{...} Abre mais a blusa, me usa! Só não pede pra parar... ♪♫

domingo, 27 de outubro de 2019

Capítulo 274

Narradora 
   Maria Luísa não demorou a dormir após chegar de viagem. Apenas deixou a mochila de lado, trocou seu shorts e regata por uma camisola e foi para debaixo das cobertas. Enquanto Helena demorava a pegar no sono, conversava com a mãe, mexia em seus cabelos e nada de dormir.
   Luan estava na sala, havia trancado toda a casa e chamado Thor para subir e lhe fazer companhia.


_ Amor? -bateu de leve na porta do quarto da filha e empurrou-a segurando o batente. Tudo escuro, apenas a sombra de Fernanda na cama da caçula devido a iluminação do corredor.
_ Papai? -Helena o respondeu despertando, se sentou na cama e ficou esperando que ele entrasse.
_ Não acha que está na hora de dormir não mocinha? -perguntou entrando no quarto de uma vez e acendendo as luzes.- Quer dormir com o papai princesa?
_ Queria assistir um desenho, mas mamãe disse que tá tarde e só pode amanhã depois da escola.
_ Aé? -ela fez que sim com a cama e tirou o edredom de parte do corpo ao se levantar e sentar no colchão.
_ Ei, sem conversa vocês dois. Está tarde. -Fernanda os repreendeu.
_ Já tomou banho amor?
_ Não.
_ Vai lá, eu fico com ela. -lhe deu um selinho e trocaram de lugar.- Não está com sono né?
_ An an. Mas a mamãe disse que já é hora de dormir.
_ E é mesmo. Tá de noite já. -falou acariciando seus cabelos, Helena foi se aninhando e deitando a cabeça em seu peito sorrindo toda preguiçosa.
_ Canta pra mim papai?
_ Quer escolher a música?
_ Aham.
_ Pode falar meu anjinho. -beijou sua testa e ficou em silêncio esperando. Helena estava pensativa e tentava se lembrar do nome da música.
_ Tudo que eu quiser papai, eu gosto dela.
_ Gosta é? Mas você já tem meu sobrenome. -falou brincando, ela deu risada e ficou quietinha escutando o pai cantar desde o comecinho da música até que no início do refrão Helena dormia. Luan a ajeitou na cama, acendeu o abajur, deixou as luzes apagadas e saiu deixando a porta encostada.


   Seguiu para o seu quarto e encontrou Fernanda de costas penteando os cabelos. Ela estava vestida com uma camisola de alças finas e tecido de seda um tanto transparente, descalça e distraída. Ele se aproximou sem que ela notasse e abraçou-a por trás lhe dando um susto.

_ Tão cheirosa. -Fernanda fechou os olhos arrepiada ao escutar sua voz ao pé do ouvido e receber uma pequena mordida no pescoço.
_ Estava mesmo pensando em você. Helena dormiu?
_ Ela estava caindo de sono, pediu para que eu cantasse pra ela. E dormiu antes mesmo de eu chegar no refrão de Tudo o que você quiser. Agora somos eu e você. 
_ E o que quer fazer comigo?
_ Te beijar inteira, sentir nos meus lábios cada parte do seu corpo e te tocar do jeito que só eu sei.
_ Posso fazer uma coisa antes?
_ O que quiser, vai lá.


  Fernanda mudou a iluminação deixando o quarto todo a meia luz, pegou o controle remoto e ligou o som deixando em um volume razoável. Se certificou de que a porta estava fechada e voltou ao marido que se encontrava no mesmo lugar.
  O sentou na beirada da cama e tirou sua camisa deixando seu peitoral e abdômen nu, abriu o zíper de sua calça e parou por ali.


_ É o que eu estou pensando?

  Fernanda escolheu a música perfeita para o momento, Rocket era o nome dela. Envolvente, sedutora e na batida perfeita. Do jeito que estava Luan acompanhava cada movimento pacientemente enquanto Fernanda se achegava, o empurrou devagar sobre o colchão e deslizou seu corpo sobre o dele espalmando suas mãos em seu peito e beijando-o onde sua boca alcançava. Sentou-se sobre ele e rebolava em seu colo no ritmo da música sentindo-o por inteiro, arrancando dele gemidos abafados e um sorriso ainda mais provocante dela.
  Ele esperou até que a música terminasse e então tomou o comando da situação, e amando-a durante toda a noite sem pressa e com detalhes.


_ Amor, que noite. -comentou cansada, mas sorrindo virando-se para ele.
_ Uma noite especial para nós, sabe que eu acho lindo a maneira que você me conquista a cada dia.
_ Você me surpreende a cada vez que estamos juntos. 
_ Surpreendo de um jeito bom?
_ Tudo bem que agora estamos mais velhos, mas me alivia saber que a cada ligação você sente saudades e quando estamos juntos você ainda me procura... -fez uma pausa procurando as palavras que melhor descrevessem o que ela sentia.- ...não apenas como sua amiga e companheira, mas como esposa, amante, como sua mulher. E me faz sentir viva, atraente e completamente desejável. 
_ Me sinto assim com você. -beijou sua mão com carinho.
_ O prazer que você me proporciona é único.
_ Eu sei.
_ É como se a cada viagem você tivesse que fazer uma escolha.
_ Eu sempre irei escolher você, não importa mais ninguém. 
_ Sei disso. -lhe deu um beijo demorado e apaixonado, mordendo seu lábio inferior.- E é por isso que amo tanto você.
_ Não mais do que eu te minha linda.
_ Sou mesmo né? Uma quarentona gata, gostosa e muito boa de cama. -se gabou brincando.
_ Não discordo, você é sensacional. 
_ Por isso me casei com você.


  Os dois ainda ficaram trocando carinhos enquanto conversavam um com o outro, Fernanda acabou dormir primeiro e Luan depois de mais alguns minutos acompanhou a esposa.
  Na manhã seguinte assim que o celular despertou Fernanda levantou da cama e seguiu para o banheiro em silêncio, tomou seu banho e foi se vestir para dar início ao dia.


_ Não acha que tá muito cedo pro senhor já estar com a cara no celular? -perguntou ao voltar para o quarto somente de toalha e Luan estar no celular.
_ Cê não estava mais na cama, fui olhar a hora.
_ Uhum, bom dia amor.
_ Bom dia minha vida. Já está se arrumando?
_ Sim, tenho que acordar a Nena e chamar a Malu.
_ Não quer deixar elas faltarem não?
_ (risos) Não. E não esquece, você é quem vai buscar as duas na escola viu?
_ Eu? Mas amor tenho reunião na central hoje e um almoço de negócios no Dudu.
_ Ah, partida de videogame virou almoço de negócios agora?
_ Não é bem assim minha vida, vamos falar sério primeiro.
_ Vai me ligar se precisar de ajuda com elas?
_ Eu dou um jeito, relaxa.
_ Ótimo. -disse entrando em closet para vestir uma roupa. Body preto básico, calça social flare e saltos. O relógio, colar e pulseiras davam aquele toque final. Precisou apenas trocar sua carteira, chaves e notebook de bolsa e estava pronta para o trabalho.- Amor, beijos. Até mais tarde. -jogou um beijo para o maridão e saiu de seu quarto indo dar uma espiada no quarto das meninas.- Malu! Bom dia?
_ Bom dia mãe, tô no banheiro.
_ Já tomou banho? Vai tomar café?
_ Já terminei o banho e sim, estou cheia de fome.
_ Vou acordar sua irmã e já desço pra colocar a mesa.
_ Tá bom. 
_ Não demora. -falou antes de fechar novamente a porta e seguir para o próximo quarto. Helena dormia toda espaçosa na casa, Fernanda deixou sua bolsa em cima da cadeira que estava vaga perto da porta e se aproximou da cama para ir acordando a pequena aos poucos.
_ Bom dia mamãe.
_ Tudo bem meu amor? Bom dia.
_ Tudo, só estou com um pouco de sono.
_ Foi dormir tarde né moça. Vamos colocar o uniforme?
_ Aham...


  Ainda sonolenta Helena se colocou de pé em cima da cama. Fernanda trocou seu pijama pelo uniforme, ali mesmo penteou seus cabelos e pediu que ela se sentasse para calçar o tênis. Tudo pronto, pegou a mochila, sua bolsa e as duas desceram juntas.

_ Lembra do que a mamãe ensinou?
_ Trocar a água do Thor e botar mais comida.
_ Isso, enquanto isso a mamãe faz seu lanche.
_ Tá bom. Hoje tem bolo de laranja?
_ Não meu amor, mas vou pedir pra Maria fazer um tá?
_ Uhum.
_ E cuidado, não vai molhar a roupa hein. -alertou antes de ir para a cozinha preparar o café da manhã. Nada muito elaborado, suco de laranja, pães com presunto e queijo, iogurte e cereais.
_ Pronto mamãe, ele já tá comendo.
_ Vem comer a senhorita também. Quer pão?
_ Não, só sucrilhos e suco!
_ Sem derramar na roupa, tá? -ela assentiu e foi comendo. Maria Luísa chegou quase dez minutos depois e mal se sentou para comer.- E aí gatinhas, vamos?
_ Ainda tô com fome.
_ Pega um pratinho e vai comendo no meio do caminho, sem derrubar no carro hein. Vou com o do seu pai hoje e sabe muito bem como ele é.
_ Sim senhora Fernanda, tô ouvindo tudo.
_ Então não enrola, tô esperando no carro. Helena?
_ Adivinha. -falou Malu rindo, sabendo onde a irmã estava.
_ Helena!
_ Tava fazendo xixi, mamãe. Mas já lavei a mão.
_ Vem, vamos esperar a Malu no carro.
_ Posso pegar uma fruta?
_ Pode. -ela pegou uma maçã e foi correndo na frente, abriu a porta e foi esperar em frente a porta. Fernanda que já estava com as chaves desligou o alarme, abriu a porta e acomodou a filha, colocando o cinto de segurança, guardou as mochilas no banco de trás mesmo e depois de fechar a porta assumiu seu lugar no volante.- Malu!
_ Já cheguei, podemos ir. -falou entrando no carro, colocando a mochila entre as pernas e baixando o vidro.- Vamos mãe, depois a senhora fala que eu me atraso.
_ Põe o cinto bonitinha, e sim, você atrasou quase dez minutos. -disse manobrando o carro para sair da vaga estacionada e seguindo caminho.
_ Meu pai que vai buscar a gente hoje?
_ Vai, pelo menos eu pedi né.
_ Ele que vai me deixar na complementar?
_ Também, mas ensina pra ele o caminho.
_ Deixa comigo mãe, relaxa.
_ Tô relaxada Maria Luísa, tô bem tranquila. -respondeu brincando enquanto ainda dirigia. Deixou Malu primeiro e seguiu para a escolinha de sua caçula antes de ir para a empresa.
_ Bom dia dona Fernanda, uma ótima semana.
_ Bom dia, ótima semana pra nós. -respondeu entrando no elevador e se direcionando ao andar da diretoria.- Bom dia, bom dia.
_ Muito bom dia. -Isadora falou sorridente, estava radiante.- Tudo bem?
_ Eu quem pergunto, que sorrisão é esse?
_ Recebi hoje a resposta sobre a casa que estava vendo para comprarmos e deu certo, tô muito feliz. 
_ Parabéns pela conquista Isa. -alertou abraçou forte.- Certeza que as crianças irão amar o espaço maior.
_ Bernardo disse que não queria, acredita?
_ Crianças sendo crianças. Já tomou café?
_ Não, quer ir lá?
_ Te acompanho para colocarmos o papo em dia antes da reunião.
_ Cinco minutinhos? Estou terminando de reagendar um cliente.
_ Liga na minha sala quando terminar, beijos. -e saiu. Entrou em sua sala, ajeitou as coisas e começou a trabalhar.

Enquanto em casa Luan havia voltado a dormir e acordou horas depois com o celular tocando, ele deixou tocar e cair a ligação. Tocou novamente e ele atendeu sem nem abrir os olhos.
_ Oi.
_ Tá dormindo ainda cara? Porra Luan, já viu a hora?
_ Não. -riu.- Mas tá cedo ainda, Nanda saiu daqui não tem muito tempo.
_ Quase dez horas já, a reunião começa às dez e meia. Levanta aí cara, tô indo pra lá já.
_ Pra que?
_ Arrumar as coisas, separar uns negócios. Te encontro lá boi.
_ Beleza, tô indo tomar banho. -falou se despedindo e encerrando a ligação. Deixou o celular de lado e foi tomar um banho rápido, saiu de cueca e com a toalha enrolada na cintura e parou pra ver a hora. Estava atrasado. Se vestiu, secou o cabelo, colocou um boné e desceu para a sala depois de pegar a carteira.- Bom dia Maria, tudo bom?
_ Tudo ótimo, e como o senhor? Dormiu bem? Quer um cafezinho?
_ Só um cafezinho preto que eu tô é atrasado. -falou rindo, ainda arrumando o relógio.
_ Tem que comer seu Luan, pra não passar mal.
_ Volto pra almoçar minha linda. -deu um beijo em seu rosto, tomou o café sem nem se sentar e correu para o carro e saiu rumo a Central.
_ Em cima da hora hein boi. -se cumprimentaram com um toque de mão e abraço.- Beleza?
_ Piloto de fuga (risos). Meu pai já chegou?
_ Antes de mim.
_ Jujuba tá aí?
_ Também, Arleyde não vem, mas tá em áudio.
_ Bora então.

...
_ Oi amor, tudo bem? -Luan perguntou ao atender.
_ Comigo sim e com você? Como foi a reunião?
_ Feliz demais minha vida, foi ótima a reunião. Terminou tem pouco mais de uma hora. -Fernanda não disse nada, mas respirou aliviada por ele não estar atrasado para buscar as meninas na escola.- Pensamos em algumas coisas para o fechamento do nosso ano e terminamos de fechar as datas que estavam em aberto.
_ Ótimo, muitas folgas?
_ Sim e não. -riu.- A maioria das folgas são poucos dias entre um show e outro, então não tenho como voltar pra casa.
_ Mas nada me impede de viajar com você. -falou sorrindo e ele fez o mesmo.- Isso se estiver tudo em ordem em casa.
_ Bem lembrado amor. -respirou fundo.
_ Tá onde?
_ Esperando Maria Luísa sair tem dez minutos e nada.
_ Quer que eu desligue pra você ligar pra ela?
_ Não, vou esperar mais uns cinco.
_ Não esquece da caçulinha hein. Preciso desligar amor, nos falamos em casa tá?
_ Tá bom vida, se cuida. Até o jantar.
_ Sim, prepare algo bem gostoso.
_ Só se eu te esperar pelado na cama.
_ Não me importaria, jamais. -riu.- Te amo, tá? Fica com Deus.
_ Amém, você também. -e desligaram.
_ Quanto amor hein, muito grude.
_ Tenho que aproveitar enquanto ele está em casa, acho que amanhã ele já viaja e eu fico aqui cheia de saudades. -suspirou e se virou para a amiga.- Mas a felicidade dele em cima do palco me alegra também, Luan ama essa rotina louca.
_ E se acostumou bem a ela.
_ Sim, sente falta quando fica muitos dias parados.
_ Igual você com essa empresa. Não para.
_ Não até tudo estar nos trilhos. -falou voltando para a mesa e desbloqueando o notebook.- A lista está pronta?
_ Pronta, impressa colorida identificando os funcionários destaques de cada área.
_ Ótimo, você é dez. -comemorou pegando a folha e acompanhando o que lhe era dito sobre cada nome.


...

_ Pai vem me buscar?
_ Por quê? Acabou mais cedo sua aula?
_ Não estou me sentindo bem e queria ir pra casa.
_ O que você tá sentindo? -Luan perguntou se levantando e indo atender do lado de fora da sala.- Tá sozinha aí?
_ Não, tô com a minha amiga. Mas quero ir pra casa, não tô legal pai.
_ Tô indo aí te buscar, não demoro e aviso quando estiver próximo.
_ Tá bom, tô esperando o senhor. -Luan encerrou a ligação e voltou para dentro da sala.
_ Tá tudo bem boi?
_ Não, Malu ligou disse que não estava se sentindo bem. Pediu pra eu ir buscar ela no curso. -falou preocupado, passando a mão pelos cabelos impaciente.
_ Ela falou o que era?
_ Não, só me pediu pra ir buscar.
_ Vai lá cara, marcamos outro dia pra finalizar. Aproveita que você ainda está em casa.
_ Beleza cara, valeu aí pela ajuda hein. Até amanhã. -se despediu do amigo e foi pegar Helena que dormia para colocar dentro do carro e seguir rumo a escola da Malu. Dirigiu rápido e estacionou de frente a entrada em meia hora. Ligou para ela que desceu com a maior cara de choro, com a mão na barriga e um pouco encurvada.- O que cê tá sentindo?
_ Pai eu acho que é cólica, mas eu tô com muita dor. Tanta dor que eu vomitei, atacou minha enxaqueca e está doendo horrores meu abdômen.
_ Desceu pra você?
_ Ainda não.
_ Quer ir no médico? Eu ligo pra sua mãe e a gente vai, aí sei lá, cê toma um remédio na veia.
_ Prefiro, tomei dois Buscopan e nada pai. Nada. -respirou fundo e colocou o cinto.- O senhor já estava em casa?
_ Não, estava no VIP.
_ Desculpa ligar assim, é que minha mãe não atendia e minha vó está sozinha com o Lucas.
_ Tem problema não minha princesa, pode me ligar sempre que precisar. -beijou sua testa e tocou para o hospital, ligando para a Fernanda durante o caminho.





Narrado por Fernanda
   Finalizada a última reunião do dia fui para minha sala arrumar as coisas para ir embora. Entrei na sala e fui tirando meu celular do carregador, a tela acendeu e várias ligações perdidas e mensagens do Luan. Retornei a ligação e ele disse que estava no hospital com a Malu tomando remédio na veia, que estava com muita dor e nada resolvia. Ele estava tranquilo, mas eu não e por isso arrumei as coisas do jeito que deu e corri para lá.


_ Boa noite, tudo bem? Meu marido deu entrada com a minha filha aqui, Maria Luísa Marquês Santana.
_ Um documento, por favor. -entreguei a ela minha CNH, esperei um cartão de visitante e assim que peguei, entrei depressa.
_ Luan? -ele olhou e veio até mim com a Helena em seu colo.- Por que trouxe ela?
_ Ela estava no Dudu comigo, né. Tive que trazer ela dormindo mesmo, haja braço. -brincou.
_ Haja braço mesmo. -falei me aproximando dele e lhe dando um beijo rapidinho.- Cadê minha outra neném?
_ Tomando soro aqui nessa sala, vai lá. -Luan me deu espaço e eu passei para o lado de dentro da sala, ela estava quietinha no celular e tomando medicação.
_ Mãe já chegou?
_ Sim. -beijei sua testa e puxei uma cadeira sentando ao seu lado.- Tá melhor? -ela assentiu.- Passou com o médico e ele disse o que?
_ Pra eu marcar uma consulta com o ginecologista, mãe. -respondeu sem jeito e eu tentando disfarçar minha preocupação.- Mas não é nada disso que a senhora tá pensando não. Eu não tô grávida.
_ Eu não sei Maria Luísa, eu sei de mim. Eu não estou grávida e tenho certeza disso. E você quando estava tomando seu remédio certinho não tinha mais essas dores fortíssimas. -ela ficou quietinha escutando cada palavra que eu dizia sem ao menos fazer careta.- Vocês estão usando camisinha? Fala a verdade pra mim Maria Luísa.
_ Nem todas as vezes.
_ Vamos marcar seu médico ainda essa semana e vai torcendo de agora. -falei séria e ela me olhou assustada com os olhos marejados.- Vocês tem que ter juízo, responsabilidade até na hora da transa.
_ A senhora já está me dando um sermão e nem sabe se é isso mesmo.
_ Porque eu estou certa, você é uma adolescente. Não terminou o ensino médio, não prestou nem o vestibular e ainda tá longe dos quatro ou cinco anos da graduação. Você tem a ideia de o que seria um filho agora? Agora que você está perto de completar seus dezoito anos e ter mais autonomia para fazer suas coisas sozinhas? Não quero e nem vou proibir você de nada, porque não proibir seus irmãos, mas eu também quero confiar em você. Confiar na filha que criei e eduquei um tempão.
_ Me desculpa.
_ Tudo bem. -beijei sua testa e me levantei para olhar de perto se ainda faltava muito para acabar o soro. Olhei para fora e Luan estava sentado com a Nena no colo, ela mexendo em sua barba.- Amor?
_ Hm.
_ Tudo bem aí?
_ Sim, ela acordou e quer ir pra casa. -riu.
_ Quer ir na frente com ela? Eu estou com o seu carro.
_ A gente espera né filhota?
_ Tô com fome papai, queria comer uma coisinha, a Maria vai fazer bolo pra mim.
_ Ah vai?
_ É mamãe, ela vai, eu pedi.
_ Pediu igual cachorrinho querendo comida e água. -Luan disse rindo.- Maria faz tudo o que eles pedem, tudo.
_ Por isso estão tão sem vergonha. -falei.- Mas deixa eu falar, está ficando na hora dela comer mesmo. Vai indo na frente, acho que não vamos demorar aqui.
_ Tem certeza?
_ Tenho meu amor. Helena precisa de um banho, jantar e dormir.
_ Mamãe eu tenho lição de casa hoje.
_ Papai vai te ajudar com isso, não é amor?
_ Claro capitã! Bora princesa.
_ Tchau mamãe, beijos. -se despediu abraçando mais o pescoço do pai e deitando a cabeça no ombro dele.
_ Me liga qualquer coisa tá?
_ Tá bom amor, eu ligo sim. -lhe dei um selinho, eles foram em direção a saída e eu a sala de medicação. Voltei a me sentar depois de tirar o celular do bolso e verificar se tinham mensagens.
_ Meu pai foi embora?
_ Foi sim filha, sua irmã estava com muita fome, segundo ela.
_ Eu não duvido, ela cochilou antes do almoço e acordou chorando quando meu pai chamou ela pra comer. Aí meu pai deu na boca dela, escovou os dentes e ela apagou de novo.
_ Helena sempre foi mais preguiçosinha mesmo.


  Ficamos ali até terminar a medicação, conversamos com o médico outra vez e então fomos embora.    Passamos na farmácia, seguimos para casa. Estacionei e Maria Luísa desceu na frente, fechei o carro e entrei também.

_ Boa noite, né? Estão bem? -oc cumprimentei atrapalhando o beijo caloroso do casal que havia acabado de voltar de viagem.- Chegaram faz tempo?
_ Boa noite mãe. Não, chegamos junto com o meu pai praticamente. -se levantou e veio me cumprimentar, Julia fez o mesmo.- Ela está melhor?
_ Está sim. Nada grave, muita cólica e enxaqueca.
_ Fazia tempo que ela não ficava assim.
_ Pois é meu filho, fazia tempo mesmo. -sorri.- Tô subindo tá? Vou tomar um banho.
_ Não vai jantar? Maria fez estrogonofe de carne.
_ Vou, mas antes preciso me livrar do suor. Vai jantar com a gente né Julia?
_ Não sei, depois fica tarde pra eu ir embora. -respondeu colocando o cabelo atrás da orelha, com vergonha.
_ Que isso, Luan te leva depois. Magina.
_ Tudo bem, eu fico. -abriu um sorriso e voltou a se sentar enquanto eu subia.
_ Luan?
_ Oi vida.
_ Helena está de banho tomado?
_ E dormindo, não quis jantar não.
_ E a lição de casa?
_ Não fez também não. -deu de ombros e entrou comigo no quarto.- Vai tomar banho?
_ Sim. Já tomou?
_ Infelizmente já. -riu dando um beijo no meu pescoço e se afastando.- Mas te espero aqui. 
_ Pra gente descer e jantar, subir e dormir.
_ Um homem na minha idade tem que aproveitar os dias de folga, descansar eu descanso no hotel.
_ Safado, isso que você é. Um sem vergonha tarado, Luan. Mas eu te amo viu? -lhe dei um selinho demorado, empurrando-o na cama e aprofundando mais o beijo. Sentindo suas mãos na minha bunda.
_ Ô mãe, eu... meu Deus do céu. Desculpa. -Malu bateu a porta e eu não aguentei, deitei no colchão ao lado do Luan rindo muito.
_ Seus filhos poderiam aprender bater na porta, não é?
_ Do jeito que estávamos, não íamos ouvir não muié.
_ Tem razão, fui. -levantei e corri para o banheiro descalça. Me despi e tomei aquele banho gostoso e sem nenhuma pressa. Sai me sentindo mais leve, fresquinha e limpa. Coloquei um pijama mais decente e desci para jantar com os meninos. Luan tinha colocado toda a mesa e estavam apenas me esperando.
Jantamos, ele foi com Arthur levar a Julia em cada e eu depois de retirar a mesa subi para o quarto e fiquei no celular até dormir.









5/5

Capítulo 273

(...) Alguns meses mais tarde (...)

Narrado por Melissa

   Leo e eu havíamos conversado no início do ano, pouco antes das aulas voltarem, sobre o nosso casamento e decidimos que iríamos ver as coisas, começando do zero mesmo. E a cada vez que falávamos do casamento uma ideia nova surgia, uma vontade nova aparecia.
  Sim, iríamos nos casar no ano de 2040. A data mesmo não tínhamos definido, mas provavelmente seria no inverno. Quanto aos convidados ainda estava cedo fazer a lista, mas tínhamos rascunhado pra ter uma ideia de quantas pessoas contando com os meus amigos e os deles. Definimos quem seriam nossos padrinhos, em qual igreja seria e agora estávamos mesmo procurando onde iríamos morar e por fim escolhemos uma casa.
  Não seria uma casa próxima a casa dos meus pais nem dos meus sogros, também não seria no mesmo condomínio. Ficava a pouco mais que meia hora, um pouco mais pra frente do condomínio dos meus avós. Uma casa grande, mas não uma mansão. Tínhamos três quartos e uma suite, sala de estar, sala de jantar, cozinha, lavanderia, churrasqueira e um quintal razoável. Eu amei nossa casa e assim que decidimos fechar negócio procurei por uma design de interiores. E também queria ver os móveis planejados, foi a semana em que o Leo mais ficou maluco.


_ Contei pra minha mãe que não seríamos vizinhos e ela fez um bico enorme, disse que já não basta meu irmão e a Jessica.
_ Não que as casas do nosso condomínio sejam ruins, é que elas são exageradamente grandes, e seremos só nós dois.
_ Enquanto o atacante aqui não marca um golaço.
_ Não marca outro golaço você quis dizer não é? -sorri de canto e ele me abraçou forte.- Nosso neném já estaria grandinho agora hein... com quase cinco anos.
_ Penso nisso direto, direto. 
_ Eu as vezes penso, seria tão gostoso e ao mesmo tempo tão novo pra nós.
_ Como nosso relacionamento pô.
_ É, como nós dois. Mas teremos tempo não é? -falei deitando a cabeça no peito dele e fechando os olhos, deixando ele entrelaçar sua mão na minha.- Vamos levantar?
_ Quer carona?
_ Vou fazer home office hoje, preciso terminar meu seminário. Quer me ajudar?
_ Depois de um banho e um café da manhã quem sabe. -beijou meu ombro.
_ Interesseiro, isso que você é. -falei rindo e me levantando.- Vai tomar banho mesmo?
_ Eu vou, tô suado, grudando.
_ Eu também, mas espero você ir.
_ Não quer me acompanhar?
_ Não, preciso estudar loirão. Levanta vai. -o beijei e ele se levantou e foi para o banheiro. Ajeitei meu quarto, vesti o roupão e fui separar minhas coisas.


(...)

_ Terminamos. -falei deitando no colchão.- Quer escutar minha apresentação? -ele não se negou a me ouvir e estava me ajudando ao fazer algumas correções mesmo que não entendesse a fundo sobre o assunto. Sei que saímos do meu quarto mesmo já havíamos passado das 14 horas.
_ Já estava indo lá ver se queriam um lanchinho pra vocês dois.
_ Estômago roncou né, rapidinho viemos. Qual o prato de hoje?
_ Filé de peixe, arroz branco e salada. Tem um suquinho de laranja fresquinho.
_ Maria, quer casar comigo? -e ajoelhou-se na frente dela.
_ Já sou casada viu? Muito bem casada.
_ Isso Maria, não dá boi não que ele é um abusado.
_ E eu não sei? Hm.. eu tô bem de olho nele.
_ Saíram do quarto belíssimos? -Malu perguntou entrando na cozinha.- Almoçamos só eu e a Maria. Arthur decidiu fazer programas de casais no período da tarde, durante a semana também.
_ Tá com saudade?
_ Ele disse que ia chegar cedo e iria me levar pra tomar açaí.
_ Vai com o Henrique.
_ Henrique já está na faculdade, desde cedo.
_ Fazendo?
_ Se reunindo com o grupo, vão finalizar um seminário.
_ Precisava ir de manhã?
_ Melhor que se reunir na casa de alguém, assim já ficam pra aula. Eu fazia muito isso. -Leo comentou.- Rende mais.
_ Deus me livre, prefiro mil vezes ficar em casa.
_ Em casa tem música alta, comida a vontade e não preciso ficar de uniforme.
_ Na faculdade você quer saber de acabar tudo logo, a fome vem depois.
_ Percebi que vai ser intenso, af.
_ Você gosta de estudar, vai pegar o ritmo rápido. -falei.- Sem contar que é uma área que você curte, fica menos complicado... -ficamos um tempo na sala conversando sobre as novidades do mundo acadêmico com a Malu e depois de tanto ela falar que queria nós fomos tomar sorvete, aproveitamos e pegamos a caçula na escola.

  Passamos na minha vó, mas foi bem rapidinho. Voltamos pra casa e deixamos as meninas, Arthur estava chegando também com a Julia e o Thor parecia ter acabado de acordar. Subi para jogar uma água no corpo e me trocar para a aula. Leo esperou em me trocar e ofereceu carona ida e volta para a faculdade, aceitei e fomos.





Narrado por Luan
  No final de semana seguinte finalizei minha participação em um show beneficente em São Paulo e como não teve camarim, fui encontrar a Melissa que não parava um minuto de me ligar e mandar mensagens perguntando onde eu estava, se já estava chegando. Corri. Cheguei na loja e ela já estava lá dentro de braços cruzados e balançando a perna.


_ Pai, o senhor demorou uma eternidade. 
_ É sábado, tem congestionamento que não acaba mais. Estamos do outro lado da cidade minha filha. -falei.
_ Eu sei, mas estou ansiosa. Tô nervosa e tá me dando dor de barriga.
_ Calma, papai tá aqui. -falei lhe dando um abraço.- Bora lá?
_ Tô esperando minha mãe sair do banheiro.
_ Quem mais veio?
_ Minha sogra, a mãe e a minha vó.
_ Qual vó?
_ A senhora sua mãe. Estão lá dentro, vamos?
_ Vamos rapaz, bora.


  Melissa entrelaçou seu braço no meu e fomos loja a dentro. Entramos em uma sala grande e com um sofá aconchegante e que deveria acomodar no mínimo oito pessoas sem apertar ninguém. Cumprimentei a Stephanie, minha mãe e esperei Fernanda voltar do banheiro.

_ Graças à Deus, se a Melissa me perguntasse mais uma vez onde você estava ou por que você não atendia nem respondia eu iria surtar.
_ Calma vida, ela só está nervosa.
_ E você também, sua mão tá suando Luan. -falou passando a mão no meu cabelo.- É só a prova do vestido.
_ Pra mim parece bem mais que isso, quem tá ficando com dor de barriga sou eu.
_ Homens. -revirou os olhos, rindo.
_ Pai, nisso que eu penso. Ela casando, saindo de casa de vez e construindo parte da vida longe de mim. -falei rápido e preocupado, Fernanda deu risada e me calou com um beijo.
_ Amor isso vai ser bom pra ela, pra nós... também estou ansiosa, feliz e curiosa pra saber como a Mê irá se sair. -sorriu se mostrando um tanto despreocupada, mas sei que era pra me passar confiança.- E aqui tem uns lindos! Eu mesma já vesti uns três.
_ Quer casar de novo?
_ Renovar os votos, o que você acha?
_ Acho que você gosta muito de festas. -apertei seu nariz.- Mas não me oponho.


  Fernanda nunca negou que festa era seu sobrenome e com essa história de casamento da Melissa não estava sendo diferente, as duas viviam falando disso e daquilo, decoração assim ou assado. E eu cada dia mais reflexivo. Meus filhos estão grandes, tornando-se adultos. 
  Quando Melissa colocou o primeiro vestido eu me vi em anos atrás quando minha irmã estava para subir no altar, era jovem, porém decidida daquilo que queria. E pensando bem Melissa se parecia muito com a tia nisso, idênticas.
 Não sei dizer exatamente quantos vestidos ela provou, sei que foi um dos últimos que mais se destacou e eu particularmente achei perfeito para ela.



_ Pai?
_ Hm... -cocei os olhos e olhei pra cima não deixando transparecer que estava emocionado.
_ Ele é lindo, não é?
_ Sim, você está linda Melissa. -beijei sua testa com carinho, demoradamente e senti seu abraço aconchegante e sincero acompanhado de algumas lágrimas.
_ Você é o meu super pai, obrigada por ter vindo. -me apertou um pouco mais.- Eu te amo tanto.
_ Também te amo minha linda, amo demais. -nos afastamos e ela limpou o rosto, sorriu e voltou a se olhar no espelho.
_ É esse! Não quero nenhum outro.
_ Tem certeza Mê?
_ Eu tenho vó, já me vejo no altar com ele. -deu mais uma volta, idealizando seu grande dia e sem sequer tirar o sorriso do rosto.
_ Se é o que você quer, eu apoio. Também achei lindo, realçou seus olhos e valorizou bem a escultura do seu corpo, seus traços faciais.
_ Fiquei muito gata, não é pai?
_ É ficou, ficou. -cruzei os braços e ela riu.
_ Agora se me derem licença... preciso fazer alguns ajustes na peça. -tirei o celular do bolso e voltei a me sentar. Respondi algumas mensagens, dei uma olhadinha no Instagram e aproveitei para colocar uma foto no stories com as mulheres presentes.


  Melissa ficou no provador com a costureira da loja por quase uma hora, mas quando saiu estava ainda mais sorridente do que quando tinha entrado. Mas não falou mais nada sobre o vestido, agora seu assunto era os testes de cabelo e maquiagem e modelo de vestido para as madrinhas.

_ Maria Luísa não veio por que hein?
_ Porque ela não está em casa pai, por isso.
_ Só sabe ficar enfiada na casa do namorado, minha nossa senhora!
_ Ela está com as meninas pai, a Carol e a Lê. Henrique desceu pra praia com o Arthur e mais uns meninos, minha mãe liberou a chave da casa.
_ Só foi homem?
_ As meninas também foram pai, disseram que voltam na segunda-feira a noite.
_ Bando de desocupado.
_ Eles são estudam de noite, até me chamaram pra ir... mas eu tinha compromissos.
_ Sua irmã não quis ir?
_ Não. Ninguém ia subir no domingo, ela teria que faltar e está em semana de provas.
_ E a senhorita?
_ Vou bem obrigada. -deu risada.
_ Melissa, Melissa. Tô de olho viu?
_ Eu sei pai, mas estou estudando bonitinha, tudo nos conformes. As férias já estão aí também.
_ Vai viajar?
_ Por enquanto nada programado. Leonardo estará trabalhando, ou seja, só poderemos fazer algo juntos nos sábados e domingos.
_ E só tem ele aqui é?
_ Não pai, podemos viajar sim, inclusive pai o senhor vão passar as nossas férias onde? Já fechou a agenda?
_ Não toda, só algumas semanas. Por quê?
_ Queria ir pro Pantanal. A energia daquele lugar é indescritível, mesmo eu não entendendo nada sobre pesca.
_ Podemos ver né, sempre tem uma folguinha... -continuamos a conversar enquanto íamos deixar minha mãe em casa, a sogra da Melissa e fomos para a nossa. Estacionei o carro, entramos em casa e escutei Maria Luísa no telefone, nem nos viu chegar.
_ Tá bom, curte aí sua praia. Tchau! Beijos. -e desligou.
_ Não desgrudam hein.
_ Pai! -veio ao meu encontro dando um abraço forte de urso, se pendurando no meu pescoço.- Pensei que não fossem mais vir embora. Passaram a tarde toda lá praticamente.
_ Sua irmã com a história de casar.
_ História não, eu vou me casar pai. E meu casamento vai ser lindo! -beijou meu rosto.
_ Escolheu o vestido pelo menos?
_ Escolhi, agora tem todo o restante. Não sei se vou querer o cabelo muito solto... também não sei se volto pro loiro e sei lá, deixo crescer. Aí, é muita coisa pra uma noiva só.
_ Sim, já sabe quem serão as damas de honra?
_ As meninas ué, a Sofia, a Tais, a Ceci e a Helena.
_ Bernardo vai entrar com a Marina para levar as alianças.
_ Minha nossa senhora, cêis só falam disso agora.
_ Aguenta pai, mas vai ser uma vez só também. -Malu falou rindo.- Se bem que ainda tem meu irmão.
_ Arthur tá muito bem estudando, aproveitando mais com os amigos. -Fernanda disse rápida e confiante.
_ Aproveitando antes de casar também mãe, é assim a vida.
_ É assim coisa nenhuma, tem que se estruturar primeiro.
_ Estava falando disso com o Rique.
_ De casar? Ô minha nossa senhora, minha princesa...
_ Calma pai, me expressei mal. Estava me referindo a estudar, casar e ter filhos. Ninguém diz que vai se formar e conhecer países, morar uma temporada fora e sei lá sair do padrão... a linha de pensamento é a mesma.
_ Nisso que você pensa?
_ Sim. Quero conhecer lugares, curtir meu casamento, exercer a profissão que eu escolhi e isso não quer dizer que eu não vá me dedicar à família.
_ Não engravide cedo, quando você tem um filho exatamente tudo muda. Muitos dos seus planos tendem a se adaptar à sua vida como mãe.


  As três ficaram envolvidas no assunto e eu saí de fininho. Subi para o quarto e tomei um banho ligeiro, lavei os cabelos e sai. Coloquei uma samba-canção, regata e deitei na cama, estava cansado e não demorei a dormir.




Narrado por Maria Luísa
   Não fiquei muito tempo com a minha mãe e a Mê conversando sobre o casamento, meu pai subiu e eu uns quinze minutos depois fiz o mesmo. Entrei no quarto e tomei um banho um tanto demorado, aproveitei que não iria fazer nada e lavei os cabelos, passei uma máscara e só depois de escovar os dentes e me enxaguar saí.
  Com o quarto totalmente em silêncio não foi difícil escutar o celular vibrar, corri pra atender.


_ Oiiiiiiiiiii! Diz que está em casa, vai...
_ Oi Carol, estou. Tudo bem?
_ Ótimo, melhorou agorinha. -deu risada.- Vai sair com o boy hoje?
_ Não, ele está viajando. Por quê?
_ Vamos em uma festa comigo?
_ Festa? Onde? De quem?
_ Estou conhecendo um menino, é aniversário do irmão dele e ele me convidou e até falou que eu poderia levar uma amiga pra não me sentir sozinha e tal. Pensei em você, se anima?
_ Não estou muito animada não, mas também não vou fazer nada em casa.
_ Então deixa de ser chata e vamos.
_ Tenho que falar com os meus pais primeiro, se eles deixarem, eu vou. -respondi tranquila, indo procurar um conjunto de calcinha e sutiã pra vestir.- Vai ser a noite toda, óbvio né. Mas onde vai ser?
_ Na casa dele, fica perto da nossa escola. Umas ruas pra trás.
_ Tá, posso te ligar daqui a pouco?
_ Vai logo então. -e desligou. Coloquei a calcinha, o sutiã, enrolei a toalha no corpo e fui procurar minha mãe.
_ Mãe? -bati na porta do quarto e fui entrando.- Tá deitada?
_ Quase. -olhei e ela tinha acabado de sentar na cama.- O que foi?
_ Posso sair com a Carol? 
_ Agora? Pra onde?
_ O lugar exatamente eu não sei o endereço, mas é um aniversário. Aniversário do "cunhado" dela. Perto da escola.
_ E vai a madrugada toda?
_ É. 
_ Vai ir e voltar de Uber?
_ Na verdade eu ia ligar pra senhora ir me buscar, se não fosse ter problema.
_ Mas liga uma horinha antes hein. Quer que eu leve vocês?
_ Por favor?
_ Quando estiver pronta me avisa.

  Assenti e sai do quarto já pensando na roupa que iria vestir. Não estava frio, mas não estava muito calor. Peguei um vestido curto, porém de mangas compridas, tênis e algumas pulseiras. Passei o secador nos cabelos e os penteei para trás fazendo um rabo de cavalo no alto. Fiz uma maquiagem bem básica e estava pronta após borrifar um pouco do perfume.

_ Mãe, tô pronta.
_ Não vai levar blusa?
_ Acha que precisa?
_ Madrugada costuma cair a temperatura, né?
_ Tá, vou buscar. -voltei no quarto e peguei uma camisa jeans, meu celular e coloquei a cópia do documento atrás.- Agora não falta nada. Bora?


  Minha mãe foi dirigindo tranquila, cantando e quando estacionou o carro no endereço indicado pela Carol deu um pequeno sermão. Disse que confiava em mim e por isso estava me deixando sair sozinha, sem os meus irmãos e passar a madrugada fora de casa e mais todas as recomendações que as mães passam antes de deixar realmente a filha sair.
  Desci do carro e esperei lá na frente por quase vinte minutos, quando a dona Caroline resolveu aparecer e já me abraçou pra eu não xingar.


_ Pensei que você não vinha. 
_ Vim e você demorou uma vida pra chegar. Quem é esse hein?
_ O nome dele é Lucas, ele tem 17. O irmão dele está fazendo 21 e aqui estamos nós amiga. Vem, vamos entrando.


  Era uma festa adulta. Ou seja, muitas bebidas dessas que eu sequer reconheceria nem mesmo pelo cheiro. O salão estava razoavelmente cheio, muitos "jovens" e o Lucas estava lá com um grupo de amigos, fomos apresentados um ao outro pela Carol e em seguida ele apresentou os amigos que estavam lá. Estava a vontade, comendo e aproveitando a festa aos poucos. 
  Dancei, conversei, tirei fotos e experimentei um drink de açaí. Chegou a hora do parabéns e depois voltou a música e agitação pelo salão e eu já estava ficando com sono.


_ Indo pra casa amiga?
_ Eu vou sim, tô ligando pra minha mãe vir me buscar. Está um pouco tarde também.
_ Tarde não está não senhora, mas vai pra casa e descansa. -sorriu.- Obrigada por ter vindo, o Lucas gostou muito de você. Falou que minha amiga é muito legal.
_ Sou mesmo, muitíssimo legal com quem eu também gosto. -falei piscando enquanto esperava minha mãe atender.- Alô, mãe?
_ 03h47 da manhã. Onde você tá?
_ Minha mãe está dormindo pai? Ela ficou de me buscar na festa.
_ Festa? Que festa é essa que eu não fiquei sabendo Maria Luísa? -perguntou todo sério.
_ Do cunhado da Carol pai. Ela me chamou de última hora, o senhor já estava dormindo e minha mãe me deixou ir... me trouxe e disse que quando eu quisesse ir embora era só ligar.
_ Sua mãe tá dormindo e não vai acorda tão cedo. Manda a localização, tô levantando pra ir aí.
_ Tá bom, vem com Deus pai. -e desliguei.- Meu pai vem vindo. -comentei guardando o celular.
_ Ele tá bravo?
_ Mais ou menos. Disse que não estava sabendo de nada. -respirei fundo, voltei a pegar o celular e olhei a hora antes de guarda-lo outra vez.- E a senhora, quando vai aparecer lá em casa?
_ Quando você não estiver com o boy, não quero ser empata foda de ninguém.
_ Amiga você nunca atrapalha e nós fazemos outras coisas além de sexo viu? Andamos de bike, cozinhamos, assistimos filme, jogamos jogos de tabuleiro e videogame. Além de que dormimos muito.
_ Grude hein, meu Deus!
_ Ele ainda me ajuda a estudar.
_ Não saem pra baladas? Barzinhos?
_ Ele vai com amigos dele, eu não entro.
_ E você confia?
_ Sim, confio. Ele nunca me deu motivos para duvidar. -dei de ombros despreocupada.- E o Lucas hein? Sai namoro?
_ Eu até queria, mas disse ele que saiu de namoro há pouco tempo e blá blá blá... ele não quer namorar. A gente fica.
_ E como você tem lidado com isso?
_ Por enquanto estou levando, gosto dele, mas sei manter distância. Tá funcionando.
_ Tô na torcida! -falei cruzando os dedos, ele deu risada. Nos falamos por mais uns minutos e não demorou para o meu pai buzinar e baixar o vidro do carro, me despedi e entrei.
_ Festa de última hora né?
_ Sim paizinho, não tô te enrolando. Não faz essa cara de bravo. -cruzei os braços.- A minha mãe deixou.
_ Ela sempre deixa. Sempre.
_ Porque ela sabe que não tem problema, problema nenhum.
_ Okay dona Maria Luísa, não falo mais nada. -bocejou.


   Meu pai e esse jeito ciumento, um tanto preocupado e que eu tanto amava. Dei risada sozinha enquanto íamos para casa, chegamos e minha mãe estava de roupão na sala tomando água e com o olhar desconfiado. Falei "boa noite" e subi para o meu quarto, tirei os sapatos, troquei de roupa, me deitei e não demorou para que eu pegasse no sono.

(...)

_ Não vai acordar mesmo não? -escutei uma vez de fundo, mas continuei encolhida na cama e mantendo os olhos fechados.- Dirigi duas horas e quarenta minutos pra te buscar.
_ Bom dia. -sorri e virei de frente o abraçando. 
_ Não consegue abrir o olho não?
_ Tô com sono. -fiz um bico e senti sua boca na minha, dando aquele beijão.- Tá fazendo o que aqui?
_ Vim te buscar, falei com o seu pai já. Nem vou beber hoje, só pra te trazer de boa mais tarde.
_ Tá bom, okay. Consigo tomar um banho?
_ Consegue, posso ir separando sua roupa?
_ Não, fica longe da minha gaveta de calcinhas.
_ Só queria ajudar. Mais nada.
_ Sei.


     Eu ainda estava com sono, mas só de olhar pela janela sabia que estava calor e muito claro do lado de fora. Levantei da cama e tomei um banho rápido, continuei com os cabelos presos e depois de escovar os dentes sai. Henrique estava dormindo na minha cama, com o braço cobrindo os olhos e boca aberta. Troquei de roupa, coloquei um biquíni e por cima shorts e regata, separei uma troca para voltar e coisas de higiene como protetor, cremes e essas coisinhas. Peguei os documentos, carregador do celular e estava pronta.
   Acordei o preguicinha e nós descemos, tomamos café e fomos para o carro que a viagem seria longa. Só passamos no posto para abastecer e comprar umas guloseimas na loja de conveniência, depois disso seguimos viagem e chegamos lá por volta de 11h30.

_ Bom dia, bom dia. -falei abrindo a porta e passando pela sala.
_ Uau. Só chega mulher bonita nessa casa. -escutei alguém falar, mas ignorei.- Solteira?
_ Não, minha namorada. -Henrique respondeu e foi pra cozinha, fui deixar minha bolsa no quarto e desci para cumprimentar o restante do pessoal.
_ Oi gente, cheguei!
_ Ainda bem, estamos em minoria aqui.
_ Tô percebendo, um homem a cada dois metros quadrados.
_ Mas o seu tá bem aqui. -abraçou minha cintura e beijou minha nuca me causando arrepios.- Bem de olho.
_ Sabemos, agora pode desgrudando vai. 
_ Ter irmão ciumento, okay. Agora ciumento e melhor amigo do seu namorado é difícil (risos).
_ Engraçadinha. Como você tá?
_ Ótima. Já tomaram café? Quero ir pra praia.
_ Ainda vamos tomar café, quer dizer, eu né. Tô com fome cunhada.
_ Misericórdia Julia, ainda não comeram?
_ Ninguém acordou cedo aqui, só o Rique.
_ Meu orgulho esse homem. -falei apertando sua bochechas e rindo.- Vão demorar?
_ Pessoal foi buscar o pão e os frios.
_ Vou tomar um banho então. -Henrique falou beijando meu rosto e saindo da cozinha. Ajudei a terminar de colocarem a mesa, lavei a louça e subi pra ver se ele iria demorar no banho.
_ Você não ia tomar banho? -perguntei vendo-o deitado na cama, no celular.
_ Pensei que você fosse entender o recado, queria era namorar. Vem cá. -encostei a porta e caminhei devagar até a cama, subi de joelhos e sentei em seu colo. Tirei a blusa e cobri os olhos dele, me aproximando e beijando sua boca devagar, saboreando seu beijo. Levando as mãos até seu pescoço dando mais firmeza, o empurrando mais contra a cabeceira.- Fechou a porta?
_ Não tranquei. 
_ Se seu irmão pega a gente aqui nem sei o que ele faz.
_ Vai ficar de mal humor o resto do domingo. Quer que eu feche?
_ Não, eu fecho, espera aí. -ele levantou segurando a toalha, trancou a porta e veio sem pressa até mim. O ajudei tirar meu shorts e depois de estar deitada na cama recebi seu toque precisamente por todo o corpo, e quando estava mais sensível e entregue eu o senti fundo e rápido, não consegui segurar o gemido e nem ele.- Tem muita gente aqui, não podemos abusar. -riu.
_ Eu sei, mas não consegui segurar. -falei rindo também, ele beijou testa e em seguida minha boca, voltando a se movimentar. Henrique se mostrava melhor a cada transa e eu me sentia ainda mais a vontade e sem vergonha com ele. Nos viramos e fiquei por cima, abracei seu pescoço e beijei sua boca sem deixar que ele saísse de mim. Suas mãos alisavam minhas costas, desciam um pouco mais apertando minha bunda, voltando uma das mãos até a nuca e puxando meus cabelos, levando minha cabeça para trás e beijando todo o meu pescoço.
_ Você me deixa louco. -sorriu entre o beijo.
_ Para de falar essas coisas safadas. -ri.
_ Tá bom, só vou fazer coisas safadas. -segurou minha cintura e bombou mais rápido por um tempo me tirando de seu colo quando chegou ao seu limite.- Nossa! -respirou fundo de olhos fechados e um sorriso largo no rosto, o abracei deitando a cabeça em seu peito.- Quer tomar um banho?
_ Só não posso molhar os cabelos, mas tô cansada. -falei.
_ Eles enrolam pra cacete pra tomar café, vamos ficar aqui. -e ficamos conversando, namorando.- Pega meu celular aí, deixa eu te mostrar uma coisa.
_ Foto?
_ Vídeo. -deu risada e foi desbloqueando o aparelho, entrou na galeria e quando olhei era um vídeo meu na festa de ontem.- Pra mim ninguém dança assim. -falou beijando meu ombro.
_ Quem foi o fofoqueiro?
_ Não vou falar não, não importa. -deu de ombros.
_ Ficou chateado?
_ Não. Festa é pra isso, dançar, comer e beber.
_ Na sua nós beijamos na boca.
_ Fizemos outras coisas também (risos). Melhor aniversário da minha vida.
_ Pra nós. -selei seus lábios e fechei os olhos me esticando na cama, bem preguiçosa. Sentei no colchão e levantei pra ir ao banheiro, fiz xixi e já fui ligando o chuveiro para tomar uma ducha. Prendi os cabelos e entrei debaixo d'água.
_ Nem me esperou. -disse entrando quando eu já estava terminando de me enxaguar.
_ Já até terminei, fica a vontade. -sai do box e deixei que ele entrasse. Voltei para o quarto e depois de me secar vesti novamente o biquíni e peguei meu celular.
_ Chegou que horas Maria Luísa? Não avisa não é? -meu pai mandou um áudio no grupo. 
_ Desculpa paizinho lindo, cheguei tem um tempinho. A viagem foi tranquila, aqui está muito sol e seu filho ainda estava tomando café.
_ Que não se repita mocinha, bom domingo filha.
_ Obrigada pai, te amo.

  Deitei na cama ainda bagunçada e fiquei de olhos fechados esperando o bonito que só tinha que jogar uma água no corpo. Henrique saiu já de sunga, colocou uma bermuda clara e disse estar pronto.     Descemos e eles ainda comiam.

_ Ainda tão tomando café?
_ Não vai comer não? -neguei.- Sem fome?
_ Comi antes de vir pra cá, em casa. Queremos ir pra praia, vocês enrolam muito. -falei puxando a cadeira e sentando, Henrique sentou no meu colo.
_ Todo mundo meio lento, dormimos tarde ontem. Ou melhor, dormimos hoje pela manhã.
_ Fazendo?
_ Resenha. Viagem é isso, praia e curtição.
_ Vocês não tem limites, eu ia dormir. Certeza. -falei rindo.
_ Não ia nada Malu, íamos dançar a noite toda, eu quem escolhi a playlist. -Larissa falou animada.
_ Temos hoje ainda.
_ Vai embora com a gente?
_ Não, vou subir hoje. Tenho aula amanhã de manhã.
_ As vezes eu esqueço que você só é grande. -sorriu.
_ Só um detalhe, né amor?
_ É. -disse me beijando rapidamente. Ficamos na cozinha conversando e eu perguntando quem eram os rostos "novos" que por ali circulavam e o Henrique ia me dizendo quem veio com quem, quem era namorado ou ficante de quem e quem eram os solteiros. Levantamos e fomos para a área da piscina, mas não estávamos sozinhos, tinham três meninas sentadas à mesa.
_ Bom dia, tudo bem Malu? E aí Henrique? -era a Débora, amiga dos meninos.- Vem cá.
_ Tudo bem Dé? Oi meninas. -cumprimentei as outras duas mesmo sem saber quem era, mas uma delas me olhou feio e não disse nada.
_ Ela que é a namorada do Henrique, Gabi. E irmã do Art.
_ Ah sim, prazer. -dei um sorriso fechado e em seguida arrumei desculpa para sairmos dali.
_ Quem é aquela?
_ Não sei, quer dizer, conheço tanto quanto você. Amiga da Débora e é a primeira vez que vem.
_ Porque ela me olhou com aquela cara?
_ Porque no dia que descemos ela quase me roubou um beijo.
_ E você fala isso na maior calma? Assim com a maior naturalidade? -cruzei os braços e fechei a cara, saindo de perto.
_ Falei que ela quase me roubou um beijo, não beijei ela. Não me olha com essa cara.
_ Olho com a cara que eu quiser.
_ Malu, vamos? -Larissa apareceu na porta me chamando.- Julia só subiu pra colocar o biquíni.
_ Tô indo já. -falei e ia dando as costas, Henrique me puxou pela cintura e me grudou nele.
_ Já falei que não rolou nada. Falei que eu namorava, namorava a irmã do dono da casa.
_ Não ficou com ela por que meu irmão estava aqui?
_ Porque eu não quis, eu namoro. Para com isso vai... -beijou meu rosto.- Desfaz esse bico, descruza esses braços...
_ Estou de olho nela e em você também.
_ Acha que eu pretendo ficar com ela? Nem dormi pra ir te buscar em São Paulo pra passar o dia comigo, tô nem aí pra ela.
_ Fica a coisa mais linda bravo gente. -mordi sua bochecha e ele perdeu a pose de sério, dando risada.- Só fiquei com ciúmes, eu não estava aqui.
_ E eu contaria mesmo que estivesse. Relaxa, vamos aproveitar nosso domingo.

   E aproveitamos.
  O sol estava maravilhoso e nós curtimos do primeiro instante até o último. Ficamos na praia a tarde inteira e batemos papo, mergulhamos e até jogamos bola por alguns minutos. Mas não sou muito atleta e parei logo, fiquei um tempão com as meninas cantando e dançando axé entre muitas risadas.    Meu irmão entrou na dança, Matheus e até meu namorado e a oferecida que o tempo todo quis me provocar e meu irmão deu um chega pra lá nela. Adorei, confesso.
  No final do dia Henrique e eu voltamos pra casa e decidimos tomar banho juntos, namoramos um pouco aproveitando a casa só pra gente e depois fomos nos vestir e levar as coisas para o carro. Foi o tempo do meu irmão voltar com a Julia, nos despedimos deles e pudemos seguir viagem.

_ E seu domingo, aproveitou?
_ Muito, e você? -perguntei sabendo a resposta.- Se divertiu?
_ Mais que os outros dois dias, sentia sua falta aqui.
_ Bem feito, deveria ter me trazido antes.
_ Fiquei arrependido, fui te buscar até. Falei com o meu sogro e ele ainda deixou.
_ E se ele não tivesse deixado hein?
_ Ia ficar por lá mesmo, nós dois dentro de casa assistindo filme, brincando com a sua irmã. Falando com o seu pai de futebol e com a sua mãe sobre o casamento da sua irmã. Tinha várias opções, muitas.
_ Foi preparado para o sim e para o não?
_ Sempre.
_ Meu pai não te deu sermão?
_ Cê tá tirando minha filha de casa, muito cuidado. -imitou meu pai igualzinho, foi engraçado.- Se inventar de beber vai ser uma vez pra nunca mais.
_ Brinca não que ele cumpre. -falei me lembrando dos castigos da minha irmã.- Tudo bem que hoje em dia ele está bem mais tranquilo, não fui a primeira.
_ Tivemos foi sorte. -riu.- Seu pai é daora.
_ Ele é incrível! 
_ Meu sogro né? 
_ É, seu sogro. -o beijei e voltei a me ajeitar no banco e pegar o celular.
_ Não vai me dar atenção?
_ Tá carente Henrique?
_ Tô com sono, já pensou se eu durmo no volante?
_ Nem brinca... -fomos conversando o caminho inteiro, tivemos assunto de sobra. Chegamos em São Paulo era pouco mais que dez da noite, ele me deixou em casa e foi embora para a casa dele.- Oi pai, boa noite. Cadê minha mãe?
_ Oi, boa noite. Com a sua irmã no quarto.
_ Dormindo?
_ Tentando. Sua irmã não quer saber de dormir. Como foi a viagem?
_ Ótima, gostei muito.
_ E seu irmão está cuidando da casa?
_ Claro né pai, está comportado, todo homem da casa ele. 
_ E você se comportou?
_ Pai, isso é um tanto invasivo. Eu namorei ué, estava com saudades do meu namorado. -falei apertando os lábios, ele respirou fundo, deu risada balançando a cabeça e me fez uma pergunta deixando meu rosto queimando de vergonha.
_ Corro o risco de ser avô?
_ Juro que não pai, prometo pro senhor. Beijos, boa noite. -beijei seu rosto e subi.







4/5

Próximo capítulo será publicado às 12h.

sábado, 26 de outubro de 2019

Capitulo 272

Narrado por Fernanda
        Não demoramos a chegar na casa dos meus sogros depois que saímos do posto. Luan estacionou e eu nem desci, ele abriu a porta traseira para o Thor descer pegou a bolsa do meu neném e entrou. Fiquei esperando uns cinco minutos no carro até meu outro pequeno aparecer.


_ Oi tia Fê, tudo bem? -perguntou assim que entrou no carro e foi se acomodando no banco.
_ Oi Lucas, vou bem e você amor? Aproveitando as férias?
_ Sim, jogo todos os dias e durmo tarde depois de assistir filme com o meu vô.
_ Não vai viajar mais?
_ Minha mãe queria ir pra cidade da bisa, mas a Lau não vai ela falou e meu pai também não estava querendo tia.
_ E ela foi sozinha?
_ Não, foi visitar as amigas dela na outra cidade, onde ela morava antes. -contou despreocupado, dando de ombros.
_ Ah tá, entendi amor. Você vai ficar com o vovô e vovó até eles voltarem é?
_ Aham, até minha mãe voltar e não sei que dia é.
_ Você pode ir passar uns dias lá em casa se quiser, seu tio está de férias. Podemos ir visitar o Bê, o Guilherme... o que você acha?
_ Só se minha vó deixar.
_ Combinado, vamos pedir a ela depois. Toca aqui. -estendi a mão e ele fez o mesmo. Olhei para a janela e Luan saia na frente com a mãe, meu sogro vinha logo atrás, eles entraram no carro, nos cumprimentamos e seguimos viagem.
_ Nunca tinha vindo aqui não. -Mari falou assim que descemos do carro.
_ Viemos aqui uma vez que fomos assistir o show do Fernando e Sorocaba, sogra. Terminou o show, Luan e Rober estava com fome. Aí já viu né? 
_ Só nós dois, você não estava não né?
_ Só um pouco de fome, bem pouco.
_ Sabemos bem que sim. 
_ Ô tia, vou poder tomar naquela caneca grande?
_ Refrigerante sim. -pisquei pra ele e fomos nos direcionando a entrada, pedimos mesa para cinco pessoas e não demorou para encontrarem uma. Nos acomodamos e combinamos que iríamos pedir rodízio mesmo.
_ Vocês não sossegam, não é? Chegaram hoje e já saíram?
_ A casa estava cheia, muito jovem junto. -Luan respondeu.- E tamém estava com saudades, né paizão.
_ Eu também meu filho, nossa senhora, difícil ficar mais de três dias sem você ligar. -dizia minha sogra.- Isso quando você não aparecia lá em casa.
_ Ô xumba fala isso não rapaz, tô véio, mas ainda fico emocionado.
_ Se você está velho imagina nós dois. -Amarildo dizia rindo.
_ Enxutos. Nota mil. Nem parecem ter mais de sessenta.
_ Não mesmo sogra, tá nova ainda. Luan é um exagerado. -falei pegando o cardápio de bebidas. O garçom veio até nossa mesa anotar os pedidos, confirmamos cinco rodízios e pedimos as bebidas, quatro chopps e um refrigerante na caneca de chopp.
_ Então quer dizer que foi mais uma praia pra conta?
_ Sim, foi e lá é lindo, eu recomendo. Sabe um lugar fora do comum mesmo. Pouca conexão, muito aconchegante e quente, muito calor. Fez sol todos os dias em que estivemos por lá.
_ Mas em, lá não era o calor daqui não viu. Tinha a brisa do mar pra refrescar, bom demais.
_ Gosto muito de praia sabe? Mas prefiro uma chácara, mais calmo, me sinto mais em contato com a natureza. -Marizete comentou.- Sinal de celular costuma ser zero mesmo e você é "obrigado" a ter um tempo seu, tempo de reflexão. Como no Pantanal por exemplo.
_ Agora a senhora falou minha língua mamusca, ô lugar bonito rapaz. Num barquinho, tranquilo, aquele pôr do sol. -fechou os olhos imaginando.- Dá vontade de não voltar mais pra cidade.


   Luan, Pantanal e uma infinidade de assuntos, nunca faltavam histórias. Mas não tínhamos pressa em sair dali então um assunto foi puxando outro e outros e foi fluindo nosso jantar.
   Entre um chopp e outro, muita carne e risadas terminamos nossa noite ali. Luan fez questão de pagar a conta, mesmo a ideia do passeio sendo minha, e voltamos para o carro.


_ Consegue dirigir?
_ Bebi menos que você. -falou no meu ouvido e me deu um beijo.- Vai na frente?
_ Não, deixa seu pai ir. Quero fofocar com a minha sogra.
_ Mais?
_ Cuida da sua vida Luan. -ri e fui me acomodando no banco de trás junto a Mari.
_ Pensei que estariam cansados demais para saírem praticamente minutos depois de terem acabado de chegar.
_ Luan não queria me deixar falar, mas nossa casa estava com os quartos cheios sabe?
_ Cheios? -fez igualzinho meu marido, sorri.
_ Cada um com o seu par.
_ Minha nossa senhora gente, esses meninos... ô Fernanda, eles estão se protegendo?
_ Eu falo sempre, dizem eles que sim. -dei de ombros.- Sei que ele não gostou nem um pouco e quis sair de casa.
_ Ser pai de adolescentes não é fácil não. -riu.- Amarildo e eu sabemos bem viu.
_ Eu imagino que sim mesmo... -falamos mais sobre os filhos, sobre pensarmos em fazer algo no final de semana seguinte e continuamos a conversa até Luan estacionar em frente a casa deles e nos despedirmos.
_ Pra casa?
_ Ah já estamos sob efeitos de álcool, buxin cheio... pra casa vida, vamos.
_ Não prefere dormir num hotel?
_ Não, safado. Vamos dormir na nossa cama a noite inteira, roncar bastante.
_ Nem uma cervejinha? Tá cedo vai...
_ Podemos passar num mercado então, sei lá, comprar uns petiscos e tomamos uma ou duas latinhas antes de deitar. O que acha?


   Éramos dois exagerados, tínhamos acabado de sair de um rodízio e fomos parar em um mercado 24 horas. Compramos dois pacs com 15 latinhas, salame e outros frios cortados em cubos, passamos no caixa e voltei para casa dirigindo.

_ Em casa! 
_ Tin tin. -falou abrindo a lata e dando uma golada.
_ Isso aí tá quente, seu cachaceiro. -falei saindo do carro e travando as portas.- As luzes estão acesas.
_ Tenho até medo de abrir essa porta, minha nossa senhora.
_ Já passou amor, passou viu. -falei dando aquele selinho bem dado e abrindo a porta.- Boa noite, boa noite. -falei entrando na frente.
_ Mãe?
_ Eu? -ri.- Tudo bem Malu?
_ Tu-tudo bem, e a senhora? Tão chegando agora? -perguntou toda desconfiada, tive vontade de rir.
_ Não, saímos de tarde e estamos voltando agora.
_ Ah tá... e meu pai, cadê?
_ Tô aqui, boa noite princesa. -foi até ela dando um abraço e um beijo no rosto.- E você... eu tô de olho.
_ Calma sogrão, tá tudo sob controle.
_ Espero que esteja, posso conseguir uma arma e um álibi.
_ Pai!
_ Papai está só brincando. -bagunçou os cabelos dela e foi para a cozinha.
_ Não me olha com essa cara, mãe.
_ Estão usando camisinha? -Maria Luísa foi ficando vermelha de vergonha e começou a tossir disparadamente, Henrique a ajudou se recuperar e acabou rindo junto comigo.
_ Estamos sogra, estamos. -respondeu brincando, mas um pouco vermelho também.
_ Viu minha filha, era só ter respondido.
_ Isso é coisa que se pergunte? E se meu pai escuta?
_ Seu pai e eu escutamos bem mais quando chegamos viu, isso não foi nada. -falei rindo e caminhando em direção a cozinha.- Que marido prendado esse meu, gostoso. -cheguei por trás e abracei sua cintura, dando uma mordida carinhosa em suas costas e descendo uma das mãos de seu abdômen para o cós da calça jeans, mas ele me parou.- Sem graça.
_ Pra quem queria dormir tá muito atiradinha.
_ Tô em casa meu amor, em casa e com 30 latinhas de skol no freezer. Vai cortar o salame? -perguntei mudando de assunto.
_ Peguei fatiado, só jogar o limão e um sazonzinho e tá pronto.
_ Não quer minha ajuda então?
_ Tô dando conta muié, pega uma latinha aí.
_ Pra você?
_ Uma pra cada pra ir abrindo o apetite.
_ Não estou acreditando que ainda vamos beber mais depois de tudo aquilo de chopp, só porque estamos de férias é?
_ Isso mesmo muié, férias pode beber bastante, namorar bastante...
_ Ô com certeza amor, como pode. Tudo é bastante (risos).
_ A mãe chegou? -escutei Melissa perguntou e não demorou para que ela aparecesse na cozinha sorrindo e vindo me abraçar forte.- Que bom que voltaram! -beijou meu rosto e foi abraçar o pai.- Paizinho lindo, que saudades!
_ Saudade foi tanta que não me abraçou primeiro. -fingiu estar ofendido cruzando os braços.
_ Eu te amo, sabia? -riu.- Vocês não chegaram agora né?
_ Não, tínhamos saído. -falei.
_ E nem falaram com a gente? Eu estava no quarto.
_ Sabemos. -Luan disse e ela deu risada.
_ Pai, juro que não foi isso. -riu mais ainda.- Eu estava apenas recebendo uma bela massagem.
_ Não estava parecendo não. Fica esperta viu, eu tô de olho.
_ Sempre seu Luan, sempre.
_ E cadê o malacabado?
_ No banheiro, entrou correndo. -escutamos a porta bater e em poucos segundos nosso genro estava entrando na cozinha todo sorridente, cheiroso. A primeira coisa que ele fez foi cumprimentar o sogro e vir me dar um abraço em seguida.
_ Tá mais fortinho hein. -brinquei segurando seus braços.- Queimado de sol também.
_ Praia, piscina e muita gelada. 
_ Cara de pau. Onde os dois estavam?
_ Chá de fraldas da prima do Leo.
_ No meio da semana?
_ Estou bem acostumada, nós sempre fazemos isso e desde que eu era pequena.
_ Porque seu pai tem muito mais shows nos finais de semanas.
_ Sim, entendi isso depois de um tempinho (risos). Vocês vão ficar aqui? -assentimos.- Vou jogar uma água no corpo e desço, até já.


   Melissa saiu da cozinha e o Leo se acomodou, também estava com saudades desse meu filho, ri sozinha. Luan ofereceu uma cerveja e ele não negou, abriu, "brindou" comigo e entramos em um outro assunto. 

_ E aí, vocês dois, estão enrolando?
_ Não é assim sogrão, estamos conversando. Olhamos alguns imóveis também, e ela está pensando nos padrinhos.
_ Vocês querem festa grande? -perguntei.
_ Eu quero o que ela quiser, sogra. Tenho a família pra convidar, alguns amigos, não vou convidar todos não. E só.
_ Tá certo, casamento o ideal é que tenham as pessoas que fizeram parte da vida e história de vocês. -comentei.
_ Não foram muitas, disso pode ter certeza. -deu risada.- Tirando a época em que fui pra faculdade... nosso ciclo de amizades é basicamente o mesmo. -conversamos um pouco mais sobre lista de convidados e eu até especulei sobre onde iriam morar, mas Leo foi bem superficial ao entrar no assunto. Melissa tinha terminado o banho e desceu para nos acompanhar no bate papo, não demorou e o Arthur apareceu com a cara mais lavada do mundo e se juntou a nós.

   A maior parte da madrugada ficamos ali papeando. Subi deixando eles com o Luan porque estava cansada e bem alegrinha depois de mais algumas latinhas de cerveja, não demorei a me deitar e capotar naquela cama.

(...)

_ Não resisto à você assim... -escutei sussurros bem longe, baixinhos também, mordi os lábios e permaneci de olhos fechados.- ... Nanda?
_ Já é bom dia?
_ Não, é que eu entrei aqui e te vi assim...
_ Assim como? Dormindo?
_ Nua. Sem uma única peça.
_ Estava com calor.
_ Não está mais?
_ Não. -ri.- Deita aqui amor, tô com sono.
_ Tá de brincadeira, né? Porra...
_ Não fica assim vida, eu tô cansada só. -abracei seu pescoço e o puxei para um beijo longo e com mordidas, não queria mais sair dele e fiz isso quando realmente o fôlego faltou.- Te amo.
_ Também amo você e vou cobrar viu. -beijou minha testa e se levantou indo para o banheiro. Girei na cama ficando de lado, puxei o edredom e voltei a dormir.


   Acordei no dia seguinte e Luan estava sentado na varanda com o violão dedilhando uma nota e outra. Sorri e fiquei quietinha vendo-o tocar e cantar baixinho uma música de composição antiga, melodia suave e gostosa de se ouvir. 

_ Vem cá amor. -chamou e eu despertei, sorrindo e me levantando da cama do jeito que estava. Luan sempre me deixou a vontade com o meu corpo assim como eu o deixava com o dele, tínhamos isso desde que éramos amantes um do outro.- Bom dia minha vida.
_ Bom dia amor. -selei seus lábios e o abracei.- Choveu ontem para abrir esse sol maravilhoso agora pela manhã. -falei ao contemplar o céu azul sem nuvens com um brilho radiante.
_ Esquecemos de fechar a janela, acordei com os raios atravessando o vidro.
_ Dormi feito pedra. -me espreguicei dando um bocejo enorme.- Dormiu bem?
_ Como dorme mal do seu lado? Já estou com saudades de dormir agarradinho todas as noites.
_ Eu também. -alisei seu rosto.- Vamos tomar um banho?
_ Juntos?
_ Sim, só banho. Vem...


  Ele ficou uns segundos me olhando com a carinha de preguiça, estendi os braços e o ajudei levantar do chão. Entramos no banheiro descalços, abraçados e rindo. Abri o chuveiro e veio aquele jato de água fria me fazendo dar um grito e rir em seguida, Luan regulou a temperatura da água e por fim tomamos banho, nos ensaboamos, lavamos os cabelos e depois de escovarmos os dentes saímos.
  Nos trocamos e ao descer encontramos a mesa de café pronta com tudo o que gostávamos de comer.    As meninas acordaram mais cedo e ajeitaram tudo, Arthur preguiça desceu depois que já estávamos sentados e nos servindo e juntou-se a nós.





Narrado por Maria Luísa

(...)


   Logo vieram os últimos dias de férias e com eles minha irmã voltou de viagem, curtimos um domingo todo no zoológico –lugar que não íamos desde quando a Nena era pequena–, patinamos e no último dia em casa meu pai dormiu o dia inteiro. Não quis fazer churrasco, não quis ir na minha vó, ele dormiu.

_ E você vai ficar em casa hoje?
_ Eu sim, estou de pijama inclusive.
_ ? Mas são 16h27 Malu.
_ Tá, mas eu já tomei banho, tô com a toalha enrolada na cabeça e pintando as unhas. -respondi e escutei sua risada de fundo.- E você?
_ Deitado, amanhã também começam as aulas, mas vai estar vazia a faculdade.
_ Trote. Isso que tem na primeira semana.
_ Coisa que quem não tem o que fazer.
_ Eu acho também. Mas me fala, tá empolgado?
_ Relações Internacionais é muito foda, acho a grade sensacional, então sim.
_ É relacionado à Comércio Exterior?
_ Sim e não, mas ainda não sei explicar claramente a diferença. Um dia eu te respondo essa pergunta.
_ Okay senhor Henrique. Você almoçou hoje?


   Henrique ficou no telefone comigo por um bom tempo. Continuamos a falar sobre o início das aulas por um tempo, depois mudamos um pouco de assunto e comentamos sobre o fim das férias. Sei que eram mais de sete da noite e estávamos falando de saudades, que iríamos voltar a rotina logo e não iríamos nos ver com frequência.

_ Malu vem comer! -escutei minha irmã me chamar e disse que já iria.
_ Rique?
_ Oi Malu.
_ Vou descer pra jantar, tá? Vai sair?
_ Tá bom, só me fala quem foi a cozinheira da vez. -riu.
_ Acho que minha mãe, porque a Mê não está e meu pai dormiu o dia todo.
_ Guarda pra mim hein, mais tarde eu passo aí. Posso?
_ Se eu não estiver dormindo, pode. Onde você vai?
_ Tomar banho ué.
_ Não tô falando disso, você entendeu.
_ Karaokê. Não sei nem onde fica.
_ Meu irmão vai?
_ Sim, sua cunhada também. -respondeu.- Quer ir?
_ Eu não, ninguém me convidou antes. Vou jantar e dormir.
_ Malu
_ Bom passeio, tô descendo antes que venham me buscar arrastada. -ri.
_ Boa noite lindinha, tchau.
_ Tchau.
_ Ô Maria Luísa, vem jantar filha.
_ Tô descendo gente, calma. -falei encerrando a ligação e descendo para a sala de jantar. Entrei e minha irmã estava com um bico enorme, os olhos cheios de lágrimas e meu pai querendo rir.- O que aconteceu aqui? -perguntei me sentando.
_ Mamãe brigou comigo.
_ Não briguei nada, chamei sua atenção. Não pode pegar comida com a mão, a mamãe já ensinou.
_ Mas o papai disse que eu podia comer já.
_ Não importa, tem que pedir, você é pequena.


  A chamada de atenção foi o suficiente pra Helena ficar quieta e fuçando a comida o jantar inteiro, terminou que minha mãe foi dando na boca dela quando percebeu que era sono e minha irmã estava cochilando. Meu pai e eu ficamos com a louça e já fomos adiantando as coisas, quando terminamos e fomos para a sala encontramos Arthur descendo os degraus todo cheiroso, de camisa polo, calça jeans e tênis. Cabelos penteados, relógio no pulso e celular no ouvido.

_ Tô pronto já... beleza, tchau. -e desligou.
_ Se sua namorada não fosse eu já ia ligar pra ela. Tá muito arrumado pro meu gosto. -falei.
_ Ela ligou disse que não estava muito afim de ir não, que ia ver se a Mila ia junto.
_ Primeira vez que vão?
_ Não e dá última vez quase ajudamos a lavar o espaço. Gostei de lá.
_ Coisa de universitário meu querido irmão. Sair de casa pra passar vergonha no karaokê, programão o de vocês. -ele deu risada e veio pro meu lado.- Hein... vocês vão de carro?
_ Por enquanto seu namorado é o motorista da rodada.
_ Não sei pra que, se vocês vão beber lá.
_ Ninguém vai voltar pra casa carregado não. Relaxa maninha, relaxa.
_ Não. Vou subir, bom karaokê.
_ Obrigada. Quer que eu dê um beijinho no Rique?
_ Vai a merda Arthur. -dei as costas e subi para o meu quarto.
_ Malu?
_ Hm... fala Nena.
_ O seu namorado tá lá na sala e me deu chocolate! Olha! -disse toda sorridente.- O papai disse pra te chamar.
_ Não precisa não pequena, eu já tô aqui. -falou entrando no meu quarto e sentando na minha cama.- Tudo bem?
_ Primeiro meu chocolate, depois a pergunta. -estendi a mão e ele deu risada.- Tá um gatinho assim. -sentei em seu colo e dei um selinho.- Combinaram o look? Eu faço isso com as minhas amigas.
_ Não, não combinamos. E obrigada pelo "gatinho", um feio arrumado.
_ E muito cheiroso. -segurei seu rosto e nos beijamos sem pressa, quer dizer, nós estávamos sem pressa e meu irmão abrindo a porta e acelerando.- Aí Arthur!
_ Arthur nada a gente tem horário, vai logo Henrique.
_ Tudo isso é vontade de ver a Julia?
_ Sim, e desgruda antes que eu chame meu pai (risos).
_ Besta. Tchau, até sábado.
_ Só sábado?
_ A menos que você queira me levar pra comer na sexta.
_ Não, zero comida pra você. -e apertou minha barriga.- Boa noite. -me deu outro beijo e saiu do quarto abraçado com o Art. Fui ao banheiro, escovei os dentes e me deitei para dormir.


  Não demorou muito e acordei com o meu pai se despedindo, desejei que ele fizesse uma boa viagem e acabei não voltando a dormir. Tomei banho tranquila, ajeitei o cabelo e desci pra tomar café.

_ Já está de pé? Bom dia filha. 
_ Bom dia mãe. Não dormi mais depois que meu pai saiu. Meu irmão já chegou?
_ Não, nem sombra dele no quarto. Acredita?
_ Arthur está virando um largado. Hoje é quinta-feira mãe.
_ Ah Malu, ele está de férias. -falou despreocupada.- Além do mais, ele não bebe.
_ Okay defensora pública masculina.
_ (risos) bem que você poderia ter ido.
_ Nao dona Fernanda, tenho aula hoje.
_ Sabe que não vai quase ninguém não é?
_ Eu sei, mas eu iria ficar fazendo nada aqui em casa... faço nada na escola e ainda ganho presença. -pisquei.
_ Vou acordar sua irmã, tá? Quer tomar café aqui ou passamos na padaria?
_ Padaria.
_ Ótimo. Pega a mochila então, desço em quinze minutos.


  Foi o tempo da minha mãe subir que a tropa entrou pela sala, falando alto e rindo muito. Thor começou a latir e escutei da cozinha minha mãe gritar da ponta da escada.

_ Vou tomar uma água. -escutei Matheus dizer.
_ Vocês não tem casa não?
_ Aqui é nossa segunda casa Maria Luísa, bom dia princesa. -beijou minha testa e foi abrindo a geladeira.
_ Mentira que você vai pra escola hoje cunhada.
_ Alguém nessa casa tem que estudar não é? No caso eu e a Helena. -falei rindo e minha irmã entrou na cozinha com cara de poucos amigos, cheia de sono.
_ Fala "bom dia" Helena.
_ Bom dia. Deixa eu ficar na minha vó mamãe, ela deixa se eu pedi pra ela.
_ Não senhora, vai ser legal filha. Hoje tem aula de educação física.
_ Deixa ela comigo mãe.
_ Nem pensar, você acabou de chegar. Vai capotar na cama e ela vai se entupir de doces.
_ Não vai não mãezinha, vou ficar de olho. Confia em mim, sem medo.
_ Quer ficar com o seu irmão? -ela nem respondeu e já foi para o colo dele deitando a cabeça no ombro.- Bom estou indo, se comportem. Vamos Maria Luísa.
_ Tchau gente. -levantei jogando a mochila nas costas e indo em direção a sala.
_ Sua irmã é manhosa demais, meu deus.
_ Ela está assim porque meu pai foi viajar, vai ser isso a semana toda.
_ Ainda bem que depois de amanhã já é sábado.
_ Sim, sábado!
_ Tem planos? Tá aí toda empolgada.
_ Namorar mãe, namorar.
_ Tá namorando muito, vou marcar um ginecologista pra você isso sim.
_ Pra que isso mãe? Nada a ver.
_ Tudo a ver. Tudo. Quem gosta de namorar gosta de ir no médico também.
_ Você e esses seus papos. - recostei e ela começou a rir.- É constrangedor.
_ Por que?
_ Porque é um homem, um médico. Não fico pelada nem na frente do meu irmão, mãe.
_ Mas na frente do namorado, hmm... -senti minhas bochechas queimarem e quis me afundei no banco.- Vou ligar hoje. -comentou estacionando em uma das vagas disponíveis em frente a padaria. Tomamos um café rápido, porém muito gostoso. Depois voltamos pro carro, ela me deixou na escola e foi para a empresa.








3/5

Próximo capítulo será publicado às 00h.