Capítulo 145

Narrado por Luan
  Dormir agarradinho depois de horas de muito amor era bom demais. Dormi mais relaxado, tranquilo e aproveitando ao máximo os minutos daquela forma com a minha linda, e que dormindo parecia a mulher mais frágil desse mundo.

                              (...)

  Poucas horas de sono e Fernanda se levantou pra ir ao banheiro, depois desceu pra cozinha e demorou a voltar. Vesti minha cueca e desci atrás, cheguei de fininho e a vi colocar sorvete de milho verde e ao lado o macarrão com queijo que tinha feito, jogou calda de caramelo por cima e pegou um garfo. Só de olhar aquilo meu estômago embrulhou, quem ficou com ânsia de vômito foi eu e ela comia com tanta vontade que parecia estar a coisa mais gostosa do mundo.

_ Meu deus que delícia, nossa!
_ Coisa feia levantar de madrugada pra se encher se comida.
_ Feio é ficar com vontade. Quer amor?
_ Não, e limpa aqui oh. -cheguei mais perto limpando o canto de sua boca e a ponta de seu nariz.-
_ Te acordei?
_ Não... -tentei disfarçar.-
_ Desculpa, não consigo ficar muito quieta na cama. -riu.- Tem certeza que não quer? É gostoso amor. Experimenta.
_ Eu não credo. Imagina só no estômago, o queijo com o sorvete de milho e o caramelo, batendo tudo junto e virando aquela gororoba lascada, sem contar o gosto. Eca! Nojento. -fechei os olhos sacudindo a cabeça e quando os abri ela corria pro banheiro. "Merda de boca que não consegue ficar fechada nunca!"- Amor?
_ Não... -foi interrompida pelo vômito.- Saí daqui... -entrei mesmo assim, segurando seus cabelos enquanto ela colocava tudo aqui e mais um pouco pra fora.-
_ Te falei pra não comer esses trem esquisito.
_ Tava muito gostoso, você que fixa falando essas coisas nojentas e... -vomitou ainda mais e foram quase cinco minutos assim.-
_ Não falo mais, se quiser pode comer até pedra.
_ Que nojo, Luan! Para de falar...
_ Tá bom, parei. -fiquei em silêncio.-

                                   (...)

  Voltamos pra cama e ficamos conversando até muito tarde, rindo de bobeiras nossas, de lembranças de quando nos conhecemos e os primeiros encontros. Até que ela pegou no sono e fiquei falando sozinho, fechei os olhos e quando pensei que dormiria escutei um barulho de alguém mexendo na maçaneta. Esperei um pouco e a porta se abriu, não demorou e Melissa quietinha até a cama, tentou subir e caiu por duas vezes, não desistiu. Tanto fez que conseguiu subir na cama e ficou sentada, nos olhando.

_ Papai... -chamou.- Cê tá acordado?
_ Oi minha princesinha...
_ Quero ficar aqui com vocês. -eu que estava abraçado à Fernanda me afastei deixando que Melissa entrasse bem no meio e dormisse ali.-

  Acordei uns minutos depois acordei com o despertador e desliguei antes que a Nanda acordasse, chamei Melissa que estava num mal humor lascado.

_ Todo dia você acorda cedo, o que aconteceu hoje?
_ Eu não queria ir, não... -falou fazendo bico e cruzando os braços.-
_ Por que amor?
_ Porque quando eu chegar da escola você não vai tá em casa mais e eu não quero que você viaje.
_ Mas, o papai trabalha com isso meu amor.
_ Eu sei, mas eu não queria... -coçou os olhos.-
_ Vem cá, conversa com o papai...
_ Não. Me leva pra escola! -foi vestindo sua blusa e as meias.-
_ Não fica triste princesa.
_ Tá.

  Não sabia nunca o que dizer, só pedia à Deus que me permitisse voltar pra casa e encontrar aquele mesmo sorriso e o abraço apertado e cheio de vida que mandava embora até mesmo meu cansaço.
  Terminei de arrumá-la e foi a minha vez, já que teria reunião com o pessoal do escritório. Descemos e ela pra dizer que não comeu nada, pegou uma maçã. E eu não peguei nada.
  Deixei Melissa na escola e segui pro outro lado de São Paulo (exagero meu vai), peguei trânsito, mas cheguei à tempo.

_ Chegou cedo pra amanhã hein.
_ Eu tenho uma filha... -falei me sentando.- Bom dia galera.
_ Bom dia. -responderam.-
_ E aí, o que manda?

  As reuniões que aconteciam no começo de todos os meses geralmente definiam como seria o restante do mês, fechava agenda com os shows, compromissos: fotos, participações em programas, participações externas (quando eles vinham até mim). E como tinha assunto pra cacete saímos de quase na hora de viajar mesmo.

_ Isso que é saudade, larga disso cara!
_ Ela fala a mesma coisa quando eu estou respondendo as suas mensagens. -falei deixando o celular em cima da mesa e girando com a cadeira.-
_ Ciúmes de mim, claro...
_ Ah claro! -risos.- Ela disse que a gente fofoca, vê se pode isso cara.
_ Pode não, nós trocamos informações. Sem contar que nossa última conversa foi muito interessante.
_ Claro que foi, Prêmio Multishow 2015. Ha! Não vejo a hora.
_ Tá todo feliz aí, sinal de que não vai levar a Nanda.
_ Bom, ela nem sabe e... -pensei bem.- Eu amo minha noiva, mas se ela for é quase certeza que vamos brigar.
_ Brigar? Logo agora que estão bem?
_ Exatamente por isso, cara. O que não vai faltar é mulher, e ela não gosta.
_ Até porque se gostasse de mulheres não estaria com você, convenhamos né.
_ Cala a boca, cara (ri). Tô falando brigar por ciúmes.
_ Tem certeza que não vai nem convidar? Vai ser pior se ela souber pela imprensa, Boi.
_ Vai ser que dia?
_ Semana que vem, dia 17 ou 18. Não lembro.
_ Até lá tem chão...
_ Nem duas semanas.

                                   (...)

  E passou rápido mesmo, hoje já era domingo, dia 15, aniversário da Dalila e elas sairiam juntas. Passei o dia conversando com a Nanda por mensagens entre um compromisso e outro, mas poucas horas antes do show ela parou de responder.

_ Nossa, Boi. Tá bem de noiva hein!
_ Do que você tá falando?
_ Disso aqui cara, olha como ela tá g... Gata. -continuei aquecendo a voz que assim não teria tempo de ter uma crise de ciúmes, peguei o celular e sem dizer nada fui procurar saber onde elas iriam e como ela estava vestida.

  Fernanda estava linda, o problema era os outros homens acharem o mesmo e saber que mesmo comprometida ela estaria em uma balada desacompanhada.
  Terminei o que fazia, reuni minha banda e fizemos uma oração antes de colocar os fios todos, pegar o microfone e subir no palco para o grande show da noite.
  Casa cheia, FCs presentes e vamo nóis!

Narrado por Fernanda
  Geralmente as pessoas vão curtir as noitadas na sexta e no sábado, e aqui estava eu em pleno domingo, fazendo frio em SP indo pra uma balada comemorar o aniversário da minha melhor amiga à moda antiga.
  Só iríamos nós duas, na mesma boate em que eu consegui o Luan tempos atrás. Tenho sérios problemas, porque iria pra uma balada eletrônica sabendo que não poderia beber, ou seja, verei as pessoas ficarem bem loucas e eu sóbria. As crianças ficariam com a tia Mabel, e eu morava sozinha então... Avisei meu noivo por respeito e não necessidade, porque no nosso relacionamento nunca existiu essa coisa de dar ordens, isso não. Nunca. Nós tínhamos o costume de avisar, pra ninguém ser pego de surpresa por um título de uma matéria maldosa.

_ Podemos ir agora? -perguntava ela impaciente, mexendo a perna de braços cruzados enquanto eu terminava de publicar minha foto.-

_ Ahaam... Vamos. -peguei as chaves, ela saiu apagando as luzes, fechei a porta e entramos no carro.-

@fermarques: Viva enquanto é tempo. ❤ #BDayLila

  Como eu tinha dito, iria usar minhas roupas curtas agora que ainda não tinha nem um sinal da barriga. Nem parecia que eu estava grávida, parecia no mínimo que eu havia feito uma plástica nos seios.

  Fui dirigindo, chegamos lá na hora certa porque tinha movimento, mas não muito, entramos de boa e subimos pro camarote. Nada havia mudado no local, muitos homens lindos, dançarinos no palco já sem camisa e tinham dançarinas também... "Mas, olha minha cara de quem quer ver mulher!" 

_ Me sinto com 21 anos outra vez.

_ Já passou deles faz tempo. -falei me debruçando na bancada do bar.- Eu quero um energético.

_ Energético? Tô de olho em você que carrega o meu sobrinho na barriga.

_ Fala mais alta, todos precisam mesmo saber ôh.

_ Desculpa. -riu e olhou para o rapaz.- Quero um drink de Morango com Martini.

_ Você deveria me acompanhar tomando algo mais light.
_ Smirnoff. -risos.- Vamos dançar muito, né?
_ Super.

  Pegamos nossas bebidas e fomos para a nossa mesa. Confesso que não estava me sentindo muito à vontade sem beber nada alcoólico, fiquei em drinks sem álcool, refrigerante, energéticos e assim encaramos a noite bem felizes, dançando horrores. Senti alguém cutucar meu braço e quando me virei era uma menina que tinha cara de ser menor de idade, cumprimentei educadamente sem saber quem era.

_ Eu te vi aqui e pensei que o Luan também estivesse, sou fã dele.
_ Ele está em turnê, vim com a Lila só. Mas, digo à ele que te encontrei viu.
_ Eu ficaria muito feliz (sorriu). Tira uma foto comigo Nanda?
_ Claro, bem cá... -fiquei ao lado dela e juntas fizemos  pose para a foto.-
_ Obrigada viu e você é linda.
_ Magina, eu que agradeço. -dei tchauzinho e ela foi. Voltei a dançar e fui parada mais uma vez, dessa vez por rapazes que pediram fotos também. Depois outra mulher e então mudei de lugar, fomos pro banheiro e na volta descemos pra pista onde passamos o restante da noite.-
_ Tá famosa hein.
_ Noiva de um famoso, é diferente.
_ Amiga... Não olha agora, mas tem um cara vindo pra cá.
_ Não saí daqui, pelo amor de deus!
_ Lógico que não. Só quero ver qual é a dele.

  Minha amiga não era normal e eu ainda ia na dela. O homem chegou na manha, um bom papo até quis beber conosco, pediu foto dizendo que éramos muito bonitas e depois disso se achou no direito de tentar me beijar, e levou um empurrão.

_ Ficou maluca?
_ Você pareceu ter ficado. Eu namoro, seu doente.
_ Namora? Eu pensei que estava gostando.
_ Estava sendo educada, mas hoje em dia muitas pessoas não sabem o que é isso. Vamos embora amiga, isso aqui já deu o que tinha que dar.
_ Poxa, é meu aniversário...
_ O que não nos falta é balada, e eu sei de uma que é ótima. Vamos.























~.~

  Clima dando uma leve esquentada. E agora, hein?