Capítulo 124

  Capítulo dedicado à dona Sté que completou 15 aninhos e mais que metece esse presente. Amor, desejo mesmo tudo de bom à você hoje e sempre. Beijão, curta o capítulo.
  Boa leitura à todas.

                                  (...)

Narrado por Luan
  A saudade estava sufocante, não aguentava mais olhar fotos e não ter coragem de ligar e saber como Fernanda estava, de ouvir sua voz para que meu coração se acalmasse. Simplesmente não sabia o que fazer, ainda mais que Melissa também sentia sua falta e a todo momento ficava me lembrando de sua mamãe.
  Dia 29 amanheceu e imaginei que seria um ótimo dia para resolver tudo, deixar o orgulho de lado e nos reconciliar. Havia dado tempo demais e agora queria uma resposta, seja ela boa ou não.
  Levantei e tomei um banho demorado, me vesti e quando peguei o celular aproveitei pra olhar se ela estava online e não havia entrado desde ontem (o que era estranho). Em seu instagram, nada também. Snapchat? Sem nenhuma atualização. Senti um aperto no peito, sinal de que as coisas não iam tão bem assim.
  Mas, isso não me fez perder a coragem. Saí de casa sem avisar meus pais e minha família, peguei o carro e segui para o seu condomínio. Estacionei o carro e quando desci encontrei tudo apagado, apertei a campainha e nada. Nenhuma luz acesa... Eu... Cheguei a conclusão de que ela havia realmente me deixado, me deixado e sumido sem ao menos dar notícias. Voltei pro carro e comecei rodar sem rumo pela cidade permitindo que as lágrimas caíssem sem me preocupar se estavam  embaçando meus olhos ou não. O que seria de mim sem ela? O que eu faria longe dela? Onde estaria a minha Nanda? Minha Pichuletinha?

Narrado por Fernanda
                                   (...)

  Ao ler aquelas mensagens, meu coração ficou apertado e meus olhos marejaram. Eu precisava ver com os meus próprios olhos, saber que estava tudo bem.
  No dia 28 mesmo arrumei uma mala pequena e depois de comprar as passagens por telefone e para dali uma hora fui sem avisar ninguém mesmo. Depois faria isso, não estava com cabeça pra nada.
  10 horas depois estava eu em solo nova iorquino, e atrás de um táxi pra ir pra casa. Demorei coisa de meia hora, que mais pareceram 1h inteira. Desci após pagar pela corrida, peguei minha mala e entrei encontrando meu pai.

_ Você veio mesmo? -abriu os braços.-
_ Não queria que eu ficasse em São Paulo super tranquila sabendo que minha mãe está internada, né pai? -lhe abracei, dei um beijo em seu rosto.-
_ Acabei de chegar de lá. Voltei pra tomar um banho e dormir um pouco.
_ Como foi que aconteceu?
_ Ela vinha sentindo dores desde o mês passado, e quando foi essa semana ela teve um sangramento e por isso corremos pra clínica. E ela foi internada.
_ Como está o Heitor? Ela?
_ Eu não entendo dessas coisas, só sei que ela precisará ficar lá até o nascimento dele.
_ Mas, pai... Ele completa nove meses em Março. -falei espantada.-
_ Pode ser que nasça prematuro. Tanto que estávamos vendo de marcar a cesária porque sua mãe tá sofrendo muito.
_ Isso me preocupa demais, preciso vê-la.
_ Quer que eu te leve lá agora? -assenti.- Então vamos. Não vai querer comer?
_ Não tenho fome.
_ Fernanda.
_ Vamos logo pai. -ele assentiu, levou minha mala pro quarto e desceu trazendo apenas minha bolsa.- E o senhor?
_ Estou sem saber o que fazer. Sua mãe é a mulher que eu mais amo na vida e ver que ela está em uma clínica hospitalar e eu não posso fazer nada me deixa mal pra caramba.
_ Pai, ela vai ficar bem. Com fé em Deus.

  Nos abraçamos novamente e então fomos pro carro. O caminho foi tranquilo, procuramos conversar sobre outras coisas e chegamos depressa. Entrei após deixar meu nome na recepção e pegar um crachá de acompanhante e pude entrar no quarto.

_ Fernanda? -perguntou baixinho.-
_ Oi mãe. -fui até ela que estava deitada, passei a mão em seu rosto e me inclinei beijando sua testa.- Como você tá?
_ Com sono, muito (bocejou) sono.
_ Com dor?
_ Também... -alisava a barriga, coloquei minha mão por cima da dela.-
_ Ei mocinho, vai devagar aí dentro bebê. -ele estava agitado não parava de chutar e com certeza era isso que trazia desconforto à minha mãe.-

  Fiquei em pé ao seu lado até que ela dormiu, continuei ali velando por seu sono.   Olhava as horas no celular, e nada me dava ânimo. Situação bem delicada, que me deixava um tanto vulnerável e sensível à ponto de deixar isso transparecer com facilidade.
  A noite passou bem depressa, havia cochilado no sofá e despertei com a entrada do doutor no quarto.

_ Você eu não conheço. -falou sorrindo (em inglês, claro).-
_ Estamos quites então. -sorri sem jeito enquanto me ajeitava, passava as mãos pelo cabelo tentando arrumar aquilo.-
_ Dr. John, clínico geral e ginecologista obstetra. Responsável por cuidar dessa paciente aqui e desse bebezão.
_ Prazer, Fernanda. Filha da Analice.
_ Filha? Poderia se passar por irmã que eu não notaria o contrário.
_ É. Mas, somos sim mãe e filha. -risos.-
_ Ficou aqui durante toda a noite, não é mesmo?
_ Sim e ela dormiu a noite inteirinha, ainda não acordou. É normal?
_ De acordo com o medicamento sim. -dizia ele mexendo no soro, e depois anotando algumas coisas num papel.-
_ Ela melhorou?
_ O quadro oscila muito e isso que é o preocupante. Pensamos que seria melhor uma cesária, embora ele nascesse prematuro o sofrimento pra ambos seria menor e não tão perigoso. Se é que me entende.
_ Mas, cesária? Ele não está pronto 100% pra sair da barriga da minha mãe. -engatamos em uma conversa regada de explicações, sobre tudo. Perguntei detalhes mesmo, nome dos medicamentos (mesmo não fazendo ideia do que era e pra que servia).

  Meu pai não demorou a chegar, notei pelo cheiro do perfume (sempre cheiroso).   Minha mãe havia acordado, estava comendo eu fui dar uma volta. Caminhei pelo jardim que dava acesso à lanchonete e chegando lá encontrei o Dr. John, me sentei e ele se juntou a mim. Tomamos café juntos, conversamos sobre algumas coisas e até mesmo sobre o Brasil onde ele nunca havia ido, porém tinha curiosidade de conhecer.

Por mais que estávamos ali em um bom papo, minha mente estava no Brasil. Pensando no Luan, olhando para o celular e pensando se ligava ou não.

Narrado por Luan
  Virou o mês e eu aqui que não consigo fazer nada. Quer dizer, passo o dia todo com a Melissa e não tenho ânimo pra nada.

_ Você precisa comer, Luan. Pelo amor de Deus!
_ Mãe, eu tô sem fome. -falei enquanto me concentrava em jogar o celular pra cima, ainda deitado na cama e ela em pé, escorada no batente da porta.-
_ E tudo por causa de um namoro? Quantas namoradas você já teve?
_ Nenhuma que eu amasse como amo a Nanda. -falei me sentando de repente.- Será que ela não me ama mais e por isso foi embora? -ela me encarou.-
_ Eu não ia falar nada, mas se te deixa melhor. Ela ligou, conversou horas com a Melissa e me pareceu estar muito bem, até falou rapidamente comigo, com a Bruna...
_ E ninguém me avisa? Tô tentando falar com ela tem dias.
_ Luan...
_ Eu não vou deixar que ela me deixe. Não mesmo, mamusca!
_ Faz o que quiser, mas pensa que sua filha sente o que você sente e tá largada no sofá, que não quer comer, nem tomar mamadeira e nem brincar com o Puff. E num mal humor que pelo amor... Faça alguma coisa!
_ Mas...
_ Ande logo, Rafael.

  Não tive alternativa, desci as escadas ainda de samba-canção mesmo, Melissa estava toda largada de olhos fechados, abrindo e fechando a boca. Tive vontade de rir, mas dar um susto seria mais engraçado e ela acabou entrando na brincadeira também.

_ Cê me assustou papai.
_ Desculpa, não resisti. -risos.- Vamos almoçar?
_ Sozinha não.
_ Com o papai. O que cê acha? -coloquei meu melhor sorriso no rosto.-
_ Tá, mas cê vai comer mesmo? Não tá tentando me enganar não?
_ Não vou te enganar, vem vamos comer.
_ Tá bom. -peguei ela com um braço só e fomos pra cozinha, passando pra sala de jantar nos sentamos e nos servimos. Almocei com gosto, a comida estava uma delícia e eu com fome demais rapaiz. Depois que terminamos fomos tomar um sol, brincar de bola no quintal perto da piscina.-
_ Sua mãe ligou, foi?
_ Foi, a gente falou um tempão. Ela ia falar com você, mas cê tava dormindo. Então... Agora não sei papai. Mas pra que cê quer saber?
_ Nada não filha, eu... Eu só queria saber mesmo. -falei jogando a bola de volta pra ela.-
_ Hmmm... Ôh papai, amanhã eu já tenho escola.
_ Que legal, Princesa. Tá animada?
_ Eu não. Nem queria ir...
_ Por quê não?
_ Sei lá (riu sapeca). Vai que eu vou e cê vai embora. -risos.-
_ Papai só vai ter shows na semana que vem, e são só três e volto pra casa.
_ Ebaaa! Me leva?
_ Vou pensar...

  Passamos o dia na maior farra, mas depois de um banho e Melissa dormir fiquei sentado lá fora com os pés dentro da piscina, violão na mão e celular do lado.
Disquei o número e deixei que achasse e no primeiro "Alô?" deixei o celular de lado e comecei a tocar.

_ Se te magoei, se te fiz chorar. Foi sem intenção, eu não quis te machucar. Mas eu tô aqui, pra te pedir perdão, tô perdido sem direção. Olha eu vacilei, não te dei valor, só pisei na bola amor. Mas reconheci, há tempo pra mudar. Juro que só vou te amar. {...} -ela me interrompeu.-
_ Luan? Tá tudo bem? Por que está me ligando essa hora?
_ Eu senti saudades, ainda sinto. Na verdade estava sem coragem de te ligar e você não me atender...
_ Por que eu faria isso?
_ Não sei. Você  me deixou cara, me deixou um dia antes do nosso namoro completar um ano! -falei tirando do viva-voz, deixei o violão de lado e peguei o celular tirando os pés de dentro da piscina e me deixando, olhando o céu.- Não sabe o quanto eu chorei por isso.
_ Nossa, eu... Você entendeu tudo errado. Eu não te deixei, na verdade nem mesmo fugi. Foi coisa de urgência, eu vim pra Nova Iorque e não tivemos tempo de conversar.
_ Nova Iorque? Fazer o que aí?
_ Minha mãe está internada por conta de complicações na gravidez e eu voei pra cá. Foi por isso...
_ E não respondeu mensagens... Ou retornou ligações...
_ Nem sequer lembrava de celular... -sua voz estava cansada.- Tanto que fui ligar hoje pra Mê, e aproveitei pra falar com a sua mãe e irmã, você estava dormindo e eu pedi pra não acordarem você.
_ Pediu?
_ Pedi. Ela queria levar o celular pra você.
_ Nossa eu aqui pensando que você queria distância e...
_ Ainda temos muito o que conversar, e só faremos mesmo isso quando eu voltar pro Brasil e isso vai depender da melhora da minha mãe e do Heitor.
_ E até lá?
_ E até lá temos ainda mais tempo pra pensar na relação, pensar em nós e ter ainda mais clareza.
_ Promete que não vai me esquecer?
_ Não preciso prometer, sabe que eu não faria isso mesmo que quisesse. Eu te amo, se cuida. -e desligou.-

  Eu poderia ter ficado triste que ela desligou na minha cara, mas ela disse que me amava, então eu fiquei um bom tempo sorrindo. E depois namorei sua foto e só entrei porque o brilho da lua sumiu e gotas de chuva começaram molhar meu rosto.
  Entrei dentro de casa e me veio uma ideia na cabeça, pensei em como surpreender Fernanda assim que ela voltasse. Estava certo do que queria e como queria, bastava por em prática e seja o que Deus quiser.

Narrado por Fernanda
                                  (...)

  Duas semanas fora e já era aniversário da minha... Sogra? Ah! Sim, ué. Não pude lhe dar um abraço, mas uma ligação foi feita e acabou que Melissa tomou conta do telefone disse que estava com saudades e perguntou quando eu voltaria. Disse à ela que ainda não sabia, mas que quando voltasse lhe faria uma grande surpresa.
  Minha mãe estava melhor e com isso a cesária foi marcada, ela havia completado oito meses e tudo estava certo para ser daqui três dias. Eu quem arrumou as bolsas, da minha mãe e do Heitor e junto com o meu pai levamos para a clínica.

{...} 3 dias mais tarde {...}

  Era de manhã e a preparação na sala de cirurgia estava à todo vapor e um entra e saí do caramba de médico disso e daquilo.   No quarto minha mãe estava apenas em medicações e aguardando a hora de levar a anestesia para poder vir ao mundo o novo homem da família. Até eu estava ansiosa, pedi pra Deus que tudo desse certo e fosse da melhor maneira.

  E aconteceu que horas depois escutamos o chorinho fino e bem baixinho do pequeno, pequeno mesmo. Ele ficou na encubadora, não pude pegá-lo. Pedi pra enfermeira tirar uma foto dele pra mim e claro que publiquei depois de uma legenda bem fofa e completamente melosa diferente de qualquer demonstração de afeto.

@fermarques: Heitor Gurgell Marquês ❤ Bem vindo ao mundão, fora da barriga da mamãe! Quando eu dizia que não via a hora de você nascer não imaginava que seria um mês antes, nasceu de oito meses e tudo isso pra me ver mais depressa shuashaushs'  Já fé amo ainda mais e estou esperando ainda mais ansiosa pra poder te pegar no colo, te encher de beijos e abraços, e deixar você fazer meu peito de travesseiro. E acompanhar cada um dos seus passos. E que fique bem claro que quando você crescer irei pegar muito no seu pé, porque é isso que faz uma irmã mais velha. Meu príncipe, muita saúde pra você! Parabéns aos meus pais que pela segunda vez trabalharam muitíssimo bem e saiu essa coisa linda! @hugomarques e Analice ❤ #mamãepapai #irmãocaçula #jáamodemais #minhacara #tinhawuesermeuirmão #princípe

  Amei a legenda. Bem minha cara, mostrando o quanto eu já estava babando no Heitor que ainda não tinha nem mesmo uma hora de nascido.

_ Você e esse instagram... -disse meu pai saindo do berçário do hospital todo emocionado.-
_ Aí meu senhor! Que cara é essa pai?
_ Tô feliz! Todo pai sonha em ter um filho homem.
_ Nossa pai, e eu sua princesinha de toda vida? -cruzei os braços e fiz um bico enorme.-
_ Sem ciúmes, eu te amo demais. É que fiquei emocionado, emocionado demais. -risos.- Ele é sua cara.
_ Por isso é lindo!
_ Convencida essa minha filha.
_ Sincera. -risos.- E minha mãe?
_ Ainda na sala de cirurgia. Mas, segundo o médico tudo foi do jeito que tinha que ser.
_ Aí que ótimo, pai. Ela precisa ir pra casa logo isso sim.
_ Eles precisam, que ela não vai querer sair daqui sem ele.
_ Nem eu quero sair daqui sem meu pequeno.
_ Lembrando que o filho é meu hein. Só pra te lembrar.
_ Continua sendo meu irmão.

  Fomos ligar pros meus avós e meus tios pra dar a notícia, as minhas amigas ficaram sabendo pelo insta e mandaram mensagens dizendo para que eu desse os parabéns aos meus pais. Heitor chegou todo, todo. Os comentários na foto vinham de monte, e triplicaram depois que o bonitão comentou: "meu cunhado ❤". Sim, ele gostava de causar. Na verdade, adorava. Esse Luan não tinha jeito, mas eu o amo desse jeito mesmo. E não vejo a hora de nos acertarmos.

~.~

  No fim tudo de certo! A ligação era dos pais da Nanda. Mas... E as mensagens?
Conto pra vocês no próximo Cap!

PS: Voltei! Uhuuuuuuul! Era pra eu ter postado no sábado quando terminei o Cap, mas tem aquilo de editar e postar e avisar vocês. E meu fim de semana foi corrido, duas festas, um noivado e fora ensaio que eu tenho na igreja de fim de semana. Agradeço demais a cada comentário, li tudo com muito carinho e fico feliz que tenham essa proximidade comigo! Quero levar isso pra toda vida viu. Um beijão e bora continuar que vem coisa por aí! Amo vocês, se cuidem!