Capítulo 136

Narrado por Fernanda
  O assalto em si não deve ter durado mais de dez minutos, mas pra mim pareceu uma eternidade. Porque estava um frio daqueles, estava querendo chover e eu não parava de chorar enquanto Amarildo tentava me acalmar e resolver a situação.

_ Não tem como fazer nada agora de noite, e se aparecem outros? E se... -falava atropelando as palavras.-
_ Deus vai nos guardar e vamos conseguir resolver essa situação. Só precisamos de um...
_ Não temos telefone! Aí meu deus! Eu não posso morrer, não posso ser assaltada! Vão me levar o que? A vida.
_ Fernanda! -me sacudiu e eu parei de falar fixando nele o olhar.- Vamos caminhar pelo acostamento e tentar achar alguém, sei lá... Não devemos estar tão longe assim de algum estabelecimento...

  Esse não devemos estar tão longe assim nos custou boas pernadas, meu salto um já havia quebrado e eu estava mancando...   Andamos mais um pouco e o outro quebrou também me fazendo arremessá-los longe.   Os carros passavam com os faróis altos e nem paravam, quando pensei que não poderia piorar começaram os pingos fortes de chuva e eu quis morrer, voltei a chorar e ainda sim meu sogro estava confiante de que iríamos achar alguma coisa, algum lugar. Não sei!

_ Aguenta andar mais um pouquinho?
_ Meus pés estão me matando, tô com medo e toda molhada, horrível.
_ Acho que ali na frente não dá pra ver direito, é alguma coisa de comida...
_ Nossa, vamos pra lá pelo menos até passar a chuva que eu tô agoniada já.

  Estimei mais uns 15min andando e chegamos. Era uma lanchonete e estava quase fechando, quando chegamos molhados, eu com aquela cara de acabada e descalça, os funcionários que estavam limpando ali ficaram assustados.
  Contamos o que tinha acontecido e pedimos que um telefone pra ligar pra polícia e foi o que fizemos. A viatura já estava à caminho e eu tremendo de frio.

                                (...)

  A polícia chegou e fizeram algumas perguntas e sinceramente, eu não estava em condições de responder nada. Só queria minha casa, minha cama e dormir.
  Amarildo quem mais falou do que eu, que mal estava assimilando as coisas.
  Eles nos levariam pra casa, ou melhor pra casa da Mari. Chegamos de madrugada, ela ainda estava acordada e levou um susto daqueles, veio nos abraçar e pondo as mãos pra saber se tudo estava bem, os policiais nos acompanharam logo entrando na casa.   Subimos para um banho um rápido, trocamos de roupa e descemos.
  Tivemos que contar exatamente como tudo aconteceu, o horário aproximado, o que tinha dentro do carro. E etc... Mas, como eu previa de imediato nada poderia ser feito, a não ser cancelar os cartões, bloquear os celulares e ir dormir... Como se eu conseguisse.
    Liguei aquele horário no banco e cancelei todos, porque não lembrava qual estava na carteira ou não. O mesmo fiz com o celular, e depois me sentei mais aliviada no sofá.

_ Chega de emoções por hoje, não é?
_ Chega, tudo o que eu quero é comer... -falei fechando os olhos.- Quer dizer... Quero dormir. Boa noite. -beijei o rosto deles e subi correndo, entrei no quarto fechando a porta e me joguei na cama com tudo.-

  Demorei pra pegar no sono, porém dormi até a manhã seguinte. Acordei com muitos beijos no rosto, abri os olhos e vi minha pequena sorrindo.

_ Não teve aula hoje, amor?
_ Vovó deixou eu vim te dar um beijo antes de ir pra escola, pode dormi mamãe. -alisou meu rosto.-
_ Boa aula meu anjo. -retribui o beijo e o abraço, e ela desceu na cama e correu pra fora do quarto.-

  Olhei no relógio e marcavam pouco mais que sete da manhã. Hora de levantar que o dia seria cheio, bem cheio mesmo.
  Me arrumei e desci, precisava ir pra casa. Pedi um táxi e fui embora, sem me despedir. Uns ainda dormiam, Mari tinha ido levar Melissa.

  Cheguei em casa e começou a aventura. Tive que correr atrás das minhas coisas. Cartões novos, celular novo e meus documentos (RG e CPF). Passei na empresa, mas minha cabeça estava longe de qualquer coisa relacionada a trabalho... Acabei voltando pra casa e passando meu dia ao lado do Lupy, nem Davi estava tinha viajado com os pais.

_ Nanda, não vai querer comer?
_ Só se for uma coisa bem gordurosa.
_ Isso não, você tem que se alimentar bem... Se não serei obrigada a ligar pra sua mãe.
_ Ok, você venceu e eu estou subindo. Tchau Lupy!

  Subi correndo as escadas e fui jantar com elas. Depois disso nos despedimos, elas se foram e eu subi para preparar um bom banho de banheira. Um banho que me deixou relaxada, seria ainda melhor se eu não estivesse com um pouco de dor. Era bem fraquinha, mas me causava incômodo.
  Saí do banho e depois de colocar meu pijama deitei e dormi, era tudo o que eu precisava depois de um dia bem cheio. Muito mesmo.

Narrado por Luan
  Surpresa boa demais foi a Nanda ter aparecido naquele show junto com o meu pai. Estava com saudades dela e da troca de carinho entre a gente. Eles resolveram que iriam embora depois do show, mesmo eu querendo que ficassem pelo menos até a manhã seguinte.
  Saímos do camarim direto pro estacionamento e ali nos despedimos, eles entraram no carro do meu pai e seguiram viagem.

_ Ê boi, tá feliz né?
_ Demais, tô até relaxado.
_ Não tem medo de ser pego no camarim não? E se alguém abrisse a porta.
_ Ia ver minha bunda bem branca pelada e morrer de inveja.
_ Palhaço. -Arleyde disse rindo.- Acho bom tomarem é cuidado com essas aventuras de vocês, que numa dessas pode dar errado.
_ Relaxa Lelêzinha. Sou profissional do assunto, cê sabe.
_ Profissional... Sei viu. Não diga depois que eu não te avisei.

  Peguei o celular e estava até trocando mensagens com a Nanda, ela contando que estava no maior papo com o meu pai e tudo.   De repente ela parou de responder, e pela carinha de cansada que ela estava deduzi que tivesse dormido. Guardei meu celular e deixei pra ligar mais tarde perguntando se haviam chegado bem em casa.

  Horas mais tarde...

  Liguei no telefone de casa já que nem meu pai, nem a Nanda atendiam. Mamusca atendeu e falou que nada deles ainda e eu achei estranho, porque aquele horário não tinha trânsito lento nem congestionamento.   Fiquei ligando de 5 em 5 minutos, e só consegui falar com a minha mãe eram três e pouco da manhã e soube que eles foram assaltados, mas graças à Deus não fizeram nada com nenhum dos dois, apenas levaram os pertences e carro. Desliguei o telefone ainda preocupado com a minha Pichuletinha, que já tinha até subido pro quarto.

                                  (...)

  Quinta por volta de 8h da manhã foi quando a van estacionou em frente a minha casa, desci me despedindo de todos e entrei em casa.

_ Tua mãe disse que você chegava hoje, só não pensei que fosse tão cedo. -Marina dizia com as mãos na cintura, olhei sorrindo e fui até ela dando-lhe um abraço e deixando um beijo depositado em seu rosto.-
_ Quis vim cedo que meu dia tá cheio.
_ Hmmm... Compromissos em São Paulo?
_ Compromisso de amor, conta? -perguntei rindo, ela olhou desconfiada e negou com a cabeça.-
_ Ôh se conta, mas olha... Juízo rapaz.
_ Sempre tenho. -risos.- Tem café, aí?
_ Fiz agorinha, tá na garrafa térmica e tem pão também, tudo em cima da mesa que a Melissinha comeu antes de ir pra escola.
_ Vou aproveitar e comer então... E o restante do povo?
_ Sua irmã levantou cedo, saiu mais seu pai e foram ver alguma coisa do Chá de Fraldas. Agora sua mãe ainda não voltou, acho que deu uma passada no mercado.
_ Então quer dizer que estamos sozinhos, só nós dois pra dar uns beijos. -lhe dei uma juntada, ela toda risonha, cheirei seu pescoço e ela arrepiou inteira.-
_ Mas, menino.. Tu me respeite que eu tenho idade pra ser sua mãe.
_ Eu curto uma mulher assim, mais experiente... O que cê acha?
_ Acho bom eu terminar meu serviço, sabe... Vá comer e me deixe aqui sem amolação. -dei risada e fui pra cozinha, preparei meu café com leite, pão com manteiga e mandei pra dentro que a fome estava grande.

  Depois de estar com o estômago vem cheio subi pro quarto, largando minha mochila de roupas sujas já em cima do sofá mesmo. Entrei no meu quarto e só me preocupei em tirar a roupa que estava e colocar uma samba-canção, aumentei o ar condicionado e me deitei cobrindo com um edredom e dormi bem rápido até.

                                 (...)

  Acordei com um barulho no quarto, mas estava com preguiça de abrir os olhos. Fiquei quieto, em absoluto silêncio.

_ Melissa, vem aqui! -era minha mãe que sussurrava.- Deixa seu pai dormir.
_ Não vó. Eu tô com saudade, ele tem que acordar.
_ Deixa de ser malcriada. Depois ele acorda e vocês brincam, conversam... Agora vem, vamos tomar um banho e trocar de roupa que a Marina tá terminando o almoço.
_ Nem um beijinho?
_ Bem rapidinho. -ela subiu na cama e beijou minha testa, senti uma língua na minha boca e escutei risadas.- Puff, desce já daí.
_ (risos) Ele tá com saudades vó.
_ Seu pai precisa descansar, deixa de amolar vocês dois e já pra fora. Anda.
_ Tá bom, né. Posso fazer nada nessa casa, droga viu.
_ O que você disse?
_ Nada ué.
_ Melissa, Melissa.

  Os três saíram do quarto e virei pro outro lado, mas não voltei a dormir. Peguei meu celular e aproveitei pra mandar mensagem pro Dudu. Ainda era 13h e alguma coisa, marquei de passar lá antes das cinco pra bater aquele papo e enrolei um pouco mais na cama antes de levantar e ir direto pro banheiro jogar uma água quente no corpo. Desliguei o chuveiro e quando apareci no quarto com a toalha enrolada na cintura dei de cara com a dona Marizete cruzando a porta.

_ Já tá de pé meu filho? Me preparei tanto pra te acordar com muitos beijos, te apertando muito (ria). Cadê meu abraço?
_ Vou deitar na cama e fingir que tô dormindo. -falei indo até ela de braços abertos e recebendo o melhor abraço da melhor mãe do mundo.- Queria me acordar pra que?
_ Comer, meu filho. Saco vazio não para em pé. -disse me dando um beijo no rosto.-
_ Tô com fome mesmo. Mas, preciso pôr roupa. -fiz careta.-
_ Nunca vi uma pessoa pra gostar tanto de ficar pelado, meu filho... -risos.-
_ Vou morar sozinho pra andar pelado todo dia.
_ Deixa de história e não demora. Vou tomar um banho.
_ Cadê minha pequena?
_ Dormindo, e deixa dormir que tá na hora de descanso dela.
_ Vou comer rapidinho e aproveitar pra ir no VIP.
_ Você não está de folga? -me aproximei e contei com calma minha arte, quer dizer, parte dela.- Tá. Não demora hein.
_ Coisa rápida, prometo.
_ Se entenda com a Melissa depois. -falou saindo do quarto.-

  Não perdi tempo, troquei logo se roupa, desci e comi ligeiro, peguei as chaves do carro, documento e fui. O trânsito me atrasou um pouco, cheguei e Dudu já estava a minha espera.

_ Pensei que tinha desistido cara. Que demora da porra.
_ Estamos em São Paulo, trânsito lento em horário de pico. Até tinha esquecido, cara.
_ Eu sei, tô zoando só (riu). E aí, conseguiu?
_ Consegui cara, ficou muito massa. Tenho algumas notas, mas ainda falta terminar a melodia. Tá com tempo aí?
_ Tô até porque esse motivo é especial, né...
_ Muito, tô muito ansioso.
_ Nem parece que já fez isso antes...
_ Não pra ela. -sorri.- Ela merece muito mais que isso.
_ Juro que vou no dia, só pra ver de perto nunca pensei que fosse te ver... -quando ele ia falar a porta se abriu e a Srª. Borges entrou na sala.-
_ Luan, você por aqui... -nos cumprimentamos.-
_ Nega, o que você tá fazendo aqui? -ele perguntou e ela deu uma risadinha sacana e se sentou ao lado dele.-
_ Nada, estava perto e acabei passando aqui.
_ Hmm... Mas, não quer esperar lá fora não?
_ Por que? Não posso saber o que conversam?
_ É porque se trata de uma surpresa.
_ Adoro surpresas e posso ajudar se quiserem...

  E ela realmente ajudou, dando opiniões. Eu e Dudu mexendo aqui e ali, melhorando ainda mais até que terminamos. Tocamos juntos enquanto eu cantava, Soraya ficou emocionada com a letra e a melodia mais ainda.

_ Agora vai em parceiro, sucesso na certa.
_ Tô vendo que sim. Uma eu já conquistei.
_ Minha mulher não conta. -falou beijando-a e eu joguei uma caneta.- Nega, e as crianças?
_ Na casa da minha mãe, meus tios vem esse fim de semana e ela quis ficar com eles.
_ Minha sogra fic...
_ Ela disse que precisávamos de um tempinho.
_ Sem grude, ainda estou aqui.
_ E sua namorada em casa, vão nem jantar fora hoje?
_ Hoje é dia de ficar em casa, Melissa me bate se eu sair.
_ Viish, ela tá grandona né?
_ E cada dia mais esperta, quero ver quando for maior.
_ Já comprou a arma?
_ Tô pra comprar e você?
_ Arma? Vão matar quem?
_ Quem chegar perto das nossas princesas.
_ Aí como são ridículos, ninguém merece vocês não. Eu hein. -levantou dizendo que iria ao banheiro.-
_ Vou nessa parcero, a gente vai se falando e qualquer coisa tamo ae. Valeu pela ajuda.
_ Que isso cara, quando quiser é só chamar.
_ Falou aí! Tchau Sô!
_ Tchau Lu e manda um beijo pro pessoal.
_ Será dado.

  Saí do estúdio e fui é pra casa, mas antes passei no drive do Habbibs e comprei esfihas pra comer em casa e levei um brinquedinho do kit infantil.
  Quando cheguei em casa estava escutando o barulho da TV alta já da porta, Puff latindo e Melissa cantando e minha mãe com a Bruna  conversando.

_ Cheguei família e trouxe comida.
_ Papai! -desceu do sofá correndo e grudou nas minhas pernas.-
_ Tudo bem pequena?
_ Tudo bem nada, cê foi aonde?
_ Uai, fui no estúdio.
_ De novo? E não levou eu?
_ Te levo na próxima, prometo. -beijei sua testa e fui colocar as coisas na mesa de centro. Fui na cozinha pra pegar os copos  e voltei pra sala onde comemos e conversamos durante um bom tempo.

~.~

  Hmm... Surpresas por vir?