Capítulo 252

Narrado por Melissa

  Meu resto de semana foi um saco eu estando brigada com o meu noivo e ele não veio atrás, na terça me deixou aqui e não voltou a me procurar. Isso estava me matando, eu olhava o celular de segundo em segundo, abria nossa conversa e olhava os registros de chamadas e nada.

  Sexta-feira chegou e minha noite foi em casa com as minhas irmãs, comemos pizza e partimos para a sala de cinema, primeiro Helena quis assistir Moana e depois que ela dormiu eu e Malu assistimos It.

  O filme terminou e nós subimos, as meninas estavam online no grupo e marcamos de nos encontrar no sábado durante o dia, antes do jantar de noivado da Nay.

(...)

_ Melissa, já vai dar 12h. Não vai levantar não? -escutei minha mãe dizer enquanto batia na porta insistentemente.- Melissa?

_ Mãe, eu tô acordada! -falei ainda com o rosto coberto.

_ Olha, eu já pedi pra Maria tirar a mesa do café.

_ Nossa mãe, por quê?

_ Porque já está na hora do almoço, Melissa. -ela deu risada.- Tá melhor?

_ Não, mãe. Não quero ter que pedir desculpa.

_ Tá falando do seu noivado?

_ É, mãe. -me descobri e sentei na cama, ela continuou parada na porta.

_ Quer me contar o que aconteceu?

_ Nós brigamos, ele sumiu por dois dias, dois dias mãe.

_ E por que?

_ Não, na segunda ele foi jogar bola e voltou tarde. E na terça ele estava em casa, nem pensou no celular.

_ E você brigou por isso? Ah, Melissa!

_ Não foi só por isso, mãe. Minha amiga vai casar.

_ E?

_ E que ela ficou noiva e já tem até a data, já está vendo as coisas. -respirei fundo.- Eu fiquei noiva no final do ano passado e não sentamos juntos nem pra comentar quem seriam os padrinhos.

_ E por que você não conversou isso com ele?

_ Mãe, ele tinha que se tocar. Ou eu tô errada?

_ Não é sendo machista, mas geralmente são as mulheres que tomam a frente dos preparativos do casamento. E mais, vocês dois ainda estão estudando. Você não estava pensando em terminar a faculdade?

_ Tenho medo de nesse meio tempo nós nos separarmos por algum outro motivo, mãe estamos distantes. Nem casamos e estamos caindo na rotina.

_ Vocês parecem se dar tão bem.

_ Aí ele é muito sossegado. -minha mãe riu.- Por que a senhora está rindo?

_ Você é ansiosa demais, desesperada. Não pode ser assim.

_ Mãe!

_ É minha filha, eu sou casada há 15 anos  e seu pai é mais devagar que eu... quando casamos eu quem vi praticamente tudo, ele ajudava quando eu pedia e ainda assim ele "você que sabe" "vê o que fica melhor" "o que você decidir está ótimo". As vezes uma conversa afastaria esses fantasmas da sua cabeça e você tá aí, brigando com o menino a toa.

_ Mãe!

_ Se isso está te incomodando, conversa com ele. Tenho certeza que vocês vão se resolver, filha. -piscou para mim e saiu do quarto.

  Minha mãe estava certa, mas eu teria o dia todo pra isso. Iríamos nos ver no jantar, então... Levantei e segui para o banho, lavei todo corpo, cabelos, escovei os dentes e sai enrolada na toalha e enxugando os cabelos com outra.

_ Melissa!

_ Pois não... -falei olhando para a lindinha de vestido em cima da minha cama.

_ Liga pro Leo, queria brincar com a Ceci.

_ Pega meu celular, pode ligar pra ele amor.

_ Tá bom. -ela colocou a digitou e ligou sem dificuldades.- Leo, é a Nena... -deixei os dois no celular e continuei o que fazia.

  Enrolei a toalha na cabeça e vesti o conjunto de lingerie. Abri as portas do guarda roupa e comecei a pensar no que iria vestir.

_ Vai sair, é? -minha mãe aparaceu depois de uns minutos.

_ Almoçar com as meninas. Como estou?

_ Bonita, gostei dessa blusa.

_ Eu também. -sorri.

_ Leonardo está aí.

_ É, ele veio trazer a Ceci. -respondi.- Mas não é ele quem vai me levar.

_ Ah não? Vocês, já conversaram?

_ Não, mãe... ainda não.

_ E tá esperando o quê mesmo?

_ Coragem. -disse indo me maquiar, prendi os cabelos e passei o perfume.- Tô pronta. -falei pegando a bolsa, o celular e saindo do quarto.

_ Melissa, o Leo chegou! -Helena disse toda feliz e eu sorri sem jeito. Ele estava lindo, todo largado, mas ainda assim lindo.

_ Tudo bem? -perguntei me aproximando, mas não o abracei, nem lhe dei um beijo.

_ Está de saída?

_ Indo almoçar com as meninas, e você?

_ Eu te levo, precisamos conversar né?

_ Sim. -coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha, me despedi da minha família e sai esperando por ele do lado de fora.

_ Tá destrancado, pode entrar. -falou e eu entrei me sentando no banco do carona, ele deu a volta e entrou também.- Tá tudo bem?

_ Não né, Leo. -nos olhamos.

_ Pensei que esses dias teriam sido bons para refletirmos, não é?

_ Sim, eu quero me desculpar com você. -falei com sinceridade.- Estava chateada por outros motivos e descontei na nossa discussão.

_ Estava chateada comigo?

_ Sim.

_ E por quê?

_ Porque desde que você me pediu em casamento nós nunca mais tocamos no assunto e já estamos indo para três meses de noivado. -ele não falou nada, mas continuou me olhando.- E isso me deixou meia assim, sempre fomos amigos, sempre conversamos de tudo e não nos sentamos juntos nem pra discutir quem seriam os nossos padrinhos.

_ Você sabe que não foi por mal, tínhamos planos de nos casar quando você terminasse a faculdade e ainda temos uns anos pela frente.

_ Pensei que talvez tivesse se arrependido, quando não nos falamos por dois dias, pensei que fosse uma confirmação disso.

_ E por que não falou comigo?

_ Por receio.

_ Mania feia hein, sempre contamos tudo um pro outro, nunca teve essa de receio.

_ Eu sei, mas agora é diferente.

_ Diferente por que nós usamos uma aliança?

_ Diferente porque eu nunca tive que lidar com essas dúvidas antes.

_ Eu também não, e aí? -fiquei quieta.- Você sabe que do nosso jeito a gente se entende, sempre foi assim... não quero me afastar por besteira e tá muito cedo pra colocar a culpa no desgaste. Pô, loira...

_ Não tenho culpa. -cruzei os braços e ele riu. Que saudades daquela risada, acabei sorrindo também.

_ Eu te amo, tá?

_ Também amo você. -íamos selar a paz quando meu celular tocou e quebrou o clima, eu ia atender se o Leo não tivesse tirado da minha mão e jogado no banco de trás.

_ Agora não é hora, né? -me puxou pelo pescoço e me deu um beijo daqueles que além de tirar o fôlego nos deixam com vontade é de tirar a calcinha te tão bom que estava, repetimos a dose por mais uns minutinhos e ele riu de um jeito muito sacana se afastando de mim.- Pronto, agora você pode atender quem você quiser. -disse pondo o cinto de segurança.- Põe o cinto.

_ Calma aí, tô recuperando o ar. -falei respirando fundo, dando motivos pra ele rir da minha cara.- Palhaço, todo engraçadinho.

_ É né, tô parecendo mesmo. Você e esses batons... 

_ Esse é matte, não sai assim fácil.

_ Hum, grande coisa. Fala aí, vão almoçar onde?

_ No Coco Bambu, aquele do Jardins.

_ Vocês já não vão se ver hoje a noite?

_ Quero fofocar com as minhas amigas, posso?

_ A vontade, senhora.

_ Você vai hoje, né?

_ Sim, eles marcaram às 20h. Vocês vão direto?

_ Acho que não, é muito tempo né?

_ Vocês falam mais que a boca, quando for ver já escureceu. -revirei os olhos.

_ Fica quietinho, fica.

  Leonardo não só me levou como entrou no restaurante de mãos dadas comigo, vestido de bermuda, camisa polo e chinelos. Cumprimentou as meninas, sentou, tomou um suco e foi embora.

_ Quando o boy da amiga é seu amigo. -Tacy disse rindo.- Esse nosso quarteto tem história hein.

_ Ô muitas. -falei rindo.- Mas agora estamos livres, quero saber tudo tudo tudo Nay!

_ Eu não pensei que seria um saco a viagem porque eu amo o Cacá, mas fiquei meia assim de passarmos uma semana eu e ele longe dos amigos, da família... só nós e fim.

_ Ah, é uma delícia já fiz muito isso com o Bruno.

_ É menina, quero repetir mais vezes.

_ Conta!

_ Eu já conhecia o lugar, mas olhei tudo com uma outra perspectiva. Ele estava bem mais carinhoso, grudinho mesmo... nos beijos, abraços, no banho, nossas transas... -suspirou.- Eu sabia que ele estava aprontando, porque todas as noites eu ligava pra minha avó e ela perguntou um dia antes de eu tinha gostado da surpresa. E quando eu perguntei qual a surpresa, ela desconversou.

_ Quase estraga tudo. -falei rindo.

_ Mas não estragou, porque foi tão lindo. Ele não estava nervoso pra falar, nem nada, mas me disse umas coisas que eu até arrepiei. Sério. -Nay contou sobre toda a viagem e mais o pedido de casamento, ela se emocionou e nós também e foi uma delícia nosso almoço.- E claro que vocês serão minhas madrinhas, não abro mão disso nunca.

_ Obrigado. -Tacy brincou.

_ Também não abro mão de ser madrinha, tô tão feliz por você. -nos abraçamos. 

_ É uma nova fase, né? Tô ansiosa, mas com medo também... casar soa tão sério.

_ E é né amiga, mas é totalmente válido quando não nos vemos ao lado de outra pessoa, começando um novo relacionamento.

_ Me acho nova demais as vezes, precoce sabe?

_ É nada amiga, você está na idade da decisão (risos). 24, né?

_ E ele com 29 anos.

_ Passa muito rápido.

_ Fato. A mãe dele ficou tão feliz quando contamos, nossa... ela chorou e disse coisas lindinhas.

_ Eu imagino, parece meu pai em São Miguel dos Milagres. -ri.

_ Aí gente, minhas duas melhores amigas estão noivas. Tô ficando velha!

_ Talvez, Tacy. -pisquei.

_ Por falar em noivado, e você com o Leo?

_ Agora estamos bem... -entramos no assunto e contei detalhes, da nossa discussão, da minha insegurança e depois nossa conversa.

_ Ele sempre foi todo foda-se, mas sempre foi um amorzinho com a gente. Daquele amigo que se preocupa, que defende, que cuida. E com você sempre foi um grude...

_ A gente dá muito certo, porém ele é sossegado demais.

_ Eu já não acho... ele embora seja zoeiro e tal, sempre foi responsável. -revirou os olhos.- Com tudo.

_ Verdade, parecia nosso pai. -Tacy disse rindo.

_ Sem contar que ele é muito sincero, chega a ser chato. Nossa!

_ Entendi tudo meninas (risos).

_ Obrigado (risos). E você, dona Taciane?

_ Ah, sem novidades! As férias foram incríveis, viajei com os meus pais pra São Luís, quando voltei fiquei uma semana e meia viajando com a família do Bru.

_ Praia também?

_ Sim, tô bronzeada até demais. -riu mostrando a marca do biquíni.

_ Ô bicha metida, olha isso. Eu fico toda ardida, depois que uma corzinha pensa em aparecer. 

_ Duas. -Nay comentou.- Aí deixa eu contar, antes que eu me esqueça. Bianca está namorando!

_ Mentira, né?

_ Cacá e eu entramos numa leve discussão por causa disso. Falei que você era minha amiga e que iria entrar como minha madrinha... e ele disse que tudo bem, mas o Leo entraria como padrinho dele.

_ Hmm...

_ Aí ele sugeriu, você entrar com o seu irmão e o Leo entrar com alguma outra amiga dele. Eu já bem falei que com a Bianca ele não entra. -dei risada.- Aí ele, "não Naná, a Bianquinha vai entrar com o namorado dela".

_ Namorado?

_ Perguntei pra ele desde quando piranha namora.

_ Aí que horror, vocês duas.

_ Amiga, é que você é muito zen, o Bruno também... mas a Bianca é a amiga que nenhuma namorada gosta. -Nay explicou.- Ela é inconveniente.

_ Toda íntima. -fiz careta.

_ E se dependesse de mim nem madrinha ela seria.

_ Fazer o que se ela é amiga dos meninos, né... -dei de ombros.

_ Mas a fofoca era essa, e tá namorando um cara gato viu, puta que pariu... eu até seguia ele no instagram. -disse pegando o celular e mostrando o ig do bonito.

_ Gente, lindo!

_ Lindo é modéstia, com um desses eu faria estrago (risos).

  Pra não dizer que ficamos a tarde toda no restaurante, fomos embora por volta de umas 17h30/17h40. Chamei um Uber para ir embora porque minha mãe não estava em casa pra ir me buscar.

  Quando abri a porta dei de cara com o silêncio de uma casa sem crianças, cachorro e mãe gritando para elas tomarem cuidado e não ficarem correndo.

Minhas melhores partes! <3

  Primeiro publiquei uma foto com as meninas, depois curti minha preguiça deitada no sofá e ouvindo música, no twitter, coisa que eu ainda fazia quando me sobrava um tempo livre. 

  O jantar da Nay seria na casa dela, onde ela morava com os avós. Começaria às 20h, mas eu sempre demorei demais para me arrumar... então subi para o quarto e abri o guarda roupas e começa né? Olha uma coisa, olha outra, aí veste isso, veste aquilo e nunca decide. Me deitei por cima das roupas, de calcinha e sutiã e liguei pro Leo.

_ Leo?

_ Hmm...

_ Não tenho roupa pra ir no jantar.

_ Ah, mentira né? Pausei meu jogo, loira.

_ Como você vai?

_ Tênis, calça jeans... e uma blusa normal. Por que?

_ Polo, né? Que cor?

_ A que eu pegar na hora. -riu.- Vai de vestido.

_ Azul ou preto?

_ Preto fica bonito, azul também...

_ Você não está ajudando.

_ Não entendo nada de roupa. -falou bufando e eu quis dar risada.

_ Aí tchau, vai jogar, vai.

_ Beijos, até às 19h hein. 

_ Pra que tão cedo?

_ Tchau, Melissinha. -e desligou, vagabundo.

  Não estava encontrando algo que me agradasse, então fiz o que toda filha faz. Fui para o quarto da minha mãe e entrei no closet. Escolhi umas blusinhas, olhei a parte de vestidos também e tcharan... encontrei o que procurava. 

  Segui para um outro banho, não lavei os cabelos não, só ensaboei o corpo, escovei os dentes e sai. Entrei no quarto, vesti um conjunto de lingerie e sentei de frente para o espelho e comecei a make... Demorei um pouquinho, caprichei, mas não deixei muito carregada.

  Minha opção escolhida foi uma calça de couro, preta e cintura alta com alguns detalhes nos bolsos da frente, uma blusinha mais soltinha e de alça, que era da minha mãe e uma sandália de salto grosso vermelha e de camurça. Meus cabelos ainda estavam bonitos, dei uma ondulada a mais e deixei solto mesmo. Finalizei com os acessórios, relógio, pulseiras e um brinco pequeno.

  Olhei no relógio e estava em cima da hora. Peguei uma bolsa tiracolo, pequena, coloquei meu batom, carteira, peguei o celular e desci.

_ Opa! -falei me assustando ao ver meu irmão nos amassos naquele sofá e minha cunhada ficar toda envergonhada.- Oi Julia.

_ Tudo bem, Mê?

_ Tudo ótimo... boa noite, maninho.

_ Tá indo toda arrumada assim aonde?

_ Noivado da minha amiga, ficou bom?

_ Linda, amei o look todo. -ela disse sorrindo.

_ Sem decotes, sem mostrar as pernas... um minuto. -pegou o celular e tirou uma foto.- Vou mandar pro meu pai, tá aprovado.

_ Palhaço (risos). -escutamos uma buzina.- Tchau, juízo os dois hein.

_ Sempre tivemos, tchau e manda um beijo pra Nay.

_ Pode deixar, Art. Tchau, Ju.

_ Tchau, Mê. -e sai.

_ Nossa, cheirosa hein... -beijou meu pescoço.

_ Você também, seu perfume está no carro todo amor.

_ Isso é bom. -nos cumprimentamos com um beijo rápido e voltei a me recompor.- Gostei dessa camisa, muito bonita.

_ Nunca tinha usado, minha mãe me rasgou de elogios... que eu fiquei parecendo meu pai e não sei o que mais.

_ Ela é uma linda, eu amo minha sogra.

_ Eu também amo minha mãe, e minha sogra que é foda!

_ Sim, minha mãe é toda ela (risos).

  Durante o caminho fomos nos falando, conversando de como havia sido nossa manhã e tarde de sábado. Eu com as meninas, ele com o videogame com o Chris. Estávamos chegando na rua da Nay e quase não encontramos vagas para estacionar, porque em frente a casa dela não tinha lugar. Mas não foi um problema, estacionamos mais para o fim da rua e fomos andando até a casa dela.

_ Hello, hello. Chegamos! -olhamos para trás e a Tacy estava vindo na mesma direção que nós com o Bruno.

_ Oi Bruno, oi preta minha... de novo. -nos abraçamos rindo, Leo cumprimentou o Bruno e fomos. Tocamos a campainha e ela apareceu toda bonita, bem linda. Nos convidou para entrar, disse que o jantar seria ao ar livre. Passamos para o quintal e as mesas espalhadas por todo o espaço, tudo lindo.

_ A de vocês é perto da minha, tá? Vem cá e fiquem à vontade. -falou nos conduzindo. Eu não iria me sentar sem antes cumprimentar os avós dela, os pais e então voltei para a mesa com os bonitos.

_ Nayara vai casar, tô acreditando nisso não. -Bruno falou rindo, negando com a cabeça. 

_ Milagres acontecem né? Meu amigo, cachorrão casando... -colocou a mão no rosto.

_ Vocês dois, né?

_ Eu sempre fui de boa. -piscou me abraçando pela cintura.

_ Ê Leo, chega aí. -olhamos e lá estava o noivo, gritando da entrada.- Bruno também, chega aqui.

_ Vão lá rapazes.

  Os dois foram e nós ficamos comentando sobre os detalhes da decoração, tudo tão lindo, tirei fotos inclusive. Aos poucos o espaço foi enchendo e os meninos voltaram, cumprimentei o Cacá e seus pais, voltei a me sentar e a noite foi rolando.

_ Aqueles ali que são os pais dela? -Leo perguntou me cutucando.

_ Sim, bonita a mãe dela né?

_ Demais, nem parece mãe dela.

_ Teve ela novinha também, loirão... -falei tomando mais do meu drink.-

_ Tá bebendo?

_ Sem álcool, gostoso viu. Experimenta, amor. -coloquei o canudo na boca dele.

_ Ô grude, eita. -escutamos o noivo e nos viramos para eles rindo.

  Tivemos um discurso dos noivos antes que o jantar fosse servido, foi bem bonitinho e eu me emocionei. Jantamos e foi o momento das fotos, com os familiares, os padrinhos e madrinhas. E voltamos à descontração de estarmos entre amigos.

_ Tô indo no banheiro, tô apertada. -falei levantando e andando rápido para chegar logo. Entrei, fiz xixi e estava lavando as mãos após dar a descarga quando escutei uma menininha resmungando.

_ Papai eu tô apertada, quero fazer xixi... muito xixi, papai.

_ (riu). Tem gente usando, você vai precisar esperar um pouquinho... -senti um arrepio daqueles na espinha, eu reconheceria aquela voz até debaixo d'água, mas "papai?".

_ Eu não posso ir no quarto da Nayara, papai?

_ Nada disso... deixa eu prender seu cabelo de novo. -depois de estar com as mãos secas, abri a porta e um mini furacão passou correndo por mim e foi levantando a tampa do vaso.- Eduarda. -falou firme e levantou a cabeça para se desculpar comigo.

_ Murilo!? -nos olhamos fixadamente.

_ Oi, Melissa. -sorriu.- Me desculpa, eu pedi pra ela esperar... -olhamos e ela já estava sentada no vaso, balançando as pernas.

_ Não... é... sem problemas, ela é criança.

_ Sim. -sorriu. Demorei uns segundos para raciocinar e sair da porta, ele entrou e a encostou. Voltei para a mesa, sentei e fiquei olhando para a porta de vidro.

_ O que foi?

_ Nada, Leo. -falei pegando o celular.

_ Nada, Leo? Tá com cara de assustada...

_ Impressão sua, queria só tomar mais alguma coisa. Não quer pegar pra mim, não?

_ Cerveja?

_ Um refrigerante, amor. -ele levantou e a Tacy me chutou por baixo da mesa.- Hm...

_ Que cara é essa?

_ Ele está aqui.

_ Ele quem amiga?

_ Murilo.

_ Murilo? Mas... ai caramba, eu nem sabia que ele tinha voltado.

_ Parece que sim...

_ E por que você está assim? Ele falou com você?

_ Não, uma filha... -sussurrei.

_ Uma quem? Fala direito...

_ Ele tem uma filha pequena, eu vi.

_ Duda, um amor de criança... ela vem bastante aqui na Nay, pra ver a dona Isabela e o seu Roberto.

_ Ela tem quantos anos?

_ Uns três.

_ Hm... -olhei para a mesa de bebidas, depois para a porta e ele saía com a neném no colo.

_ Mê? Já passou, não foi? Bola pra frente...

  Leo voltou e obviamente mudamos o assunto, mas na minha cabeça perguntas e mais perguntas surgiam o tempo inteiro, todo o tempo restante em que estivemos lá.

Nós nos despedimos da galera e decidimos ir embora quando já havia passado das 23h da noite. Ele iria me levar para a casa dele, mas não quis. Preferi ficar em casa e meu noivo respeitou isso.

_ Vou saber o que rolou naquele banheiro? -perguntou antes de eu descer do carro.

_ Nada ué.

_ Ninguém fica com essa cara por nada, Melissa. Mas se você não quiser contar, não posso fazer nada. -beijou minha testa.- Se cuida loira.

_ Você também. -o beijei e desci do carro, esperei ele sair e entrei.

~.~

    Nem tudo são flores não é mesmo? 

  Esse noivado da Nay e casamento será babado, aí meu deus! rs

PS: Volto já meninas! ;)