Capítulo 112

Narrado por Luan
  E mais uma tentativa falha de tentar falar com a minha namorada. Ela simplesmente não me atendeu, e quando voltei a insistir dava direto na caixa postal.
  Cara, por quê ela ficou tão brava? Nem fiz nada demais, estava trabalhando (de certa forma). Aquele comentário dela repercutiu algumas horas no twitter (onde eu estava sempre de olho) e no instagram, os FCs fizeram montagens e nas minhas marcações só dava isso: "@fermarques não curtiu isso." "Luan vai dormir nem com o Puff. Fernanda vai dar ele de comida pro Lupy." "Luanjr vai ficar bons dias sem brincar, se fudeu Luan." "Luan e Veronica? Sei não hein." "Abaixa a cabeça pra passar pelas portas @fermarques."

  Esperava que assim como ela estivesse me ignorando que ignorasse todos aqueles comentários maldosos que estavam me tirando do sério.

_ Larga esse celular aí e bora aproveitar o esse sol que está fazendo aqui em Fortaleza! -Testa dizia tomando o celular da minha mão.-
_ Aproveitar? Tá maluco?
_ (risos) Consciência pesada, né? Eu te entendo. Sua namorada vai mesmo te matar, então aproveita agora mesmo.
_ Ninguém mandou tirar fotos com a loira gostosa.
_ Ela nem era tão gostosa assim. -falei.-
_ Então você olhou mesmo? -Karielle perguntou rindo.-
_ Não... Não muito.
_ Safado, vou contar isso pra Nanda.
_ Brinca não Marlinha, Fernanda tá é uma fera comigo.

  Não tive meu celular de volta, o que me restou foi aproveitar aquele paraíso bem à minha frente.

                                (...)

@luansantana: Faltando pouco pra voltar pra casa e curtir minha folga ao lado das minhas Princesas. @fermarques #Mê ❤

  A saudade das duas estava grande e o medo de como seria encontrar Fernanda pessoalmente também, ela simplesmente sumiu (pra mim), mensagens não eram nem visualizadas e a ligações não eram atendidas, comentar fotos havia se tornado um saco. Eu estava sem saber o que fazer.
  Já estávamos na quinta-feira, Rio de Janeiro e amanhã o último compromisso da semana, um aniversário de 15 anos.

_ Pronto, fiz o que pediu. E ainda hoje chegam as flores pra ela. -Testa disse entrando no quarto.-
_ Valeu, Testudo.

  Mamusca disse que mulher nenhuma resistiria à flores, então pedi que lhe entregassem um buquê enorme de flores à ela junto com um coração de pelúcia escrito "Eu te amo, minha Princesa". Estava rezando para que ela ao menos recebesse o presente com carinho.
  Conforme as horas foram passando a minha inquietação era maior, seguia para o show da noite e foi nessa hora que o celular vibrou interrompendo meu jogo (única distração) e mostrando a nova notificação.

*Querendo me comprar com flores?*
*Realmente são lindas, assim como o enorme coração.*
*Só não pensa que tudo vai ficar bem e que eu vou esquecer, porque não vai.*
*Você me magoou muito com uma simples foto, uma foto aparentemente profissional, uma porra de uma foto dando selinho um qualquer enquanto as  suas mãos estavam na bunda dela e os peitos dela encostando em você! Olha Luan, eu posso ter todos os defeitos do mundo. Mas, eu nunca! NUNCA te desrespeitei desse jeito pra todo mundo ver, sempre procurei me policiar para não te expor e o que eu ganhei em troca foi isso. Porque eu sou uma trouxa mesmo, uma idiota que além de aturar essas piranhas que não te largam nunca, tenho que engolir foto e fingir que está tudo bem. Você tem muita sorte de eu considerar muito a Melissa, porque senão nem nessa viagem eu iria.*

  Aquela mensagem acabou comigo. Não imaginei que ela estivesse tão chateada, que Fernanda tivesse tão mal com aquela situação a ponto de não querer nem mesmo viajar conosco. Fiz burrada e agora eu preciso me consertar, mas de uma maneira que fique claro que minha intenção nunca foi expor nosso relacionamento dessa maneira, nem mesmo por em questionamentos a minha fidelidade.

  Guardei o celular no bolso da calça e me virei olhando pra janela e foi assim o restante do caminho. Chegamos no local do show pouco tempo depois, segui direto pro camarim, tomei uma água e dei uma ajeitada no cabelo antes de atender aos fãs que tinham sido sorteados pela central e ainda teve o pessoal do Vídeo Show que gravou os bastidores, então tive que encarar o personagem e não deixar transparecer minhas preocupações.

_ Bora, boi. Deu a hora. -assenti.-
_ Vamos nessa galera do Vídeo Show. -falei com as câmeras e então abri a porta do camarim e seguimos pelo corredor em direção ao backstage, fiz o sinal da cruz e subi no palco onde dei o melhor de mim aos meus fãs que eu tanta amava e amava mais ainda ver o brilho em seus olhos e um largo sorriso no rosto.

                                  (...)

Narrado por Fernanda
  Chegou sexta-feira à noite e eu saí da CDM sorrindo por estar de folga, porém tensa porque estava em um clima ruim com o Luan. Enfim... Fui pra casa e cheguei já indo pro quarto e entrando no closet, tirei os sapatos e mãos à obra: terminar de arrumar as malas.
  Foram longas horas ali dobrando uma peça e outra, pegando um sapato que cairia bem com mais de um look. O celular tocava e eu com preguiça de atender já que tinha esquecido-o em cima da cama, dentro da minha bolsa. Pra não dar como chamada perdida tive que correr, atendi rápido.

_ Alô?
_ Nanda... -aquela voz arrepiou todos os pêlos do meu corpo, que saudade que eu estava de escutar a voz dele falando o meu nome e...-
_ Luan? -tirei o telefone pra olhar quem era e sim, era ele.- Oi.
_ É... Eu não aguentei esperar até amanhã e mesmo sabendo que você poderia me colocar daqui pra fora eu vim. -"Veio aonde? Louco." corri pra janela que dava para a parte da frente de casa e vi a Ferrari estacionada.- Desce aqui, vamos conversar por favor? -escutei sua respiração pesada, não disse nada. Calcei meus chinelos e fui abrir a porta.- Tá eu fiz burrada, assumo isso... Mas em nenhum momento minha intenção era te magoar e você sabe disso, sou um cara muito desligado e não vi que fazia parte do contrato fotos mais assim... Senão nem teria aceitado amor. Por favor, abre aqui... -ainda com as luzes da sala destranquei a porta devagar, ele estava de costas olhando o celular. Fechei os olhos e respirei fundo pra sentir o cheiro do seu perfume, sempre tão cheiroso. E pela roupa que vestia sinal de que veio direto de algum evento, traje social e os cabelos bem penteados, não estava de tênis...- Nanda? -falou ele ao telefone, mas o silêncio permitiu  que ele escutasse sua voz através do celular, como se fosse um eco e então ele se virou e nos encaramos por um bom tempo.-

"Isso mesmo, ficamos iguais dois idiotas. Ninguém falava nada, o gato tinha comido nossas línguas não é possível. Abre a boca, Fernanda! Convida pelo menos ele pra entrar."

_ É... Entra. -dei espaço e ele deu dois passos, parando de frente pra mim. Mesmo no escuro sabia que  seus olhos me encaravam e aquilo me deixou sem jeito. Ele era tão filho da mãe que tinha esse efeito sobre mim, homem nenhum conseguia me deixar intimidada (com vergonha, ou completamente sem jeito). Só ele. Que usava e abusava disso.-
_ Eu não podia adiar mais uma conversa...
_ Conversa? -o interrompi.- Estávamos discutindo pelo que eu me lembro. -falei entrando e batendo a porta.- Mas, se chama isso de conversa... -ironizei.-
_ Amor, olha...
_ Luan você já tentou se explicar e teve muitos dias pra formular uma resposta, uma história que talvez me convença e...
_ Não tem história nenhuma inventada. Se eu vim até aqui foi pra gente conversar como dois adultos.
_ Ah! Agora temos que conversar como adultos?
_ Não seja infantil, você está entendendo o que eu disse...
_ Imatura, infantil... Hmmm... E o que mais? -ele coçava a cabeça visivelmente nervoso.-
_ Não foi isso que eu quis dizer.
_ Mas foi o que você disse. -retruquei.-
_ Você não está me dando espaço pra falar, Fernanda...
_ Eu? Eu não estou dizendo nada Luan. Eu abri a porta e tô te escutando falar merda nenhuma desde que fechei a porta... Dá pra adiantar o assunto?
_ Nós dois já conversamos sobre isso. Dissemos que se algo estivesse errado iríamos sentar e conversar pra poder resolver. E agora você tá ai. Não me atendia, não me respondia. Quando respondeu foi pra falar um caminhão de coisas e...
_ Um caminhão de coisas não! -falei o interrompendo.- A verdade...
_ Eu te mandei as flores na intenção de fazer as pazes.
_ Não, foi na intenção de enterrar o assunto. Só que comigo isso não cola, se com as suas exs você fazia assim já vou te dizendo que comigo é diferente, que eu não vou me comover com nenhum presente, nenhuma flor e nenhuma mensagem bonitinha.
_ Fernanda, cala a boca e me escuta! -falou mais alto que eu. Que fiquei com a maior cara de idiota.- Desculpa, mas é que você não me deixa falar.
_ Você vem na minha casa mais de 23h da noite e me manda calar a boca? Tá pensando que você é quem? Tá pensando que eu sou a modelete ridícula que você deu selinho? -ele apertou os lábios segurando a risada.- Seu vagabundo, canalha!
_ Eu fiz sim as fotos, mas não beijei a boca dela. Fernanda do céu, acredita em mim.
_ Não beijou não? Não beijou? Eu tenho cara de idiota? Eu sou alguma cega?
_ Amor, eu...
_ Amor o caralho! Eu vi a foto que ela postou! Era o que aquilo ilusão de ótica?
_ Me deixa explicar?
_ Não! Porque eu tô com raiva. Não quero te escutar.
_ Por que não uai...
_ Porque você é um cachorro sem vergonha, que não pensa nas merdas que faz. Você me assinou um contrato sem ler aquela porcaria e no que deu? Umas fotos ridículas, sensuais e que me deixam com cara de namorada liberal enquanto eu tenho que andar com uma coleira no pescoço igual uma cadelinha porque meu namorado surta se eu falar com outro homem que seja ele, ou que ele não tenha ciúmes.
_ É isso que você pensa? Eu te prendo tanto assim?
_ Não, você não me prende. Mas, você vira a cara. Você... Você fica todo ignorante quando está com ciúmes e você nunca assume que está errado logo de cara.
_ Mas eu não...
_ Fez certo então? Olha, Luan... Eu tive um dia cheio, ainda não terminei de arrumar as malas. Eu estou com sono, então por favor vai embora.
_ E mais uma vez não nos resolvemos.
_ Não tem o que resolver, não penso em nada quando estou com sono e acabo falando o que não deveria, sendo assim é melhor a gente conversar outro dia...
_ Outro dia? Mas amanhã nós viajamos... Não tem outro dia, não quero viajar nesse clima.
_ Simples. Cancele as passagens! -falei e ele não disse nada, deu as costas e foi embora. E o que eu fiz? Chorei. Passei a droga da madrugada inteira chorando, me acabando de chorar e tudo isso porque eu não gostava, eu odiava brigar com o Luan e por qualquer coisa que fosse. Mas, o que me deixava fodida foi ele tentar argumentar. Meu ele errou, e se fosse eu teria assumido meu erro. Teria sido transparente. Fiz e pronto, sem dar rodeios, sem criar histórias... Falaria numa boa.

   Enfim... Virei a noite e pela manhã estava um caco e demorei bastante para me olhar no espelho e me reconhecer por trás dos olhos vermelhos e a cara inchada de tanto chorar e sono. Minha cabeça doía tanto que qualquer barulhinho parecia uma bateria de escola de samba.

  Coloquei a banheira pra encher e fui pro closet pegar minha roupa e trazer para cima da cama. Depois olhei a hora no celular e já aproveitei para colocar pra carregar. Procurei pela minha bolsa um remédio e tomei logo dois comprimidos. Fui para o meu banho relaxante e realmente, foi ótimo. Saí um pouco melhor, porém minha cara de acaba permanecia então foi a hora de caprichar no make e tcharam estava disfarçada. Troquei de roupa e então desci as malas (uma de cada vez porque não tô com essa força).

_ Lucila! -chamei baixinho e ela estranhou.-
_ Falando baixo? Tá doente?
_ Minha doença é falta de comida. Mas, vou comer no aeroporto. Só queria me despedir mesmo. Cadê o Davi?
_ Eu bem aqui. -me virei pra trás e lá estava ele, sem camisa e suado, comendo salada de frutas e por um momento de distração deixou um pouco cair em seu abdômen trincado.-
_ Sem or, cadê o ar? Como sobreviver depois disso? -falei olhando pro teto.- Aí, Davi! -me abanei e ele riu.- Cuida bem do meu bebê, tá?
_ Como sempre cuidei. Relaxa. -risos.-
_ Luci e meu táxi?
_ Acabou de chegar... Quer ajuda com as malas?
_ Eu levo.

  Agradeci por isso, ele levou as três malas de uma só vez (por que não nasci homem ou tenho essa força?). Nos despedimos com um abraço apertado e um pedido dele para que eu tivesse juízo. Dei risada e entrei no táxi.
  Seguia para o aeroporto, não demoramos à chegar. Na verdade fomos mais rápido do que eu imaginei. Desci do táxi e avistei meu sogro gato que veio me socorrer. Fiz o que tinha que ser feito e fomos para a sala de embarque.

_ Mamãe! -Melissa correu pro meu quarto, me abaixei ficando do tamanho dela e nos abraçamos forte.- É hoje!
_ Sim meu amor. -beijei sua testa.-
_ Bom dia, Fernanda. Também estou bem. -Luan disse de maneira irônica me fazendo revirar os olhos e cumprimentar os outros.-
_ Todos pra se despedir da pequena?
_ Primeira viagem internacional da minha netinha, eu não poderia faltar. -risos.-
_ Mamãe?
_ Oi meu amor. -respondi olhando pra ela.-
_ Não vai beijar o papai? Você ainda nem falou com ele...

~.~

  Melissa esperta hein! Haha!

PS: Sim o capítulo não está tão grande pra recompensar o dia de ontem sem postar e me desculpem por isso. Mas, tentarei recompensar na viagem. Pode ser? Beijão continuem comentando.