinamos tudo o que tinha pra ser ensinado, agora é com ela. Temos que confiar na educação que demos a ela.

_ Você sabe muito bem em quem não eu não confio. 

_ Mulheres sentem vontade de dar a boceta mesmo, dar bem gostoso, muito gostoso. E também pode não sentir vontade. 

_ Você está dizendo que a minha filha...

_ É mulher e não é mais virgem.

_ Fernanda...

_ O que é?

_ Nada não. Você não ia pra cozinha?

_ E você colocar as crianças pra tomar banho, inclusive você. E rápido hein.

  Não me deixa confortável saber que a Melissa está cercada por meninos mais velhos que ela e que estão no auge da cultura machista de que tem que sair passando a piroca no maior número de mulheres/meninas que conseguirem. Mas eu conheço minha filha, sei que não sairia com qualquer um. Mas o Luan tinha uma opinião e eu sei que não mudaria tão cedo, o que seria uma dor de cabeça desnecessária porque ele tem mais duas filhas, fora as sobrinhas e afilhadas.

_ Mamãe, tô de pijama de gatinhos! 

_ Seu pai já te deu banho, Helena?

_ Sim, molhou até meu cabelo com o chuvero pequeno mamãe.

_ Hm... vem ajudar a mamãe. -e ela realmente se empenhou em me ajudar, pegou os pratos e colocou batata palha em todos. O melhor foi ela comendo escondida quando eu virava de costas para ver as coisas na panela.- Helena... tá ajudando a mamãe direitinho?

_ Uhuum... -respondeu com a boca cheia.-

_ Tô vendo.

  Terminei de pôr a mesa, e os bonitos lá em cima acabando com toda a água de São Paulo, tive que dar uns três gritos dá escada que os três vieram juntinhos. Arthur só com a bermuda do pijama e chinelos, Malu com uma camisola linda de florzinhas e meu marido de samba-canção do Bob Esponja e chinelos. Os três banhados de tanto perfume sem necessidade alguma. As crianças assaram por mim indo para a cozinha bem tranquilos, Luan me puxou pela cintura e foi abraçado comigo.

_ Tá mais calmo?

_ Não, só depois de estar com o estômago cheio. -disse puxando a cadeira e se sentando, Helena não era muito fã de hambúrguer não, quis só sasicha e batatinha com purê e suco (porque refrigerante deixava ela com dores de barriga por causa do gás).- Mas vê como de verdade em pequena.

_ Tô papando, papai. 

_ Tá é derrubando tudo na roupa aqui oh mãe, fala pra ela sentar direito.

_ Não quelo. -falou toda bicuda.-

_ E se tem querer é? -ela fez careta e continuou comendo a salsicha com as mãos, mesmo com o garfo das princesas do lado. Arthur voltou a comer, comentamos sobre as aulas deles e eu me distrair um segundo que a Helena passou dentro do prato dela e sujou o rosto do irmão dela inteiro de purê de batata e molho.- Ôh mãe, olha essa menina! Sua feia.

_ Não é feia nada!

_ É feio sim, muito feio. Com comida não pode brincar, é muito feio isso Helena. -Luan falou sério e ela baixou a cabeça chateada, "o papai não biga".- Limpa essa mão, anda. -ela pegou e passou tudinho no pijama limpinho, até fechei os olhos.- Mas meu deus Helena, que sujeira. 

_ Tô limpando!

_ Deixa amor, depois eu troco ela.

_ E eu não vou tomar outro banho, tô avisando. 

_ Já não gosta né porquinho. Deveria ser palmeirense para ser mais parecido com o mascote.

_ Cala a boca menina, cala a boca que nem de futebol você entende. -jogou casca de pão nela que revidou e iriam começar a baderna na minha mesa.-

_ Os dois vão limpar aqui viu, porque ninguém tem empregada nessa casa.

_ Oxe, e a Maria é o que? -Arthur perguntou e Luan não aguentou segurar a risada.-

_ Sua mãe vai te pegar menino, vai te dar uns tapas.

_ Não ligo não. -riu.-

_ Sem vergonha, vai lavar esse rosto...

  Comemos e depois de tirar a mesa, Luan ficou lavando louça, Arthur e Maria Luísa ajudando o pai e eu subi com a menor para trocar aquela roupa toda suja e colocar ela pra dormir.

_ Mamãe, meu olho tá fechando. 

_ É o soninho chegando, tem que dormir, sabia?

_ Pra quê mamãe? Eu quero dormir com o papai.

_ Com a mamãe não?

_ É que eu tô de saudade, mamãe.

_ Eu sei meu anjo, vem chamar o papai pra você dormir então. -desci com ela, sua chupeta e a Rosinha no colo.- Alguém está querendo dormir com o papai porque tá de saudade. -ela coçou os olhinhos e estendeu os braços para ele que terminou de secar as mãos e a pegou em seu colo.- Põe ela pra dormir... boa noite neném.

_ Boa noite mamãe e Atur e Malia.

_ Boa noite. -os irmãos disseram, Luan subiu com ela e eu com os outros dois. Os coloquei na cama, dei beijinhos de boa noite e fui tomar o meu banho para relaxar e dormir limpa, livre do calor que fazia fora de época. Sai do banheiro, entrei no closet onde coloquei uma calcinha grande e confortável, uma camisola e soltei os cabelos antes de deitar na cama. Peguei meu livro que estava no criado mudo e fiquei lendo até meu marido aparecer no quarto falando no telefone com certeza com a Melissa, dei risada.-

_ Luan deixa a menina beijar na boca em paz que saco.

_ Queria saber se está tudo bem só... -falou se despedindo, desligou e veio para a cama depois de apagar a luz.- Helena estava brigando com o sono, sabia?

_ Helena tá muito sem vergonha isso sim. Ela pinta e borda com o Arthur, ainda bem que ele é tranquilo.

_ Sim, todo diferente das irmãs.

_ Eu entendo meu filho, ele é minoria na casa.

_ Nós somos. São quatro mulheres para um Luan e um Arthur.

_ Se quiser posso arrumar mais dois homens.

_ Se forem nossos filhos eu aceito. -me beijou, foi deitando por cima de mim todo saliente, atirado.- Boa noite amor.

_ Boa noite lindinho, trata de dormir hein. -entrelacei minhas pernas nas dele e fechei os olhos depois de me aninhar em seu peito, dormindo em seguida.

Narrado por Melissa

  Eu não sabia o que era dormir!

 A música não parava, as pessoas não paravam, minhas amigas estavam a todo vapor e eu caindo de tanto sono, era quase cinco da manhã quando me despedi de todos eles e subi, troquei de roupa e deitei na cama. Apaguei, fui acordar com as meninas me chamando para ir a praia, olhei no celular e era pouco mais que sete da manhã. Levantei e entrei no banheiro já me despindo, adentrando o box e tomando aquela chuveirada para despertar, escovei os dentes, molhei os cabelos e sai.

_ Amiga uma dúvida. Ontem você estava sóbria né?

_ Sim, por quê?

_ Então você lembra do que você fez?

_ E faria de novo, ele é muito gostoso. Beijou tão bem que deu aquela famosa vontade de tirar a roupa que você tanto fala.

_ Fala mais que é pra eu ficar com vontade e me trancar no banheiro.

_ Você é uma ridícula, Nayara. -falei arremessando o travesseiro.-

_ Tô carente.

_ Carente? Para de ser safada que nem aqui você dormiu.

_ Como assim não dormiu aqui? E dormiu com quem? -perguntei curiosa e me sentando na cama enrolada na toalha mesmo, sem me importar por estar nua.-

_ O aniversariante me convidou pra conhecer o quarto dele, por isso não dormi aqui, fiquei acordadinha lá mesmo.

_ Você é uma cachorra, amiga!

_ Quem tá deixando passar é catraca amor. -riu pegando seu biquíni e entrando no banheiro.-

_ Doida, doida... e você?

_ Eu mal dormi, subi quando a Nay subiu com o boy, isso foi quase sete. Aí joguei uma água né e deitei aí com você. Quero só ver que horas nós vamos embora que amanhã eu tenho aula e sem contar que preciso estudar.

_ Hoje? Esquece. -risos.-

_ Toc, toc...

_ Não entra... tô pelada. -disse levantando, pegando meu biquíni e indo para o banheiro também. Entrei junto com a Nay, coloquei meu biquíni e voltei para o quarto encontrando um gatinho sentado na cama.- Bom dia.

_ Pra quem dormiu, né? -bocejou.- Vão demorar pra descer?

_ As meninas estão terminando de se trocar.

_ Hm... e você? Não quer descer não? 

_ Deixa eu colocar alguma coisa por cima. -coloquei a toalha molhada em cima da cama, fui até a mala e peguei o shorts de malha que estava no dia anterior e o vesti.- 

_ E blusa?

_ Você está de blusa?

_ Eu vou homem.

_ E eu numa praia, de biquíni. Vai ficar aí Tacy?

_ Não, vou descer que eu tô é com fome.

_ Duas. -saímos na frente deixando Leo pra trás, chegando na cozinha encontramos uma mesa repleta de coisas gostosas como pães, sucos e frutas.- Já comeu loirão?

_ Tô de boa.

  Fiquei bem a vontade mesmo, tomei meu café de boa com as meninas já que a Nay não demorou pra descer. E depois fomos para a praia, eu, elas e os meninos. Ficamos a maior parte do tempo abraçados, trocando alguns beijos e eu não me senti incomodada nem me senti na "obrigação", eu queria, ele também... e aconteceu de ficarmos de novo.

_ Amiga obrigada por vir a praia comigo e ficar no amasso com esse branquelinho.

_ Tô bronzeado, né não loira?

_ Super, olha esse físico amiga. Quem é Gabriel Medina perto dele? -risos.-

_ Continua zoando mesmo camarãozinho. -apertou meu nariz, o empurrei e corri até minha amiga chutando areia e fugindo dela em seguida. Fomos as duas parar na água, ela me derrubou na água gelada e começaram as brincadeiras.- 

_ Tá felizinha hein.

_ Para vai, não estraga o clima.

_ Olha só mais quem diria...

_ Nay fala pra Mel o que o Felipe disse ontem de noite.

_ "Pensei que ia pegar a loira, ela foi e ficou com o meu amigo." -o imitava.- Quase falei pra ele que o Leo era caso antigo.

_ Amor do passado.

_ Paixão do fundamental.

_ Vão a merda vocês duas, pode parando...

_ Você tinha uma quedinha por ele...

_ Vocês estão piores que a minha mãe, não aguento vocês não. 

_ Aguenta até mais coisa que isso e tá fazendo graça. 

_ Nossa, hoje tá pior que nos outros dias. Meu deus!

_ Estou de bom humor!

_ Depois de uma foda depravada e sacana. -risos. Passamos um tempinho ali e retornamos, um pessoal cruzou conosco já indo embora, outra galera levava as malas para os carros e foi aí que começamos nos mexer também para pegar estrada. Arrumamos tudo, levamos para o carro e depois de dar tchau, fomos nos acomodar para voltar pra casa.- 

_ Pode ir na frente primeira dama.

_ Primeira dama vai atrás dormindo. -falei me sentando no banco de trás e me acomodando, as meninas me acompanharam e fomos como na vinda. Fechei meus olhinhos e fui dormindo até chegar no São Paulo.- Tchau linda, até mais hein. -falei assim que a Tacy desceu, troquei de lugar me sentando no banco do carona na frente e ele foi me deixar em casa. Uns quinze minutos depois parou o carro, ficou quieto segurando o volante. Tomei a iniciativa de lhe dar um beijo, que foi aos poucos tornando-se urgente e teria ido um pouco mais além se eu não tivesse dado uma cotovelada na buzina e me afastado rápido para não correr o risco do meu pai sair na garagem.- Tchau loirão.

_ Se cuida loirinha. -beijou minha testa com carinho e eu desci, entrei em casa e minha mãe morria de rir enquanto o meu pai estava de cara fechada.- 

_ Nelissa! 

_ Oi meu amorzinho, tudo bem?

_ Sim. -veio me abraçar.-

_ Oi mãe, oi pai...

_ Oi Mê, tudo bem?

_ Comigo sim, e vocês?

_ Quero saber que foto é aquela no Instagram. Meu amorzinho? Que porra de amorzinho o que Melissa!

_ Pai, é uma legenda de amigos. E você tá pondo pilha né mãe?

_ Eu estava bem quieta assistindo meu filme, seu pai que fica toda hora nessa porcaria e viu... quer dizer, seu padrinho ligou perguntando como seu pai te deixa namorar nova desse jeito.

_ Namorar? Aí pai, você e meu padrinho viajam legal. -disse me sentando no sofá.- 

_ Eu não fico com essas frescura não.

_ Eu te amo também papai, lindo.

_ Uhuum... ama tanto que passou o final de semana viajando comigo em casa. -o abracei e o enchi de beijos até ele desfazer a carranca e me retribuir o abraço, logo meus irmãos se juntaram e passamos o restante do domingo fazendo aquele programão em família. Filme com pipoca, brigadeiro e refrigerante.

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  Aquele pai super protetor, babão, muito ciumento e que a gente ama. ❤ Aquela caçula que apronta todas mas que é tão fofa que "ninguém" tem coragem de dar bronca, aquela mãe maluca mas super mulher... irmãos que brincam sempre um com outro. E aquele quase casal que está na fofurice que só. rs!