Capítulo 56

Narrado por Luan
  Voltei pra casa e as visitas estavam já se despedindo. Quer dizer, só dona Luciana, seu Roberto e a Paula. Tayse ficaria porque a Bruna insistiu de saírem juntas no dia seguinte. Eu não me opus a nada e subi pro meu quarto. Onde troquei de roupa, ficando só de samba-canção mesmo e desci pra comer.

_ Luan, meu filho. Vai ficar desfilando de cueca sabendo que tem visita em casa?
_ Ah mamusca, tô na minha casa e de férias. E acho que a Tayse já viu uma cueca na vida. -falei rindo e ela me encarou sério.-
_ Queria ver se fosse sua irmã que estivesse na casa de alguma amiga e o irmão dessa amiga ficasse desfilando de cueca e sem camisa pela casa. Pensa nisso.
_ Bruna tamém é outra, que já até namora. Mesmo nem tendo idade pra isso. Uma criança ainda.
_ Criança? Com 22 anos? Aí Luan. -riu saindo da cozinha.-

  Parei pra pensar no que tinha dito e realmente falei besteira. Minha irmã não era nenhuma criança, mas ainda assim eu me recusava pensar que ela não era mais virgem e que a mesma coisa que eu adorava fazer com a Fernanda ela fazia com o namorado. Imagina cara, ele pegando minha irmã e... "Que nojo! Credo, como a Bruna tem coragem. Dá até um arrepio, uma coisa ruim..."

_ Pi? -ela me chamou e quando olhei engasguei com o suco que tomava. Bruna estava com um pijama curto que deixava seu corpo bem definido e juntei com os meus pensamentos de minutos atrás e sem perceber já estava fazendo caretas.-
_ Como você pode fazer isso comigo, Bruna? -negava com a cabeça e ela ainda me olhava sem entender.- Por quê você foi crescer?
_ Ih, Pi. Tá doido?
_ Você que enlouqueceu. Tão nova, fazendo essas coisas.
_ Que coisas, Luan? Não tô entendendo nada.
_ Você e o Rafael. Bruna, você deixa ele... Ele fazer oral em você? -perguntei e na hora ela foi ficando vermelha, muito vermelha.- Ai minha nossa senhora da aparecida, nem precisa responder que que já sei até a resposta. Que nojento isso! Ele e minha irmã, que eu peguei no colo! -passei por ela em passos largos e fui pro meu quarto. Liguei o videogame e passei um bom tempo jogando meu futebol e tentando esquecer meu jantar. Que só de pensar me deu um embrulho no estômago, quase morri.-

  Meu jogo não durou muito tempo, já que meu sono estava gritando. Então tratei de ir dormir. E graças à Deus tive uma madrugada de sono muito boa e fui acordar só na hora do almoço com o cheirinho da comida da mamusca invadindo até meu quarto.
  Sentei na cama e antes mesmo de fazer qualquer coisa peguei o celular e fui olhar minhas mensagens e sorri ao escutar os áudios que Melissinha havia mandado (sim, pelo celular da mãe). E depois de responder me levantei e fui tomar meu banho. Lavar cabelo, fazer a barba e estava pronto pra aproveitar o dia (isso depois de me vestir é claro).
  Desci e não encontrei meu pai, mas minha mãe estava na sala vendo revistas e escutei o barulho das meninas na piscina.

_ Vai cair na piscina não mamusca?
_ O sol tá muito forte, depois eu fico é ardida.
_ Mas muié, assim que é bom.
_ Deus me livre. Mas tarde quem sabe... E você? Não vai comer?
_ Tô cheio de fome mesmo, muita. O que tem pra comer?
_ Comida. -rimos.- Gosta?
_ Adoro, ainda mais a sua. -fui até a cozinha, fiz meu prato, esquentei e voltei pra sala e conversei o tempo que comia e depois de por o prato na mesinha de centro deitei a cabeça no colo dela e fiquei recebendo cafuné.-

  A estrada na maioria das vezes me privava disso, de estar em contato constantemente com a minha família. Mesmo eu tenho minha familia de estrada, era diferente comer comida congelada, não ter um cafuné antes de dormir ou qualquer hora do dia. Não me arrependo das escolhas que fiz, mas abrir mão disso foi um pouco complicado e era uma coisa que eu nunca me acostumaria.
  Minha tarde toda foi assim... Depois as duas bonitas entraram e foram se arrumar pra balada (show do namorado da Bruna).

_ Pi, vamos?
_ Quem vai? -perguntei ainda concentrado no celular.-
_ Tayse, eu e a Ju. Aí você pode chamar seu love.
_ Que love? -meu pai perguntou enquanto cruzava a porta.-
_ Quem cê acha pai? Fernanda, né... Luan não desgrudou mais da menina desde o aniversário da Melissa.
_ Cê é chata em Bruna, cuida viu.
_ Também te amo!

  Eu não estava afim de ir não e sabia que Fernanda não iria, porque tinha combinado outra coisa com as amigas.
Esperei a janta e depois ficamos vendo filme os três até meus pais sentirem sono e subirem. Já eu continuei vendo meus filmes, até que perto das duas da manhã as bonitas chegaram.

_ Acordado ainda? Deveria ter ido que estava muito legal. -Bruna dizia.-
_ Fiquei de boa aqui, comi bastante, vi meus filmes.
_ E a gente beijou muito na boca. Fala aí, Bruninha. -Tayse disse rindo e vindo pra se sentar no sofá.-
_ Ôh e como, como é bom beijar gente. -foi pra cozinha e eu dei risada.-
_ Mas ainda tô afim viu, e te olhando assim... Desse jeito... -veio se aproximando e eu fui mais pro lado.- Ei não foge não! -riu.- Eu sei que está louquinho por isso também. -ela sentou no meu colo e puxou minha cabeça, e me beijou mesmo de surpresa. "Tá eu não deveria, mas fiquei com vontade e não resisti ela estava muito gostosa cara."- A gente poderia terminar isso no seu quarto, né?
_ Melhor não, você está bêbada e não rola. -falei me levantando e indo pro quarto rindo muito.-

Narrado por Fernanda
  Minha noite foi bem legal. Muito mesmo, saí com as minhas amigas antigas da faculdade de direito e rimos muito, dançamos bastante e nem bebemos tanto. Cheguei em casa de manhã, já era mais de oito horas e meus pais estavam acordando. Mas não falaram outra coisa a não ser Bom Dia!
  Subi pro meu quarto, tomei um banho e vesti uma roupa de ficar em casa até porque eu estava sem sono nenhum. Fiquei no notebook vendo as coisas da viagem pra Barcelona que eu não havia esquecido, apenas tinha adiado por conta dos últimos acontecimentos.

_ Filha? -minha mãe bateu na porta e logo foi entrando.- Estou indo com seu pai na clínica, tá!?
_ Ele está bem?
_ Sim, ele tem consulta mesmo e marcamos para manhã porque é melhor.
_ Ah tá. Quer companhia? -ela negou.- Já vou pedir pra Martinha fazer algo que ele goste muito pro almoço, porque ele sempre volta pra baixo e...
_ E vamos torcer que seja diferente dessa vez.

  Assim que ela saiu eu fui dar uma volta pela mansão, isso depois que falei com a Martinha pedindo que ela preparasse Bobó de Camarão com arroz bem branquinho e salada de brócolis.
  Desci e fiquei conversando com o Davi por muito tempo, ele até comentou comigo que estava fazendo teatro e em breve faria sua primeira atuação e eu claro me convidei para ir.

_ E as gatinhas?
_ Minha mãe tem umas mesmo. -risos.- Mas continuo solteiro, se quer saber.
_ Eu não entendo. Você tão gato, gostoso... Uma excelente pessoa, sabe conversar e tudo... Está solteiro. Vai me dizer que é por falta de opção?
_ Não, mas as meninas que vem não quer coisa séria não. E eu não sou do tipo que brinca. Sou pra casar.
_ Nossa! -bati palmas brincando.- Quer casar comigo? Eu super aceito!
_ Aceita, é? -riu.- Seu coração tem dono que eu sei.
_ Tem? Não estou sabendo disso.
_ Seus olhos brilham quando você fala do Luan, é que você é toda ogra e não percebe.
_ Nossa, Davi. Toda ogra?
_ Você é que eu sei.
_ Eu não sou ogra com você. -lhe abracei pela cintura.-
_ Porque a gente se conhece, tem uma amizade mesmo e intimidade. Mas quem você não tem aproximação a coisa é séria.
_ Ai que mentira, que eu sempre fui simpática.
_ Quando te interessa. -risos.- Mas chega disso, beleza? Tenho que almoçar! -falou bocejando e depois de fechar o cadeado da grade do meu gatinho nós dois subimos.-

  Deixei ele ir comer e quando peguei o celular vi que tinham mensagens.

*Tenho que te contar uma coisa Pichuletinha.*

*Pode falar.*

*Ontem, eu...*
*Não sei se consigo falar, mas tá me incomodando muito mesmo.*
*Tô com a consciência pesada.*

*Então fala ué.*
*Oxe, simples assim...*

*Eu fiquei com a Tayse.*

*Que bom pra você!*
*Gostou do beijo?*

*Não precisa ser grossa, ficar toda fria comigo. Tô sendo sincero.*
*Nanda?*

*Não falei nada e nós também não temos nenhum compromisso sério mesmo. Você fica com quem você quiser. Normal!*

*Ah cara!*
*Normal não é porque se fosse você em não ia gostar.*

*Ah pronto!*
*Nem vou te falar nada. Vou almoçar, tchau.*

  Larguei o celular em cima da estante e fui pra cozinha onde passei meu tempo comendo doce antes dos meus pais chegarem.

_ E aí, como foi lá?
_ A mesma coisa de sempre, acho que nunca vou sair dessa droga de cadeira. -engoli o que tinha dito.-
_ Pai, a doutora disse que seria um processo demorado.
_ Três meses que mais se parecem anos, se fosse pra eu me recuperar isso já teria acontecido.
_ Pai, não fala assim.
_ Eu falo! Porque é a verdade! Odeio essa cadeira, odeio ter que depender dos outros pra tomar banho, pra ir no banheiro. Nem pra transar direito eu sirvo. -fiquei de olhos arregalados e Lucila constrangida saiu da sala.- Eu vou pro quarto.

   O clima deu uma pesada. Acabei almoçando sem eles, só com a Luci e a Martinha mesmo. Depois fui pro sofá e deitei, fiquei assistindo Tv até que tocaram a campainha e Lucila foi atender.

_ Oi, Luci.
_ Nossa, Luan. Você por aqui. Entre.
_ Cadê a Nandinha?
_ Tô aqui, por quê? Quer falar comigo? -continuei deitada, trocando de canal.-
_ Pensei em ligar, mas você é daquelas que desliga na cara... -veio e sentei no sofá.-
_ Pode falar, tô ouvindo tudo.
_ Ficou brava?
_ Não, e nem sei porque você me contou isso. É totalmente desnecessário, porque a gente só fica, dá uns beijos, transa quando bate aquele desejo... Mas não tem aquela coisa toda. Eu pensei que tinha, mas depois da sua mensagem...
_ Eu fiquei sim com ela, mas eu nem sei porque.
_ Porque te deu vontade!
_ Tô me sentindo culpado, você sabe que eu gosto de você.
_ Então para com esse drama! Odeio isso... Fez e pronto, acabou. Já foi. Ela beija bem?
_ Eu tive curiosidade apenas isso.
_ Hum.
_ Fernanda...
_ O que é caralho? Quer que eu fale o que?
_ A gente vai continuar ficando?
_ E porque seria diferente?
_ Não ficou com ciumes?

  Luan estava falando demais e isso estava me incomodando profundamente, fui obrigada e me levantar e desligar a Tv. Ele ficou me olhando perdido, me olhando atento a cada movimento. Me aproximei dele e antes que ele abrisse a boca pra falar mais uma vez eu lhe dei um selinho. Selinho esse que se transformou em um beijo intenso e safado. Beijei ele com toda vontade que existia e também pra ele não ficar falando daquela tal de Tayse,  que eu não estava com paciência... "Na verdade eu estava com ciumes. Com dor de cotovelo. Porque depois dele me foder de tudo o que foi jeito na cama dele, ele vai e beija outra? Como assim?" ... Ele segurou minha bunda e eu fazia questão de ficar me mexendo pra frente e pra trás deixando-o excitado. Sentindo seu pau endurecer e provocar minha mente que queria tê-lo, segurei firme seus cabelos e mesmo sem ar continuei até que estávamos bem ofegantes. Olhei e ele estava com a boca bem vermelhinha, dei risada e saí de cima dele indo tomar água.

_ Nossa! Melhor beijo da minha vida! -dizia entrando na cozinha logo atrás de mim.-
_ Quer uma água?
_ Quero uma outra coisa, que tal outro beijo?
_ Vai pedir pra Tayse!

~.~

  Luan não tem jeito! E agora gente?