Capítulo 14

Narrado por Luan
  Depois de rodar horas pela cidade voltei pra casa e tomei um banho frio pra esfriar a cabeça e pensar mais um pouco. Mamusca entrou no quarto e me aconselhou bastante, disse que continuaria do meu lado qual fosse o resultado do exame. Não sei cara. Sempre quis que desse negativo e eu não fosse o pai. Mas vendo aquele rostinho de boneca eu fiquei confuso e por isso liguei pra Fernanda e marquei de jantamos fora. Uma sugestão dela, que eu gostei até.
  Não iria levar a Bruna, mas como ela disse que queria sair e ficar mais tempo comigo acabei levando. Busquei as meninas em casa e fomos. Eu e três mulheres bonitas, sendo uma delas minha irmã. Arleyde me mata de sair mais notícias, porque os fãs ficam doidos e a central não para.
  Descemos do carro e entreguei a chave ao manobrista e entramos.

_ Boa noite, reserva? -neguei. Mas ter o nome que eu tenho tem suas vantagens e nos disponibilizaram a melhor mesa.-
_ Obrigada! -agradeci e nos sentamos todos.-
_ Nossa, tô numa fome que nossa! -Fernanda dizia pondo o celular sobre a mesa e pegando o cardápio.-
_ Nunca vim aqui, é bom? -perguntei considerando que ela já tivesse vindo.-
_ O melhor de São Paulo, maravilhoso. -respondeu sorrindo.- O rodízio então nem se fala.
_ Então bora, vamos encher a barriga. -falei.-
_ Eu só como algumas coisas, preciso manter esse corpo lindo! -"Bruna é Fitness!"-
_ Quer sumir né, porque é magra demais.
_ Aí Nanda. Vai me dizer que não faz dieta... -minha irmã fez bico e Fernanda riu.-
_ Dieta ela não faz, porém, os exercícios à parte deixam o corpo dela em perfeito estado. -Dalila falou rindo e recebeu um olhar mortal da amiga.- Ah amiga, todo mundo sabe que sexo emagrece, e você sabe disso melhor do que eu.
_ Vai se foder, vai. -riu.-
_ Mas é amiga, eu mesma. Não faço academia não. Faço amor, porque além de definir o corpo com novas posições, libero adrenalina e sinto prazer. Sexo é vida! -"Meu deus cara! Onde estou eu!?"- Luan deve saber disso.
_ Eu...É... -não sabia o que responder.-
_ Não precisa ficar com vergonha não gato. Mulher quando se reúne também fala de sexo e de outros homens. -pedi licença e fui até o banheiro. Lavei o rosto e voltei.-
_ Já pediram a bebida? -elas negaram. Então chamei o garçom e fiz nosso pedido.-

  Bom, eu não abro mão de uma cerveja. Já as dondocas queriam vinho, pedimos os dois. Foi bem bacana e descontraído nosso jantar. Poucas pessoas vieram até a mesa para pedir uma foto ou mesmo um autógrafo, mas nada cansativo ou perturbador. E eu gostava quando acontecia. Mas as vezes ser normal me deixava muito feliz.
  Bruna e Dalila se levantaram e foram atrás de não sei o que. Ficamos só eu e Fernanda à mesa.

_ Estranhei quando me ligou. -ela foi direta, me encarando, olho no olho.-
_ Sei que não tenho sido muito...simpático. -falei sem jeito.-
_ Não mesmo, foi ignorante e por uma coisa mínima. -tomou um pouco mais de vinho.-
_ Olha, desde que voltamos lá do Guarujá você sempre me evitando, respondia sendo evasiva. Isso me deixou irritado. Não gosto de ser ignorado. -fui sincero.-
_ Não leve a mal o que te direi agora tá. Mas assim, é diferente você trabalhar compondo e cantando. E você trabalhar em uma empresa, cuidando da parte burocrática. Sendo que ainda faz faculdade na área administrativa e ainda pegar um caso como o seu que exige tempo e muito concentração cuidado. -ela dizia calma.- Então das vezes que fui evasiva não foi com a intenção de ser grosseira, eu só estava sem tempo.
_ Me desculpa.
_ Não precisa se desculpar, só não pensa que por você ser Luan Santana que o universo gira em torno de você e tudo ficará bem. -fiquei de boca aberta, nenhuma mulher nunca disse isso assim...na minha cara.-
_ Nossa, sempre sincera?
_ Um grande defeito. -deu um sorriso que não alcançou seus belos olhos.- Mas chega disso né, já foi. Passou e as coisas estão esclarecidas.
_ Certo. -tocamos as mãos.- Agora me fala uma coisa...
_ Lá vem... -risos.-
_ Por que você ainda está solteira? -"Melhor coisa foi ver um sorriso bem malicioso."-
_ Ser solteira. Livre de compromissos e de dar satisfações. Não é todo namorado que entende que a namorada ama balada. Mas problema não é esse, não. -respirou fundo.- Depois que dois namorados meus me traíram passei a não confiar nos homens. Não pra namorar.
_ Cara, quem era o louco que te traiu?
_ Um babaca que corre atrás até hoje. -falou com desdém.- Mas é bom ser solteira, menos na TPM. Porém eu tenho o Lupy.
_ E quem seria o Lupy?
_ Meu tigre siberiano. -"Tigre?"-
_ Que legal, você tamém tem esses bichos de pelúcia. -ela riu.- Falei algo errado?
_ Sim, porque eu tenho um tigre de verdade. Olha.. -ela puxou sua cadeira para mais perto da minha e pegou o celular mostrando ela e o tigre que ainda era um filhote.- Lindo né?
_ E morde né!? -rimos e que risada gostosa de ouvir. Esse lado dela eu não conhecia. "O lado carinhosa."-
_ Hum, coladinhos é?
_ Bruna. Não enche. -falei sério.-
_ Estava mostrando o Lupy pra ele gata.
_ Ai aquele fofo, muito mesmo. E o adestrador também.. -suspirou.-
_ Ôh Bruna, que conversa é essa aí?
_ Nada Luan. Oxê. -risos.-
_ Gente, na parte de trás do restaurante tem... -Dalila nos contava mais sobre o lugar e daí surgiram mais assuntos e outros e outros e quando fomos dar conta eram mais de 22h.

  Paguei a conta e fomos esperar o carro. Do lado de fora estava um vento gelado, Fernanda estava arrepiada então tomei a liberdade de ficar atrás dela e abraçar seus ombros.

_ Ai viu, assim fica fácil né gata.
_ Amiga, sem recalque! -brincou.- Tenho um homem forte me abraçando, contente-se com a loira que está ao seu lado. -o carro chegou e nós entramos e fui deixá-las em casa.-
_ Luan espera que eu já venho. -Bruna disse assim que parei o carro em frente a casa da Lila.-
_ Não demora hein. -falei ainda com a mão no volante. E elas saíram correndo.-
_ Essas duas estão num grude que misericórdia, estou sendo deixada de lado. -falou cruzando os braços e fazendo bico.-
_ Obrigada por me dizer que não sirvo nem pra te fazer companhia.
_ Não foi isso, desculpa. É que sempre fui muito grudada com a Dalila, sempre e sempre desde que moro aqui em São Paulo.
_ Melhores amigas e blá blá blá...
_ Ai sem graça, desdenhando do que eu digo. Garoto abusado. -falou indignada, mas de um jeito engraçado e eu ri.-
_ Tão linda, mas de boquinha fechada.
_ Idiota! -falou levantando a mão pra me dar um tapa, porém segurei seu pulso e nossos olhares se cruzaram. "É agora rapaiz, agora que eu faço o que tava morrendo de vontade."- O que você pensa que tá fazendo?
_ Pensando não, farei.

  Levei minha boca até a dela dando um selinho e devagar iniciamos um beijo. Que tomou mais firmeza quando minha mão soltou seu pulso e fui até sua nuca. Já ela posicionou as mãos em minha cintura e nos beijamos durante longos minutos, estava sendo muito bom sentir a boca dela outra vez. Nos soltamos quando não tínhamos mais fôlego, abri os olhos sorrindo e ela permanecia de olhos fechados tocando seus lábios macios com a ponta dos dedos.

_ Esperei a noite toda pra faz... -fui interrompido por ela iniciando outro beijo e inclinando seu corpo sobre o meu. Minhas costas recostou na porta do carro e não sei como mais ela conseguiu sentar no meu colo. Coloquei a mão no trem lá e empurrei o banco pra trás para ficarmos mais à vontade. Minhas mãos desceram até seu quadril e ficava alisando aquela bunda durinha e gostosa. Mas ela subiu minhas mãos até sua cintura e ficamos daquele jeito um bom tempo, bastante mesmo. Tava quase subindo aquela saia quando escutamos vozes. Paramos e olhamos, era a Bruna voltando. Demos sorte por a janela estar fechada, então Fernanda se sentou no carona e eu me ajeitei.

_ Nossa, essa menina é doida. Acredita que ela tem esses brinquedos eróticos no quarto? -Bruna já tagarelava ao entrar e bater a porta.-
_ Você não viu nada. -Fernanda disse se abanando.-
_ Nossa, Fê. Deu calor foi? -perguntou desconfiada.-
_ Seu irmão, com fogo. -respondeu e nós dois demos risada enquanto Bruna olhava pra nós dois e negava com a cabeça.-
_ Dois loucos! Vai Luan, vamos embora vai.

  Voltei a dirigir e depois de deixar a Nanda em casa fomos para a nossa, chegamos meus pais já estavam dormindo. Deu boa noite pra ela e fui pro quarto. Tomei um banho rápido, e me joguei na cama. Fiquei no twitter, mas não tinha twitado nada ainda. Dei RT em alguns, segui uns FCs e quando o sono veio saí. Coloquei o celular no criado mudo, e ele vibrou.

*Vantagens em ser solteira. Porque se eu fosse comprometida esse beijo nunca teria acontecido. Tenha uma boa noite, e obrigada pela companhia. Beijos, Fernanda! PS: Sonha comigo tá, sei que está morrendo de vontade haha.*

  Dei risada e depois de mandar a resposta dormi. "E cara acertei em cheio."

  Sonhei que estava com ela, ou melhor. Relembrei a primeira vez que nos encontramos na balada e acordei numa situação constrangedora. Tava de pau duro, e suando. Corpo quente. "Ê Fernandinha, até em sonho mexendo com as minhas duas cabeças."

  [Quatro dias depois.]

  Com essa história de bebê e como a imprensa nem ninguém sabia. Não fui buscar a Melissa na maternidade, e quem fez isso foram meus pais. Ela voltou pra casa com a mãe e o pai, e eu iria voltar à vê-la daqui uma semana quando finalmente o resultado saísse.

  [Uma semana depois.]

  Em pleno sábado às 9h da manhã estávamos todos reunidos na sala de reuniões para a leitura do exame. Quando digo todos, me refiro aos advogados, meu pai, Ester e eu.

_ Então, vamos logo com isso? Quero voltar pra casa. -Ester dizia impaciente.-
_ Ester, menos. Não começa. -falei.-
_ Nossa. Se fosse sua advogada estaria feliz dela estar falando. Aliás, é permitido isso? Namorar com alguém que cuida de um assunto assim... -insinuou.-
_ Não namoramos, nem mesmo mantemos um relacionamento como você diz. E mesmo se fosse isso não seria da sua conta.
_ Vaca! Quero ver sua cara quando abrir esse exame. -riu.-

  Uma cópia foi entregue a cada um e em voz alta a leitura foi sendo feita. E quando  o resultado foi lido eu parecia estar bem longe. Não via nada, nem ouvia nada. Só me vinha à mente o bendito resultado. Não acredito, cara!

_ Feliz agora? -me perguntou Ester.-
_ Você cala sua boca. -bati na mesa.-
_ Não adianta ficar nervoso meu bem. Eu disse todo esse tempo todo e tudo o que você fez foi me xingar de golpista, dizer que não queria essa criança. Agora me diz... Como se sente sabendo que durante nove rejeitou sua primeira filha? -riu sarcástica.- Que bonito hein!

  É. Deu positivo. Eu, Luan Rafael Domingos Santana. Era pai.

~.~
  Depois de uma noite agradável e bem "quente"... Veio a bomba. O exame deu positivo. Luan é pai da Melissa!